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22.09.2020
29.09.2020
6.10.2020
Duas pessoas vivem com um compromisso típico da vida conjugal, mas a certa altura
um deles resolve ir fazer Erasmus ou ir trabalhar para o estrangeiro, e temos que
reconhecer que estas duas pessoas deixaram de viver em regime de coabitação stricto
senso, o problema está em saber se esta circunstância determina a interrupção da
união de facto.
A lei diz-nos que a vida em união de facto é a vida em condições análogas aos
cônjuges, artigo 1673º do CC, especialmente o número 2, admite que na constância do
casamento, se houver motivos ponderosos em contrário, os cônjuges não coabitam,
pode acontecer que um dos cônjuges tenha um motivo ponderoso para interromper a
coabitação, e esta interrupção está prevista para o próprio casamento. É o legislador
que configura estes motivos ponderosos, e não há razão de lei nem fundamento legal
para que não apliquemos quando se verifica uma interrupção do perfil da vida do
unido de facto, pela circunstância de as pessoas pontualmente não estarem a viver
naquele momento coabitando.
Esta vida em não coabitação não configura o inverso da vida em condições análogas às
dos cônjuges.
A prova da união de facto é redutora de efeitos da construção jurídica, temos união de
facto constituída apenas com comprovação emitida junto da Junta de Freguesia, ou
também temos provas na ordem jurídica portuguesa.
Um regime de bens não existe na união de facto, um efeito de tipo pessoal suscetível
de sanção não existe nem na união de facto nem no casamento, efeitos patrimoniais
(regime de bens) não existe na união de facto. Efeitos sucessórios não existem na
união de facto.
Cessada a união de facto, uni ou bilateralmente, formal ou informalmente, existe o
direito à casa de morada de família ou a pensão de sobrevivência.
A lei prevê um casamento heterossexual e homossexual, e caracteriza este casamento
juridicamente contemplado, uma solenidade, ao contrário da união de facto, o
casamento tem de ter uma constituição solene (civilmente ou catolicamente) e
tenho de me casar de acordo com fixações contempladas na lei.
O casamento urgente tem de sofrer um processo próprio de formalização mais
instante.
Vamos concentrar-nos nas regras fundamentais do regime de estatuto patrimonial dos
cônjuges.
Por regra, as pessoas que casam no regime de comunhão de adquiridos (regime legal
supletivo), mas podemos estabelecer outro regime de bens. Como?
1698º do CC diz-nos que posso casar-me e fazer vigorar um regime de bens que não o
regime de comunhão de adquiridos, mas, diferentemente do que acontece na maior
parte dos países da Europa, esta regra tem de ser fixada para aquele casamento e para
toda a constância daquele casamento (imutável na convenção antenupcial). Noutros
países já é possível mudar de regime, desde que dê conhecimento a terceiros, porque
se trata de algo com reflexos patrimoniais na esfera de todos aqueles que lidam
patrimonial e têm interesse em saber se o imóvel x ou y me pertence a mim ou se é
um bem comum. É uma questão de apertada segurança jurídica quanto a terceiros.
Aos 60 anos de idade, as pessoas estão no pleno uso das suas faculdades, e o
casamento contraído nesta idade não é com alguém debilitado (e, mesmo que fosse,
estávamos perante um regime de maior acompanhado).
Artigo 1698º: um dos limites é o de haver casamentos que têm de ser celebrados
naquele regime específico. Quem já tenha filhos anteriores ao casamento que vai
contrair, não pode casar num regime mais amplo do que o regime de comunhão de
adquiridos.
Eu posso decidir que vigoram as regras típicas da comunhão de adquiridos, mas os
bens que eu herdar das minhas tias são bens comuns em vez de bens próprios. Aqui,
estou a introduzir no regime regras que são típicas de um regime congregado, num
regime de comunhão de adquiridos. Isto é perfeitamente possível, são os
denominados regimes atípicos.
Há outras regras que são particularmente importantes na matéria das convenções
antenupciais: artigo 1710º, 1711º, 1712º.
A convenção é imutável, não há dúvidas quanto a isto.
estas regras são perfeitamente discutíveis, feitas para uma tipologia de um casamento
com probabilidade de ser muito duradouro (“para a vida”).
Temos aquela estratégia dos cônjuges se divorciarem e contraírem novo casamento só
para mudar o regime.
Artigo 1714º: não posso alterar o regime de bens.
Exceções ao princípio da imutabilidade: artigo 1715º: em conflito, pode desaparecer o
regime, para não ser prejudicada financeiramente, mas continuar casada com ele/ela,
o regime é alterado judicialmente, e acaba o regime da convenção antenupcial ou o
regime supletivo.
Eu posso ter celebrado um casamento inválido: a convenção antenupcial caduca,
aquando da anulação do casamento. Posso ter casado sem estar em mim, ou casar
com um familiar meu.
A convenção antenupcial tem como acontecimento posterior o casamento, logo, se o
casamento é anulado, acaba-se o regime acordado ou celebrado na convenção
antenupcial.
Há uma lei muito importante, regra recente que nos aparece no Código Civil, nos
termos da qual, e só na convenção nupcial, os cônjuges podem reciprocamente
renunciar ao estatuto de herdeiro legitimário, caso o regime seja geral ou imperativo
de separação de bens.
Esta configuração da renúncia é objetável: porque é que não pode apenas um dos
cônjuges. Não faz sentido que o legislador tenha sido tão restritivo.
Desta renúncia resulta em, quem se casou, pode optar pelo regime de separação de
bens e pela renúncia ao estatuto de herdeiro. Quem já estava casado, porque as
convenções são imutáveis, não pode vir renunciar o estatuto, porque já estava casado
e o regime de bens supletivo é imutável porque a convenção é imutável e não há
possibilidade de alteração.
13.10.2020
27.10.2020
Artigo 1639º/1: Ação de anulação: se duas pessoas casam e o casamento está ferido
de invalidade por existência de um impedimento absoluto ou relativo, há pessoas que
têm legitimidade para intentar a ação: as pessoas que casaram, os colaterais até ao
quarto grau (em linha reta todos herdam e não há grau) e, além destes, os herdeiros e
adotantes dos cônjuges (pessoas privadas) e junta uma entidade pública: o Ministério
Público.
Artigo 1639º/2: seguramente que aqueles que têm responsabilidades diretas (tutor ou
acompanhante com poderes judicialmente conferidos) e no caso da bigamia, o
primeiro cônjuge.
Artigo 1643ª/1: o próprio tem um prazo mais curto: sendo eu menor e casando-me,
atinjo a maioridade, posso invalidar o meu casamento? Até 6 meses depois de atingir
a maioridade, sim.
A própria pessoa tem um prazo para intentar a ação, mas há casos em que a lei prevê
um prazo de 3 anos: para uma das pessoas privadas que vimos no artigo 1639º e que
têm interesse nesta matéria, que têm um prazo que é de 3 anos, não assim tão grande.
Existe um tipo de gravidade tal em inquinar aquele casamento, que permite que até 6
meses depois da dissolução do casamento, possa a ação ser intentada por pessoas
privadas, pelo interesse ao nível da herança (patrimonial).
Artigo 1643º/2: Qualquer casamento que esteja ferido por invalidade por existência de
impedimento dirimente, pode sempre, até ao momento da sua dissolução, por
divórcio ou morte, ser invalidado. Enquanto as pessoas privadas têm, em relação a
muitos casamentos, um prazo relativamente curto, o Ministério Público tem sempre
até à dissolução do casamento, e tem tendencialmente um prazo maior do que o das
pessoas privadas, mas não tem um prazo alargado de 6 meses após a dissolução após
o casamento, coisa que existe em relação às pessoas privadas.
Artigo 1647º/1: Casamento putativo: um casamento, mesmo declarado inválido,
produz alguns efeitos, desde que seja contraído de boa-fé pelos cônjuges ou produz
efeitos apenas para o cônjuge que o contraiu de boa-fé.
Artigo 1604º: se a autorização tiver sido exercida, eu não sofrerei de nenhuma sanção,
nem o meu cônjuge. Se porventura, nos tivermos casado sem a autorização, não é um
casamento inválido, mas estaremos num regime de sanção.
3.11.2020
24.11.2020