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DIVÓRCIO NA BÍBLIA MATEUS 19:1-12

Independentemente do ponto de vista que se tem a respeito do divórcio, devemos nos lembrar das
palavras da Bíblia em Malaquias 2:16a: “Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel.”

De acordo com a Bíblia, o plano de Deus é que o casamento seja um compromisso para toda a vida.
“Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o
homem” (Mateus 19:6).

Porém, o casamento envolve dois seres humanos pecadores, Deus sabe disso e por isto o divórcio vai
ocorrer. Por isso Ele estabeleceu algumas leis com o objetivo de proteger os direitos dos divorciados,
em particular das mulheres (Deuteronômio 24:1-4). Jesus mostrou que estas leis foram dadas por
causa da dureza do coração das pessoas, não por desejo de Deus (Mateus 19:8).

Assim como Deus fez o casamento com o propósito de ser para sempre, assim Deus fez o homem a
sua imagem para estar em comunhão com Ele para sempre. E é isso que acontece em ambos os
casos? Infelizmente não. MATEUS 18:15-20

CONTEXTO DA HISTÓRIA Será que podemos aplicar todos os ensinamentos sobre o divorcio daquela
época aos dias atuais? Precisamos ter uma noção do contexto histórico (Cultura e costumes).
Para melhor interpretar um texto também é necessário entender para quem a mensagem estava
sendo transmitida e o porquê, pois isolar o versículo ou o texto do contexto é uma grande brecha
para uma má interpretação.

Veja que Deus disse em Deuteronômio 24:1-4, que o divorcio seria justificável se o marido
encontrasse algo indecente na mulher, no entanto o que acontecia de fato, era que muitos maridos
inventavam uma desculpa ou imputavam certa culpa na mulher para justificar o divorcio.

Para facilitar o entendimento que, até o simples fato da esposa “queimar o arroz” constantemente,
era usado como motivo para o divorcio e era aceitável diante das autoridades judaicas, o que na
verdade era uma grande injustiça e contrariava as leis de Deus.
Jesus então estreitou isso, aperfeiçoou, até mesmo para proteger as mulheres que eram
abandonadas a própria sorte e muitas caiam na prostituição para poder se sustentar. O mestre
deixou bem claro que somente o adultério era justificável para o divorcio.

A verdade é que a polêmica sobre o divórcio e do segundo casamento, está basicamente em torno
das palavras de Jesus em Mateus 5:32 e 19:9. A frase “a não ser por causa de infidelidade” parece
ser a única referencia nas Escrituras que possivelmente dá a permissão de Deus para o divórcio e
segundo casamento.

Muitos compreendem esta “cláusula de exceção” como se referindo ao adultério. Mas segundo o
costume judeu, um homem e uma mulher eram considerados casados mesmo durante o período em
que estavam ainda “prometidos” um ao outro, tipo o nosso “noivado” de hoje em dia.

A imoralidade durante este período em que estavam “prometidos” seria a única razão válida para um
divórcio. Inclusive neste contexto que José pai de Jesus, queria abandonar Maria (Mateus 1.18-24),
pois quando estavam noivos, ela apareceu gravida como o Messias em seu ventre, José então
pensando que Maria tinha adulterado, iria abandona-la e fugir para que a mesma não fosse
condenada. Quando advertido em sonho por Deus, ele entendeu que Maria era inocente e que o
filho pertencia a Deus, desistindo de abandoná-la. Analisando bem o texto percebemos que a
mensagem era somente para os homens que queriam repudiar suas mulheres por qualquer motivo.
Parece que as mulheres não tinham esse direito de dar carta de divórcio.
MULHER OBJETO No caso de Mateus 19 1-12 Jesus é questionado por fariseus se os homens daquela
época poderiam repudiar as mulheres por qualquer motivo fútil. Observem que o questionamento é
sobre o homem repudiar a mulher.
Jesus conhecendo a intenção desses homens deu um sermão para mostra-los que a mulher não era
algo descartável, não era um objeto que eles poderiam usar e depois jogar fora., que por qualquer
motivo o homem pudesse repudia-la. Veja que Cristo foi contra um princípio machista daquela época,
onde a mulher não tinha direito sobre quase nada.

A cultura e o contexto histórico na época de Jesus e dos apóstolos era de um mundo onde a mulher
não era considerada nem para efeito de cálculos, pois se você observar as referencias bíblicas na qual
consta o numero do povo, somente os homens são contados. Então não há como encaixar esses
ensinamentos sobre o divorcio com nossos dias. Até mesmo porque a Bíblia não menciona todos os
casos, vemos aqui Jesus falando a respeito de um caso para o divorcio: adultério.

CADA CASO UM CASO O apostolo Paulo, fala sobre o que Jesus não falou, ele diz que o segundo
casamento era permitido caso o cônjuge morresse, veja mais adiante. Enquanto Jesus abordou o caso
do adultério repreendendo a injustiça que os judeus cometiam com as mulheres.

Mas nem Jesus, nem os apóstolos abordaram o caso de violência domestica, abandono, pedofilia,
homossexualidade e vários outros casos. Imagine a mulher casar e depois descobrir que o seu marido
é homossexual ou vice-versa?
Imagine a pessoa se casar e depois descobrir que seu cônjuge é um pedófilo que abusa dos seus
filhos? Enfim, são inúmeros casos que a Bíblia não trata e que são uma realidade em nossos dias. Por
isso é muito importante tratar cada caso individualmente.

Posso afirmar que cada caso é um caso diferente, pode haver semelhanças, mas tratar a todos com
uma ou duas referencias da bíblia como exemplo é no mínimo imaturo e irresponsável, pois no que
se diz respeito a problemas conjugais não há referencia na bíblia para todos os casos.  Na maioria das
vezes sempre orientamos a restauração do casamento, mas nunca tomamos a decisão para a pessoa,
cada um tem que tomar a própria decisão.

Até no que se diz respeito ao adultério, sabemos que a pessoa traída tem que perdoar seu cônjuge,
porem perdoar não significa aceitar de volta, isso é uma decisão que cabe a própria pessoa. Veja no
final deste artigo um testemunho de superação e de segundo casamento, o caso de uma mulher
muito jovem que foi abandonada pelo marido com um filho ainda pequeno.

A LEI OU A GRAÇA? Veja o que diz em Romanos: De sorte que, vivendo o marido, será chamada
adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera,
se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de
Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos
fruto para Deus. Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei,
operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados
da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de
espírito, e não na velhice da letra. Romanos 7:3-6

Muitos isolam o versículo 3 e não levam em consideração o contexto, ao analisar todo o contexto
vemos que o apostolo Paulo aqui está fazendo um paralelo do relacionamento da igreja com Cristo
ao relacionamento do marido com a esposa, utilizando como pano de fundo aquilo que já era bem
conhecido: a lei. A lei dizia que a mulher estaria livre do marido caso ele morresse, e por tanto se
casasse estando o cônjuge vivo, isto seria adultério. Somente a (o) viúva(o) poderia casar novamente.
Isso o apostolo estava falando a respeito da aliança que tínhamos com o mundo e que esta aliança foi
desfeita quando morremos para o mundo e nascemos para Deus.
Mas ele também afirma no versículo 6 que fomos libertados da lei, a letra em que muitos
erroneamente pensam que é conhecimento da palavra ou a teologia, na verdade é a lei, porque a lei
foi escrita em letras nas tabuas dos dez mandamentos.

Quando nos convertemos a Cristo tudo se faz novo, e por tanto toda a vida passada morre, os
pecados são apagados, somos novas criaturas, como então Deus não pode perdoar o passado de
quem já se casou e se divorciou?  Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. 2 Coríntios 5.17

Estamos vivendo debaixo da lei ou da graça? Obvio que a graça não nos dá o direito de pecar, mas
nos dá a oportunidade de sermos perdoados, nos dá uma segunda chance, ou não?

FARDOS PESADOS Isolar certas referencias na Bíblia que abrange um caso especifico e padronizar
para todos os casos nos dias de hoje é pelo menos perigoso. Vejo muitos pregadores afirmarem no
altar e nas redes sociais que o segundo casamento é abominação, que até o fato da mulher ser
espancada pelo marido não é motivo para o divorcio, isso é no mínimo desumano e ridículo.

São fardos pesados que muitos impõem sobre outros, mas que eles mesmo não carregam, o ditado
“pimenta nos olhos dos outros é refresco” cabe muito bem aqui. É fácil identificar que esses tipos de
pregadores em sua maioria não são pastores, ou seja, não orientam casais, não apascentam as
ovelhas, não sabem o que se passa na vida das pessoas, porque eu duvido que se um destes tivessem
orientando por exemplo a própria filha que estivesse sendo espancada pelo marido, se teria coragem
de dizer para ela que a mesma teria que aguentar, continuar casada e orar pelo marido e jamais sair
de casa ou pedir o divorcio. Qual o pai que orientaria a própria filha assim? Quando um pastor
orienta uma esposa que esta sendo espancada pelo marido todos os dias a continuar aguentando os
maus tratos e continuar com este relacionamento abusivo e perigoso, além de estar sendo
desumano, poderá ser cúmplice de um crime se no futuro este marido violento assassinar sua esposa,
o que infelizmente não é raro acontecer em nossos dias.

PERGUNTAS PARA PENSAR Creio que Deus tem todo poder para restaurar qualquer casamento,
porem será que todos tem a mesma fé?

Será que Deus se agrada de ver uma mulher sendo espancada todos os dias e aguentar este
sofrimento por crer que um dia seu marido poderá mudar?

Será que agrada a Deus uma mulher que foi abandonada pelo seu marido há anos com seus filhos,
ser condenada a continuar sozinha sendo proibida de casar novamente por causa do erro do seu
cônjuge?

Será que Deus perdoa todos os pecados, mas não perdoa quem casa pela segunda vez?

SEGUNDO CASAMENTO E A SALVAÇÃO Claro que ninguém casa para se separar é verdade, e
também que muitos pensam que o casamento é brincadeira, pois querem se separar por qualquer
motivo, porem não estou defendendo estes casos.

O que estou dizendo é que muitos podem ser vitimas ou até mesmo culpados nos casamentos
fracassados, pecarem por até mesmo terem agidos como maus maridos ou más esposas e terem
destruído o próprio casamento ao ponto de gerarem o divorcio, mas porque esta pessoa não pode
ter uma segunda chance? Porque se ela se arrepender não pode se casar novamente e ser feliz? 
Digamos que uma mulher saiu de casa e abandonou seu marido, ela saiu pelo mundo e se casou com
outro homem e formou nova família tendo vários filhos. Esse marido que foi abandonado terá que
continuar solteiro e proibido de ser casar novamente por causa do erro de sua esposa que o deixou?
Deverá ele lutar para que sua ex-esposa deixe o seu atual marido e filhos e volte para ele?
CONCLUSÃO DO SEGUNDO CASAMENTO E DIVORCIO Causa espanto que o índice de divórcio entre
os que se declaram cristãos seja quase tão alto quanto no mundo não crente. A Bíblia deixa
muitíssimo claro que Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16) e que a reconciliação e perdão deveriam
ser atributos presentes na vida de um crente (Lucas 11:4; Efésios 4:32).

Entretanto, Deus reconhece que divórcios poderão ocorrer, mesmo entre Seus filhos. Um crente
divorciado e/ou que tenha se casado novamente não deve se sentir menos amado por Deus, mesmo
que seu divórcio e/ou segundo casamento não esteja sob a possível cláusula de exceção de Mateus
19:9, pois como disse, a Bíblia não aborda todos os casos.

Frequentemente Deus usa até a desobediência pecaminosa dos cristãos para executar um bem
maior… Por tanto se está nesta situação, fique em paz e seja feliz, que Deus te deu para viver um
matrimonio abençoado por Deus.

A SEGUIR UM TESTEMUNHO DE LUSINETE PANTOJA SOBRE SUPERAÇÃO NA VIDA SENTIMENTAL


E SEGUNDO CASAMENTO: Lusinete Pantoja Ferreira, mas conhecida como Nete, sou de Macapá,
região Norte do Brasil, e como a maioria das moças, principalmente evangélicas, eu sonhava e era
incentivada dentro da minha igreja a me casar cedo. Sendo assim aos 18 anos conheci um rapaz,
namoramos, noivamos e casamos, isso tudo em um espaço de apenas 5 meses, estava eu então com
meu sonho realizado e feliz! Porém minha felicidade durou pouco, meu sonho logo se transformou
no pior pesadelo de minha vida, pois meu marido começou a beber muito e a ficar agressivo. Em
menos de 1 ano engravidei, sofri horrores durante a gestação e depois que tive nosso bebê, aos 5
meses estava doente, chorava muito, e meu marido por sua vez bêbado, ficava incomodado com o
choro da criança e comigo porque não conseguia fazer com que a criança se calasse, ele começou a
me bater e até ao ponto de me torturar com uma faca  em meu pescoço, naquela hora pedi muito a
Deus para que me tirasse daquela situação! No dia seguinte, fui conversar com meu pastor e sua
esposa, a orientação que recebi, foi que eu jejuasse pelo meu casamento e meu marido, porque
divorciar estava fora de cogitação, segundo ele era pecado! Segundo o meu pastor a bíblia não me
autorizava a me divorciar do meu marido! Voltei pra casa com um sentimento de impotência imenso!
Sentia-me oprimida por ter que aguentar os maus tratos do meu marido, pensando que se eu me
separasse dele estaria contrariando a vontade de Deus. Ajoelhei-me em meu quarto e fiz uma oração,
pedi com veemência a libertação daquela situação, até mesmo com a morte dele (sinceramente pedi
dessa forma) tamanho era o meu desespero. Mesmo jovem e totalmente inexperiente, não queria
deixar meu Filho com o pai, temia por seu futuro. Passado 2 meses desses episódios, fui surpreendida
com a notícia que ele me deu: – Nete, recebi uma proposta irrecusável, vou trabalhar no Japão e
ganhar em dólares! Com uma expressão de felicidade e um sorriso enorme, eu perguntei, e eu, e o
nosso filho? Ele Respondeu: – Ficam aqui! E assim aconteceu, foi embora e nos abandonou sem a
mínima satisfação como se não significássemos nada pra ele, sofremos muito! Mesmo sofrendo, eu
acreditava que ninguém casa para se separar!  Mas eu me separei! Depois de 2 anos, fui transferida
de emprego e Cidade, conheci uma outra pessoa, nos envolvemos e (contra a vontade de alguns
familiares) casamos. José Martins Ele é para meu filho, o pai que a criança jamais sonhara, nem em
meus melhores sonhos poderia ter pedido um marido com tantas qualidades! Costumo dizer, que
Deus, realmente honrou minha segunda casa, tivemos mais 2 filhos e adotamos uma garotinha.
Estamos casados há 19 anos, nunca me tratou mal nem a voz alterou. Nete e sua família meu filho
mais velho está se formando em Direito, o segundo também já está cursando o superior, temos uma
empresa no segmento de financiamentos e eu sou professora de história do Direito Brasileiro, mas o
que é mais importante é que servimos juntos ao Nosso Jesus!
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se
fez novo.” 2 Coríntios 5.17 Esse testemunho acima serve como exemplo de benção de Deus no
segundo casamento, mesmo que a Bíblia não aborde o caso desta mulher de Deus, vemos que o
Senhor a abençoou com uma segunda chance para ser feliz. 

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