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DIVÓRCIO LITIGIOSO

O direito de não permanecer casado é um direito potestativo e extintivo, que


se submete, apenas, à manifestação expressa da vontade da parte
interessada e que deriva do direito fundamental à liberdade e à dignidade.

Separação: é modalidade de extinção da sociedade conjugal, pondo fim aos


deveres de coabitação e fidelidade, bem como ao regime de bens.

Divórcio: é forma de dissolução do vínculo conjugal e extingue o próprio


vínculo, pondo termo ao casamento refletindo diretamente sobre o estado civil
da pessoa e permitindo que os ex-cônjuges celebrem novo casamento, o que
não ocorre com a separação. (Info 602 STJ, 21/06/2017)

MODALIDADE DESJUDICIALIZADA

- Caput do art. 693, do CPC: As normas deste Capítulo (Capítulo X, que trata
das ações de família) aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio,
separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e
filiação.

- Caput do art. 694, do CPC: Nas ações de família, todos os esforços serão
empreendidos para a solução consensual da controvérsia, devendo o juiz
dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento para a
mediação e conciliação.

- Parágrafo único, do art. 694, do CPC: A requerimento das partes, o juiz pode
determinar a suspensão do processo enquanto os litigantes se submetem a
mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar.

O divórcio litigioso não pode ser feito extrajudicialmente, em cartório. O que


não significa que ele não possa ser desjudicializado, pois os dispositivos
acima citados permitem que ele seja submetido à mediação e conciliação.

DOUTRINA

“A ação de divórcio não dispõe de causa de pedir. Trata-se de direito


potestativo. Ou melhor, no dizer de Cristiano Chaves, de direito potestativo
extintivo, uma vez que atribui ao cônjuge o poder de, mediante sua simples e
exclusiva declaração de vontade, modificar a situação jurídica familiar
existente, projetando efeitos em sua órbita jurídica, bem como de seu
consorte. Enfim, trata-se de direito que se submete apenas à vontade do
cônjuge, a ele reconhecido com exclusividade e marcado pela característica
da indisponibilidade como corolário da afirmação de sua dignidade. Não é
necessário o autor declinar o fundamento do pedido. Não há defesa cabível.
Culpas, responsabilidades, eventuais descumprimentos dos deveres do
casamento não integram a demanda, não cabem ser alegados, discutidos e
muito menos reconhecidos na sentença. Daí a salutar prática que vem sendo
adotada: a decretação do divórcio a título de tutela antecipada, ainda que não
tenha o autor pedido sua concessão liminar. Ao despachar a inicial, o juiz
decreta o divórcio e determina a expedição de mandado de averbação após a
citação do réu e o decurso do prazo de recurso. Tal não ofende o princípio do
contraditório e libera as partes para a realização da liberdade afetiva"

(DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 10 ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p. 224/225).

JURISPRUDÊNCIA

Enunciado 602 - VII Jornada de Direito Civil- CJF, Justificativa: A culpa como
requisito intrínseco à decretação da separação/divórcio foi praticamente
extirpada do ordenamento jurídico brasileiro. Assim, com o advento da
Emenda Constitucional n. 66 de 2010 e a extinção da separação judicial, a
vontade (interesse de agir) de se divorciar é elemento suficiente para a
concessão do divórcio. Portanto, a imediata expedição do mandado de
averbação do divórcio não mais depende do trânsito em julgado da ação que
discute demais elementos oriundos do matrimônio, como "culpa", alimentos,
partilha de bens e guarda de eventual filho.

PARTILHA DE BENS

Súmula 197 STJ: O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia
partilha dos bens. (DJ 22/10/1997) Precedentes: REsp 11.292-PR (4ª T,
15.06.1993 – DJ 30.08.1993) REsp 40.020-SP (4ª T, 22.08.1995 – DJ
02.10.1995) REsp 40.221-SP (3ª T, 10.09.1996 – DJ 21.10.1996)
Tanto o divórcio direto como o indireto podem ser concedidos sem que haja
prévia partilha de bens (STJ REsp 1.281.236-SP, j. em 19/3/2013)

DÚVIDAS

É possível a convolação do procedimento litigioso da separação judicial em


divorcio consensual? (alteração objetiva)

R: Sim. É possível ser requerido pelas partes, aplicando-se, inclusive, o disposto


no parágrafo único do art. 723 do CPC/2015 de que o juiz, nos procedimentos
de jurisdição voluntária, como é o caso do divórcio consensual, não é obrigado
a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a
solução que considerar mais conveniente ou oportuna.

fonte:https://blog.mege.com.br/wp-content/uploads/2022/01/TJ-AP-prova-co
mentada.-Curso-Mege..pdf

convolação: transformar (um ato ou medida judicial) em outro.

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