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DIREITO
RIO DE JANEIRO,
2022.
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INTRODUÇÃO
1 Bacharelando em Direito do 10º período pela Universidade Estácio de Sá- Campus Nova América.
Email: luizgustavo608@outlook.com
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1. DA UNIÃO ESTÁVEL
De início, se tinha como um dos requisitos para a união estável, que esta
ocorresse entre a união entre pessoas de sexo oposto, que surge livremente e tem
uma característica estável. Essa característica foi trazida pelo respaldo doutrinário
de Diniz (2009) por meio do seguinte depoimento:
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mesmas consequências da união estável heteroafetiva.”
Sendo assim, a diversidade dos sexos deixou de ser um requisito, pois negar
a União Estável para pessoas do mesmo sexo acabaria confrontando alguns
princípios constitucionais, principalmente aqueles que vedam a distinção e o
tratamento desigualitário em razão da raça, cor, sexualidade etc.
2. NAMORO
Para começar, cabe apontar que namorar significa uma relação afetiva entre
duas pessoas que estão unidas pelo desejo de estar junto e compartilhar novas
experiências. É uma relação em que um casal está comprometido socialmente,
mas sem casamento de acordo com a lei civil ou religiosa. (Significado de Namoro,
2019)
A partir daí, discutiremos o namoro como uma vivência, um costume, um fato
não jurídico porque não tem consequências jurídicas, sendo um relacionamento
menos formal do que o casamento, mas também envolve lealdade e fidelidade
entre os amantes e respeito, pois também, é pautado em notoriedade.
2.1 DO CONTRATO
O contrato como um todo, no sentido amplo da palavra, por sua vez, segundo
a definição da doutrina, é uma manifestação de vontade entre duas ou mais
pessoas, cujo objetivo é que a necessidade ali atestada seja cumprida de acordo
com o que foi determinado e desejado pelas partes.
Como nosso ordenamento jurídico, no artigo 425 do Código Civil, estipula que
as partes podem celebrar contratos não padronizados seguindo as regras gerais
estabelecidas nesta lei, podemos dizer que um contrato de namoro é uma forma de
3 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade. ADI n.4277/DF. Tribunal
Pleno. Relator: BRITTO, Ayres. Brasília, 14 de outubro de 2011.
4 DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva. 2008. p.272.
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O namoro constitui uma relação instável que não tem efeitos jurídicos
possíveis. Sendo o namoro apenas um hábito social que não se enquadra no
âmbito do ordenamento jurídico, não produz efeitos jurídicos, não cria direitos e
obrigações, como a distribuição de bens.
Com o advento da vida moderna, a doutrina passou a distinguir entre namoro
simples e namoro qualificado, sendo o primeiro aquele que não se assemelha a
nenhuma união estável, e o segundo uma relação baseada em uma convivência
contínua e duradoura, bastante mesclada com a referida unidade familiar.
A falta de planejamento jurídico do namoro, aliada à subjetividade de uma
união estável, cuja existência na maioria das vezes depende de uma decisão judicial
baseada no livre convencimento do juiz, onde são observados os requisitos e as
provas relacionadas aquela união, acabaram por ocasionar nas pessoas que
mantêm um namoro qualificado, um sentimento de incerteza jurídica.
Desta forma, impulsionadas por esse medo da união estável, a convenção de
namoro foi idealizada. Com este contrato, os amantes poderiam evitar a interferência
do Estado em suas relações privadas e assumir o direito de decidir em que tipo de
relacionamento estão envolvidos e seus efeitos jurídicos, sem a necessidade de
serem submetidos a um tribunal.
Uma convenção que regulamenta o namoro como uma relação afetiva
simples e incerta parece ser a solução perfeita para liberar o judiciário ao devolver
ao indivíduo o poder de declarar que tipo de envolvimento deseja ter com uma
pessoa e os efeitos que esse envolvimento teria em sua vida.
liberdade de contratação e contrato garantido por lei, seria válido nos aspectos
formais e substantivos exigidos pelo direito civil, desde que não haja óbice à sua
execução.
Portanto, a ineficácia do acordo de convivência enfrenta os maiores entraves,
não no direito dos contratos, mas no direito de família, pois, conforme afirmado na
primeira parte do texto, o Tipo de Acordo surgiu como forma de afastar a
constituição de uma união estável, o que seria realmente uma situação inevitável.
De início, ressalta-se que não há entendimento unânime da validade jurídica
dos acordos de namoro na doutrina. Para alguns pesquisadores da área, Maria
Berenice Dias e Flávio Tartuce podem ser citados como exemplo, o instrumento não
possui validade jurídica que exclua os efeitos da união estável quando esta
permanece configurada.
Por outro lado, há quem afirme que este acordo é válido porque não há
nenhum obstáculo legal à sua aceitação. Assim, é considerado um contrato atípico
porque sua existência e validade exigem que as partes sejam capazes, o objeto seja
legal, possível e determinável, seguindo a forma ou defesa prescrita em lei, podendo
ser público ou privado.
Tartuce (2017, p. 780) ensina sobre a validade do contrato de data de
nulidade do instrumento nos casos em que se configura aliança estável entre as
partes contratantes.
Para ilustrar, um acordo de convivência é nulo nos casos em que há união
estável entre as partes, vide, a parte renuncia por meio deste acordo e indiretamente
alguns direitos essencialmente pessoais, como o direito à pensão alimentícia. Por
outro lado, é válido um acordo de coabitação, em que se confirma um arranjo
diverso da união parcial de bens para uma união estável (CC 1725 art.).
Entretanto, o autor ressalta que as uniões estáveis não podem ser
confundidas com relacionamentos de longo prazo, que também são chamados de
relacionamentos válidos. Hipótese em que o objetivo de uma futura família, que
difere de uma união estável quando já existe uma família, é definido como animus
familiae. Para configurar a intenção dessa família no futuro ou no presente, leva-se
em consideração o tratamento dos parceiros por meio do contrato, bem como o
reconhecimento de sua reputação pública. (TARTUCE, 2017, p. 864). 6
6 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 7. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Método, 2017.
p.864.
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esse imóvel pode ser dividido se não houver acordo escrito entre eles, de acordo
com as regras do direito da obrigação.
Figueiredo e Figueiredo (2015) defendem que existe um contrato de namoro e
ensinam que um contrato pode ter efeitos. Quanto a esse entendimento, combina a
lição sugerida pelos autores que o referido contrato tem presunção de validade e
inexistência de males, nesse momento é executado no cartório público competente
com a intenção do representante do Estado respeitar a vontade livre e inventiva
conforme o pilar de autonomia privada. É claro que o acordo não é um instrumento
absoluto, sendo possível ao juiz, ao analisar um caso concreto e avaliar o conteúdo
da prova, entender que o acordo em questão revela uma tentativa de fraudar sem
levar em consideração a definição de união estável. Isso, reitere-se, não significa
que o acordo seja inválido ao nascimento, mas que já não corresponde à situação
real vivida pelo casal.
Vale ressaltar que novos arranjos sociais passaram a formar novas formas de
9 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1454643 / RJ, Rel Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª
Turma, pub. 10/03/2015.
10 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial. REsp. nº 1.454.643.Tribunal. Terceira
Turma. Recorrente: M A B. Recorrido: P A DE O B. Relator: Ministro Marco Aurélio Bellizze. Brasilia,
10 de março de 2015.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AKIYAMA, Paulo. Uma lenda chamada contrato de namoro. 2017. Disponível em:
http://www.acritica.net/mais/opiniao-dos-leitores/uma-lenda-chamada-contrato-
denamoro/188586/ Acesso 13 de Out de 2022.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2010.Acesso em: 25 de Out de 2022.
SILVA, Regina Beatriz Tavares da. Contrato de namoro. 2016. Disponível em:
http://reginabeatriz.com.br/contrato-de-namoro/ Acesso em: 15 de Out de 2022.
TARTUCE, Fernanda. Como se preparar para o exame de Ordem, 1.ª fase: Civil.
Coordenação Vauledir Ribeiro Santos. – 12. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2014
TARTUCE, Flávio. Direito de Família: Namoro – Efeitos Jurídicos. São Paulo: Atlas,
2011. Acesso em: 13 de Out de 2022.
REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002.
BRASIL. Lei nº9.278, de 10 de maio de 1996. Dispõe sobre a União Estável. Diário
Oficial da União, DF, 10 mai.1996.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1.183.378/RS, 4.ª T., Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, j. 25/10/2011.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1454643 / RJ, Rel Min. Marco Aurélio
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Brito, j.
05/05/2011.