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Introdução
Para Rolf Madaleno: “ De acordo com o artigo 1.581 do Código Civil é possível
decretar o divórcio judicial e extrajudicial, sem que haja a prévia partilha de
bens, cujo dispositivo foi ratificado pelo parágrafo único do artigo 731 do CPC.
Os divorciandos podem diferir a partilha de seus bens para depois da sentença
ou da escritura pública de dissolução de seu matrimônio. Depois da Emenda
Constitucional 66/2010, o divórcio direto pode ser concedido a qualquer tempo,
e igualmente dispensa a concomitante partilha dos bens conjugais, que
poderão ser divididos em outra fase processual ou por escritura pública”.1
Divórcio Unilateral
1
MADALENO, Rolf. Manual de Direito de Família. 3º ed, Forense, 2021.
Dessa forma, é possível que seja realizado o divórcio unilateral com a
manifestação de vontade de apenas um dos cônjuges em se divorciar,
diretamente perante o Ofício de Registro Civil.
Maria Berenice Dias, ao comentar sobre o assunto, esclarece que, por se tratar
de um direito potestativo, “não é necessária a concordância do par para a sua
decretação. Basta haver o desejo de somente um dos cônjuges, que não
precisa justificar o pedido, para buscar o divórcio via ação judicial”2.
2
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 12. ed. Salvador: JusPodvim, 2021.
3 TARTUCE, Flávio. Direito civil. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. v. 5: Direito de família.
4 REsp. 1.782.820-MG. Relatora Ministra Nancy Andrighi. DJ de 07.05.2019.
Segue decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo – S.P de 2020:
5
Agravo de Instrumento nº 2190994-53.2020.8.26.000. Relator: Álvaro Passos, 2ª Câmara de
Direito Privado. Data da publicação: 23.09.2020.
6
ibdfam.org.br/artigos/1759/Divórcio+unilateral+extrajudicial#:~:text=Com%20o%20reconhecimento
%20do%20divórcio,devendo%20aceitar%20e%20respeitá-lo. Acesso em 28/03/2022.
Com tal provimento, os cônjuges poderiam comparecer ao Cartório de
Registro Civil para que fosse efetuado o divórcio extrajudicial.
7
Ibidem.
do próprio Desembargador Jones Figueirêdo Alves, resolveu propor ao
Senador Rodrigo Pacheco, atual Presidente do Senado Federal, um projeto
de lei tratando do divórcio unilateral.
A questão dos alimentos, guarda dos filhos e partilha dos bens serão
discutidos em momento posterior e não influenciarão o pedido.
A valorosa lição de José Fernando Simão e Mário Luiz Delgado esclarece que:
“o pedido de divórcio direto por averbação fica restrito, exclusivamente, à
dissolução do vínculo, sem possibilidade de cumulação de qualquer outra
providência. Outras questões, como alimentos, partilha de bens, medidas
protetivas etc., devem ser judicializadas e tratadas no juízo competente, porém
com a situação jurídica das partes já estabilizada e reconhecida como de
pessoas divorciadas. Ou seja, a averbação do divórcio não repercute em
nenhum outro direito patrimonial ou existencial. Só evita que a pessoa se veja
compelida a postular uma providência judicial que não tem qualquer outra
função senão a de dissolver o vínculo”. 9
8
Senado Federal : https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/137242
9https://www.conjur.com.br/2019-mai-19/processo-familiar-barrar-declaracao-unilateral-divorcio-
negar-natureza-coisas Acesso em 28/03/2022.
Comissão mista de desburocratização
Legislação:
CF – Art. 226
EC 66/2010
CC – Art. 1.581
CPC – Art. 731
Lei 11.4441/2001
Jurisprudência:
2198328-07.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Dissolução
Relator(a): José Aparício Coelho Prado Neto
Comarca: São José do Rio Preto
Órgão julgador: 9ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 24/03/2022
Data de publicação: 24/03/2022
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – Ação de Divórcio Litigioso - Decisão que indeferiu
a tutela antecipada para decretação do divórcio do casal - Inconformismo do autor,
alegando que o divórcio é um direito potestativo e incondicional, ou seja, depende da
vontade de uma das partes – Cabimento - Divórcio que é direito potestativo, sendo que a
partir da Emenda Constitucional nº 66/2010, não é mais necessária a discussão acerca da
culpa -Possibilidade, portanto, da concessão da tutela pleiteada para decretação do
divorcio, diante da desnecessidade de concordância da outra parte - Recurso provido.
2293413-20.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Casamento
Relator(a): Alexandre Marcondes
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 22/02/2022
Data de publicação: 22/02/2022
Ementa: Agravo de instrumento. Ação de Divórcio c.c. partilha de bens, regulamentação
de guarda, alimentos e visitas. Decretação liminar do divórcio. Possibilidade (E.C. nº
66/2010). Direito potestativo da parte. Agravada que expressamente concordou com o
pedido de divórcio. Decisão reformada. Recurso provido.
BIBLIOGRAFIA
- DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 12. ed. Salvador:
Juspodvim, 2021.
- TARTUCE, Flávio. Direito civil. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. v. 5: -
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