O documento discute o crime de estelionato e fraudes. Resume a definição histórica e legal do estelionato no Brasil, analisa elementos e casos do crime, e discute crimes relacionados como duplicata simulada e abuso de incapazes.
O documento discute o crime de estelionato e fraudes. Resume a definição histórica e legal do estelionato no Brasil, analisa elementos e casos do crime, e discute crimes relacionados como duplicata simulada e abuso de incapazes.
O documento discute o crime de estelionato e fraudes. Resume a definição histórica e legal do estelionato no Brasil, analisa elementos e casos do crime, e discute crimes relacionados como duplicata simulada e abuso de incapazes.
William Shakespeare Digressão histórica A palavra estelionato parece derivar da palavra Stellio, que seria um lagarto que muda de cor, para se camuflar. O Brasil adotou a nomenclatura que remonta ao império romano stellionatus, vale ressaltar que este crime era confundido com o próprio furto sendo apenas uma forma de cometê-lo. Destaque-se que Stellio no latim transmite o sentido de impostor. No Brasil adotamos um tipo que parece elaborar um junção da formula francesa (induzir alguém em erro) e da alemã (manter alguém em erro). estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. <= Repetição da formula genérica do art. 170 do CP. § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. <= majorante § 4º estelionato contra idoso aplica-se a pena em dobro. ANÁLISE • Paulo José da Costa Jr. Nos ensina que o elemento preponderante no estelionato é a conduta ardilosa, subreptícea, fraudulenta de que se vale o agente para atingir o seu intento. • Damásio ensina que “Artifício é engodo empregado por intermédio de aparato material.... ....Ardil é o engano praticado por intermédio de insídia”.... Lembrando que a fraude deve ser avaliada de acordo com as condições pessoais da vítima. • A vantagem percebida deve ser econômica, indevida. • Alheio aqui pode ser no todo ou em parte. (há discordância) • Sendo crime comum pode ser praticado por qualquer pessoa. ANÁLISE • Os doutrinadores ensinam que não se confundem a fraude civil e a fraude penal. Costumam apontar que a diferença não seria de substância mas de grau (é como se afirmassemos que fraudes mais leves seriam civis e fraudes mais pesadas seriam penais). Pois algumas afirmações no âmbito do direito empresarial, mesmo que falsas, constituem-se no que a doutrina denominou de “dolus malus” que considera-se ilícito civil, ensejando a nulidade do negócio. Se a fraude se caracteriza em um negócio simulado <(arrastamento) neste caso temos estelionato. • O advogado de regra não responde por estelionato quando pratica honorários abusivos, contudo se há uma cobrança extorsiva o STF já decidiu que pode se configurar. • A cola eletrônica divergência doutrinária e jurisprudencial. Pra concurso sim. ANÁLISE • Falsificação de dinheiro => se a falsificação for imperfeita grosseira capaz de enganar apenas incautos. < = estelionato. • A captação de recursos de um número indeterminados de pessoas temos crime contra a economia popular. • Falsas curas => há julgados classificando alguns casos como estelionato. • Curso falso => estelionato. • Fraude dentro de processo para a obtenção de vantagem indevida (fraude processual art. 347). • Há decisões condenando por falsa identidade, quando o sujeito consegue apenas pequenas vantagens se fazendo passar por membro de policia secreta, ou por assistente de médico etc. Estelionato por equiparação Estelionato por equiparação § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; <=Não há crime se o adquirente está ciente do fato. Destaque-se que nesse caso não pode haver posse legítima. Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; <=Pune-se a omissão de situação juridicamente relevante sobre a coisa. Defraudação de penhor III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Acreditamos que esse crime ocorre quando o penhor é realizado com a “clausula constituti”. Estelionato por equiparação Fraude na entrega de coisa IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; A substância é a essência da coisa(ex. ouro de tolo), Quantidade refere-se a peso dimensão, Qualidade se refere ao estado (coisa pior como se fosse a melhor). Destaque-se que se for alimentícia vai para o 272 CP Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; <= A doutrina entende tratar-se de crime formal. Devendo já haver contrato de seguro vigente. Não se pode confundir o dolo de fraudar com a simples agravação do risco. Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. Cheque é uma ordem de pagamento a vista. Assim emissão por si só não configura crime se não houver a demonstração do “animus fraudulentis” Estelionato? • Já havia algumas decisões de juízes e tribunais e mais recentemente O STF já obrigou a devolução do bem havido de forma fraudulenta, todavia o procedimento foi decidido no âmbito civil. Legislação comparada Código Penal x o art. 6° da Lei 7.492/86 (crimes contra o sistema financeiro nacional) => induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente. Código Penal x Lei 11.101105 (lei de falência): o art. 168 da Lei 11.101/2005, quem praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem. Código Penal x da Lei 10.671103 (Estatuto do Torcedor): o art. 41-E pune fraudar, por qualquer meio. Código Penal x o art. 251 do Decreto-lei 1.001/69 (Código Penal Militar): no art. 9º pune a prática do estelionato cometido na forma daquela lei. Código Penal x LEI No 10.741, (Estatuto do Idoso) o art. 106 do pune, aquele que induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente. Duplicata simulada Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá
aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. Duplicata simulada • A duplicata é um título de crédito que seria essencialmente uma cópia da fatura. A fatura é um documento que discrimina um contrato de compra e venda mercantil.
• Lembrando que a escrituração da duplicata é
obrigatória. antecedentes • Na Roma antiga era comum haver nas casas uma cofre onde eram guardados os documentos que estipulavam os direitos face a devedores. {podemos vislumbrar nessa relação um antecedente remoto dos modernos títulos de créditos}. Na idade média haviam os títulos emitidos pelos reis. No EUA temos a figura das cartas de crédito emitidas pelos presidentes. classificação • Crime formal {doutrina majoritária} independe de causar prejuízo, unissubjetivo, unissubsistente {doutrina majoritária}, crime comum, doloso, de dano. • OBS: a triplicata tem o mesmo valor da duplicata. Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. análise • Segundo Bento de farias "Deve se entender debilidade mental não somente a loucura, propriamente dita, como toda a enfermidade mental, quando anula a inteligência ...“ • Magalhães Noronha defende que “o menor emancipado não é um incapaz”. • Também defende que a necessidade, de demonstração da paixão e a inexperiência se referem exclusivamente ao menor. • Não é obrigatória a interdição no caso de alienados e débeis mentais, pois a prova pode ser produzida no próprio feito criminal, através de perícia. Induzimento à especulação Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Induzimento a especulação análise • Para Cleber Masson => inexperiente (principiante, ou seja, sem vivência prática nas situações indicadas no tipo penal), simples (ingênua, que facilmente deixa se enganar), ou com capacidade mental inferior (dotada de qualquer tipo de distúrbio ou com desenvolvimento mental incompleto, com capacidade de discernimento abaixo da normalidade) <= Não se exigindo nas Palavras de Mirabeti que a vítima seja incapaz. No mesmo sentido Maximiliannus. • A mens legis é no sentido de proteger a pessoa rude simplória, que pode ser mais facilmente enganada. <= nesse sentido Fernando Capez. análise • Trata-se de crime formal, pois a consumação ocorre com a prática da conduta, dispensando a lesão ao patrimônio da vítima.
• Operação ruinosa => é aquela que pode levar a vítima a
insolvência.
• O agente deve ter conhecimento da ruinosidade da
operação. (que trata-se de operação temerária)
• Sabe => dolo direto, deve saber => dolo eventual.
Consumação: “Com a efetiva prática do jogo, aposta ou especulação, independentemente da obtenção de real proveito pelo agente ou terceira pessoa ou mesmo que a vítima não fique insolvente. Para a maioria da doutrina, o crime estará consumado, ainda que a vítima obtenha lucro com o ato. Tentativa: admite-se. Ação penal: Pública incondicionada. OBS: abrangência da expressão devendo saber, entendemos que trata-se de dolo. Fraude no comércio: Art. 175 Art. 175. Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: I – vendendo como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; II – entregando uma mercadoria por outra: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. QUALIFICADORA § 1º. Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de outra qualidade: Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa. FIGURA PRIVILEGIADA => § 2º. É aplicável o disposto no artigo 155, § 2º. Sujeitos: a) ATIVO: comerciante ou comerciário (crime próprio) para a maioria da doutrina. Divergência=> Segundo Bento de Faria: “sujeito ativo pode ser todo aquele que realize tais práticas no exercício de atividade comercial, pouco importando seja ou não estabelecido, tenha ou não licença, pague ou não impostos”. Posição minoritária b) passivo: qualquer pessoa desde que não indeterminada. Nesse caso pode se configurar crime contra o consumidor lei 8078/90. Tipo objetivo: A figura principal (caput) é iludir, de dupla maneira: A primeira conduta típica é “vender” mercadoria falsificada ou deteriorada como se fosse verdadeira ou perfeita, ( a permuta ou doação não foram alcançadas pelo tipo). Para parte da doutrina Hoje em dia seria difícil de imaginar situação que não esteja revogada pelo art. 7º da Lei 8.078/90, que trata dos crimes contra a relação de consumo. Não pensamos assim. O inciso III do mencionado artigo, refere-se a hipóteses de mercadoria falsificada ao punir com detenção, de dois a cinco anos, ou multa “quem misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os de mais alto custo” <= entendemos que é preciso prudência na adoção desse posicionamento, pois sempre pode haver uma aplicação residual do dispositivo legal. Pode ser que o comerciante iluda alguém em apenas um negócio. A segunda conduta prevista no tipo simples do artigo 175 consiste em entregar uma mercadoria por outra enganando o consumidor.
• Mercadoria: pode ser qualquer coisa móvel ou
semovente e apropriável que se negocie.
• Tratando-se de crime patrimonial é obvio que a
vítima deve sofrer prejuízo. (embora haja discordância) • FORMA QUALIFICADA • O § 1º prevê a fraude no comércio de metais ou pedras preciosas, com quatro figuras alternativas: • a) alterar a qualidade ou peso de metal, em obra encomendada; • b) substituir pedra verdadeira por falsa ou de menor valor, também em obra encomendada; • c) vender pedra falsa por verdadeira; • d) vender,como precioso,metal de outra qualidade. Tipo subjetivo: Dolo genérico. Não há forma culposa. Admite-se a tentativa. Consuma-se com a entrega pelo agente e aceitação pela vítima. Classificação: crime próprio quanto ao sujeito ativo, doloso, material, de dano, plurissubsistente, unissubjetivo, de ação simples, de ação vinculada. Outras fraudes: Art. 176 ART.176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
PERG: SE AGENTE ENTRA CLANDESTINAMENTE NO
MEIO DE TRANSPORTE? Sujeitos: a) ativo: qualquer pessoa; b) passivo: quem presta o serviço. Tipo objetivo: Três fraudes previstas: a) tomar refeição em restaurante sem dispor de recursos para efetuar o pagamento. => Refeição inclui bebidas (há divergência) Restaurante é qualquer estabelecimento que sirva refeições: bares, lanchonetes, pensões etc. Em face da expressão: tomar refeição em restaurante, fica fora do tipo, aquela encomendada “para viagem”. b) alojar-se em hotel, sem dispor de recursos para efetuar o pagamento. Hotel com significação ampla: hospedarias, motéis, pensões, etc. c) utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento. Relaciona-se com o transporte pessoal, em que não se exige pagamento antecipado: táxis, ônibus etc. Não haverá, portanto, a tipificação se esqueceu o dinheiro em casa, ou não quiserem aceitar seu cheque ou cartão de crédito ou ainda se tendo recursos no momento, discordar da conta apresentada, por conter erro. Tipo subjetivo: dolo genérico. Não há forma culposa. O estado de necessidade é excludente de ilicitude. Consuma-se com a efetiva tomada, alojamento ou utilização. Delito comum quanto ao sujeito, doloso, material, de dano. • Para alguns autores, havendo falsificação do bilhete de passagem, o crime seria de estelionato ou falsidade; e caso de transporte clandestino também seria estelionato.
• Ação penal: Pública condicionada à representação
do ofendido.
• “Para configurar-se o crime, é necessário que o
agente faça a refeição sem ter dinheiro para pagá- la; se tem recursos, mas não paga, o ilícito é só civil e não penal”. Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações
Art. 177 Promover a fundação de sociedade por
ações, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular. < subsidiariedade expressa. § 1º. Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: <= ATENÇÃO I – o DIRETOR, O GERENTE OU O FISCAL DE SOCIEDADE POR AÇÕES que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; II – O DIRETOR, O GERENTE OU O FISCAL que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; III – O DIRETOR OU O GERENTE que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral; IV – o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V – o diretor ou o gerente que, como garantia de
crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
VI – o diretor ou o gerente que, na falta de balanço,
em desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios; VII – o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer; VIII – o liquidante, nos casos dos nº I, II, III, IV, V e VII; IX – o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos nº I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º. Incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral. PUNE INSTITUIDORES de sociedade anônima que divulguem informações falsas ou ocultem fraudulentamente fatos relevantes a ela relativos. PUNE QUEM PROMOVE, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade. PUNE QUEM TIRA PROVEITO INDEVIDO: quer cooptando indevidamente ou enganando os sócios, quer tergiversando com o patrimônio da empresa. PUNE ACIONISTA que negociar seu voto nas deliberações da assembléia geral. Esta última figura perdeu importância prática depois que o art. 118 da Lei nº 6.404/76 permitiu o acordo de acionistas, inclusive quanto ao exercício do direito de voto. Dessa forma, somente existe esta última modalidade de infração penal se a negociação envolvendo o voto não estiver revestida das formalidades legais ou contrariar texto de lei. Damásio de Jesus entende que ‘o fato incide na Lei de Economia Popular (Lei n. 1.521/1951), art. 3º, incs. VII a X) quando atinge um número indeterminado de pessoas; caso em que a sociedade por ações é organizada por subscrição pública, apresentando-se com natureza popular; aplica-se o Código Penal (art. 177) quando lesa ou expõe a perigo de lesão uma pessoa ou um número determinado e pequeno de pessoas. Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “warrant”: Art. 178
Emitir conhecimento de depósito ou “warrant”,
em desacordo com disposição legal: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Warrant, palavra inglesa, significa em português: fiança ou garantia. São dois títulos de crédito, mas, com finalidades diferentes. • O endosso do conhecimento de depósito transfere a propriedade da mercadoria depositada e o endosso do warrant significa que a mesma foi dada em garantia de um empréstimo ou de alguma obrigação.
Quem possui ambos os títulos tem a plena
propriedade da mercadoria em depósito no armazém geral emitente. Sujeitos: a) Ativo: qualquer pessoa que emite em desacordo com a lei; b) passivo: portador ou endossatário que recebe o título com ilegalidade. Tipo objetivo: Circulação desses títulos em desacordo com disposição legal. Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de emitir os títulos, ciente da sua irregularidade. Inexiste forma culposa. Consumação: com a circulação dos títulos, sem dependência de efetivo prejuízo. A tentativa é admissível. Classificação: Comum quanto ao agente, doloso, formal e ou de perigo, unissubjetivo, plurissubsistente.
Ação penal: pública incondicionada.
FRAUDE À EXECUÇÃO Art. 179. Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante
queixa. < - ação penal privada RAIZES Há relatos que no império romano havia uma forma bem simples de se forçar o devedor a honrar os seus débitos, permitindo que o credor surpreendesse o devedor fora de casa com gritarias e galhofas contra o credor lembrando a dívida não paga, pois um dos bens mais preciosos para o romano era a reputação. O devedor malicioso, para tentar se desvencilhar do constrangimento, fingia desolação (deixava o cabelo crescer, vestia-se de luto). Posteriormente o direito romano mudou, permitindo a execução sobre os bens, desta forma o crime de fraude a execução tomou configurações semelhantes a atual. As ordenações Filipinas considerava aquele que fraudava a execução ocultando patrimônio ou falseando o “livro razão” como ladrão público, punindo severamente. As legislações atuais se dividem algumas consideram fraude a execução como crime contra a administração da justiça e há outras como a do Brasil que elenca entre os crimes contra o patrimônio. Tipo objetivo: É imprescindível à tipificação que haja uma ação judicial cobrando o agente. Fraudar a execução é frustrar a execução de sentença judicial ou fundada em título executivo pré constituído, pela inexistência provocada ou simulada de bens pela alienação, desvio, destruição, danificação dos bens, ou, ainda, simulando dívidas. Parte da doutrina costuma apontar que a conduta somente se enquadra neste tipo penal, quando o ato for configurado como fraude de execução, conforme os termos do: artigo 393 do Código de Processo Civil: Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens: I – quando sobre eles pender ação fundada em direito real; II – quando ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência; III – nos demais casos expressos em lei.” Tipo subjetivo: O dolo; (dolo específico) Consumação: No momento em que a execução torna- se irrealizável pela alienação, desvio, destruição. Note que a doutrina defende que este crime se torna factível, quando o agente toma conhecimento do processo de execução. Tentativa: Admite-se. Classificação: Delito próprio quanto ao sujeito, doloso, material, de conduta e resultado. Ação penal: Privada (art. 179, parágrafo único) processa-se mediante queixa do querelante (credor/vítima) contra o querelado (devedor/agente). Notas especiais A alienação de bens insuscetíveis de constrição judicial não constitui fraude a execução. O depositário que aliena o bem não comete fraude a execução, podendo incidir eventualmente em fraude processual do art.347 CPB. No caso da dívida ser inexequível não há que se falar em crime. Fraude contra credores (alienação de bens que causam a insolvência do devedor). não é crime é ilícito civil. O devedor em execução de alimentos não comete fraude a execução quando se coloca em insolvência, podendo ser responsabilizado, em tese, por abandono material. Crime de fraude processual Fraude processual Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Receptação Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa fé, a adquira, receba ou oculte: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. Breves considerações históricas • No código de Hamurabi quem fosse pego de posse de mercadoria subtraída tinha a obrigação de apresentar o vendedor ao juiz sob pena de ser considerado ladrão (punível com pena de morte). A lei das XII tábuas determinava que se o dono da casa fosse surpreendido com itens roubados dentro de sua casa deveria ser preso por furto manifesto. Só no império Romano surgiu o “crimen receptatorum” que surgiu a noção inicial de receptação, mesmo assim o receptador era considerado um cúmplice do ladrão e recebia as mesmas penas. Posteriormente o direito Germânico (lei dos burgúndios), reconheceu certa autonomia a receptação, todavia nas legislações de um modo geral prevalecia a ideia de cumplicidade que só foi superada pela influência de Feuerbach, foi a partir de então que o direito reconheceu que não pode haver participação pós consumação. Receptação dolosa própria (art. 180, primeira parte). Consiste na aquisição de coisa que o agente sabe ser produto de crime, ou na prática de conduta equiparada (receber, transportar, conduzir ou ocultar coisa que sabe ser produto de crime). Comete o crime quem recebe coisa que sabe ser furtada, em dação em pagamento.
Consuma-se na receptação dolosa própria, com a
aquisição da coisa ou com a prática de conduta equiparada no tipo. Cabe tentativa. análise • Adquirir é a obtenção da propriedade independe se a aquisição foi onerosa ou se o preço pago seja irrisório ou justo. • Receber significa ingressar na posse do bem. • Transportar consiste em levar um objeto de um local para outro. • Conduzir diz respeito à situação em que alguém dirige um veículo, automotor ou não, para levá-lo a algum outro local. • Ocultar equivale a esconder o objeto material. análise • Cleber Masson aponta que A receptação é crime acessório, de fusão ou parasitário, pois não tem existência autônoma, reclamando a prática de um delito (crime )anterior. <destaque nosso • Questão controversa se refere a questão da isenção de pena do autor da conduta anterior. Acreditamos que doutrinariamente a melhor forma de se dirimir esta questão é na compreensão que a receptação é um crime acessório. Desta forma mesmo havendo extinção da punibilidade do autor do crime de origem (salvo por anistia ou abolitio criminis), poderá o receptador ser responsabilizado criminalmente. Receptação dolosa imprópria (art.180, segunda parte ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte) Consiste em influenciar para que terceiro de boa fé adquira, receba ou oculte a coisa. destacando-se aqui a intermediação criminosa. Consuma-se com a ação de influenciar, ou intermediar.
– Receptação qualificada (art.180, § 1°). É a praticada
por comerciante ou industrial, mesmo irregular, clandestino ou até exercido em residência (art.180, § 2°). Alcança o ramo de desmanche de veículos, com outras formas próprias como ter em depósito, desmontar, montar, vender e expor à venda etc. • Receptação qualificada: • § 1°. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena – reclusão, de 3 a 8 anos, e multa. • § 2°. Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. RECEPTAÇÃO CULPOSA § 3°. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1(um) ano, ou multa, ou ambas as penas. § 4°. A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. § 5°. Na hipótese do § 3°, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica- se o disposto no § 2° do art. 155. – Receptação culposa (art. 180, § 3°). Ocorre quando o agente adquire ou recebe coisa sem saber que se trata de produto de crime, havendo, porém, elementos que lhe permitiriam perceber esse fato, pela natureza da coisa, pela desproporção entre o valor e o preço ou pela condição de quem oferece.
Na receptação culposa, se o agente é primário pode
(deve) o juiz conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena – perdão judicial (art. 180, § 5°). “Pratica ad exemplum” receptação culposa quem adquire coisa de menor de idade, desconhecido, pagando menos de 10% do valor da coisa” Forma privilegiada 1 § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Forma privilegiada 2 Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155 Majorante (doutrina dominante) § 6°. Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no “caput” deste artigo aplica-se em dobro. Nova qualificadora: art. 18O-A receptação de abigeato. Privilegiada (art. 180, § 5°) Aplica-se o disposto no artigo 155, § 2° (primário e coisa de pequeno valor).
Receptação agravada (art. 180, § 6°). Refere-
se à receptação dolosa própria quando se tratar de bens da União, Estado ou Município e outras entidades previstas no artigo 180, § 6°, com o aumento do dobro da pena prevista no caput –Reclusão, de 1 a 4 anos e multa. Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II – de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I – do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II – de irmão, legítimo ou ilegítimo; III – de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I – Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II – ao estranho que participa do crime; III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. BOA SEMANA