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Abstract: This article aims to demonstrate the possibilities of unilateral divorce in the
current legal system, both in the extrajudicial and judicial spheres, demonstrating
whether it is possible to use this type of divorce in cases involving minors and
property sharing, given that the State Courts of the States of Minas Gerais, São
Paulo and Santa Catarina are decreeing divorce between the parties in these
situations.
1 INTRODUÇÃO
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Acadêmica do curso de Direito do Centro Universitário Una, campus Bom Despacho, da rede Ânima
Educação. Email: camilapapas2@gmail.com
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Acadêmico do curso de Direito do Centro Universitário Una, campus Bom Despacho, da rede Ânima
Educação. Email: halleflucas16@gmail.com
Artigo apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Graduação em Direito do
Centro Universitário Una, campus Bom Despacho, 2022. Orientadora: Pauliana Maria Dias. Mestre
em Direito Processual Civil. Especialista em Processo Civil. Especialista em Direito do Trabalho e
Processual do Trabalho. Advogada.
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O divórcio unilateral veio a ser instituído no Brasil, através da promulgação da
Emenda Constitucional 66/2010, não importando mais se o divórcio seria litigioso ou
consensual. Nesse sentido, o supracitado dispositivo reconheceu o direito ao
divórcio como um direito potestativo, acrescentando a possibilidade de dissolução do
casamento de forma unilateral, eliminando a necessidade de discussão pelo fim
deste, surgindo assim uma nova modalidade de divórcio. (ROMERO, 2021).
Com o surgimento desta modalidade de divórcio, muitos doutrinadores se
manifestaram a favor e contrariamente a esse instituto, como exemplo, Simão e
Delgado (2019) os quais defendem que a constituição do vínculo conjugal e seu
desfazimento são atos de autonomia privada, devendo ser respeitados, pois, assim
como não se exige intervenção judicial para o casamento, não se deve exigir no
caso de sua dissolução. Em linha contrária, Costa Filho e Albuquerque Junior (2019)
defendem que o divórcio unilateral impossibilita que o outro cônjuge venha a
formular pretensões que tenham de ser conhecidas anteriormente à decisão de
dissolução do casamento, podendo prejudicá-lo.
Neste liame a presente pesquisa efetuada procura entender e discorrer
acerca das possibilidades da utilização do divórcio unilateral, tanto na esfera
extrajudicial quanto na judicial, demonstrando se é possível a utilização desta
modalidade de divórcio nos casos em que envolvam menores e partilha de bens,
tendo em vista que os Tribunais Estaduais dos Estados de Minas Gerais, São Paulo
e Santa Catarina estão decretando o divórcio entre as partes nestas situações.
O principal objetivo do presente trabalho é demonstrar que é possível a
utilização do divórcio impositivo nos casos em que existe a presença de menores e
exista divergência acerca da divisão de bens, tanto na esfera judicial quanto na
extrajudicial.
Para que isso seja possível, será abordada a evolução histórica de divórcio
até o surgimento do divórcio unilateral, além dos posicionamentos doutrinários e
jurisprudenciais acerca deste tema.
A pesquisa se utiliza de metodologia aplicada na forma qualitativa, mediante
revisão de literatura, como legislação, doutrina, artigos de periódicos científicos e
sites de pesquisa, analisando a temática conforme posicionamento jurisprudencial
dos tribunais em suas recentes decisões.
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2 SURGIMENTO DO DIVÓRCIO UNILATERAL
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Destarte, a Emenda supracitada reconheceu o direito ao divórcio como um
direito potestativo, acrescentando a possibilidade de dissolução do casamento de
forma unilateral, eliminando a necessidade de discussão pelo fim deste, surgindo
assim uma nova modalidade de divórcio. (ROMERO, 2021).
Noutro vértice, o divórcio unilateral foi instituído oficialmente no ordenamento
jurídico brasileiro, através do Provimento 06/2019, da Corregedoria Geral de Justiça
do Tribunal de Justiça do Estado do Pernambuco, no qual foi assinado pelo
Desembargador Jones Figueiredo Alves, que passou a permiti-lo diretamente
perante os Cartórios de Registros Civis.
Valorizou-se assim o princípio constitucional da autonomia da vontade, pois,
atualmente basta somente a manifestação de vontade de um dos cônjuges para que
seja decretado o divórcio, podendo ser realizado tanto em cartório, respeitados os
requisitos legais, quanto judicialmente. (PERNAMBUCO, 2019).
Desse modo, com poucas disposições, o referido Provimento (art. 1º. §§ 1º e
2º) dispõe que:
Art. 1°. Indicar que qualquer dos cônjuges poderá requerer, perante o
Registro Civil, em cartório onde lançado o assento do seu casamento, a
averbação do seu divórcio, à margem do respectivo assento, tomando-se o
pedido como simples exercício de um direito potestativo do requerente. §1°.
Esse requerimento, adotando-se o formulário anexo, é facultado somente
àqueles que não tenham filhos de menor idade ou incapazes, ou não
havendo nascituro e, por ser unilateral, entende-se que o requerente optou
em partilhar os bens, se houver, a posteriori. §2°. O interessado deverá ser
assistido por advogado ou defensor público, cuja qualificação e assinatura
constarão do pedido e da averbação levada a efeito. (PERNAMBUCO,
2019).
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trazia uma inovadora possibilidade de divórcio, e por consequência,
posicionamentos distintos, como se verá.
Se não se exige prévia intervenção judicial para o casamento, por que razão
haver-se-ia de exigir tal intervenção para dissolução do vínculo conjugal.
Tanto a constituição do vínculo como o seu desfazimento são atos de
autonomia privada e como tal devem ser respeitados, reservando-se a
tutela estatal apenas para hipóteses excepcionais. Entretanto para que os
cônjuges possam lavrar a escritura de divórcio, precisam entrar ‘em acordo’.
O artigo 733 do CPC atual prevê que somente o ‘divórcio consensual, a
separação consensual e a extinção consensual de união estável poderão
ser realizados por escritura pública’. Portanto, as regras legais atuais
exigem que a escritura seja subscrita obrigatoriamente por ambos os
cônjuges, e isso nem sempre é possível. Um dos cônjuges pode se negar a
concordar com o pedido de divórcio até mesmo por capricho ou por receio
de uma atividade violenta do outro. Também são comuns as situações em
que um dos cônjuges se encontre em local incerto e não sabido. (SIMÃO e
DELGADO, 2019).
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casamento é nulo, ou anulável, com todas as consequências que disso
derivam; o divórcio impositivo se anteciparia ao direito de invocar a
invalidade e se tornaria elemento de sua obstaculização. A segunda pertine
à possível incapacidade do cônjuge sujeito à imposição do divórcio. No
procedimento consensual articulado por meio de instrumento, ambos os
cônjuges devem estar presentes e cabe ao notário dar fé da capacidade de
ambos para a prática do ato. Consumado o divórcio unilateralmente perante
o registrador civil, corre-se o risco sensível de que a condição de
vulnerabilidade do cônjuge incapaz seja omitida. (COSTA FILHO E
ALBUQUERQUE JUNIOR, 2019).
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decisão no sentido de que o divórcio unilateral é um direito potestativo, de forma que
basta a manifestação de vontade de um dos cônjuges para sua efetivação. (MINAS
GERAIS, 2021).
Nesse diapasão, a 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de
São Paulo, em decisão recente, negou provimento ao agravo de instrumento
interposto contra decisão interlocutória que decretou o divórcio das partes, na qual o
agravante alegava que deveria ter ocorrido sua regular citação, pois não se
justificaria o divórcio impositivo porque o disposto no art. 311, inc. IV do CPC exige a
prévia manifestação do agravante. Porém, não foi este o entendimento dos
desembargadores, que negaram provimento ao recurso sob o fundamento de que o
divórcio é direito potestativo de cada cônjuge, exercível a qualquer tempo e
insuscetível de qualquer condicionamento, tudo conforme emenda in verbis:
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[...]. Ademais, com o advento da EC n. 66/2010, que alterou a redação do
artigo 226 da Constituição Federal, desnecessário o transcurso de prazo
pré-estabelecido ou providência judicial anterior. Recurso provido" (TJRS, AI
n. 70075941989, rel. José Antônio Dalto e Cezar, j. 22.03.2018). (TJSC,
Agravo de Instrumento n. 4008566-31.2017.8.24.0000, de Tubarão, rel.
Marcus Tulio Sartorato, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 24-04-
2018).(SANTA CATARINA, 2018).
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desburocratizantes buscam atender o dinamismo das relações jurídicas, assim como
tendem a facilitar o exercício do direito potestativo.
Diante deste impasse, foi proposto pelo Senado Federal o Projeto de Lei nº
3457/2019, que visa a acrescentar o artigo 733-A ao Código de Processo Civil e,
com isso, permitir o divórcio unilateral extrajudicial nos casos em que inexistirem
filhos incapazes ou nascituros. Portanto, nestes casos seria permitido no âmbito
extrajudicial somente a averbação e troca de nome do cônjuge para retomar o nome
de solteiro, o que seria possível após decorrido o prazo de 05 (cinco) dias após a
citação pessoal ou editalícia, do outro cônjuge. (MESQUITA, 2021).
Segundo Mesquita (2021), atualmente o ordenamento jurídico brasileiro só
permite a realização do divórcio unilateral pela via administrativa nos casos em que
houver o consenso de ambos os cônjuges, ausência de filhos incapazes ou
nascituros e mediante a presença de advogado ou defensor público. Porém, com a
crescente evolução dos atos que visam à desburocratização e ao desafogamento do
Poder Judiciário, a esperança é que o Projeto de Lei supramencionado seja
aprovado, possibilitando assim a aplicação do divórcio unilateral na via
administrativa sem as restrições supramencionadas.
Nessa linha de pensamento, Santos Junior (2019), afirma que a instituição do
divórcio impositivo no ordenamento jurídico cria um mecanismo que desburocratiza
a dissolução do casamento trazendo um procedimento mais célere e simples.
Caberia ao Judiciário apenas a apreciação de questões acessórias ao próprio
divórcio, caso os cônjuges não obtenham acordo e determinem outras pretensões
por escritura pública, o que certamente reduziria o número de demandas e traria
mais dinamismo às varas de famílias.
Antes de ser possível a realização do divórcio através da via extrajudicial,
este somete era decretado por um magistrado competente em processos longos e
cansativos contribuindo para morosidade para os Tribunais de Justiça. (IBDFAM,
2021).
Segundo Gomes (2020), após a promulgação da Emenda Constitucional
66/2010, a qual reconheceu o divórcio como um direito potestativo, passou a ser
possível a decretação de divórcio em juízo através de pedidos liminares, pouco
importando se existem menores, bens ou outras tutelas, pois, tais assuntos podem
ser discutidos posteriormente a decretação do divórcio.
Nesse sentido se tem as seguintes ementas:
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EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DIVÓRCIO
UNILATERAL - DECRETAÇÃO LIMINAR DO DIVÓRCIO -
POSSIBILIDADE. 1. A Emenda Constitucional n. 66/2010 alterou a redação
do art. 226, §6º, da Constituição da República, tornando o divórcio um
direito potestativo, de forma que basta a manifestação de um dos cônjuges
para sua efetivação, não sendo necessária sequer a prévia partilha dos
bens. 2. Frente à anuência da agravada, não é razoável impor aos cônjuges
que aguardem o deslinde da ação. 3. Recurso provido. (TJMG - Agravo de
Instrumento-Cv 1.0000.20.588500-7/001, Relator(a): Des.(a) Alexandre
Victor de Carvalho , 2ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 07/12/2021,
publicação da súmula em 09/12/2021). (MINAS GERAIS, 2021).
Diante da análise acerca do divorcio unilateral fica evidenciado que este pode
ser realizado tanto na via extrajudicial quanto na via judicial, neste, inclusive, em
sede de tutela de urgência. Porém, como proceder nos divórcios quando existe
discussão entre os cônjuges quanto a bens e guarda de menor?
Pois bem, segundo (GOMES, 2020, online) o divórcio unilateral extrajudicial,
examinado neste subtítulo, poderá ser realizado por um dos cônjuges desde que “...
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não tenham nascituros, filhos menores ou incapazes, sendo indispensável à
presença de um advogado ou defensor público.”
Neste liame o provimento 06/2019 da Corregedoria Geral de Justiça do
Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco também estabelece que eventuais
discussões acerca de partilhas de bens deve ser realizadas em momento posterior.
(PERNAMBUCO, 2019).
Nesse diapasão, fica evidente que existindo discussões acerca da partilha de
bens, não é possível a utilização desta modalidade de divórcio. No entanto, Romero
(2021) entende que a atuação judicial em um divórcio litigioso ficaria apenas para
discutir sobre a partilha dos bens do casal, alimentos e guarda dos filhos.
Seguindo esta vertente, a Corregedoria Geral de Justiça do Rio de Janeiro
autoriza a realização do divórcio unilateral extrajudicial nos casos em que envolvam
filhos menores, desde que devidamente comprovada a prévia resolução judicial de
todas as questões referentes aos mesmos (guarda, visitação e alimentos), ficando
tudo consignado no corpo da escritura, tudo conforme § 1º do art. 310 da
CNCGJ/RJ:
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[...] nenhuma outra pretensão poderá ser cumulada ao pedido de divórcio
unilateral, especialmente as relativas aos alimentos familiares, ao
arrolamento e à partilha de bens, ou mesmo relacionadas a medidas
protetivas, que serão tratados pelo juízo competente, ou seja, somente no
âmbito do Poder Judiciário. Concretiza-se, assim, a ideia doutrinária
segundo a qual o pedido único e isolado de divórcio passou a ser um direito
potestativo do cônjuge, notadamente se não estiver cumulado com outros
pleitos de natureza subjetiva.
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6º, da CR. Inexigível prazo de separação judicial ou de fato para o decreto
de divórcio. Direito potestativo do cônjuge. Doutrina e jurisprudência.
Inteligência do art. 311, II, do CPC. Tutela de evidência concedida, com a
decretação do divórcio do casal. Recurso provido. (TJSP; Agravo de
Instrumento 2242450-71.2022.8.26.0000; Relator (a): J.B. Paula Lima;
Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 1ª Vara
da Família e Sucessões; Data do Julgamento: 31/10/2022; Data de
Registro: 31/10/2022). (SÃO PAULO, 2022).
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6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Emenda constitucional nº 66/2010. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc66.htm#:~:te
xt=EMENDA%20CONSTITUCIONAL%20N%C2%BA%2066%2C%20DE%2013%20
DE%20JULHO%20DE%202010&text=226%20da%20Constitui%C3%A7%C3%A3o
%20Federal%2C%20que,de%202%20(dois)%20anos. Acesso em: 07 de outubro
2022.
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MESQUITA, Sarah Carolina Rodrigues. Sobre o divórcio extrajudicial unilateral.
Disponível: https://www.conjur.com.br/2021-dez-04/sarah-mesquita-divorcio-
extrajudicial-unilateral. Acesso em: 19 de outubro de 2022.
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Cível - 1ª Vara da Família e Sucessões; Data do Julgamento: 31/10/2022; Data de
Registro: 31/10/2022. Acesso em: 02 de Novembro de 2022.
TARTUCE, Flávio. Direito civil. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. v. 5: Direito de
família. p. 293.
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