O documento discute as ações de separação e divórcio no direito de família brasileiro. Apresenta as formas extrajudicial e judicial de separação e divórcio, assim como os requisitos para reconhecimento e extinção de união estável. Também aborda questões relativas à guarda de filhos menores quando do fim do casamento ou união estável.
O documento discute as ações de separação e divórcio no direito de família brasileiro. Apresenta as formas extrajudicial e judicial de separação e divórcio, assim como os requisitos para reconhecimento e extinção de união estável. Também aborda questões relativas à guarda de filhos menores quando do fim do casamento ou união estável.
O documento discute as ações de separação e divórcio no direito de família brasileiro. Apresenta as formas extrajudicial e judicial de separação e divórcio, assim como os requisitos para reconhecimento e extinção de união estável. Também aborda questões relativas à guarda de filhos menores quando do fim do casamento ou união estável.
1.1 – Da Separação e do Divórcio – Aspectos Introdutórios
Se estudarmos a história do surgimento da separação e do di-
vórcio, veremos que a sociedade brasileira sempre buscou regulamentar o fim do casamento e foram apresentadas inúmeras propostas divorcistas, todas, porém, fracassadas. O grande avanço se deu no Código Civil Brasileiro de 1916 com a introdução do desquite como forma de pôr fim à sociedade conjugal. No entanto, a sentença do desquite apenas autoriza- va a separação dos cônjuges, pondo termo ao regime de bens.
O Divórcio foi instituído oficialmente perante sociedade brasi-
leira, após muita luta e muita resistência, pela emenda consti- tucional número 9 de 28 de junho de 1977, regulamentada pela lei 6.515 do mesmo ano, de autoria do Senador Nelson Carneiro. A luta pela instituição da separação na legislação brasileira encontrava resistência no pensamento de que a fa- mília estaria em perigo, pois, como célula mater da sociedade, sua ruptura poderia levar o Estado ao colapso. Posteriormente, observaram que a realidade social exigia regulamentação, pois várias pessoas já tinham optado por uma extinção do casa- mento e a constituição de uma nova vida ao lado de outra pes- soa.
Após muitas idas e vindas, a lei 6.515/77 possibilitou a separa-
ção judicial, com a extinção da sociedade conjugal, sem, no entanto, o rompimento do vínculo conjugal, e impôs uma série de requisitos para sua obtenção. Requisitos estes, muitas ve- zes quase impossível de preenchimento, o que impossibilitava o exercício desse direito, como a imputação e prova da culpa de um dos cônjuges, o prazo de casamento, necessidade da ação de separação antes do divórcio, a comprovação da se- paração de fato por um determinado prazo para o divórcio direito, etc. Entretanto, a Emenda Constitucional nº 66/2010 alterou a redação do artigo 226, § 6º da Constituição Federal, permitindo o rompimento do vínculo do casamento pelo divór- cio, sem a imposição qualquer condição.
A Separação Judicial põe fim a sociedade conjugal, atingido
a questão patrimonial e demais questões eventuais referentes à partilha de bens, guarda de filhos e alimentos. Ressalte-se que sempre foi possível a homologação da separação judicial sem a partilha de bens.
Também deve ser observado que a Emenda Constitucional
66/2010 não aboliu a separação judicial ou extrajudicial do ordenamento jurídico. A emenda apenas deixou de exigir que para o divórcio houvesse necessidade de prévia separação.
A pessoa separada judicial ou extrajudicialmente não pode
contrair novo casamento.
Já o divórcio, além de pôr fim à sociedade conjugal, rompe
também com o vínculo conjugal. Dessa forma, uma pessoa divorciada pode casar-se novamente. Na oportunidade, deve ser discutida a partilha de bens, a guarda dos filhos e os ali - mentos.
1.2- Divórcio e Separação Extrajudicial;
A separação e o divórcio extrajudicial foram instituídos pela lei
11.407/07, facilitando e desburocratizando a vida do casal que, consensualmente, pretende pôr fim à sociedade conju- gal.
O primeiro requisito para a realização da separação e divórcio
nesta forma é a consensualidade entre os cônjuges e, poste riormente, a inexistência de filhos menores ou nascituros.
O artigo 733 do Código de Processo Civil prevê a possibili-
dade da realização de separação/divórcio extrajudicial, ou extinção da união estável, impondo restrições no tocante à existência de nascituro ou filhos incapazes, devendo as par tes deliberarem, quando possível, acerca das disposições previstas no artigo 731 do mesmo estatuto, ou seja, a partilha de bens, a pensão alimentícia entre os cônjuges (ou com- panheiros). Essa forma de separação, divórcio ou extinção da união es- tável extrajudicial não se sujeita a homologação judicial, bas- tando à escritura pública como instrumento para averbação da separação no cartório de registro civil, segundo disposição do artigo 733, § 1 do CPC. O Cartório de notas é de livre es- colha do casal, no território nacional.
As partes devem estar acompanhadas por advogado ou De-
fensor Público, e apresentar a certidão de casamento, o pacto antenupcial (se existir), documento de identificação e CPF, conforme art. 733, § 2º do CPC.
Se houver bens a serem partilhados e consenso nesta parti-
lha, devem os cônjuges comparecerem com as escrituras públicas dos imóveis a serem partilhados, a forma da partilha e o comprovante do pagamento dos impostos. Também deve estar estabelecida a eventual existência de pensão alimentí- cia entre os cônjuges e forma de pagamento.
Desnecessário a apresentação de petição inicial e, se deseja-
rem, apenas um advogado ou defensor público poderá repre- sentar o casal.
Quando não houver condições de comparecimento ao cartó-
rio, poderá haver representação por procuração por instru- mento público, com poderes especiais e expressos para essa finalidade, observando que o mandato terá validade de 30 (trinta) dias. Se uma parte estiver fora do país e não puder comparecer, deve-se lavrar uma escritura pública com pode- res especiais para o ato nas embaixadas brasileiras.
1.3 – Divórcio e Separação Judicial
Quando o casal tiver filhos menores ou nascituros, é obriga-
tória a proposta judicial da separação/divórcio, seja amigável ou não, com a participação do Ministério Público.
Necessário, neste caso, a judicialização, por meio de uma
petição inicial. Devem ser descritos na inicial, a existência do casamento, o interesse em extinção da sociedade conjugal (separação judicial) ou vinculo (divórcio), e deve ser juntada a Desnecessário hoje, a imposição de culpa a um dos cônjuges pela extinção da sociedade conjugal, bastando deixar claro a impossibilidade de manter a sociedade ou o vínculo conjugal.
Nunca é demais mencionar, que no caso de não ser consen-
sual, cada parte deverá estar representada por seu Advogado ou Defensor Público de confiança.
Na audiência de conciliação prévia, quando não consensual,
havendo possibilidade se converter para a forma consensual, ambos os cônjuges devem estar presentes, ou representados com poderes especiais.
2 – Do reconhecimento/extinção de União Estável;
2.1. – Extrajudicial
Da mesma forma como se dá a separação ou divórcio, a ex-
tinção da união estável pode se dar pela forma extrajudicial, segundo disposição do artigo 733 do Código de Processo Ci- vil. Ela também pode ser reconhecida em Cartório. Deve ser lem- brado, no entanto, que só pode ser extinto aquilo que já foi reconhecido, assim, se a União estável não foi ainda reconhe- cida, seu reconhecimento deve ocorrer previamente à extin- ção. 2.2. - Judicial
A União Estável também pode ser reconhecida e dissolvida
de forma judicial, desde que não haja consenso ou quando houver nascituro ou filhos incapazes.
Neste caso, necessitará de petição inicial, com todos os requi-
sitos previstos no artigo 319 do Código de Processo Civil, e com descrição de data certa do início e fim da convivência. Questões eventuais relativas à guarda, alimentos, direito de visita e partilha de bens também deverão ser discutidas. As- sim como nas ações de separação e divórcio, não há necessi- dade de imposição de culpa a um dos companheiros pelo fim a união.
Deve o advogado verificar quando se caracterizou a união es-
tável e comprovar isso nos autos, pois não basta apenas pro- var a coabitação, é necessário demonstrar a existência de uma convivência more uxório, com o intuito de constituir fa- mília. Ressalte-se, inclusive, que a coabitação nem é requisito indispensável para a caracterização de uma união estável, conforme súmula 382 do STF, assim como não é uma imposi- ção nem para aqueles que são casados.
3 - Da guarda dos filhos menores
Quando do casamento ou da união estável restarem nasci-
turos ou filhos incapazes, a opção para o divórcio, separação ou extinção de união estável é a judicial e, na oportunidade, se discutirá a guarda, com participação do Ministério Público, com base no melhor interesse dos filhos.
A petição inicial, no tocante à guarda, além de observar os
requisitos previstos no artigo 319 do CPC, deverá qualificar os filhos, com nome e idades, suas atividades diárias e eventuais modificações, sugerindo um ajuste que atenda aos interesses destes.
Quando o desentendimento dos pais atinge os interesses dos
filhos, o juiz se vale da ajuda de profissionais especializados para ouvirem as partes e os filhos e para sugerirem uma for- ma de convivência que melhor atenda aos interesses de to- dos os envolvidos.
Nesses casos, é bom relembrar a disposição do artigo 1.579
do Código Civil, pois a separação, o divórcio ou a extinção da união estável não modificam os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos. Assim, mesmo que o casal dissolva o vinculo que os une, a relação entre os filhos não deve ser mo- dificada.
3.1 – Dos deveres, direitos e obrigações
3.1.1 – Dos tipos de Guarda
A guarda de menores pode se dar das seguintes formas:
a) guarda compartilhada; b) guarda unilateral ou guarda única; c) guarda alternada;
Hoje, sempre que possível, busca-se uma convivência saudá-
vel entre pais e filhos, assim, estabelece-se, como regra a guarda compartilhada, podendo ser fixada pensão alimentícia a favor do menor, com o direcionamento do valor financeiro ao guardião com melhores condições financeiras. Toda a re- gulamentação da guarda deverá ser previamente estabeleci- da entre os genitores ou fixada na sentença pelo juiz.
3.2 - Da ação de modificação de guarda
Quando uma das partes não cumprir as obrigações impostas
na regulamentação da guarda, ou houver desvio ou desres- peito as regras impostas, poderá um dos pais, independente- mente de ser guardião ou guardião conjunto, ingressar com a ação de modificação de guarda, devendo comprovar, na ocasião, a regra descumprida e o dano à pessoa do menor. A petição inicial deve descrever de forma pormenorizada os fatos e deve-se provar a ocorrência deles na audiência de instrução e julgamento. Quando houver prova documental, esta deve acompanhar a inicial. 3.3 – Da ação de busca e apreensão de menor
Quando houver desrespeito ao direito de visita com a retirada
do menor e não devolução na data e horário convencionado, ou mesmo com a retirada do menor do lar do guardião, ou estabelecimento de ensino ou outro local onde o menor es- tiver com autorização do guardião, a ação de busca e apre- ensão deverá ser utilizada para o reestabelecimento da situ- ação. Como não existem mais no nosso ordenamento proces- sual as ações cautelares, a ação deverá correr pelo procedi- mento comum, com pedido de tutela de urgência.
4 – Alimentos
Alimentos devem ser prestados ao menor ou ao cônjuge/com-
panheiro necessitado pelo genitor(a), companheiro(a), valen- do-se sempre do binômio “Necessidade/Possibilidade”.
Os genitores tem obrigação legal de prestar assistência aos
filhos necessitados, devendo estes comprovarem, em uma ação de alimentos, apenas ser o réu genitor(a) e a possibilida- de/necessidade.
No caso de cônjuges/companheiros, além do binômio neces-
sidade/possibilidade, também deverá ser comprovada a obri- gação na prestação, pois nem sempre ela existirá.
A ação de alimentos tramita pelo procedimento especial, de-
vendo o juiz fixar os alimentos provisórios no primeiro despa- cho, salvo se o credor declarar que deles não necessita. 4.1 – Da renúncia aos alimentos
A lei considera os alimentos irrenunciáveis, conforme art.
1.707 do Código Civil. Assim, se um credor não exercer seu direito de requisitar os alimentos que lhes são devidos, deverá comprovar que, quando renunciou ao exercício de seu direito, tinha condições de manter-se sem a ajuda do devedor.
4.2 – Execução de alimentos
A ação de alimentos é o meio pelo qual busca-se a satisfação
do direito do alimentando quando não cumprido de forma vo- luntária em face do alimentante.
Hoje, segundo disposição do Código de Processo Civil, há
dois procedimentos para a ação de alimentos estabelecidos nos artigos 528 a 533 e 911/913.
4.2.1 - Cumprimento de sentença:
Este procedimento, previsto nos artigos 528 a 533 do Código
de Processo Civil e artigo 5º, inciso LXVII da Constituição Federal, está sujeito a débito de 03 (três) meses, podendo levar o réu à prisão civil. O réu será intimado para comprovar o pagamento dos alimen- tos ou justificar o não pagamento no prazo de 03 (três) dias. Não ofertando o comprovante de pagamento e justificando a sua impossibilidade, o processo será concluso ao juiz que examinará o ocorrido e a justificativa, podendo decretar a prisão do devedor pelo prazo de 90 (noventa) dias. A prisão se dará no regime fechado, segundo disposição do artigo 528, § 4º do CPC, e ela não tem o condão de quitar o débito.
4.2.2 - Execução de alimentos:
Quando superados 03 (três) meses de débito, se dará pelo
rito previsto nos artigos 523 a 527 do Código de Processo Civil, como procedimento de execução normal com penhora.
Hoje, também é possível a execução de alimentos fixados em
título extrajudicial. No caso de a separação/divórcio ou a ex- tinção da união estável ocorrer de forma extrajudicial e cons- tar na escritura a obrigação de prestar alimentos, esta se dará pelo procedimento previsto nos artigos 911/913 do Código de Processo Civil.
Na ação de execução de alimentos, o Código de Processo
Civil também prevê a possibilidade de penhora do salário, se- gundo disposição do artigo 529 , § 3º do CPC.