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1. – Da União Estável
1.1 Conceito
O Código Civil de 2002 atualizou a terminologia utilizada na legislação anterior.
Distinguiu os conceitos de concubinato com a de união estável. Concubinato,
nas palavras de Washington de Barros Monteiro, é relação que não possui
proteção legal por ser adulterina, ou seja, entre homem e mulher
impossibilitados de contrair matrimônio por já serem casados e que desde que
não separados.
Já união estável, define o autor, é uma relação lícita, ou seja, sob a guarda e
proteção legal, entre homem e mulher, em constituição de família. Era o antigo
concubinato chamado puro.
Ruggiero define a união estável como a ligação entre o homem e a mulher,
sem casamento.
Álvaro Villaça Azevedo, apresenta o conceito de união estável diante das leis
promulgadas em nosso país. A lei 8971/1994, que regula o direito dos
companheiros a alimentos e à sucessão, estabeleceu elementos conceituais da
união estável.
O autor assim os elenca:
“a) a convivência entre homem e mulher, não impedidos de casar ou
separados judicialmente;
b) por mais de cinco anos;
c) ou tendo filho;
d) enquanto não constituírem nova união”
Tal posição adotada pelo legislador veio da influência exercida pela Igreja,
através dos preceitos cristãos. Assim, com o passar dos tempos a doutrina e a
jurisprudência moldaram-se à sociedade moderna. No início os direitos
reconhecidos aos até então chamados de concubinos se deram no campo
obrigacional.
No que concerne aos filhos, os conviventes estão obrigados a tê-los sob a sua
guarda, sustentá-los de forma igualitária, entre o homem e a mulher.
No momento em que a união estável é dissolvida onerosamente, cada cônjuge
possui o direito à parte que lhe cabe sobre o patrimônio adquirido durante a
relação em conjunto, caso não haja disposição em contrário em eventual pacto.
O Código Civil, por sua vez, destaca quais são os requisitos para sua
configuração.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o
homem e a mulher, configurada na convivência
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
§ 1° A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art.
1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada
se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2° As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da
união estável.
Observe, contudo, que, para estar consagrada a União Estável a união deve
ser:
pública, contínua e duradoura;
com objetivo de constituir família;
sem impedimento (art. 1.521 do CC/02)
Aliás, o próprio STF já decidiu, por meio da súmula 382, que “a vida em
comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização
do concubinato”.
Também é importante destacar que, conforme ADI 4277 e ADPF 132, pode-se
declarar a união estável do casal homoafetivo.
Neste sentido, o enunciado 524 da V jornada de direito civil esclarece que “as
demandas envolvendo união estável entre pessoas do mesmo sexo constituem
matéria de Direito de Família”.
Lembre-se que o conceito de família vem sendo ampliado principalmente em
razão da concepção existencialista da constituição, princípio da dignidade da
pessoa humana, princípio da afetividade e princípio da igualdade.
Lembre-se que o art. 1.831 do Código Civil fala apenas em direito de habitação
legal do cônjuge.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens,
será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança,
o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da
família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.