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UERJ. 2021.1 Disciplina Família e Sucessões II. Tópico: casamento e união estável. Prof.a Ana
Carla Harmatiuk Matos e Isabella Castro.
• Direito romano: era comum, sendo um “casamento inferior”, cum (com) e cubare
(dormir), ou seja, “dormir com”. Em princípio, o termo concubinato referia-se a união
estável.
• Apesar de combatida pela Igreja Católica, penetrou na legislação civil, como nas
Ordenações Filipinas, que admitiam direitos em favor da mulher, quando a ligação fosse
prolongada.
• Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia (Brasil na Colônia e no Império):
proibiam, pena de prisão e multa.
• Exceção: direito de os senhores viverem amancebados com suas escravas; somente
consideravam concubinato se o homem abrigasse em sua casa alguma mulher que ali
engravidasse, não fosse sua esposa, e que fosse livre. Estabelecendo um tipo de
concubinato e negando o outro, fundado na escravidão.
• Influência da Igreja: sacralidade e indissolubilidade do matrimonio. Casamento era única
entidade familiar reconhecida. Somente 1977 ingresso do divórcio. Ausência de divórcio:
crescimento do dito “concubinato”.
• Jurisprudência brasileira: tangenciando os óbices legais e a pressão da realidade social,
construí soluções alternativas. 1962
“A principal vítima foi a mulher, estigmatizada como concubina, tendo em vista a cultura patriarcal
que impedia ou inibia seu acesso ao mercado de trabalho, o que a deixava sob a dependência
econômica do homem, enquanto merecesse seu afeto. A mulher separada de fato ou solteira que
se unia a um homem, com impedimento para casar, além do estigma, era relegada ao mundo
dos sem direitos, pouco importando que derivasse de convivência estável e que perdurasse por
décadas, normalmente com filhos. Desconsideravam-se não apenas os aspectos existenciais
dessa relação familiar, como a criação dos filhos e sua dedicação ao progresso do companheiro,
mas os aspectos patrimoniais, para cuja aquisição e manutenção a companheira tinha
colaborado, assumindo as responsabilidades familiares e a estabilidade que ele necessitava para
desenvolver suas atividades”.
• Enriquecimento sem causa. Súmulas 380 e 382 do STF, ambas de 1964, com os
seguintes enunciados:
Súmula 380: “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a
sua dissolução judicial com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”.
Súmula 382: “A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à
caracterização do concubinato”.
• Indenização pelos serviços prestados: dificuldade de comprovação do esforço comum.
“Quando o direito de família dava as costas para a realidade social, apenas o direito das
obrigações poderia favorecer decisões que se aproximavam da equidade”.
• Após Lei do divórcio: “concubinato” duas espécies:
i. União livre, dita união estável, entre pessoas não impedidas de se casar, por
serem solteiras, separadas de fato, judicialmente ou divorciadas.
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ii. Concubinato em sentido estrito: uniões paralelas ao casamento. Com pelo menos
um dos envolvidos casado.
• Hoje: art. 1.727 As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de
casar, constituem concubinato.
“A união estável, inserida na Constituição de 1988, é o epílogo de lenta e tormentosa trajetória
de discriminação e desconsideração legal, com as situações existenciais enquadradas sob o
conceito depreciativo de concubinato, definido como relações imorais e ilícitas, que desafiavam
a sacralidade atribuída ao casamento”.
NAMORO QUALIFICADO
CONTRATO DE NAMORO?
CASAMENTO
União de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo estado, formado com o objetivo de
constituição de uma família e baseado em um vínculo de afeto (affectio maritalis).
1
BRASIL, Supremo Tribunal Federal, ADI 4277, Relator Ministro Ayres Britto, Tribunal Pleno, julgado em 5.5.2011,
publicado em 14.10.2011; BRASIL, Supremo Tribunal Federal, ADPF 132, Relator Ministro Ayres Britto, Tribunal Pleno,
julgado em 5.5.2011, publicado em 14.10.2011.
2
BRASIL, Conselho Nacional de Justiça. Resolução n. 175, de 14 de maio de 2013, aprovada durante a 169ª Sessão
Plenária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017. IBGE, Estatísticas do Registro Civil 2003-2016.
IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1992/1999. IBGE, Estatísticas do Registro Civil 1984-2002.
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Ø Monogamia: sob pena de nulidade absoluta. Art. 1.521 do CC: Não podem casar: (...) VI
- As pessoas casadas; Art. 1.548 do CC: É nulo o casamento contraído: (...) II - Por
infringência de impedimento.
Ø Liberdade de Escolha: pode se escolher com quem vai casar, existindo restrições, como
nos impedimentos matrimoniais.
Ø Comunhão Plena de Vida: baseada na igualdade entre os cônjuges. Art. 1.511 do CC:
"O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos
e deveres dos cônjuges" → atinge o companheiro.
ESPÉCIES DE CASAMENTO
CIVIL
• Habilitação (eficácia de 90 dias)
• Dia, hora e local designado, portas abertas.
• Regra, 2 testemunhas; 4, se for em edifício particular ou se um dos
contraentes não puder/souber escrever.
RELIGIOSO
• Atender às exigências para a validade do casamento civil
• Deve ser registrado
• Efeitos a partir de sua celebração.
• Celebrado habilitação prévia: 90 dias após a celebração.
• Sem as formalidades: a requerimento do casal mediante prévia
habilitação.
• Nulidade do registro civil em caso de casamento civil anterior.
MOLÉSTIA GRAVE
• Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o
presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo
urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e
escrever.
NUNCUPATIVO
• Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de
vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o
ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na
presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham
parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
• Posterior comparecimento das testemunhas perante autoridade judicial
dentro de dez dias.
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CONSULAR
• Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras
sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os
direitos de família.
• § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os
nubentes.
POR PROCURAÇÃO
• Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por
instrumento público, com poderes especiais.
• A eficácia da revogação do mandato não é receptícia.
• O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se
representar no casamento nuncupativo.
• A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
No reality show da Netflix, os participantes escolhem seus parceiros às cegas, após convivência
sem contato visual. Os casais formados saem da primeira etapa noivos, com casamento marcado
para dali 30 dias. Na segunda etapa, se encontram pessoalmente, passam por lua de mel e "teste
de convivência" para, então, escolherem entre o "sim" ou o "não" no altar. A questão que se
impõe é: o casamento celebrado tem efeito jurídico?
Descumprimento de solenidades
Seriedade na manifestação
Lei 12.015/09
Lei 13.718/18
à Logo: a exceções do antigo art. 1.520 só valiam para os menores entre 14 e 16 anos.
à Atualmente: impossibilidade absoluta do casamento infantil.
s Entretanto, somente o art.1.520 foi alterado. Outros artigos, como o art. 1.550, estão em
vigência. Diante disso, seria o casamento infantil nulo ou anulável?
4
Enunciado n. 138 do CJF aprovado na I Jornada de Direito Civil: “A vontade dos absolutamente incapazes, na
hipótese do inc. I do art. 3º, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes,
desde que demonstrem discernimento bastante para tanto”.
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Art. 1.550 do CC: "É anulável o casamento: I - De quem não completou a idade mínima
para casar"
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS
HIPÓTESES:
HIPÓTESES:
1. Viúvo/viúva que tiver filho do casamento anterior, enquanto não fizer inventário dos bens
do casal, com a respectiva partilha.
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I Jornada de Direito Civil - Enunciado 98: "O inc. IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser interpretado à luz do
Decreto-lei n. 3.200/41, no que se refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º grau“.
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Art. 1.595 do CC: § 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
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2. Viúva ou mulher cujo casamento se desfez por ser nulo/anulável até 10 meses depois do
começo da viuvez ou da dissolução da sociedade conjugal. Evitar dúvidas quanto à origem
da prole (turbatio ou confusio sanguinis).
3. O divorciado enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do
casamento anterior.
4. Tutor/tutelado, curador/curatelado enquanto vigente a tutela/curatela ou não estiverem
saldadas as respectivas contas. Os parentes do tutor/curador também estão incluídos, por
questão moral e patrimonial.
INVALIDADE DO CASAMENTO
HIPÓTESES DE ANULABILIDADE:
CASAMENTO PUTATIVO:
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença
anulatória.
§ 1 o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele
e aos filhos aproveitarão.
§ 2 o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só
aos filhos aproveitarão.
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PACTO ANTENUPCIAL
CONTRATO DE CONVIVÊNCIA:
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de
seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
1) Eficácia ou validade?
Farias e Rosenvald: assistência necessária para celebração de pacto
antenupcial válido.
2) Casos vedados: separação obrigatória.
Antes da Lei nº 13.811, de 2019: menores de 16 cujo casamento dependia de
suprimento judicial.
Hoje: menores entre 16 e 18 que obtiveram suprimento judicial de consentimento
porque os pais eram mortos ou ausentes ou porque os pais não anuíram com o
matrimônio.
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Disciplina Família e Sucessões II. Tópico: casamento e união estável. Prof.a Ana Carla Harmatiuk Matos e Prof.a
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EMPRESARIO:
Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas
Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou
legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade.
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aqüestos, poder-se-
á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens,
o que lhes aprouver.
“O pacto antenupcial tem sido o instrumento que melhor exterioriza a feição de negócio jurídico do
casamento, tendo em vista que, ante a cláusula geral de comunhão plena de vida garante aos
nubentes (...) a arquitetura que efetivamente lhes realizem como pessoas no âmbito da
entidade familiar, por meio da construção do projeto familiar que satisfaça seus anseios, tanto
na órbita patrimonial quanto na existencial”. (MATOS; TEIXEIRA).
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO