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O título deste estudo, mais do que uma expressão utilizada na maior parte das
cerimônias de casamento, é o desejo expresso de Deus descrito por Paulo em
Romanos 7:1-3. Quando me converti no final dos anos 70 a maior parte das
denominações evangélicas consideravam o casamento indissolúvel, tanto o desquite
como o divórcio regulamentado em 1977 não eram objeto de consideração nas
congregações. Infelizmente nas últimas décadas este conceito tem sido substituído por
abordagens mais liberais com a finalidade de tornar o evangelho mais acessível a uma
grande parcela de casais no mundo que naufragaram em seus relacionamentos
conjugais e manifestam o desejo de ser feliz em um novo matrimônio. Como o
evangelho tem se tornado cada vez mais centrado no homem, a felicidade do mesmo
passou a ter posição de destaque nas interpretações teológicas. Mas Deus quer ou
não a nossa felicidade? A resposta é sim, com certeza! O que na verdade está em
questão é se as pessoas serão realmente felizes distante do propósito de Deus para
suas vidas e por consequência, distantes do próprio Deus, ao descobrirem que
determinado comportamento ou prática é abominável para ele e será neste ponto que
o discipulado com Cristo estará em xeque. Devemos estar certos que, cedo ou tarde,
seremos confrontados com os nossos interesses e os interesses de Deus e teremos
de fazer uma escolha.
“Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que
fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposa tem seus covis, e as aves do céu,
ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. A outro disse
Jesus: Segue- me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu
pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.
Tu porém, vai e prega o Reino de Deus. Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor,
mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou:
Ninguém que tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o reino de
Deus” Lc 9:57-62.
Em seus estudos sobre este tema, Jorge Himitian destaca que os textos bíblicos
apontam claramente uma Regra Geral e uma Regra de Exceção, infelizmente, como
dito acima, ao longo dos anos a regra de exceção foi tornando-se geral.
Em Israel algo semelhante aconteceu quando foi formado o Talmud judaico, uma
coletânea de decisões dos Sumo Sacerdotes, o qual servia como uma espécie de
“jurisprudência” (interpretação) da lei. Muitas vezes Jesus mencionou estas regras nas
escrituras, chamando-as de: “vossa tradição”, sendo que elas, via de regra, eram
aplicadas de forma diferente e até superior à própria Lei de Deus.
As tradições são boas, na medida que corroboram com a Palavra de Deus, nunca
quando a mudam de forma sutil.
A prática de criar novas regras, ou mudar as existentes, não parou com os Judeus. Em
nossa época presente vemos interpretações tendenciosas das escrituras, textos
“pinçados” fora de seu contexto, cristãos débeis levados ao erro por líderes neófitos ou
falsos pastores; por aceitarem como verdades absolutas opiniões de homens que não
aplicam de verdade à Palavra de Deus (ora, estes de Beréia eram mais nobres que
os de Tessalônica, pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as
escrituras todos os dias para ver se as coisas eram de fato assim. At 17:11), não
é de estranhar que muitos destes cristãos sejam conduzidos facilmente para qualquer
direção (para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para
outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos
homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Ef 4:14).
Nossa maior preocupação é que temas de característica absoluta, que podem implicar
em nossa salvação, não podem ser tratados como se tivéssemos opções, como se
tivéssemos em uma feira escolhendo a fruta ou verdura que mais nos agrada. Não é
uma questão de “opinião” teológica, dividindo-se entre aqueles que aceitam e aqueles
que não aceitam o divórcio, pois ao entendermos que os adúlteros não entrarão no
reino de Deus (ou não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus?
Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados,
nem sodomitas... I Co 6:9), pesa sobre nós a responsabilidade de pregar o
evangelho e aplicar a palavra de Deus corretamente, sem concessões humanas,
envolvimentos emocionais ou legalismo.
Lc 16:18 – “Qualquer que deixa sua mulher e casa com outra, adultera; e aquele
que casa com a repudiada pelo marido, adultera também”.
Esta é a regra geral. Jesus estava falando com seus discípulos (Lc 16:1) quando
colocou esta pequena e simples regra. Jesus não abriu qualquer motivo para
permissão do repúdio (divórcio). Não existe “parte inocente” sob o prisma desta
passagem.
Rm 7:2-3 – “Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver,
está-lhe ligada pela lei; mas morto o marido, livre está da lei e assim não será
adúltera, se for de outro marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada
adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei e assim
não será adúltera se for de outro marido.”.
Paulo é objetivo, não abre exceções, apenas a morte libera o cônjuge vivo para o novo
casamento. Ele aplica a doutrina de conformidade com as palavras de Jesus dada aos
discípulos.
I Co 7:10-24 – “Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher
não se aparte do marido, se porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se
reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.”
Junto com a passagem de Mateus, esta passagem de Marcos traz muita luz sobre
este tema. Marcos, diferente dos outros escritores, mostra com clareza que este
assunto foi tratado em dois momentos sendo a resposta diferente, de acordo com o
seu interlocutor. O primeiro interlocutor são os fariseus (vs 2), religiosos da época, que
estavam preocupados em colocar Jesus em contradição com Moisés. O segundo
interlocutor são os discípulos (vs 10). Se não aceitarmos que a resposta de Cristo
sobre este tema, foi diferente de acordo com o local e contexto em razão do
interlocutor, teremos que acreditar que a Bíblia possui contradições, além de termos
que inferir que Paulo ensinou diferente de Jesus (se considerarmos a passagem de
Mateus 19 comparada com a de I Coríntios), pior ainda, que houve falha na narrativa
por parte de algum dos escritores evangelistas. Não há contradição nas escrituras,
nem tampouco nas palavras de Jesus! (...seja Deus verdadeiro e mentiroso todo
homem...Rm 3:4).
É relevante destacar neste ponto, que as leis humanas formam os direitos e deveres
dos cidadãos, devemos separar claramente aquilo que a lei humana “manda” fazer
daquilo que a lei humana “permite” fazer. Mesmo no caso de leis que determinam
algo, esta “ordem” deve ser submetida à suprema autoridade que delegou todas as
autoridades sobre a terra, Deus. “Chamando-os ordenaram-lhes que
absolutamente não falassem nem ensinassem em o nome de Jesus. Mas Pedro e
João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós
outros do que a Deus...” (At 4:18-20), ou seja, se uma determinação clara de Deus
(ou de qualquer autoridade superior) contradiz uma ordem de uma autoridade
delegada inferior, como princípio, deve se obedecer sempre a maior autoridade. É o
que Watchman Nee em seu livro “Autoridade Espiritual” discorre explicando que a
submissão às autoridades deve ser absoluta mas a obediência relativa. Vivemos em
dias onde em diversos países se reconhece ou já avalia a legalização de casamentos
entre pessoas do mesmo sexo, com aninais, com crianças e, pasmem, com objetos
inanimados. Aqueles que aceitam o divórcio baseado na permissão da lei humana
(que é um direito), estarão presos por analogia a aceitar qualquer tipo de casamento
que estiver legalizado pelas Leis do país. No caso específico do divórcio, um discípulo
ao não querer se divorciar não está cometendo qualquer crime, apenas deixando de
exercer um direito legal seu.
Mt 5:31-32 – “Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de
divórcio. Eu porém vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em
casos de fornicação (Porneia=grego), a expõe a tornar-se adúltera
(Moicheia=grego); e aquele que casar com a repudiada, comete adultério”
Importante destacar que a primeira resposta dada por Jesus aos fariseus foi: “o que
Deus ajuntou não separe o homem”, mas por causa de controvérsias doutrinárias
entre os próprios fariseus que estavam divididos em facções com maior e menor rigor
neste assunto (qualquer semelhança com os evangélicos na atualidade não é mera
coincidência), eles continuaram experimentando a Jesus, agora confrontando ele com
Moisés, na expectativa de vê-lo rejeitar a lei, ou seja, enquanto que a questão era
apenas o divórcio, a resposta era a de Gênesis, agora a questão era Moisés. É neste
ponto que Jesus inclui a dita exceção. Para não errarmos ao ensinar algo tão
importante, somos obrigados a recorrer ao texto original, face às diversas
interpretações da palavra Porneia que consta na passagem.
Fica claro que se José fosse um homem duro de coração, como Jesus fala em Mateus
19, ele teria deixado Maria secretamente; sem fazer alarde para não provocar
eventualmente até mesmo a morte dela, caso este assunto se tornasse público como
vemos em Dt 22. Devemos lembrar que no contexto judaico José e Maria estavam já
casados no sentido do compromisso, o termo usado em praticamente todas as
versões do Novo Testamento dizem que José era marido de Maria e não noivo no
sentido moderno, visto que noivado não existia na época, cabendo portanto a carta de
divórcio caso desejasse romper com o compromisso. A palavra usada por Mateus
nesta passagem (1:19) é [Apolyo= St 630) que possui diversos significados
relacionados, entre eles: libertar por completo, liberar, deixar ir, soltar de, desatar uma
pessoa, entre outros. No Grego esta é a única palavra usada para divórcio
propriamente dito no Novo Testamento, como em Mateus 5:31 onde Jesus diz: “Foi
dito: “Aquele que se divorciar de sua mulher deverá dar-lhe certidão de
divórcio””, ou seja, não há nenhuma dúvida que a palavra usada em Mateus 1:19 é
divórcio, para que não se pense que por estar ali traduzido por “deixá-la” poderia ser
algo diferente.
Mas ainda assim pode restar dúvidas quanto a única exceção, pois como diz Jorge
Himitian em seus comentários sobre este tema, quando aceitamos uma palavra que
por si só possui diversas aplicações do Grego para o Português, automaticamente o
motivo para o divórcio passa a ser “os motivos para o divórcio”, de acordo com a
inclinação pessoal de cada um. Na prática hoje temos muitas cláusulas de exceção.
Dt 24:1 fala em “algo descoberto”. Na versão BJ diz: “Quando o homem tomar uma
mulher e tiver consumado o matrimônio, mas logo…”. Este “logo” e o “consumado”
colocam este momento no mesmo tempo que o relato de Dt 22, ou seja, na
consumação do casamento que se dá na primeira vez que o homem conhece sua
mulher no sentido amplo, limitando a “coisa indecente” aquilo que ele percebeu neste
momento, conforme a palavra usada no texto Hebreu [‘ervah = St 6172] e que se
encontra na passagem. Parece-me que qualquer alegação de traição futura não se
enquadraria na aplicação tanto de Dt 22 como de Dt 24 ao olharmos o texto original e
não o traduzido.
Também temos o problema das traduções para o Português das palavras Porneia e
Moicheia, novamente na tentativa de manter a “porta aberta” para interpretações
variadas. Em uma destas explicações dadas por um influente pastor recentemente em
uma entrevista sobre o tema, ele explicou a diferença entre Porneia e Moicheia com a
seguinte analogia: sabendo que Porneia no Grego tem aplicações variadas de acordo
com o contexto, podendo ser fornicação (relação sexual entre solteiros fora do
casamento, prostituição, etc), mas que Moicheia significa apenas “adultério”, é como
se Moicheia fosse a cidade de Curitiba e Porneia fosse o estado do Paraná, ou seja,
Moicheia está dentro de Porneia e desta forma não seria errado traduzir Mt 19:9 da
seguinte forma: “Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por
causa de adultério, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a
repudiada comete adultério]”. Esta é uma opção por exclusão pois, segundo ele,
não há como aceitar que a exceção fosse “fornicação” (termo usado para Porneia na
versão KJV como Reina Valera, ambas baseadas no TR) pois em Dt 22 Moisés diz
para apedrejar a fornicadora. Também devemos considerar que, se Dt 22 excluiria o
divórcio para fornicação, tampouco o adultério é contemplado com este “benefício”
segundo Lv 20:10, que diz: “Se um homem adulterar com a mulher do seu
próximo, será morto o adúltero e a adúltera”, foi por este motivo que levaram uma
mulher adúltera para provocar Jesus.
A figura pode ser convincente em um primeiro momento, mas esbarra com dois
problemas:
1) Porque Jesus usou palavras diferentes se ele tinha a intenção de permitir o divórcio
em caso de traição futura, que entre casados seria adultério?
Vejamos algumas das possíveis traduções de Porneia de acordo com seu contexto:
(1)Fornicação = relação sexual entre solteiros (1 Cor. 7.2, Dt.22.21, Lv. 19.29, 1 Tes.
4.3-4.)
(2)Fornicação = uniões ilícitas, proibidas pela Lei de Deus (1 Cor. 5.1., Dt 22.30, Lv
18.8 ; Dt. 27.20.)
(3)Fornicação = Todo tipo de pecado sexual, incluído o adultério.(1 Cor. 6.13-18, Nm
25.1).
(4)Fornicação = Prostituição e comércio sexual de prostitutas. A palavra “prostituta” no
grego é “porne”, possui a mesma raiz ( Lc. 15.30, 1 Cor. 6.16.)
(5) Fornicação = infidelidade espiritual, idolatria. (Jr. 3.6 ; Ez 23 ; Ap 17.1-2)
(1) “Ora, eu vos digo: quem despede sua mulher, fora o caso de união ilícita, e se
casar com outra, comete adultério” Novo Testamento, tradução oficial da CNBB,
Ed Abril de 1997
(2) “Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de adultério, e casar com
outra, comete adultério” Tradução Almeida Corrigida
(3) “Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de
matrimônio falso, e esposa uma outra, comete adultério” Versão dos Monges de
Maredsous – Bélgica
(4) “Eu lhes digo que todo que se divorciar de sua esposa, exceto por imoralidade
sexual, e casar com outra, comete adultério” NVI
(5) “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa
de fornicação, e casar com outra, comete adultério, e o que casar com a
repudiada, também comete adultério” Almeida Corrigida Fiel, Reina Valera e King
James.
Fazer-se eunuco pelo reino dos céus, é abrir mão da união sexual de qualquer tipo (foi
esta a recomendação de Paulo dada em I Coríntios 7: ficar só), caso esta união não
seja lícita para mim, sempre levando em consideração que a única união sexual lícita
é aquela de um casamento lícito!
Iniciamos falando que nossa preocupação primordial é com o evangelho onde Cristo
reina e não o homem, Ele é o centro do evangelho, todas as coisas são dele, por meio
dele e para ele (Rm 11:36). Fazemos nossas as palavras de Paulo: “Porque nós não
estamos, como tantos outros, mercadejando a Palavra de Deus, antes, em Cristo
é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio
Deus” II Co 2:17. Amar o pecador não significa em hipótese alguma ser conivente
com o pecado ou deixar de aplicar corretamente a palavra de Deus. Jesus muitas
vezes entregou palavras que não agradaram seus ouvintes, nem por isto estava
faltando com amor com eles (“ E Jesus, fitando-o, o amou e disse: só uma coisa te
falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu;
então vem e segue-me” Mc 10:21), nós da mesma forma devemos amar e aplicar a
palavra, mesmo sabendo que esta palavra poderá produzir tristeza em seu ouvinte
(“Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a
ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” II Co 7:10). Se não
estivermos comprometidos com a santidade e simplicidade do evangelho, corremos
sério risco de pregar um evangelho falso, que não leva o homem ao arrependimento e
por consequência não lhe supre amplamente a entrada no Reino eterno de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Para confirmar o caráter imutável, santo de Deus e seu desejo de santidade para seu
povo, poderíamos acrescentar a história relatada em Esdras 9 e 10, quando do retorno
do povo de Israel da Babilônia. Muitos israelitas haviam se casado com mulheres
daquela terra e constituído família, em clara desobediência ao que Deus havia
determinado na sua lei (Dt 7:1-6). Esdras entendeu e ficou atônito (9:3), pois percebia
que a solução deste problema seria dolorosa. Primeiro passo: ajuntar-se com aqueles
que temem ao Senhor (9:4), segundo passo: reconhecer o pecado e envergonhar-se
dele (9:6), terceiro passo: reconhecer que Deus é justo (9:13); quarto passo:
reconhecer as conseqüências do ato (9:14-15), quinto passo: levar os pecadores ao
arrependimento (10:1-2), sexto passo: executar a determinação de Deus (10:3).
Importante destacar que, apesar da clara percepção pela maioria de que haviam
cometido pecado e concordarem em despedir as mulheres e os filhos contraídos nesta
união mesmo entre muito choro e tristeza, alguns príncipes não acataram a decisão
(10:15). Isto para nós é um alerta de que sempre existirão pessoas (até mesmo
líderes) na igreja que irão se opor às determinações de Deus, por mais claras
que elas sejam, algumas vezes motivadas por pressões emocionais, que era o
caso aqui neste episódio.
Não é a toa que Jesus chama os fariseus de duros de coração. Duro de coração é
alguém que não perdoa. É importante lembrar que o perdão para aqueles que
pertencem ao Senhor não é opcional, é um mandamento! (...perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o
Senhor vos perdoou, perdoai vós. Cl 3:13). O evangelho deve alcançar o coração
do homem e mudá-lo, sem isto não há esperança de regeneração (Rm 2:5; At 2:37; Ez
36:26-27).
Para que não haja confusão entre casamento com “uniões ilícitas”, em Lv 18 Moisés
relaciona as diversas uniões sexuais ilícitas, chamadas por Deus de “maldade” e
“abominação”, entre elas: filha com pai, filho com mãe, enteado com a mulher do pai,
irmão com irmã, avô com neta, avó com neto, sobrinho com tia, sogro com nora,
cunhada. Acrescenta na lista as uniões sexuais abomináveis: homem com homem,
homem/mulher com animal, etc). Concluímos, pelo próprio contexto das escrituras, de
que não é a este tipo de sexo ilícito que a palavra porneia se refere em Mateus 19,
visto que estas uniões eram pecados, não eram reconhecidas diante de Deus, não se
tratava, portanto, de casamento. Em uma linguagem mais moderna de nosso direito,
seria o mesmo que dizer que era um casamento “nulo”, ou “matrimônio falso”, ou seja,
desfazer um casamento falso não é um divórcio propriamente dito, divórcio é desfazer
um casamento legítimo diante de Deus.
Resumindo, a dita “exceção” de Mateus existe mas não nos afeta diretamente, visto
que apenas está ratificando a lei, para aqueles que estão debaixo da lei e que apesar
de santa, nunca aperfeiçoou coisa alguma (Hb 7:19, Rm 7:12).
Jesus disse em Mt 5:17 “Não penseis que eu vim revogar a lei ou os profetas; não
vim para revogar, vim para cumprir”. As demandas de Cristo sempre foram
superiores às da lei, enquanto a lei dizia para não adulterar, Jesus diz que aquele que
olhar uma mulher com intenção impura no coração, já adulterou!
Moisés disse que o divórcio (repúdio) poderia ser dado em caso de fornicação (relação
sexual consentida entre solteiros), apenas em Mateus Jesus ratifica a única
autorização dada por Moisés, lembrando que seus interlocutores eram os fariseus.
Em todas as outras vezes em que Jesus está sozinho com seus discípulos, ele ensina
conforme era no princípio, como Deus fez e determinou na criação, bem como todo
ensino apostólico corrobora com esta posição.
Apesar de tudo isto, ainda alguns poderiam entender que a questão da falta de
virgindade na mulher seria motivo para o divórcio (afinal de contas, é bíblico). Ivan
Baker certa vez foi questionado por um líder se ele iria para o inferno caso viesse a se
divorciar de sua esposa e casar com outra, por não ter achado ela virgem em sua noite
de núpcias, baseado na exceção de Mateus. Discernindo o coração deste irmão,
Baker respondeu que não, mas que poderia ir não por ter se divorciado e casado
novamente, mas por ter um coração duro. Afinal de contas, no reino dos céus não
existirá pessoa de coração duro! Se Deus perdoou minha esposa por ter cometido um
pecado antes de nosso casamento e antes de conhecer o Senhor, quem sou eu para
não perdoar?
I Co 7:20 - “Cada um permaneça na vocação em que foi chamado”
Uma omelete não pode virar ovo novamente, mas graças a Deus que não
somos ovo e Deus determinou uma forma para resolver todo e qualquer
problema de pecado, o arrependimento!
Não é a toa que Cristo diz que erramos por desconhecer as escrituras e o poder de
Deus. Uma das formas de errarmos é aplicarmos um texto fora de seu contexto. O
versículo logo em seguida diz: “Foste chamado sendo escravo? Não te preocupes
com isto...(22), foi chamado sendo livre, é escravo de Cristo(23)”. E mais:
“Considero. Por causa da angustiosa situação, ser bom para o homem
permanecer assim como está. Estás casado? Não procures separar-te. Estás
livre de mulher? Não procures casamento (26,27).” Como Paulo diz para aqueles
que estão casados não procurar se separar alguns entendem que se aplica ao caso do
“segundo matrimônio”. De forma alguma! Paulo aqui se refere a um casamento
legítimo, o tal “segundo matrimônio” é na verdade adultério. Paulo não deixa qualquer
dúvida quando escreve para os Coríntios, pois diz: “Vocês não sabem que os
perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais,
nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem
ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros
herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram
lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo
e no Espírito de nosso Deus” I Co 6:9-11 NVI. Ora, porque Paulo diz “foram”? Por
que se arrependeram, não permaneceram nos pecados que cometiam antes!
Jo 8:31 – “Disse pois Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós
permanecerdes nas minhas palavras, sois verdadeiramente meus discípulos”
Jo 12:46 – “Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em
mim não permaneça nas trevas”
Jo 15:6 – “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança
do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e queimam.”
I Jo 2:6 – “Aquele que diz que permanece nele, esse deve andar assim como ele
andou”
I Jo 3:6 – “ Todo aquele que permanece nele, não vive pecando; todo aquele que
vive pecando não o viu, nem o conheceu”
Esta troca de valor de aliança pelo valor de contrato, é o maior responsável pelo
abuso e desvio que estão ocorrendo nas famílias. Quando, no casamento, damos o
devido valor à aliança, dizemos ao parceiro: "Estou irrevogavelmente comprometido
com você até que a morte nos separe. Meu compromisso com você não tem nada a ver
com o seu desempenho ou qualquer escolha que você fizer. É um compromisso
unilateral diante de Deus até a morte. Este é o compromisso que Jesus fez conosco.
"De maneira alguma te deixarei nunca mais te abandonarei". Hebreus 13.5. Numa
situação de contrato, por outro lado, dizemos, "Vou conservar o lado da minha
barganha se você conservar o seu. Se você me fizer infeliz ou não fizer o que você
prometeu, te deixarei e acharei alguém que me faça feliz e mantenha suas
promessas. E se você me deixar, então eu definitivamente te deixarei e encontrarei
uma outra pessoa". Você não está contente pelo fato do seu relacionamento com
Jesus ser um compromisso de aliança da parte d´Ele, ao invés de um compromisso de
contrato? As pessoas naturalmente sabem que o que o apóstolo Paulo nos dizem em
Efésios 5.22-23 é verdade. Nessa passagem, Paulo declara que o casamento é o
retrato principal do relacionamento entre Cristo e a igreja. Isso significa que se eu
quiser saber como Jesus se relaciona comigo, devo olhar no relacionamento de um
homem com sua esposa. Se, ao fazê-lo o valor fundamentar que vejo representado é o
valor de aliança, então estou recebendo um retrato correto. Quando uma criança olha
para seus pais e vê o valor de contrato apresentado em seus casamentos, isso tende a
liberar um tremendo medo de abandono no coração dela. Por quê? Se a mensagem
apresentada entre os pais é de contrato - "Se você me faz feliz e não atinge o nível
desejado, vou te deixar e achar outra pessoa" - o coração da criança pensa: "Imagino
o que acontecerá comigo se não o (a) fizer feliz e não atingir o nível desejado?". Esse
sentimento é naturalmente transferido para Deus. Até mesmo como Paulo disse, o
casamento é um retrato do relacionamento com Cristo. Isso cria um tremendo temor
de abandono até mesmo no relacionamento com Deus e resulta numa ênfase
exagerada no desempenho e perfeccionismo. "É melhor fazer tudo direitinho e nunca
pecar, ou Jesus me deixará e encontrará uma outra pessoa que faz as coisas
corretamente." Perfeccionismo e tentativa de desempenho são, então, as raízes da
vergonha e de outros aspectos negativos que resultam na disfunção familiar e no
abuso. Quando os pais crentes trocam o valor de aliança pelo contrato ao abraçar a
prática do divórcio e/ou novo casamento como uma opção viável para os crentes,
abrem a porta das vidas de seus filhos para o inimigo. Através desse processo uma
segunda geração está fadada ao desvio familiar na idade adulta, o que
frequentemente leva ao divórcio, encaminhando daí a terceira geração na mesma
direção. A igreja na década de 90 está enredada justamente neste círculo. Vamos
agora nos voltar para as raízes históricas dessa mudança de valores. Quando abrimos
mão do casamento, optando assim pela separação e/ou divórcio é como se
disséssemos claramente que não cremos no milagre de Deus sobre nossa vida ou na
vida de nosso cônjuge. Deus pode e quer fazer o milagre em nós. Se nós decidimos e
permitirmos pelo milagre, Deus está pronto para realizá-lo. O único que pode
“impedir” o milagre de Deus é o próprio homem (ser humano) quando não decide, não
permite ou não quer a intervenção de Deus, e é claro, usando as mesmas
justificativas que todos têm: "eu não posso, eu não consigo, eu não mereço isto, eu
não suporto mais..." (graças a Deus que o Senhor Jesus não pensa e nem tampouco diz
isto de nós). A opção, covarde, pela separação e/ou divórcio expõe a própria vida, a
vida do(s) filho(s) e toda uma geração à ação destruidora de satanás e mais uma vez a
maldição se cumprirá. Sl. 109.17.”
Precisamos de sabedoria e coração aberto para ouvir e acatar a Palavra de Deus com
simplicidade e nos afastar dos maus conselheiros, pois trazem palavras doces aos
nossos ouvidos, mas que não nos conduzem à vida eterna (II Tim 4:1-4).