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- A família na história para ser constituída deveria ser derivada do casamento, em que a família
era patrimonializada, hierarquizada, heterossexualizada, institucionalizada.
(...)
- A família perde o caráter patrimonial e hierárquico, visto que agora a preocupação da família
deve consistir na dignidade da pessoa humana, e demais valores envoltos. Além disso, é
garantida a isonomia entre homem e mulher, entre pais e é vedada a discriminação entre os
filhos, ou seja, deve ser dado tratamento isonômico.
- Família eudemonista: A família não é um fim em si mesmo, deve existir afeto, solidariedade,
dignidade... A família não deve ter caráter instrumental, mas sim funcional.
1. Existência
|__ Princípio da Proteção, artigo 226, CF | Favor matrimonii – na dúvida, deve admitir a
existência da família e protegê-la
2. Eficácia
3. Validade
- De acordo com o artigo 1517 do Código Civil, a mulher ou o homem podem casar com 16
anos ou mais, exigindo-se a autorização de ambos os pais, ou representantes legais, enquanto
não atingida a maioridade civil.
- A autorização dos pais ou representantes deve ser dada até o momento da celebração
CASAMENTO PUTATIVO
O casamento inválido pode ser validado, por conta da boa-fé dos envolvidos? SIM.
Segundo essa teoria, o casamento inválido (nulo ou anulável) poderá ter seus efeitos
preservados para aquele que estava de boa-fé; sejam ambos os cônjuges, um deles ou a prole.
Tais efeitos serão salvaguardados até a data da sentença anulatória, e englobam regime de
bens, alimentos, emancipação, sucessão...
É importante o destaque acerca da possibilidade de o magistrado decretar de ofício o
casamento putativo, razão pela qual ainda que as partes não aleguem ou não debatam o tema
da putatividade, poderá o Juiz da Causa reconhecer e aplicar a teoria do casamento putativo,
eis que a produção dos seus efeitos decorrerá da aplicação direta da norma, daí por que essa
possibilidade não agride o principio da inércia da jurisdição.
Evidentemente que diante da vedação à decisão surpresa (CPC, 10), o magistrado deverá
intimar previamente as partes sobre o tema, afinal de contas “O juiz não pode decidir, em grau
algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre qual deva decidir de
ofício”
CONCUBINATO CONSENTIDO
Outra situação jurídica na qual resta cristalizada a figura do terceiro de boa-fé, não ofensor da
relação legitimada pelo Estado, é quando se verifica um triângulo amoroso, no qual todos
partícipes assentem com os relacionamentos múltiplos. Há um triângulo, quarteto, quinteto,
sexteto... enfim, uma relação amorosa plural na qual todos consentem previamente.
|__ Nesse caso, não se pode alegar a teoria da putatividade, visto que não há boa-fé entre as
partes, já que todos tem ciência da situação e assentem com a mesma.
CASAMENTO HOMOAFETIVO
O STF, em decisão proferida na ADI nº. 4-277/DF, atribuiu eficácia erga omnes e efeito
vinculante à interpretação dada ao artigo 1.723 do CC, para excluir qualquer significado que
impeça o reconhecimento de uniões homoafetivas como entidades familiares, desde que
configurada a convivência pública, continua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família. A CF determina que seja facilitada a conversão de união estável em
casamento. Portanto, presentes os requisitos legais do artigo 1.723 CC, não há como se afastar
a recomendação constitucional, conferindo à EU homoafetiva os mesmos direitos e deveres
dos casais heterossexuais, tal como a sua conversão em casamento.
- Precedente do STJ que admitiu o próprio casamento homoafetivo, a ser realizado por simples
habilitação. In casu, forçoso é ele de se concluir que merece reforma a decisão monocrática,
convertendo-se a EU caracterizada nos autos em casamento. Provimento do recurso. (TJRJ-
APL: 72523520128190000 RJ, Relator: Des. Luiz Felipe Francisco, Data de Julgamento:
17/04/2012, Oitava Câmara Cível).
Questão intrigante poderia surgir quanto ao transexual. Isto porque o STJ, nos informativos
411 e 415 admite a mutação registral.
É possível, por força dos julgados acima, concluir pela possibilidade do transexual que realizou
a transgenitalização, alterando o nome e o sexo no assente de pessoa natural, contrair
matrimônio com alguém do sexo oposto, desde que revele esta situação ao nubente, a fim de
se respeitar a livre união, boa-fé, lealdade e, principalmente, evitar a hipótese de erro
essencial, prevista no artigo 1.566, CC.
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
1. Ordinárias
- Casamento civil
2. Extraordinárias
- Casamento no estrangeiro
A eficácia social do casamento é capaz de alterar o estado civil das pessoas. Decorrência disso
é o surgimento da comunhão (em todos os planos) e do dever imposto pela norma aos
cônjuges pelos encargos da família, assumindo estes a qualidade de consortes (artigos 1.565,
1.642 e 1.643, CC)
Ao analisar o artigo 1.643, CC o STJ entende ser possível em sede de execução de título
extrajudicial alusivo a mensalidades escolares (dívidas contraídas em nome dos filos da
executada) redirecionar a execução em face do genitor, responsável solidário com legitimidade
extraordinária. De fato, o CC dispõe nos artigos 1.643 e 1644 que, para a manutenção da
economia doméstica, e, assim, notadamente, em proveito da entidade familiar, o casal
responderá solidariamente, podendo-se postular a excussão dos bens do legitimado ordinário
e do coobrigado, extraordinariamente legitimado.
REsp 1.472.316-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em
05/12/2017, DJe 18/12/2017
Ademais, ao alterar o estado civil das pessoas – que deixam de ostentar o estado de solteiras,
passando a ostentar o estado de casadas – há repercussões variadas, tal como no campo
administrativo (ex.: nepotismo, impessoalidade), eleitoral (ex.: impedimento eleitoral),
processual (ex.: impedimento judicial de julgar e de ser testemunha), etc. O casamento
também, a princípio, gera mudança de domicílio.
Justo por isso, que a norma, logo em seguida, autoriza a qualquer dos nubentes acrescer, ao
seu, o sobrenome do outro, para que fique clara tal mudança social.
Regime de Bens
O objetivo do regime de bens é analisar e fixar a comunicabilidade dos bens dos e entre os
cônjuges.
Segundo o artigo 1.639, CC é lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular,
quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. Esclarece o parágrafo primeiro, do aludido
preceito, que o regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar da data do casamento.
Analisando o tema regime de bens, a doutrina afirma que é possível a construção de alguns
princípios informadores. Destacamos dois deles: a liberdade de escolha e a mutabilidade
a) Liberdade de escolha:
Em regra, os nubentes são livres para escolher o seu respectivo regime de bens. Fala-se em
regra, porque é consabido haver hipóteses, no CC, cuja escolha é inviável, haja vista a
imposição d regime de separação obrigatória de bens (artigo 1.641 do CC). Afora dos casos, os
nubentes terão liberdade de escolha sobre o estatuto patrimonial do seu casamento.
O instrumento hábil para o exercício desta escolha é o pacto antenupcial, também chamado
de pré-nupcial, dotal ou convenço matrimonial.
- União Estável – O acordo acerca do regime de bens será por meio de documento particular.
- Pacto antenupcial ser utilizado por analogia em relação à União Estável (?) – reflexão.
Nesse sentido, têm-se hoje como discutíveis as cláusulas que, em pactos antenupciais liberam
a infidelidade recíproca, veiculam cláusula penal por traição ou, até mesmo, cláusula penal
pelo simples término do relacionamento.
Trata-se de cláusula de índole pessoal amplamente aceita pela doutrina no pacto antenupcial.
É um efeito da pós-modernidade. Aliás, é muito comum no meio jurídico, por exemplo, que
cônjuges não exercitem a coabitação, haja vista serem concursados em estados diversos.
Sobre tal possibilidade, posiciona-se Rolf Madaleno. Por outro lado, não deve o Estado se
imiscuir na questão da sexualidade conjugal, sob pena de desrespeitar a inviolabilidade da vida
privada (artigo 5º, incisos V e X da CF/88)
Caso mno momento do divórcio se perceba que uma pessoa largou o exercício profissional
para se dedicar ao lar, é possível o pleito indenizatório, através de alimentos ressarcitórios;
tema que será visitado em capítulo específico.
Entendemos ser possível. Aqui, além da autonomia privada, há um reforço a um dos deveres
do casamento: a fidelidade recíproca.
Logo, mesmo para os defensores de uma força pública para a fidelidade recíproca, e de um
olhar menos autônomo dos deveres do casamento, a aludida cláusula haveria de ser possível,
seja como medida compensatória, seja como medida inibitória, de reforço (CC, artigos 410 e
411).
Todavia, ressalta-se, a doutrina não vem abraçando tal cláusula, por enxergar o pacto,
preponderantemente, como um instrumento de regramento de questões patrimoniais.
Interessante notar que o artigo 190 do CPP autoriza a celebração do denominado negócio
jurídico processual, admitindo o autorregramento do procedimento pelas partes. Nessa toada,
entendemos ser possível aos cônjuges, no pacto antenupcial, estabelecerem regras sobre
eventual processo de dissolução matrimonial, veiculando, por exemplo, a possibilidade jurídica
do divórcio liminar, prazos processuais diferenciados, calendarização do processo,
impossibilidade de uso de certos recursos...
Para finalizar a liberdade de escolha, recorda-se que se acas os nubentes não a exercitá-la
através do pacto, ou se este carecer de validade, o regime de bens a ser aplicado ao
matrimonio será o da comunhão parcial (artigo 1640, CC), sendo este o nominado regime
supletivo, incidente no silêncio das partes.
O cerne, consoante visto acima, é saber se tais clausulas violariam, ou não, questões de ordem
pública, direitos e garantias fundamentais ou, ainda, a dignidade da pessoa humana.
b) Mutabilidade
O artigo 734 do CPC disciplina que o procedimento da alteração de regime de bens poderá se
requerida, motivadamente, em petição assinada por ambos os cônjuges, na qual serão
expostas as razões que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros.
É bem verdade que o p 2º do artigo 734 autoriza aos cônjuges postularem, na petição inicial ou
em petição avulsa, meio alternativo de divulgação da alteração do regime de bens, a fim de
resguardar direitos de terceiros. O fato é que, após o trânsito em julgado da sentença, serão
expedidos mandados de averbação aos cartórios de registro civil e de imóveis e, aso qualquer
dos cônjuges seja empresário, ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.
O MP não deve mais atuar, via de regra, em procedimento para habilitação de casamento.
Lei de Registros Públicos teve uma atualização esse ano (2022) que revogou tacitamente a
exigência da atuação do MP na habilitação para o casamento.