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Deus juntou
O Evangelho de Mateus, capítulo 19, versículos 3 a 9, registra que os Fariseus
aproximaram-se de Jesus, e, tentando-o, perguntaram-lhe se é porventura lícito a
um homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo.
Jesus observou que no princípio Deus os fez macho e fêmea e que, portanto, o
homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne e
que, por isso, não separe o homem o que Deus juntou.
Os fariseus, então, voltaram a perguntar por que mandou Moisés dar o homem à
sua mulher carta de desquite e repudiá-la.
Jesus explicou que Moisés agiu desta maneira pela dureza dos corações, mas
no princípio não foi assim.
Compreendamos que além da união dos sexos deve haver a união de almas, a
afinidade espiritual, o cumprimento da lei do Amor, quando os dois “farão uma só
carne”. Aí, então, justifica-se a recomendação de Jesus: “Não separeis o que Deus
juntou”.
Mas, como fazer, se a harmonia que deveria reinar não acontece entre um casal?
É neste sentido que Allan Kardec, na questão 940 de O Livro dos
Espíritos, indaga:
A falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos não é igualmente uma
fonte de sofrimentos, tanto mais amarga quanto envenena toda a existência?
Muito amarga, de fato; mas é uma dessas infelicidades de que, na maioria das
vezes, sois a primeira causa. Em primeiro lugar, as vossas leis são erradas, pois
acreditais que Deus vos obriga a viver com aqueles que vos desagradam? Depois,
nessas uniões procurais quase sempre mais a satisfação do vosso orgulho e da
vossa ambição do que a felicidade de uma afeição mútua. E sofreis, então, a
consequência dos vossos preconceitos.
É aí que vem o divórcio, “ uma lei humana que tem por objeto separar legalmente
o que já estava separado de fato. Não é contrário à lei de Deus, pois só reforma o
que os homens fizeram, e só tem aplicação nos casos em que a lei divina não foi
considerada”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXII, item 5.)
André Luiz, na obra Ação e reação (FEB), enfatiza que “o divórcio não soluciona
o problema da redenção, porque ninguém se reúne no casamento humano ou nos
empreendimentos de elevação espiritual, no mundo, sem o vínculo do passado, e
esse vínculo, quase sempre, significa débito do Espírito ou compromisso vivo e
delongado no tempo. O homem ou a mulher, desse modo, podem provocar o
divórcio e obtê-lo, como sendo o menor dos piores males que lhes possa
acontecer... Ainda assim não se liberam da dívida em que se acham incursos,
cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo seja oportuno ”.