Você está na página 1de 5

ATIVIDADE 1 – MODELOS FAMILIARES E PRINCÍPIOS

UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA


CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA
DEPARTAMENTO DE DIREITO - CURSO DE DIREITO
DIREITO CIVIL VI (FAMÍLIA)

Estudante Danilo Ferreira Quesado


Estudante Karoline Fernandes Amaro do Nascimento
Professor: CRISTOVÃO TEIXEIRA RODRIGUES SILVA
Curso: DIREITO TURNO Tarde
Semestre: 8º Disciplina DIREITO CIVIL IV (Empresa)

Orientações para a atividade: As questões deverão ser resolvidas em dupla,


mas cada um deve enviar a atividade respondida, contendo o nome de ambos.
Nas questões de assinalar ou julgar, verdadeiro ou falso, a justificativa pode ser
apresentada por alternativa ou de forma conjunta para a questão completa,
desde que, em qualquer dos casos, sejam apontados os acertos e erros de
todas as alternativas. Nas questões discursivas, as respostas devem
apresentar, da mesma forma, o raciocínio jurídico e a fundamentação
adequada, não se deve apenas transcrever o artigo, o julgado, a súmula, o
enunciado etc., mas desenvolver uma ideia completa em parágrafos curtos.

1. (DPE/MA – FCC – Defensor Público – 2015) Sobre a pluralidade do


conceito de família, a Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, em sua redação original, reconheceu
expressamente como entidades familiares
a) as uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo, chamadas pela
doutrina de famílias homoafetivas, conforme decidiu o Supremo Tribunal
Federal no ano de 2011.
b) apenas as matrimoniais, informais e monoparentais, mas não impede o
reconhecimento de outros possíveis arranjos familiares como
decorrência dos princípios e direitos fundamentais.
c) apenas as matrimoniais e informais, equiparando-as expressamente
pelo princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros, de modo
que qualquer distinção que a lei estabeleça entre o casamento e a união
estável é inconstitucional.
d) as famílias anaparentais, que são aquelas formadas por pessoas sem
ascendência ou descendência entre si, mas que se reúnem com base no
afeto e no objetivo de juntos constituírem uma família.
e) as famílias pluriparentais ou recompostas, como aquelas decorrentes de
vários casamentos, uniões estáveis ou outros relacionamentos afetivos
de seus membros.
R.: A alternativa correta é a letra “b”, pois no art. 226 da CF/88 temos o
reconhecimento das entidades familiares decorrentes do casamento civil,
casamento religioso e união estável entre o home e a mulher ou aquela
formada por qualquer um dos pais e seus descendentes, sua estrutura é
baseada no princípio da afetividade fator que deixa em aberto para diversos
tipos de entidades familiares não normatizadas, como a anaparental,
homoafetiva e eudemonismo.

2. (DPU – CESPE – Defensor Público Federal de Segurança Categoria


– 2015) Tendo em vista que a diversidade e a multiplicidade de
relações intersubjetivas têm se refletido na interpretação das
normas jurídicas, julgue o item que se segue.
Conforme entendimento do STJ, a paternidade socioafetiva deve
prevalecer em detrimento da biológica.

( ) Certo
(X) Errado
R.: “ERRADO” Em decorrência do conceito ampliado de família trazida pela
modernização da legislação brasileira (como exemplo o art. 5º da Lei
11.340/2006), têm concebido igualdade entre os vínculos de sangue e os
vínculos socioafetivos, não apenas para constituir o termo jurídico de família,
como também adquirir direitos e deveres, de forma coerente com o art. 226 da
CF/88 e o entendimento doutrinário. Seguindo a mesma linha, STF vem
entendendo pela família multiparental e o reconhecimento de igualdade entre
os tipos de vínculos parentais, portanto a inexistência de hierarquia (STF, RE
898060/SC) entre paternidade socioafetiva e biológica.
3. Leia as decisões judiciais abaixo, identifique e explique os
princípios de Direito de Família encontrados:

a) STJ, REsp 1.025.769/MG


R.: Trata-se de Recurso Especial fundamentado na obrigação do réu em pagar
alimentos vencidos e atualização monetária, claramente fundamentados no
princípio de vínculo conjugal (ou parentesco ou convivêncial), haja vista o
casamento ter ocorrido de fato e ambos terem convivido mais de 20 anos.
Ademais, tal Recurso vislumbra através dos arts. 1.694 e 1.695 o princípio do
dever de assistência mútua, uma vez que a legislação garante igualdade entre
cônjuges e companheiros e o princípio da solidariedade familiar devido a
relação obtida durante o poder familiar, ainda que este tenha deixado de existir.
A autora alega para título de embasamento do seu relato a infidelidade do ex-
marido, do qual nasceu uma criança, sendo facilmente observado o princípio
da monogamia como princípio demonstrativo de obrigação da fidelidade física e
moral, como pressuposto de honestidade, lealdade e respeito, mesmo que
tenha sido rebatido pelo colegiado.
b) STJ, Ac. 3a T., REsp. 1.159.242/SP (Informativo n. 496 do STJ).
R.: Trata-se de Recurso Especial referente a Abandono Afetivo e compensação
por Dano Moral parcialmente provido pelo Colegiado, havendo apenas redução
no valor fixado quanto a indenização. O princípio regulador do vínculo de
parentesco já mencionado anteriormente, acompanhado do princípio da
solidariedade, princípio da convivência familiar e da afetividade reservam, de
maneiras similares dentro de suas próprias características, obrigações dos pais
para com seus filhos, independentemente de vínculo permanente do poder
familiar, ainda que interrompido (divorcio, separação de fato ou não mais
convivência), indo de encontro ao abandono afetivo, muito bem explanado na
decisão do Tribunal acerca das consequências imensuráveis no
desenvolvimento da criança, polo hipossuficiente dessa relação, fisgando,
ainda, o princípio que garante real proteção da criança, do adolescente e do
idoso, fases que expõem maior vulnerabilidade (no caso da criança e do
adolescente até os dezoito anos) e que merecem um tratamento especial.

4. Leia as decisões judiciais abaixo, identifique e explique quais os


critérios fixados na decisão que formam o leading case (caso
paradigmático) e podem ser utilizados em casos futuros:

a) RE 363.889/DF (STF)
R.: O recurso em questão é sobre uma ação de reconhecimento de
paternidade apreciado e extinto, sem análise do mérito, pelo Tribunal de
Justiça do Distrito Federal. Como base do recurso temos o art. 227, caput e
parágrafo 6º (Direito fundamental à filiação) e o art. 5º, caput e XXXVI da
CF/88, o que levou o reconhecimento unanime da presença de repercussão
geral.
As repercussões que futuramente esta decisão poderá gerar são:
-A relativização da coisa julgada em ações de investigação de paternidade por
falta de provas absolutas (exame de DNA), quando este não tiver capacidade
economica para fazê-lo e quando não amparado pelo Estado;
-O caráter não prescritivo da procura da “identidade genética” por ser um direito
fundamental;
-Abertura para a paternidade baseada em afetividade, mas sem disputa com o
biológico.
b) REsp 1.508.671/MG (3ª turma/2016, STJ)
R.: O recurso em questão trata sobre uma ação Negatória de Paternidade. Na
citação do Mestre Rolf Madaleno “...o liame biológico não reflete a relação mais
relevante nos vínculos de filiação...” o Senhor Ministro Relator Marco Aurélio
Bellizze utiliza da filiação emocional para negar o provimento do recurso
especial, seguido pelos demais Ministros (unanimidade), com a justificativa de
que o genitor já não tinha mais convivência com a menor, logo já não possui a
afetividade entre pai e filha e nem mesmo o interesse para tal e que a
progenitora da menor negou a realização do exame de DNA.
As possíveis implicações juridicas que esta decisão pode e vai gerar é:
-Super lotação de novas ações para negação de paternidade, com finalidade
exclusiva de dar fim a obrigação de pagamento alimentício.
-Ações de negação de paternidade com a justificativa de “separação de corpos”
e o desligamento afetivo com o menor
5. A partir da leitura do texto “A doutrina da família multiespécie e a
identidade animal”, identifique e explique
a) Quais os possíveis impactos do Projeto de Lei nº 145/2021-CD no
conceito de família.
R.: Consolidar o tipo de família multiespécie reforçando ainda mais o caráter
afetivo da ligação familiar sobre o caráter sanguíneo da instituição. Aprovado o
projeto de Lei em questão, poderá resolver novas questões como “pensão
alimentícia”, “guarda compartilhada”, questões estás que já surgiram em outros
ordenamentos, para se adequarem aos bichos de estimação como novos
membro do instituto familiar.
b) como o direito em alguns países têm definido o status jurídico dos
animais.
R.: Grande parte dos tribunais vem adotando o que proposto no projeto de Lei
já mencionado, o abandono da “coisificação” do animal, a exemplo da Nova
Zelândia (2015) e o Tratado de Lisboa que consideram os animais seres
senciente, não mais uma propriedade, antes mesmo disso em 1990 o CC da
Alemanha traz os animais como sujeitos de direito e não como coisas. Na
Argentina em 2014 o STF/Argentina decidiu que os animais são sujeitos de
direitos (pessoas não humanas), com direito até a HC para um orangotango-
de-Sumatra Sandra. Na suíça em seu CC temos no caso de dissolução de
casamento, de união de fato ou de partilha de herança a possibilidade de o
animal ser responsabilidade da parte que melhor poderá fornecer acomodação
para ele, “parecido” com a guarda de um filho
c) quais críticas são apresentadas ao Projeto de Lei nº 62/2019.
R.: Taxando o animal como se coisa fosse ao utilizar o termo “posse” para se
referir ao animal acerca de litigância de divórcio ou separação de união estável,
para quem caberá a responsabilidade sobre a guarda do animal, devendo o
mesmo ter aludido, em evolução ao tema de identidade animal, como “guarda
responsável”, de forma a seguir o próprio entendimento doutrinário e legal de
outros países. Logo, deve a legislação brasileira procurar por um estatuto
jurídico sobre o assunto, haja vista a falta de dispositivos legais que orientem
as prerrogativas insurgentes da sociedade moderna.

Você também pode gostar