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Direito Civil IV

Famílias
Profª. Jéssica Rodrigues Godinho
E-mail: jessica.godinho@yahoo.com.br
Dissolução do casamento – separação
e divórcio

1. Breve histórico
2. Separação judicial e de fato
3. Divórcio
• Fátima e William, casados há
3 dias, percebem que sua
convivência enquanto casal
1. Desafio não poderá permanecer em
virtude de uma
incompatibilidade de gênios.
• Eles lhe procuram, na
condição de advogado(a),
para saber se já podem se
divorciar ou se há um tempo
mínimo que devem aguardar.
• Antes de iniciarmos, uma
observação: existem quatro
Observação formas de se dissolver a
sociedade conjugal.
i. Morte de um dos
cônjuges;
ii. Nulidade ou anulação do
casamento;
iii. Separação judicial;
iv. Divórcio.
• Até 1977, o casamento no Brasil era
indissolúvel. Apesar de existir o desquite ,
o vínculo matrimonial continuava
existindo, apesar de ser possível a
separação de corpos e de bens. Além disso,
1. Breve havia certo preconceito, principalmente
histórico contra as mulheres “desquitadas”.

* Desquite: Ato que dissolve a sociedade


conjugal, com separação de corpos e bens, mas
não quebra do vínculo matrimonial.
• Não existia o divórcio até que uma Emenda
Constitucional proposta pelo Senado
permitiu profunda mudança na estrutura
da sociedade. Foi sancionada, no dia 26 de
dezembro de 1977, a Lei do Divórcio (Lei
1. Breve 6.515/77), que permitiu que as pessoas
histórico cujos casamentos se desfizeram, pudessem
se casar novamente. Percebam que essa
mudança é relativamente recente e o Brasil
acabou sendo um dos últimos países no
mundo a instituir o divórcio.
• Casamento e divórcio encontram amparo no
artigo 226 da Constituição Federal, assim como no
Código Civil. Nos interessa, por hora, analisar as
disposições contidas no texto constitucional.
• Antes de 2010, o §6º do artigo 226 da
Constituição Federal previa que:

1. Breve O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio,


após prévia separação judicial por mais de um ano
histórico nos casos expressos em lei, ou comprovada a
separação de fato por mais de dois anos.

• Pela leitura do parágrafo, podemos entender que


para que a dissolução do casamento ocorresse
pelo divórcio, era necessário, antes, que houvesse
a separação judicial por mais de um ano, ou a
separação de fato por mais de 02 anos.
2. Separação judicial e de fato

• De acordo com a redação originária do art. 1.571 do Código Civil,


pode-se perceber que o Brasil adotou como forma de extinção
do vínculo matrimonial duas causas: as causas dissolutivas
(extinguem os deveres recíprocos, o regime de bens e o vínculo
matrimonial) e as causas terminativas (finalizam a sociedade
conjugal, findando os deveres recíprocos impostos ao
matrimônio – Ar.t 1.566, CC).
• Na separação, então, “os consortes apenas colocam fim os
deveres recíprocos conjugais e ao regime de bens, sem que
estejam libertos da relação jurídica formada pelo matrimônio,
motivos pelo qual não podem contrair novas núpcias.” (Farias;
Netto; Rosenvald, 2020, p. 1243).
2. Separação judicial e de fato

✓ Vejamos, então, as espécies de separação.


• A separação judicial se trata de uma das formas de dissolução da
sociedade conjugal, por meio do qual os cônjuges decidem
formalizar a intenção de se separar perante o Poder Judiciário.
• Assim, por meio de petição, vão informar que há o interesse na
dissolução do casamento e requerer a decretação da separação.
• Trata-se de uma etapa antes do divórcio, pois é com ela que os
cônjuges deixam de se ver obrigados aos deveres do casamento.
Vale lembrar que, com a mera separação, eles ainda não podem
contrair novo matrimônio, pois o vínculo havido ainda não foi
quebrado.
2. Separação judicial e de fato

• Decorrido um ano da separação judicial, os cônjuges poderão


pedir a conversão da separação em divórcio, conforme artigo
1.580 do Código Civil.
• Sobre a separação, vale a pena conferir o disposto nos artigos
1.575 e seguintes do Código Civil:

Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separação


de corpos e a partilha de bens.
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante
proposta dos cônjuges e homologada pelo juiz ou por este
decidida.
2. Separação judicial e de fato

Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de


coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens.
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá
somente aos cônjuges, e, no caso de incapacidade, serão
representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão.

Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo


como esta se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a todo
tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.
Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de
terceiros, adquirido antes e durante o estado de separado, seja
qual for o regime de bens.
2. Separação judicial e de fato

Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial


perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente
requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar:
I - evidente prejuízo para a sua identificação;
II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos
da união dissolvida;
III - dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a
qualquer momento, ao direito de usar o sobrenome do outro.
§ 2º Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de
casado.
2. Separação judicial e de fato

Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em


relação aos filhos.
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não
poderá importar restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo.

Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que


houver decretado a separação judicial, ou da decisão concessiva da
medida cautelar de separação de corpos, qualquer das partes poderá
requerer sua conversão em divórcio.
§ 1º A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será
decretada por sentença, da qual não constará referência à causa que a
determinou.
§ 2º O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges,
no caso de comprovada separação de fato por mais de dois anos.
2. Separação judicial e de fato
2. Separação judicial e de fato

• Na separação de fato, por sua vez, os cônjuges deixam de


viver como se casados fossem, implicando na mudança de
um ou ambos do domicílio comum.

• Obs.: separação de corpos → medida cautelar de


afastamento de um dos cônjuges do lar conjugal via Poder
Judiciário (art. 1.562, CC)
• Pelo exposto, significa dizer que, de acordo com a antiga
redação do artigo 226, CF/88, o casamento poderia ser
dissolvido de duas formas:
• Em 2010, contudo, a Emenda Constitucional n.º
66/2010 modificou a redação do dispositivo para
dispor que

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial


[...]
3. Divórcio § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo
divórcio.

• Perceberam a diferença? Hoje, o divórcio pode ser


feito de forma direta, sem aguardar o período de
tempo e sem prévia separação judicial.
• Podemos falar, então, que o divórcio pode seguir as
seguintes formas:

3. Divórcio
• “O divórcio é a medida jurídica, obtida pela
iniciativa das partes, em conjunto ou
isoladamente, que dissolve integralmente o
casamento, atacando, a um só tempo, a
sociedade conjugal (isto é, os deveres
recíprocos e o regime de bens) e o vínculo
3. Divórcio nupcial formado (ou seja, extinguindo a
relação jurídica estabelecida.” (Farias; Netto;
Rosenvald, 2020, p. 1248).
• Divórcio litigioso: controvérsia entre as partes.

• Divórcio consensual: acordo recíproco entre as


partes.

3. Divórcio
E a separação,
Pergunta- como ficou após
se: o divórcio
direto?
• FARIAS, Cristiano Chaves de; NETTO, Felipe
Braga; ROSENVALD, Nelson. Manual de
Direito Civil. 5. ed. rev., ampl. e atual.
Salvador: JusPodivm, 2020.
• GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO,
Rodolfo. Novo curso de direito civil – vol. 6: Referências
direito de família. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2019.
• LÔBO, Paulo. Direito civil: famílias. 4. ed. –
São Paulo : Saraiva, 2011

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