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3. União Estável
A união estável é a entidade familiar constituída por duas pessoas que convivem em
posse do estado de casado, ou com aparência de casamento (more uxório). É um estado de fato
que se converteu em relação jurídica em virtude da Constituição e a lei atribuírem dignidade de
entidade familiar própria, com seus elencos de direitos e deveres. Ainda que o casamento seja
sua referência estrutural, é distinta deste; cada entidade é dotada de estatuto jurídico próprio, sem
hierarquia ou primazia.
3.1 Requisitos da União Estável-
São requisitos legais da união estável, por força do § 3º do art. 226 da Constituição. Do art.
1.723 do Código Civil e da decisão do STF na ADI 4.277/2011:
a) Relação afetiva entre os companheiros;
b) Convivência pública, contínua e duradoura; (publicidade dessa convivência)
c) Objetivo de constituição de família;
d) Possibilidade de conversão para o casamento.
A inexistência de impedimento para o casamento não pode ser considerada requisito, porque
pessoa casada separada de fato pode constituir união estável.
A convivência sob o mesmo teto não é requisito da união estável.
3.1.2 Estabilidade ou duração de convivência.
A estabilidade ou duração de convivência foi sempre um problema tormentoso, para
comprovação da união estável, desde sua inserção constitucional em 1988. A lei nº 8.971/1994
estabeleceu o requisito mínimo de cinco anos, cristalizando tendência que se observava no
direito brasileiro, salvo se houvesse prole. Contudo, a Lei nº 9.278/1996, que se lhe seguiu,
excluiu a referência a qualquer período de tempo, preferindo o enunciado genérico de
convivência duradoura, pública e contínua, que foi reproduzido pelo Código Civil 2002
3.2 Coabitação
Para alguns, a união estável é espécie de entidade familiar que não exige a coabitação como
elemento indispensável a sua caracterização: “ ainda que seja dado relevante para se determinar a
intenção de construir uma família, não se trata de requisito essencial, devendo a análise centra-se
na conjunção de fatores presentes em cada hipótese, como a affectio societatis familiar, a
participação de esforços, a posse do estado de casado, a fidelidade, a continuidade da união,
entre outros, nos quais se inclui a habitação comum.
Entretanto não se pode considerar a existência de união estável sem convivência. E a
expressão mais evidente de convivência é a coabitação. Como a união estável decorre de
circunstância de fato, de convívio more uxório, é muito difícil a prova desse fato sem a
coabitação.
Hipóteses –
a) O companheiro sobrevivente tem filhos comuns com o autor da herança: tem direito
de suceder o morto, legitimamente, para receber uma quota equivalente à que foi
atribuída ao filho, quanto aos bens que o falecido adquiriu onerosamente (CC 1790 e
I). O companheiro e a companheira ficam em situação de extrema inferioridade,
quanto à sucessão, diante do marido e da mulher. Note-se que a herança que pode
caber ao companheiro sobrevivente é limitada aos bens adquiridos onerosamente na
vigência da união estável.
b) O companheiro sobrevivente não tem filhos comuns com o autor da herança: tem
direito de suceder o morto, legitimamente, para receber uma quota equivalente à
metade da que foi atribuída ao filho quanto aos bens que o falecido adquiriu
onerosamente (CC 1790 e II).
c) O de cujos não deixou descendentes, mas ascendentes ou colaterais: o companheiro
sobrevivente tem direito a 1/3 daquilo que foi adquirido onerosamente pelo falecido
(CC 1790 III)
d) O companheiro sobrevivente tem direito à totalidade da herança, na hipótese de o de
cujus não ter deixado parentes sucessíveis (CC 1790 IV).
3.6 A união de fato - (sem nenhuma formalidade escrita) é uma forma livre de conviver
como se casamento houvesse. É uma conduta socialmente típica, que pode revelar – pelos
seus contornos de fato – um convívio em todo similar àquele que decorre do casamento
civil, constatando a posse do estado de casado.
3.9 Concubinato
Rodrigo da Cunha Pereira, em seu livro Concubinato e União Estável, afirma que:
"Mesmo que a relação com a 'outra' se assemelhe ao concubinato e constitua, em alguns
casos, uma sociedade de fato, passível de partilhamento dos bens adquiridos pelo esforço
comum, não se pode identificá-la ao concubinato no moderno sentido da expressão. Em
outras palavras, o direito não protege o concubinato adulterino. A amante, a amásia, ou
qualquer nomeação que se dê à pessoa que, paralelamente ao vínculo do casamento,
mantém uma outra relação, uma segunda ou terceira... ela será sempre a outra, ou o outro,
que não tem lugar em uma sociedade monogâmica. ... É impossível ao Direito proteger as
duas situações concomitantemente, sob pena de se destruir toda a lógica do nosso
ordenamento jurídico. Em síntese, a proteção do Estado às relações concubinárias, como
entidade familiar, é somente aquelas não-adulterinas."