Você está na página 1de 11

DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO

OBJETIVOS DA AULA

1. Compreender as mudanças legislativas em relação ao instituto da separação judicial e


extrajudicial;

2. Conhecer os requisitos necessário para dissolução do casamento no direito de família atual.


1. CAUSAS TERMINATIVAS DA SOCIEDADE CONJUGAL (art. 1.571 do CC)

1.1. Morte

1.2. Nulidade ou anulação do casamento

1.3. Separação judicial

1.4. Divórcio
1.5. Separação de fato
• É o marco informal do término da sociedade conjugal (entendimento jurisprudencial)
• Tem o mesmo efeito da separação judicial (entendimento jurisprudencial)
1.6. Separação de corpos
• Feita judicialmente e visa: a) afastar um dos cônjuges do lar em função de violência física ou
psíquica; ou b) formalizar judicialmente o término da sociedade conjugal
2. SEPARAÇÃO
• Termina a sociedade conjugal, mas não o vínculo matrimonial
• Mantido o impedimento para casar e os deveres de mútua assistência
• Manutenção após a EC 66/2010?
– Pela jurisprudência sim
– Doutrina está dividida
POSIÇÃO DO TJRS
SÚMULA Nº 39 (TJRS)
A Emenda Constitucional 66/2010, que deu nova redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, não baniu do ordenamento jurídico o instituto
da separação judicial, dispensados, porém, os requisitos de um ano de separação de fato (quando litigioso o pedido) ou de um ano de casamento
(quando consensual).
POSIÇÃO DO STJ

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. EMENDA CONSTITUCIONAL N° 66/2010. DIVÓRCIO DIRETO. REQUISITO TEMPORAL.
EXTINÇÃO. SEPARAÇÃO JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL. COEXISTÊNCIA. INSTITUTOS DISTINTOS. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE.
PRESERVAÇÃO. LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. OBSERVÂNCIA.
1. A dissolução da sociedade conjugal pela separação não se confunde com a dissolução definitiva do casamento pelo divórcio, pois versam acerca de
institutos autônomos e distintos.
2. A Emenda à Constituição nº 66/2010 apenas excluiu os requisitos temporais para facilitar o divórcio.
3. O constituinte derivado reformador não revogou, expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que cuida da separação judicial, que
remanesce incólume no ordenamento pátrio, conforme previsto pelo Código de Processo Civil de 2015 (arts. 693, 731, 732 e 733 da Lei nº
13.105/2015).
4. A opção pela separação faculta às partes uma futura reconciliação e permite discussões subjacentes e laterais ao rompimento da relação.
5. A possibilidade de eventual arrependimento durante o período de separação preserva, indubitavelmente, a autonomia da vontade das partes,
princípio basilar do direito privado.
6. O atual sistema brasileiro se amolda ao sistema dualista opcional que não condiciona o divórcio à prévia separação judicial ou de fato.
7. Recurso especial não provido. (REsp 1431370 / SP. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA. TERCEIRA TURMA. DJe 22/08/2017)
2.1. Separação judicial
• Decreta por sentença em processo judicial consensual ou litigioso
Consensual (art. 1.574, CC e art. 731, CPC)
• Deve dispor com relação à partilha de bens; pensão alimentícia entre os cônjuges; nome; guarda,
convivência e alimentos aos filhos (art. 731, CPC).
• Possibilidade de definir a partilha dos bens depois da homologação da separação ou divórcio
Litigiosa
• Sempre que houver a pretensão resistida de uma parte quanto à separação ou seus termos
(partilha, guarda, convivência, alimentos, etc)
• Novo CPC estimula a conciliação e a autocomposição por meio da mediação (arts. 694 a 697,
CPC)
2.2 Separação Extrajudicial (art. 733, CPC e Lei 11.441/2007)
• Feita por escritura pública mediante o tabelião e sem a necessidade de homologação judicial

Requisitos
• Consensual
• Acompanhamento por advogado
• Não pode existir nascituros, filhos menores de 18 anos não emancipados ou filhos maiores incapazes
• Pode estabelecer alimentos
• Pode realizar ou não a partilha de bens (art. 733, c/c art. 731, par. único, CC)

Obs: é possível fazer separação extrajudicial com filhos menores, ou apenas a partilha após o divórcio,
desde que as questões relativas aos filhos (guarda, alimentos e convivência) já tenham sido definidas
judicialmente e não sejam modificadas na escritura pública (art. 886, § 3º da Consolidação Normativa
Notarial e Registral do Estado do Rio Grande do Sul)
3. DIVÓRCIO
• Termina com a sociedade conjugal e com o vínculo matrimonial
• Acaba com todos os deveres e direitos decorrentes do casamento, com exceção da mútua assistência se um dos
cônjuges não tiver condições de prover seu sustento naquele momento
3.1. Judicial (art. 1.580 e 1.581, CC)
• Feito por processo judicial perante o juiz de direito
• Independe de prazos (EC 66/2010) ou do consentimento dos cônjuges (direito potestativo)

Consensual (art. 1.574, CC e 731, CPC)


• Deve dispor com relação à partilha de bens; pensão alimentícia entre os cônjuges; nome; guarda, convivência e
alimentos aos filhos (art. 731, CPC).
• Possibilidade de definir a partilha dos bens depois da homologação do divórcio

Litigioso
• Sempre que houver a pretensão resistida de uma parte quanto ao divórcio ou seus termos
• Não se discute a culpa pelo término do casamento
• Novo CPC estimula a conciliação e a autocomposição por meio da mediação (arts. 694 a 697, CPC)
3.2. Extrajudicial (art. 733 do CPC e Lei nº 11.441/2007)

• Feito por escritura pública mediante o tabelião e sem a necessidade de homologação judicial
Requisitos
• Consensual e acompanhamento por advogado
• Não pode existir nascituros, filhos menores de 18 anos não emancipados ou filhos maiores incapazes
• Pode estabelecer alimentos
• Pode realizar ou não a partilha de bens (art. 733, c/c art. 731, par. único, CC)

• Obs: é possível fazer separação extrajudicial com filhos menores, ou apenas a partilha após o divórcio,
desde que as questões relativas aos filhos (guarda, alimentos e convivência) já tenham sido definidas
judicialmente e não sejam modificadas na escritura pública (art. 886, § 3º da Consolidação
Normativa Notarial e Registral do Estado do Rio Grande do Sul)
3.3. Decretação antes do término da ação (art. 356, II CPC)

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 .

3.4. Divórcio liminar - Concessão em tutela de urgência/evidência


• Há uma divergência jurisprudencial. Alguns Tribunais entendem que é possível a decretação liminar do divórcio e
outros que é necessária a angularização processual

Art. 300 do CPC


Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Art. 311, IV do CPC


Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado
útil do processo, quando:
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não
oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Precedentes do TJRS

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO, CUMULADA COM PARTILHA DE BENS. PLEITO LIMINAR.
Embora não se ignore que o divórcio é um direito potestativo, não havendo razão, a priori, para impedir a sua imediata
decretação, até porque, segundo o autor, as partes estão separadas de fato desde 2012 e o varão, inclusive, já tem outra
companheira, com quem pretende contrair novo matrimônio - no caso, há de se ter cautela no deferimento do pedido, seja
porque a mulher/demandada também discute sua manutenção nos planos de saúde do varão, em razão de problemas de
saúde que a acometem, seja porque também há controvérsia em relação à data da separação de fato (a mulher diz que ocorreu
em 2015). Nesse contexto, então, e, por ora, é de ser mantida a decisão agravada, que indeferiu o pedido de imediata decretação
do divórcio. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME.(Agravo de Instrumento, Nº 70082027848, Oitava Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em: 07-11-2019)

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO CUMULADA COM DECLARAÇÃO DE ALIENAÇÃO PARENTAL E
GUARDA DE MENORES. PEDIDO DE DECRETAÇÃO DO DIVÓRCIO DAS PARTES. POSSIBILIDADE. DECISÃO REFORMADA. O divórcio é
um direito potestativo, podendo ser exercido até mesmo por só um dos cônjuges, o que sequer é o caso, na medida em que ambas
as partes desejam se divorciar, tendo requerido a medida. Ora, com o advento da EC n° 66/2010, que alterou a redação do artigo
226 da Constituição Federal, desnecessário o transcurso de prazo pré-estabelecido (separação fática do casal por mais de dois
anos ou após ano da separação judicial), além de se aguardar eventual partilha de bens, conforme disposição do artigo 1.581 do
Código Civil, ou mesmo providência judicial anterior, tal como a solução da questão da guarda das filhas do casal, para o referido
fim. Diante da apresentação da certidão de casamento, imperiosa a decretação do divórcio dos litigantes. Recurso
provido.(Agravo de Instrumento, Nº 70081374415, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Daltoe
Cezar, Julgado em: 27-06-2019)
ATIVIDADE

SITUAÇÃO PROBLEMA

Helena e Carlos casaram-se, no civil, em 10/12/2014. Desta relação resultou o nascimento de Bruno, que
atualmente conta com 07 anos de idade. Durante a relação conjugal, foi adquirido patrimônio comum.
Helena e Carlos pretendem dissolver a relação conjugal. No entanto, Helena não aceita o pedido de
divórcio e deseja fazer tão somente a separação, pois ainda tem esperança em retomar a relação, e utilizar
o procedimento do Tabelionato. Já Carlos deseja o divórcio e utilizar o procedimento do Tabelionato que é
mais ágil. Helena e Carlos desejam que tudo se resolva na forma amigável e estão de acordo com o valor
da pensão alimentícia que ela e o filho Bruno receberão de Carlos. Você, na condição de orientador(a)
jurídico(a), dê a orientação adequada ao caso hipotético apresentado.

Você também pode gostar