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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – UEPG

SETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

DISCIPLINA DE DIREITO CIVIL

Thiago Müller Gomes RA: 18105362

TRABALHO REFERENTE À NOTA DO 2º BIMESTRE

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE


PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. SERVIDOR PÚBLICO. RELACIONAMENTO
HOMOAFETIVO. PENSÃO POR MORTE. POSSIBILIDADE. UNIÃO ESTÁVEL. CUMPRIMENTO
DOS REQUISITOS. SÚMULA 7/STJ. 1. "É inadmissível o recurso extraordinário, quando não
ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada" (Súmula 282/STF). 2. O
Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4.277/DF e da ADPF 132/RJ, realizando
"interpretação conforme a Constituição" do art. 1.723 do Código Civil, excluiu desse
dispositivo qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública
e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. Consolidou, ademais, que a
CF/1988 não interdita a formação de família dessa natureza. 3. À luz dessa orientação, no
exame do RE 477.544 AgR/MG, fixou também o direito do companheiro, na união estável
homoafetiva, à percepção do benefício da pensão por morte se observados os requisitos
da legislação civil. Tal posição, inclusive, já era adotada por esta Corte Superior. 4. Para
afirmar-se a ausência dos requisitos legais para a configuração da união estável, seria
necessária nova análise das provas e dos fatos constantes dos autos, providência vedada
em recurso especial. Incidência da Súmula 7/STJ. 5. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa extensão, não provido.
Trata-se de Recurso Especial nº 1.300.539 interposto por N. P. G. e outro em face de
P. L., em ação de pensão por morte e reconhecimento de união estável homoafetiva. O
recurso visava desconsiderar a união estável, com fulcro no art. 1763, CC, art. 1º, da Lei nº
9.728/96 e art. 217, I, “c”, da Lei nº 8.112/90, alegando a impossibilidade de união estável
entre pessoas do mesmo sexo, além de que as provas dos autos demonstram a invalidade da
aludida união. Argumenta, também, sobre a inviabilidade de entidade familiar, e sim a
composição de uma sociedade de fato, à luz do art. 981, CC.

Ademais, alega nunca ter havido a exteriorização da vontade de constituir família


por parte do falecido, enquanto o autor não teria comprovado o vínculo amoroso, não
cabendo, assim, o pensionamento pretendido, sendo que, além disso, o autor não havia sido
designado como dependente no Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.

Do voto do Ilustríssimo Relator Ministro Og Fernandes, vê-se que o recurso,


parcialmente conhecido, não merece prosperar.

 Primeiramente, não se conhece as alegações pertinentes à falta de designação formal


do autor como dependente para fins previdenciários e à inexistência de dependência
financeira entre os conviventes, uma vez que tal matéria deveria ter sido debatida em
instância inferior, à luz da Súmula 282/STF.
 Sequencialmente, da validade da união estável homoafetiva:
o Conforme julgamento do STF, da ADI 4.277, concomitantemente com a
ADPF 132, reconheceu-se a união estável homoafetiva, sendo, portanto,
integrante de nosso ordenamento jurídico, garantindo todos os direitos.
o Além disso, do Artigo 1.723, do Código Civil, extrai-se:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com
o objetivo de constituição de família.
o No entanto, tal artigo se estende, também, aos casais homoafetivos, em
virtude do princípio da isonomia e interpretação extensiva.
 Seguindo esse entendimento, o RE 477.544 AgR/MG entendeu que, na união estável
homoafetiva, há a percepção do benefício da pensão por morte, desde que
observados os requisitos da legislação civil, quais sejam:
o O companheiro falecido deve ser segurado do INSS no momento do óbito;
o Deve estar caracterizada a união estável entre o casal no momento do óbito.
 No entanto, a fim de caracterizar a inexistência desses requisitos, seria necessária nova
análise fática e probatória, providência, esta, vedada em Recurso Especial, conforme
preconiza a Súmula 7/STJ.

Após leitura e análise do Acórdão suscitado, vê-se acertada decisão por parte do
Ministro (ocasião em que houve unanimidade) em não dar provimento ao Recurso. Vê-se
clara aplicação legal, doutrinária e jurisprudencial acerca do caso.

Percebe-se a tentativa, por parte do Recorrente, em inviabilizar a união estável,


baseado em entendimento ultrapassados, que discriminavam homossexuais. Não há que se
falar em diferenciação quanto às relações hetero e homoafetivas. “Toda pessoa tem o direito
de constituir família, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero”.

A decisão foi acertiva.

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