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NOÇÃO DE DIREITO DE FAMÍLIA.

É considerado o ramo do direito mais intimamente ligado à vida das pessoas, uma vez que elas
estão vinculadas a um organismo familiar durante toda a sua existência, mesmo que formem uma
nova família. A família é uma realidade sociológica que constitui a base do Estado e a estrutura da
família é estabelecida pela Constituição Federal e pelo Código Civil, embora não haja uma
definição precisa do que seja família, tanto no direito quanto na sociologia.

AS TRÊS ORDENS DE VÍNCULOS:


As relações existentes dentro da entidade familiar, que podem ser de conjugalidade, de parentesco
ou de afinidade, e como o direito de família tem como objetivo regular essas relações e as
consequências que delas surgem para as pessoas e bens envolvidos. O direito de família é
constituído de disposições pessoais e patrimoniais que surgem das múltiplas relações entre os
membros da família.

OS 3 SETORES DE ATUAÇÃO DO DIREITO DE FAMÍLIA.


As normas do direito de família regulam as relações pessoais entre cônjuges, ascendentes e
descendentes, parentes fora da linha reta, relações patrimoniais entre cônjuges, pais e filhos, tutor
e pupilo, e relações assistenciais envolvendo cônjuges, filhos, tutelados e interditos. Dessa forma,
o direito de família atua em três setores: pessoais, patrimoniais e assistenciais.

LOCALIZANDO A MATÉRIA NA CODIFICAÇÃO


O Código Civil de 2002 reserva o Livro IV da Parte Especial para o direito de família, que abrange
o direito pessoal, as relações de parentesco e o direito patrimonial decorrente do casamento,
regulando o regime de bens e os alimentos entre parentes, cônjuges e conviventes. Também é
dedicado um título à união estável e seus efeitos como entidade familiar, incorporando princípios
de leis anteriores. Além disso, o código normatiza os institutos protetivos da tutela e da curatela.

NESSA SISTEMATIZAÇÃO, DESTACAM-SE


Do casamento, da filiação, do poder familiar, da tutela, dá curatela,dos alimentos e da união estável
os institutos
PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA
O princípio ao respeito e à dignidade da pessoa humana na família, que se reflete na proteção às
entidades familiares não fundadas no casamento, famílias monoparentais, igualdade de direitos
entre homem e mulher na sociedade conjugal, possibilidade de dissolução da sociedade conjugal
independentemente de culpa, planejamento familiar voltado para a dignidade da pessoa humana e
a paternidade responsável e a intervenção estatal para proteger os direitos dos membros da família.
O segundo princípio é a igualdade jurídica de todos os filhos, independentemente de terem sido
gerados dentro ou fora do casamento, ou por adoção.
O terceiro princípio é a igualdade jurídica entre cônjuges e companheiros, em que os direitos e
deveres referentes à sociedade conjugal devem ser exercidos igualmente pelo homem e pela
mulher.
O quarto princípio é o da paternidade responsável e do planejamento familiar, em que a
responsabilidade pelo planejamento familiar é de ambos os genitores, cônjuges ou companheiros.
Por fim, o quinto princípio é a liberdade de constituir uma comunhão de vida familiar, seja pelo
casamento, seja pela união estável, sem qualquer imposição ou restrição de pessoa jurídica de
direito público ou privado.

NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DE FAMÍLIA


A importância da família como base da sociedade, sendo alvo de proteção especial do Estado de
acordo com a Constituição Federal. Destaca-se também que no Direito de Família, há um grande
número de normas imperativas, que não podem ser revogadas pela vontade dos particulares, além
da participação do Ministério Público em litígios familiares.
Apesar da proteção especial do Estado e da participação do Ministério Público em litígios
familiares, o direito de família é um ramo do direito privado e não do direito público. Isso ocorre
devido à sua finalidade tutelar, que é proteger a família, seus bens, a prole e interesses afins.
Embora haja uma aproximação entre direito de família e direito público, as relações envolvem
apenas pessoas físicas e não obrigam o Estado na solução de litígios.

FAMILÍA E CASAMENTO MODELO DE 1916.


O Código Civil de 1916 estabelecia que o principal efeito do casamento era a criação da família
legítima, o que excluía a família estabelecida fora do casamento, considerada ilegítima. Havia
dispositivos que faziam restrições ao concubinato, proibindo doações ou benefícios testamentários
do homem casado à concubina, por exemplo. A ideia era reforçar a importância do casamento e
desencorajar outras formas de convivência.
FAMILÍA E CASAMENTO TRANSIÇÃO
Antes da nova Constituição Federal de 1988, a família legítima era criada apenas através do
casamento e a família estabelecida fora do casamento era considerada ilegítima. No entanto, ao
longo do tempo, alguns direitos das concubinas foram reconhecidos, como o direito à meação dos
bens adquiridos pelo esforço comum. A solução para conflitos pessoais e patrimoniais entre
pessoas que mantinham uma união sem casamento era encontrada fora do direito de família, sendo
que a mulher abandonada tinha direito a uma indenização por serviços prestados.

FAMILÍA E CASAMENTO CF/88 E CÓDIGO DE 2.002.


A evolução do direito de família brasileiro ao longo do século XX, destacando que as
transformações sociais geraram uma sequência de normas que ampliaram o conceito de família e
afastaram a ideia de que a sua configuração pressupõe o casamento. Com o advento da
Constituição Federal de 1988, as relações monoparentais, de um pai com seus filhos, passaram a
ser integradas ao conceito de família.

O CÓDIGO DE 2.002 E A NOVA REALIDADE.


A evolução do direito de família brasileiro ao longo do século XX, culminando com a Constituição
Federal de 1988, que ampliou o conceito de família para incluir relações mono parentais, sem
exigência de casamento. O Código Civil de 2002 incorporou os princípios básicos da união estável
em cinco artigos, abordando aspectos pessoais e patrimoniais. Portanto, a família continua a ser a
base da sociedade e recebe a proteção do Estado, mas agora inclui novas entidades familiares,
como a união estável e a família formada por qualquer um dos pais e seus descendentes.

CASAMENTO
Conceito de casamento.
O conceito de casamento ao longo do tempo e dos povos. Diferentes filósofos e escritores
apresentam definições e opiniões sobre a instituição, desde aqueles que a consideram fundamental
para a moralidade pública e privada até os que a criticam por sua constituição e finalidade. A
definição de casamento apresentada pelo escritor MODESTINO reflete as ideias predominantes
na época clássica do direito romano, que consistia na conjunção do homem e da mulher para toda
a vida e na comunhão de direitos divinos e humano.
NATUREZA JURÍDICA
A natureza jurídica do casamento, apresentando duas concepções: a individualista ou
contratualista, que considera o casamento como um contrato civil, e a concepção de instituição
social, que entende o casamento como um conjunto de regras impostas pelo Estado.
Também destaca a natureza jurídica eclética ou mista do casamento, que é considerado ao mesmo
tempo como um contrato e uma instituição social. Essa concepção reconhece que o casamento é
um contrato especial de direito de família, estabelecido pelo livre consentimento dos cônjuges,
mas também uma instituição social que estabelece normas de ordem pública para as relações
familiares.

Caracteres do casamento.
A importância da solenidade do casamento como um ato jurídico, destacando as normas que
regulamentam o casamento como de ordem pública e a necessidade das formalidades para garantir
a validade do ato. O casamento é um negócio jurídico puro e simples, que não admite termo ou
condição, e a liberdade de escolha do nubente é uma consequência natural do seu caráter pessoal.
A comunhão plena de vida, a união permanente do casamento e a atual restrição no Brasil de
casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Inovações trazidas pelo Código Civil de 2002 ao instituto do


casamento.
As mudanças introduzidas pelo novo Código Civil brasileiro no que diz respeito ao casamento.
Dentre as mudanças destacam-se: a gratuidade da celebração do casamento e de todo o processo
para pessoas que comprovarem pobreza; a redução da capacidade do homem para casar para
dezesseis anos; a previsão somente de impedimentos absolutos e a substituição dos antigos
impedimentos meramente proibitivos pelas causas suspensivas; a exigência de homologação da
habilitação pelo juiz; a oficialização do sobrenome e a possibilidade de adoção do utilizado pelo
outro nubente. Além disso, o novo Código Civil consolida a igualdade entre os cônjuges,
extinguindo a figura do chefe de família e estabelecendo que ambos têm direção conjunta da
sociedade conjugal.

Finalidades do casamento
As diversas finalidades do casamento, que variam de acordo com a visão filosófica, sociológica,
jurídica ou religiosa adotada. Na concepção canônica, o fim principal do casamento é a procriação
e a educação da prole, enquanto o fim secundário é a mútua assistência e satisfação sexual.
A concepção individualista que considera a satisfação sexual como o único objetivo do casamento,
o que diminui a importância da união matrimonial. Embora a atração sexual possa ser um fator
propulsor natural para o casamento, a afetividade e o amor que surgem dessa atração são os
principais objetivos do casamento, segundo a consciência religiosa e filosófica.
DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO
Requisitos gerais e específicos
Não há uma correspondência perfeita entre a capacidade genérica para atos da vida civil e a
capacidade específica para o casamento. A lei, às vezes, permite o casamento para pessoas maiores
de 16 anos, mesmo que ainda não tenham capacidade civil plena. Por outro lado, mesmo sendo
maiores e capazes, algumas pessoas não têm aptidão para o casamento, como no caso de pessoas
já casadas.

Capacidade
as condições de capacidade para o casamento de acordo com o novo Código Civil brasileiro. O
código estabelece que a idade mínima para o casamento é de dezesseis anos e requer autorização
dos pais ou representantes legais caso os noivos não tenham atingido a maioridade civil. Além
disso, existem outros impedimentos ao casamento, como a loucura, a existência de outro
casamento e o prazo de viuvez para a mulher. O texto destaca que a idade núbil não é o único
critério de capacidade matrimonial.

Impedimentos
Os impedimentos ao casamento, incluindo a proibição de se casar com alguém que já esteja casado
para evitar a bigamia, o que tornaria o casamento nulo. O impedimento só desaparece após a
dissolução do anterior vínculo matrimonial pela morte, nulidade ou anulação, divórcio ou
caracterização da presunção estabelecida quanto ao ausente. Além disso, há requisitos como a
necessidade de autorização dos pais ou representantes legais para menores de idade e o prazo de
dez meses de viuvez para novo casamento, estabelecido apenas para mulheres como uma "causa
suspensiva" para evitar dúvida sobre a paternidade.

DO PROCEDIMENTO PARA A HABILITAÇÃO


Os requisitos necessários para a validade do casamento civil no Brasil, incluindo requisitos gerais
de validade dos contratos e outros pressupostos importantes, como a diversidade de sexo,
consentimento dos nubentes, celebração na forma da lei por autoridade competente, além da
capacidade dos nubentes e a inexistência de impedimentos matrimoniais ou causa suspensiva. O
processo de habilitação para o casamento tem como objetivo comprovar esses requisitos e dar
publicidade à pretensão manifestada pelos noivos, convocando pessoas que saibam de algum
impedimento para opô-lo. Também menciona que o processo de habilitação permite examinar
situações como o parentesco próximo, que pode proibir a realização do enlace para preservar a
eugenia e a moral familiar.
O Estado assume, em face da pessoa que quer casar se, duas atitudes:
As duas atitudes possíveis do Estado em relação aos impedimentos matrimoniais. A primeira é
preventiva, ocorrendo no processo de habilitação para o casamento, em que se proíbe a realização
do matrimônio se houver a comprovação da existência de impedimento dirimente. A segunda
atitude é repressiva, ocorrendo quando, mesmo havendo impedimento dirimente, o casamento é
realizado, e o Estado reage contra esse ato infrigente para invalidá-lo.

Procedimento:
O procedimento de habilitação para o casamento civil no Brasil. Depois de verificados os
requisitos legais e de constatada a capacidade dos nubentes para o casamento, é realizada a
publicação dos proclamas, afixados no cartório e publicados na imprensa local, se houver. O
Ministério Público pode requerer documentos ou providências durante a audiência, que
homologará a habilitação. Após a afixação dos editais, decorrido o prazo de quinze dias, o oficial
entregará aos nubentes a certidão de habilitação, que será válida por noventa dias. Se passado esse
prazo não ocorrer o casamento, é necessário realizar nova habilitação.

Exceção ao procedimento normal.


O artigo 1.540 do Código Civil permite a dispensa da publicação dos proclamas, da habilitação e
da celebração presidida pela autoridade competente em casos de iminente risco de vida de um dos
contraentes, mas exige que sejam tomadas uma série de formalidades e providências
posteriormente, conforme descrito no artigo 1.541 e seus parágrafos.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS.
Os documentos necessários para o processo de habilitação para o casamento no Brasil. A certidão
de nascimento ou documento equivalente é o primeiro documento exigido, seguido da autorização
por escrito dos pais ou responsáveis legais para menores ou incapazes. Também é exigida uma
declaração assinada por duas pessoas maiores que atestem conhecer os nubentes e afirmem não
existir impedimentos. Além disso, é necessário apresentar uma declaração do estado civil,
domicílio e residência dos contraentes e seus pais, se conhecidos, além de uma certidão de óbito,
anulação ou sentença de divórcio do cônjuge anterior. A apresentação desses documentos visa
garantir a veracidade das informações e evitar casamentos em desacordo com a lei.
DOS IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO
Consequências do impedimento.
Os impedimentos para o casamento, que têm como objetivo a proteção da ordem pública. Quando
não há observância dessas normas e o casamento ocorre mesmo diante de um impedimento, a
consequência é a nulidade do ato.

IMPEDIMENTOS RESULTANTES DO PARENTESCO


A consanguinidades.
a proibição do casamento entre parentes segundo o Código Civil Brasileiro, que veda o casamento
entre ascendentes e descendentes, irmãos e demais colaterais até o terceiro grau. Também destaca
que as relações sexuais entre parentes consanguíneos constituem incesto e sempre foram
combatidas, mesmo entre pessoas de pouca cultura. O artigo enfatiza que é proibido o casamento
de irmãos conforme o art. 1.521 do Código Civil Brasileiro. Discute também a proibição de
casamento entre parentes próximos na linha colateral, como tios e sobrinhas, que são parentes de
terceiro grau e, portanto, proibidos de casar-se. Antes do Código Civil de 1916, o impedimento só
se aplicava a parentes de segundo grau, permitindo casamentos entre tios e sobrinhos. No entanto,
o Decreto-Lei nº 3, 200/41 permitiu tais casamentos com um exame pré-nupcial favorável. O texto
destaca que razões morais e biológicas desencorajam esse tipo de casamento.

A afinidade
O artigo 1.521, II, do Código Civil estabelece a proibição de casamento entre afins em linha reta.
A afinidade na linha colateral não é impedimento para o casamento, permitindo que um cônjuge
viúvo ou divorciado possa casar-se com a cunhada. O texto destaca que o companheiro foi incluído
no rol dos parentes por afinidade, o que impede que ele possa se casar com a filha de sua ex-
companheira após a dissolução da união estável. Não há impedimento para o casamento entre afins
se a união que deu origem à afinidade é declarada nula ou venha a ser anulada.

A adoção
A proibição de casamento entre afins em linha reta e as razões morais por trás dessa restrição.
Destaca-se que a adoção imita a família, portanto, o pai adotivo ou mãe adotiva não pode se casar
com a viúva do filho adotivo ou com o viúvo da filha adotiva. Além disso, o adotado não pode se
casar com irmãs anteriores ou posteriores à adoção.

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