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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR


VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO – VRPG
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS
MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA – MSC

COMPREENSÕES DO CUIDADO AO IDOSO DEPENDENTE NO BRASIL:


UMA VISÃO DE GESTORES

Jonas Loiola Gonçalves

Fortaleza-CE
2021
Jonas Loiola Gonçalves

COMPREENSÕES DO CUIDADO AO IDOSO DEPENDENTE NO BRASIL:


UMA VISÃO DE GESTORES

Dissertação de mestrado
apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva da
Universidade de Fortaleza, para
obtenção do Título parcial de
Mestre em Saúde Coletiva.

Orientadora: Prof.ª Drª. Raimunda Magalhães da Silva

Fortaleza-CE
2021
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Jonas Loiola Gonçalves

COMPREENSÕES DO CUIDADO AO IDOSO DEPENDENTE NO


BRASIL: UMA VISÃO DE GESTORES

Área de concentração: Promoção da Saúde


Linha de Pesquisa: Políticas e Práticas na Promoção da Saúde
Núcleo Temático: Cuidado da pessoa idosa

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Raimunda Magalhães da Silva – Orientadora
Universidade de Fortaleza – Unifor
____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Míria Conceição Lavinas Santos - Membro Efetivo
Universidade Federal do Ceará – UFC
____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Vieira de Lima Saintrain – Membro Efetivo
Universidade de Fortaleza – Unifor

Data da aprovação: 30 de junho de 2021

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À Deus, que sempre
me proporciona muito
mais do que posso
sonhar ou imaginar. A
minha mãe, Maria
Zélia Ribeiro Loiola,
que por amor e o sol a
pino no rosto, me
inspira a estudar e
superar desafios.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, força maior.

A todas as pessoas que direta ou indiretamente auxiliaram na execução deste trabalho, em


especial:

A Professora Doutora Raimunda Magalhães da Silva, pelo apoio constante e pelas


palavras de incentivo que não me deixaram desistir, pelos ensinamentos valiosos, risos,
partilhas, ensinamentos diários, pelas oportunidades que a senhora traz para todos nós, a
senhora é uma mãe da pesquisa, obrigado por me ensinar a ser cada dia um homem
melhor. Obrigado por tudo, minha querida Rai.

Aos funcionários do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade de


Fortaleza (Unifor), que tive o prazer de conviver, em especial a Cleide Paiva, Widson
Dias, Mauricio Castro Silva e Jackson pela paciência, colaboração e risos ao longo dos
nossos cafés durante toda a jornada.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) pelo


empenho e carinho na transmissão do conhecimento, em especial às doutoras Maria Vieira
de Lima Saintrain, Luiza Jane Eyre e Christina César Praça Brasil, pela cooperação
inigualável na minha formação ao longo do mestrado.

As professoras Indara Cavalacente Bezerra e Miria Conceição Lavinas, pessoas de luz


que tive a oportunidade de agregar grandes ensinamentos.

A minha querida professora Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro, exemplo de mulher e de


luta por uma saúde igualitária, equânime, a senhora é uma das minhas estrelas guias..

A minha professora, amiga, confidente Rafaele Teixeira Borges, fonte de inspiração e


sabedoria, um ser que emana luz por onde passa, aquela que me acompanha desde o
primeiro dia de aula, “Rafa”, sem a senhora eu não sei o que seria, meu muito obrigado.

A minha família pela compreensão e diálogo, pois sem esse apoio nada seria realizado,
em especial a minha genitora, essa que a palavra que define é amor e resiliência; As
minhas irmãs, Edilmaria Loiola e Miguelina Loiola, por sempre acreditarem na minha
capacidade; Ao meu irmão Egberto Loiola, meu exemplo de homem e luta diária na
lavoura, com o suor no rosto, sempre foi e será meu apoio; Aos meus sobrinhos e
sobrinhas, fonte de amor e carinho de todos os dias.

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À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FUNCAP) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
por propiciar bolsas de pesquisas que tanto nos ajuda na caminhada acadêmica.

A todos os meus idosos, atores que influenciam na construção e busca de melhorias para
a assistência deste, com intensas reflexões individuais e profissionais.

Muito Obrigado!

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RESUMO
Introdução: O envelhecimento populacional no mundo é um dos fenômenos mais
importante, com particularidades e ritmos epidemiológicos heterogêneo em muitas
nações, transição demográfica, que impactará vários aspectos da coletividade nas
próximas três décadas. Objetivo: Analisar dificuldades, facilidades e estratégias de
gestores no cuidado ao idoso dependente no brasil. Método: Neste estudo procurou-se
investigar os sentidos que 16 gestores de 8 cidades brasileiras atribuíam a vivências,
vínculos e dinâmica do cuidado da pessoa idosa dependente e ao conjunto de relações em
que eles se inserem. Considerou-se o referencial teórico-metodológico da hermenêutica
como suporte as entrevistas em profundidade com os gestores, gravadas, transcritas e
analisadas a luz do presente marco teórico. Resultados: Os resultados revelam estratégias
adotados pelos gestores para a garantia do cuidado, desde a educação em saúde, grupos
comunitários e práticas integrativas e complementares. As dificuldades trazem inúmeras
insuficiência do sistema de saúde, perpassando por fragilização familiar, sobrecargas de
trabalho, educação fragilizada, cobertura da rede de cuidado fragmentada e hegemonia
no cuidado ao idoso dependente. Os anseios de iniciativas perpassam por equipes
multiprofissionais, aumento no número de especialista, fomento a educação permanente
e continuada e criação de uma política de saúde para a consolidação do cuidado.
Considerações finais: Essa pesquisa possibilitou visualizar os processos que permeiam
o cuidado em saúde ao idoso, buscar estratégias, consolidar iniciativas, criar políticas
públicas nacionais são atos visionários e necessários mediante um sistema de saúde
complexo e emergente que é o envelhecimento.
Palavras – Chaves: Idoso. Gestão. Rede de Atenção à Saúde.

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ABSTRACT

Introduction: Population aging in the world is one of the most important phenomena,
with particularities and heterogeneous epidemiological rhythms in many nations,
demographic transition, which will impact various aspects of the community in the next
three decades. Objective: To analyze the difficulties, facilities and strategies of managers
in caring for dependent elderly people in Brazil. Method: In this study, we sought to
investigate the meanings that 16 managers from 8 Brazilian cities attributed to
experiences, bonds and dynamics of care for the dependent elderly person and to the set
of relationships in which they are inserted. The theoretical-methodological framework of
hermeneutics was considered to support the in-depth interviews with managers, recorded,
transcribed and analyzed in the light of this theoretical framework. Results: The results
reveal strategies adopted by managers to ensure care, from health education, community
groups and integrative and complementary practices. Difficulties bring numerous
insufficiency of the health system, including family weakness, work overload, weakened
education, coverage of the fragmented care network and hegemony in the care of the
dependent elderly. The desire for initiatives permeate multidisciplinary teams, increase
the number of specialists, encourage permanent and continuing education and create a
health policy for the consolidation of care. Final considerations: This research made it
possible to visualize the processes that permeate health care for the elderly, seek
strategies, consolidate initiatives, create national public policies are visionary and
necessary actions in a complex and emerging health system that is aging.

Keywords: Elderly. Management. Health Care Network.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACS Agente Comunitário De Saúde


CNS Conselho Nacional De Saúde

CLAVES Centro Latino-Americano de estudo sobre Violência e Saúde Jorge Careli

ESF Estratégia Saúde Da Família

ELSI-BRASIL Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros


FUNCAP Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e
Tecnológico
IBGE Instituto Brasileiro De Geografia e Estatística

OMS Organização Mundial De Saúde


OPAS Organização Pan-Americana Da Saúde
SMS Secretaria Municipal De Saúde

SUS Sistema Único De Saúde


SBGG Sociedade Brasileira De Geriatria e Gerontologia
NUPEM Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saúde da Mulher

MEC Ministério da Educação e Cultura


UBS Unidade Básica de Saúde

UFC Universidade Federal do Ceará

UNIFOR Universidade de Fortaleza

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa dos Estados integrantes do estudo. Fortaleza – CE, 2020.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição das Características sociodemográficas e educacionais dos


participantes do estudo, Brasil, 2021.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15
1.1 Aproximação com o tema 15

1.2 Contextualização do tema 15


2 OBJETIVO 24
2.1 Objetivo Geral 24
24
2.2 Objetivos Específicos
3 MÉTODOS 25
3.1 Tipo de estudo 25
3.2 Participantes e local do estudo 26
3.3 Critérios de inclusão e exclusão 27
3.4 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados 27
3.5 Registro, organização e análise dos dados 28
3.6 Aspectos éticos e legais 29
4 RESULTADOS 30
5 DISCUSSÃO 45
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 51
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
ANEXOS

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Aproximação com o tema

A minha aproximação com a Saúde Coletiva reporta a contextos iniciais do ciclo de


vida, a familiarização de histórias narradas pela minha mãe sempre foram objetos de
aproximação com tal campo, a mesma desempenha função de Agricultora e exerceu a
função de Agente Comunitário de Saúde na localidade de Almas-Tríci (1996),
competência que trouxe para minha vida grandes narrativas de proximidades ao longo do
início da vida.

Entre as desigualdades sociais, as conversas de políticas de saúde, sempre ouvindo as


idas e vindas da minha mãe e a aproximação com as populações que muito sofriam, pela
seca e pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde, a realidade escutada e vivenciada
por nós a cada dia, emanaram inquietações e perspectivas que buscavam compreender ou
quebrar correntes das desigualdades.

No tocante a aproximação configura-se ainda mais forte quando estavam ao lado de


meus avós maternos, os mesmos idosos e sempre com grandes sabedorias para
compartilhar. Meus avós introduziram em me, ainda tão jovens o prazer pelo estudo,
ajudar sempre o outro e correr atrás dos sonhos. Assim como minha mãe que mesmo com
pouco estudo configurava sabedoria que na cortina de vaidades do mundo era mais sabia,
desde reconhecer problemas sociais, a problemas de saúde do povo da nossa comunidade.

As observações de questões biopsicossociais na infância estiveram sempre comigo,


vindo a questionar sempre muitas controversas de desigualdades. O cenário vivido na
primeira infância com idosos e outras populações me inquietavam, trazia
questionamentos e muitas vezes perguntas que só o tempo e a maturidade poderiam trazer
ou responder tais inquietações.

É nesse cenário que a “criação familiar” e o gosto pela Saúde Coletiva nasceram numa
perspectiva de aproximação do berço materno, a criação da empatia ela é gerida desde o
lar, e trouxeram construções, significados e ações que propuseram a percorrer para uma
formação acadêmica e a vinculação com a pesquisa, algo nunca visto na minha família.

Ao longo da vida, emergiu uma oportunidade de estudo em uma escola de tempo


integral na sede do município (Tauá-CE), ao concluir o ensino fundamental na zona rural,
uma grande amiga, popularmente conhecida como “nega da Lúcia” (in memoriam)

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reportavam para a realização da seleção para a Escola Estadual de Ensino
Profissionalizante Monsenhor Odorico de Andrade (EEEP/MOA).

Nesse encorajamento, adentrei no processo seletivo e consegui uma vaga no curso de


Técnico de Administração, por contrapartida ao iniciar as disciplinas técnicas percebi a
falta de afinidade com a área, diante dessa situação citei para a direção o
descontentamento com o curso e a verdadeira vontade para o Curso de Técnico de
Enfermagem, onde a direção realizou a transferência e a partir desse momento uma nova
história começava a configurar.

O Curso Técnico em sua estrutura já trazia muitas particularidades com a Saúde


Coletiva, essa imersão foi fortalecida ainda mais ao adentrar em campo de estágio prático,
as unidades de saúde do município de Tauá-CE foram objetos chaves para a construção
formativa e a afinidade com a população de idosos, ver ao longo do estágio vários idosos
adentrarem as unidades de saúde inquietavam o porquê da procura. O modelo biomédico
não explicava a situação da busca pelo serviço, mais sim o modelo biopsicossocial, idosos
ao chegarem na unidade de saúde citarem: “eu vim aqui para conversar, não estou doente
não... só quero conversar...”, frases essas ditas acompanhadas muitas vezes de choro.

Esses vários fenômenos cada vez mais ficavam aflorados, com inquietações e
perguntas não respondidas. No curso da vida, me deparei com a perca do meu avô
materno, idoso que sempre me acompanhou e me aconselhou, as nossas conversas ao
longo da sua internação eram sempre de conselhos e citações marcantes até hoje, mesmo
diante dos vários e vários procedimentos biomédicos que ele realizava, nunca perdia a fé
e a esperança, porém muito inquietava ao ver a repetição de exames e métodos invasivos
diante de uma doença terminal.

Nessa perspectiva, o campo da saúde coletiva e a minha formação técnica era


questionada: “Será que tudo isso ainda é preciso?”. Em meio a tudo, as últimas palavras
citadas pelo meu avô para comigo foi: “Joninhas, estude bem muito, queira sempre só o
que é seu, estude e seja um grande homem”. É nesse contexto que de perda e busca pela
compreensão, que a Saúde Coletiva e a Gerontologia se fizeram ainda mais presente e
necessárias de estudos na minha trajetória de vida, seja está para amadurecimento
profissional, como também de vida.

Ao finalizar o Técnico de Enfermagem, novos caminhos foram almejados o Ensino


Superior antes distante na minha família, agora configurava-se bem perto. Com os bons

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resultados no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), tive a oportunidade de
ingressar no curso de Fisioterapia da Faculdade Ateneu (FATE) em 2014 com uma bolsa
integral do Programa Universidade para Todos do então Ministério da Educação e Cultura
(MEC).

Nesse primeiro momento da Universidade, surge um grande desafio: o conciliar entre


a graduação e a rotina de trabalho na área da enfermagem. O desafio foi de grande valia,
na qual as diversas cenas em hospitais da rede pública e suplementar demostravam
questionamentos e dividiam posicionamentos divergente entre as políticas de saúde
vigente no País, ao mesmo tempo abriam portas para o pensamento crítico-reflexivo das
condições de saúde e necessidades humanas nos ciclos da vida.

Ao longo da atuação na enfermagem de 2015 a 2017, as discrepâncias na atenção à


saúde do idoso por questões sensíveis a atenção primária sendo abordada na atenção
terciária, foram fortemente presentes. O processo de conciliação foi decisório para a
compreensão da atenção domiciliar e a Atenção Primária a Saúde, redesenhando no
pensamento crítico uma visão do quão a mesma otimiza o cuidar do idoso, desde a
desospitalização e a manutenção da funcionalidade no cenário do domicilio.

A aproximação com a pesquisa e a Saúde Coletiva já foram se aproximando ainda


mais, em 2014 quando a convite da minha professora da graduação, Rafaele Teixeira
Borges, adentrei no grupo de pesquisa intitulado: “Promoção da saúde em populações
vulneráveis”. As leituras e reflexões traziam átonas as disparidades dos serviços de saúde,
como também a necessidade da capacitação de ponta na graduação em Fisioterapia,
deixando as práticas curativistas-reabilitadoras de lado e inserindo o contexto amplo de
saúde, tão debatido pela Saúde Coletiva.

Nessa perspectiva, em 2015 juntamente com a Profa Rafaele o trabalho intitulado


“Assistência Humanizada: Dificuldade e perspectivas da Fisioterapia” obtiveram 1º
lugar na Jornada de Fisioterapia do Hospital Geral Drº Waldemar de Alcântara,
consolidando assim os nossos debates da busca por uma saúde cada vez mais humana.

Diante das necessidades de formação e pessoais, realizei a transferência do curso para


o Centro Universitário Estácio do Ceará (Estácio/FIC), a aproximação com a Saúde
Coletiva e a Gerontologia fortaleceu-se ainda mais ao conhecer a Professora Cleoneide
Paulo de Oliveira Pinheiro, o seu networking e a habilidades com a Saúde Coletiva forma
impares no processo de aproximação. A convite da mesma, entrei no Instituto Sênior,

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dispositivo este vinculado ao Programa de Responsabilidade da Estácio que desenvolve
práticas de prevenção, promoção e recuperação na saúde do idoso.

Em diante, na mesma instituição a formação da Liga de Geriatria e Gerontologia da


Estácio, juntamente com a professora Rafaela Pessoa Santana e Juliana Fonteles, adentrei
no grupo na busca pelo conhecimento interacionado entre a Geriatria e Gerontologia.
Destacando também a participação durante dois anos e meio na Estácio a vinculação ao
Programa de Iniciação Cientifica Institucional, este que consolidou na minha formação
visões extramuros e o pensar cada vez mais fora da “caixinha”.

Em 2016, a convite da Professora Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro abriu portas para
adentrar no Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saúde da Mulher (NUPEM), sob
coordenação da Professora Raimunda Magalhães da Silva. Em 2017 a participação no
grupo nós trouxe a publicação de um capitulo de livro intitulado: “Acesso das mulheres
aos exames para detecção precoce do câncer de mama.” A vinculação no grupo nos
trouxe também vários resumos em eventos internacionais, nacionais e locais, como
também a permanência até hoje no grupo, trabalhando na linha de pesquisa de saúde da
mulher nos ciclos da vida, numa perspectiva de gênero para a mulher idosa ou grupo de
idoso em contextos de práticas e promoção da saúde.

A necessidade de networking na formação consolidou a minha entrada em 2017 por


meio de processo seletivo no Projeto de extensão: Fisioterapia na Saúde do Idoso
(FisioIdoso) do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará (UFC)
como extensionista, sob coordenação das professoras Juliana Freire Chagas Vinhote e
Nataly Gurgel Campos. O grupo mediou contextos e aproximação com idosos da Rede
de Atenção à Saúde de Baixa e Média complexidade, a participação de leituras e pesquisas
dentro do campo da Geriatria e da Gerontologia com a interligação para a Saúde Coletiva.

No FisioIdoso em 2017 tivemos a premiação do trabalho intitulado


“Interdisciplinaridade na avaliação do risco de quedas em idosos” no eixo temático
idoso e interdisciplinaridade da V Jornada de Fisioterapia do Departamento de
Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará. Em 2018, a consolidação dos trabalhos
no projeto gerou uma publicação intitulada “Efeitos da atividade física em idosos com
histórico de câncer”, publicada na Revista Motricidade.

Ao finalizar a graduação, a convite da coordenação fiquei no projeto Fisioidoso (UFC)


como preceptor voluntário, experiência essa rica de conhecimento e de anseios cada vez

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mais, tanto pela pesquisa em Saúde Coletiva com ênfase para a Saúde do Idoso, como
pela docência no ensino superior.

Diante da necessidade de aproximação com o campo prático após a formação, em


2018 iniciei a minha atuação como Fisioterapeuta nos serviços de Home Care de
operadoras de planos de saúde no município de Fortaleza-CE, experiência essa que trouxe
questionamentos decisórios sobre a necessidade da pesquisa em Geriatria e Gerontologia,
em virtude da atuação profissional está centrada no público idoso no contexto da atenção
domiciliar de baixa a alta complexidade.

Esse cenário de atuação e a aproximação com Saúde Coletiva, introduziu vários


questionamentos entre a prestação do serviço, necessidades humanas, construção de
modelos assistenciais e de gestão, como também os sentidos que permeiam a
subjetividade entre o idoso, família, prestadores de cuidados e gestores de saúde no
cenário da Atenção Domiciliar.

Mediante esse caminhar na Saúde Coletiva, na Geriatria, Gerontologia e na Atenção


domiciliar, em 2018 iniciei o Curso de Mestrado em Saúde Coletiva na Universidade de
Fortaleza, logo em seguida obtendo êxito e sendo contemplado com a bolsa de estudo da
Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (FUNCAP).
Portando, considerei relevante investigar as percepções de gestores de saúde da
atenção primária a saúde para a integralidade do cuidar ao idoso dependente no domicílio
em virtude de sentimentos conflitantes advindos das experiências pessoais, constituídas
por referências familiares, culturais, cientificas, éticas e morais, visto que as práticas de
saúde podem sofrer diretamente ou indiretamente das decisões de nossos gestores.

2.2 Contextualização do tema

Neste estudo, questionam-se as dificuldades, facilidades e estratégias de gestores no


cuidado de idosos dependentes no domicilio, diante da assistência em rede de atenção a
saúde em serviços de baixa e média complexidade.

O envelhecimento populacional no mundo é um dos fenômenos mais importante, com


ocorrência em diversos países, porém com particularidades e ritmos epidemiológicos
heterogêneo em muitas nações. As previsões globais estimavam 650 milhões de idosos
para o ano de 2006, com um aumento de 25% nas próximas décadas, atingindo 2 bilhões
em 2050 (MIREMADI, BANDARI, HERAVI-KARIMOOI, et al., 2020;
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2019).

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A Organização Panamericana de Saúde (OPAS, 2019) reforça, destacando que os
900 milhões de idosos em 2015, sejam superados pelos 2 bilhões em 2050. Na atualidade,
a população com 80 anos ou mais são compreendidas por 125 milhões de pessoas.

Destaca-se que a transição demográfica, como sem precedentes, que por sua vez
impactará vários aspectos da coletividade, onde uma em cada cinco pessoas terá 60 anos
ou mais no mundo nas próximas três décadas (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2017).

Em 2050, a expectativa de vida nos países de alta renda será de 87,5 anos para os
homens e 92,5 para as mulheres (contra 70,6 e 78,4 anos em 1998). Já nos países de média
renda, será de 82 anos para homens e 86 para mulheres, ou seja, 21 anos a mais do que os
62,1 e 65,2 atuais. Frente a esse o aumento da expectativa de vida, o acesso aos serviços
de saúde de forma igualitária surge como um dos grandes desafios para o mundo (WHO,
2017).

A expectativa de vida nas américas, ganhou 16 anos a mais, na qual uma pessoa
nascida no continente poderá viver até 75 anos, quase cinco anos a mais do que a média
mundial. Por conta partida, as doenças emergentes e não-transmissíveis, são os principais
desafios em uma das regiões com maiores desigualdades populacionais
(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2015)

No Brasil, a partir de 1970 a modificação do perfil demográfico inicia suas


transformações, uma sociedade considerada rural e tradicional, com famílias numerosas
e alto risco de mortalidade infantil, dar início a uma sociedade urbana, com redução do
número de filhos, ocorrendo uma (re) estruturação das famílias brasileiras. Atualmente,
observa-se o contingente significativo de idosos com mais de 60 anos ou mais. As
modificações demográficas provenientes das reduções das taxas de mortalidade, quedas
da natalidade e modificações nos estilos de vida, trazendo expressiva transformações na
pirâmide etária (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).

Diante das alterações, o Brasil denota um crescimento de 500% de idosos nos


últimos 40 anos. Em 1960 o contingente dessa população já alcançava 3 milhões, em 1975
cerca de 7 milhões e 14 milhões em 2002. Nesse crescente exponencial, em 2007 o
número de idosos perfaziam 17 milhões, com previsões de 32 milhões em 2020 e 37
milhões em 2027 (VERAS & OLIVEIRA, 2018).

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A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG, 2019), reforça que os
números hoje ultrapassam os 29 milhões de idosos, com expectativa de 73 milhões de
pessoas com mais de 60 anos, aumento este de 160%.

Considerando um país envelhecido quando 14% da sua população possuem mais


de 65 anos, preocupações para os serviços de saúde começam a emanar. Enquanto Países
da Europa, como França e Suécia passaram 115 anos e 85 anos respectivamente para
envelhecer, no Brasil esse processo levou pouco mais de duas décadas. Nesse cenário de
transição epidemiológica, o Brasil será considerado um país de “cabelos brancos” em
2032, onde teremos 32,5 milhões de idoso, frente os 226 milhões de brasileiros (SBGG,
2019).

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (2017), a expectativa de vida


mais longa também é motivo de preocupação para os formuladores de políticas; o
crescimento da renda pode se tornar mais difícil de ser percebido em países com grandes
populações de idosos, e atender às necessidades de uma grande população de idosos será
especialmente difícil nos países de baixa e média renda. Será necessário criar instituições
econômicas e sociais que ofereçam segurança de renda, assistência médica adequada e
outras necessidades para o envelhecimento da população.

Uma questão adicional que os formuladores de políticas estão enfrentando é como


definir melhor uma pessoa idosa. Os termos usados para definir os idosos incluem
“idosos”, “terceira idade” e, em algumas culturas, “quarta idade”. No entanto, ser “velho”
chega em momentos diferentes para pessoas diferentes. Como definir as pessoas idosas
continuará sendo um desafio porque “os idosos consistem em pessoas com experiências,
objetivos e necessidades de vida únicos e porque envelhecer envolve uma mudança de
capacidade, envolvimento social e problemas físicos e mentais saúde (OPAS, 2019;
OMS, 2018; SBGG, 2019).

Outro ponto de destaque nas recomendações da OMS é para a atenção primária


de saúde, que, segundo a organização, “é geralmente o primeiro ponto de contato que as
pessoas têm com o seu sistema de saúde e, deve fornecer, ao longo da vida, cuidados
integrados, acessíveis e baseados na comunidade (SBGG, 2019). A SBGG entende que
no Brasil a rede básica é fundamental para um tratamento adequado ao idoso,
especialmente aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade ou que necessitam
de cuidados específicos.

21
O Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), rede
internacional para pesquisas sobre envelhecimento, apontou que 75,3% dos idosos
brasileiros dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde. O Brasil, um país em
caráter de envelhecimento emergencial carece de articulações com respostas rápidas,
visto a magnitude que a população perpassa diante da transição epidemiológica (BRASIL,
2016).

A abordagem a ser utilizada acerca do gestor e a atenção domiciliar, deve, portanto,


ir além da perspectiva numérica de estudos quantitativos, pois entendo que o sujeito e as
decisões para a coletividade, são constituídos de aspirações e sentimentos que nem
sempre poderão ser medidos, ressalvando e reconhecendo o seu valor.

Apontamos esse estudo como relevante pois os aspectos que norteiam e constituem
a gestão e a atenção domiciliar no Brasil, ainda carece de grandes aprofundamentos,
estratégias e ações que visem a integralidade do cuidar a saúde do idoso para a
consolidação da promoção do cuidar, ampliação de cobertura da atenção domiciliar em
vista as mudanças epidemiológicas a nível nacional e mundial.

Em face ao estudo, pressupõe que o cuidado domiciliar ao idoso dependente é


compreendido pelo gestor como uma forma continua de atenção à saúde para melhorar as
condições de vida. As facilidades e dificuldades para o cuidado de idoso dependente no
domicílio estão relacionadas as estruturas organizacionais dos serviços de atenção
primária. A relação entre a gestão, redes de atenção à saúde do idoso e a atenção
domiciliar subsidiam eixos estratégicos para o cuidado integral ao idoso dependente e a
consolidação de políticas públicas.

Nesse contexto, gerenciar serviços específicos para idosos tende a ser um dos
desafios de gestores dos serviços de saúde, visto a pluralidade do envelhecer no Brasil e
no mundo.

Em face ao estudo, questiona-se: Como o gestor da rede de atenção a saúde


compreende o cuidado domiciliar de idosos dependentes? Como o gestor articula as
estratégias para o cuidado? Quais as iniciativas e mudanças almejadas para a melhoria
deste cuidado ao idoso dependente?

22
2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


Analisar dificuldades, facilidades e estratégias de gestores no cuidado ao
idoso dependente no Brasil.

2.2 Objetivos Específicos

Caracterizar os participantes quanto aos aspectos sociodemográficos e


educacionais;

Verificar as dificuldades e facilidades da gestão na oferta do cuidado ao


idoso no domicílio.

Compreender a atuação e as estratégias da gestão adotadas pelo gestor


para o cuidado ao idoso dependente no domicílio.

Identificar as perspectivas de mudanças para a melhoria do cuidado de


idosos dependentes no domicílio.

23
3 MÉTODOS

A presente dissertação trata-se de um recorte de uma pesquisa multicêntrica intitulada


“Estudo situacional dos idosos dependentes que residem com suas famílias visando
subsidiar uma política de atenção e de apoio aos cuidadores”, realizado pelo Centro
Latino-Americano de estudo sobre Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES/Escola
Nacional de Saúde Pública/Fiocruz).

3.1 Tipo de estudo

A pesquisa qualitativa é destacada pela capacidade de incorporar as questões


referentes aos significados e intencionalidades em atos, relações e estruturas sociais
inerentes, as transformações humanas significativas. A aproximação com a pesquisa
qualitativa quebra preconceitos, retira fios invisíveis, e subsidia aproximações com
grandes realidades e com ênfase no serviço de saúde. A aproximação do pesquisador com
o campo de estudo, grupos e indivíduos retira a neutralidade própria das ciências naturais,
no qual o empírico na pesquisa qualitativa é necessário de uma integração com todo o
universo (MINAYO; COSTA, 2019).

Em contextos práticos, destaca-se a pesquisa qualitativa em três etapas


fundamentais: (1) fase exploratória; (2) o trabalho de campo; (3) Análise e tratamento do
material empírico e documental (MINAYO, 2016; MINAYO; COSTA, 2019).

A fase exploratória compreendeu a ideação de pesquisa e seus recursos para adentrar


no cenário do estudo. Os investimentos nessa etapa da pesquisa foram fundamentais, em
virtude da definição, percurso metodológico inicial, elaboração de pressupostos e
delimitação do estudo. Nesse momento, escolheu-se a operacionalização do estudo, e as
estratégias aqui pontuadas consolidou um ponto de partida para a aproximação com o
problema de pesquisa.

A fase de campo, considerada primordial, visto o caráter da intersubjetividade e a


compreensão do objeto de estudo, em face a realidade empírica. Destaca-se a fase da
análise, que uniu dados primários de campo com uma intepretação respeitosa diante do
processo contextualizado e reflexivo.

Assim, os estudos qualitativos buscam a compreensão da lógica de sujeitos coletivos,


institucionais e atores sociais diante de valores culturais e representações sociais sobre
seus processos históricos, temáticas especificas, relações de poder entre cenários de
indivíduos, instituições e movimentos sociais, como também processos de

24
implementação e consolidação de políticas públicas e sociais (MINAYO, 2016; SOUSA,
I.V., et al, 2019; RIBEIRO; SOUZA; COSTA, 2016; BAIXINHO; PRESADO;
RIBEIRO, 2019).

Neste estudo procurou-se investigar os sentidos que os gestores atribuíam a


vivências, vínculos e dinâmica do cuidado da pessoa idosa dependente e ao conjunto de
relações em que eles se inserem. Considerou-se o referencial teórico-metodológico da
hermenêutica como adequado para dar suporte as entrevistas em profundidade com os
gestores, partindo do pressuposto de que essa abordagem visa compreender as
experiências como parte do contexto local em que são produzidas, situando-as no âmbito
histórico, simbólico e cultural com acréscimos da reflexão e crítica social. Buscou-se,
então, compreender as relações, os significados das opiniões, as articulações de como
vivem, pensam e elaboram os modos de cuidar do idoso, considerando-se os elementos
contextuais que circulam na gestão do cuidar de idosos(MINAYO, 2016)
3.2 Participantes e local do estudo

Os participantes deste estudo foram 16 gestores responsáveis pela gestão de cuidados


de idosos dependentes de oito municípios brasileiros inseridos nas cinco regiões do país,
que compõem a Rede de Atenção à Saúde do Idoso de Araranguá (SC), Brasília (DF),
Fortaleza (CE), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro
(RJ) e Teresina (PI). A escolha das cidades se deu com o objetivo de ampliar o
conhecimento sobre a gestão do cuidado de idosos dependentes no País, as quais
apresentavam distintos contextos e multiplicidade de valores sociais e culturais.

Figura 1. Mapa dos Estados integrantes do estudo. Fortaleza – CE, 2020.

25
Fonte. Autoria própria.

Os participantes do estudo receberam uma codificação em virtude da manutenção do


anonimato, a palavra Gestor será seguida do número de ordem das entrevistas e do Estado
Federativo (Gestor 1 – Fortaleza; Gestor 2 – Fortaleza; Gestor 3 - Amazonas... Gestor 16
– Minas Gerais).

A seleção dos participantes do estudo ocorreu com uma prévia aproximação do


pesquisador com a unidade de saúde e com a informação do gestor da unidade. Os
gestores que trabalhavam no período da pesquisa aceitaram responder a entrevista e
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e concordaram com a gravação
no áudio.

3.3 Critérios de inclusão e exclusão

Os gestores incluídos eram responsáveis pelos cuidados das pessoas idosas no


município, gestores de Unidades Básicas de saúde e de Programas específicos para a
população idosa e com no mínimo seis meses de atuação no âmbito da gestão.

Os participantes excluídos do estudo compreenderam gestores afastados das funções


por motivo de férias e por licença autorizada pelo serviço.

3.4 Procedimento e instrumentos de coleta de dados

O período de coleta de dados abrangeu os meses de junho a setembro de 2019. Fez-


se o contato com as Secretarias Municipais de Saúde a serem visitadas e agendamentos
com os gestores integrantes da pesquisa para procedermos a entrevista. Com os

26
participantes, agendou-se data, horário e local para as entrevistas, as quais foram
conduzidas pelo pesquisador que tem formação superior, com experiência na temática em
estudo. O instrumento foi discutido e analisado por um grupo de pesquisadores a fim de
consolidar e articular a maneira de inserção na conversa e no aprofundamento das
perguntas.

No encontro com os gestores aplicou-se a entrevista semiestruturada (APÊNDICE 2)


com perguntas norteadoras e direcionadas para:

(1) Caracterização sociodemográfica e profissional;


(2) Compreensão da dependência social, física mental e cognitiva do ponto de vista
da atenção à saúde e da assistência social;
(3) Estratégias utilizadas no cuidar a pessoa idosa dependente no domicílio;
(4) Iniciativas para apoiar as famílias no contexto da dependência e as facilidades
e dificuldades para o cuidado.
A entrevista foi realizada em local reservado e indicado pelo entrevistado a fim de
evitar constrangimentos e ruído para a gravação em áudio. Aconteceu de forma
flexível, individual, com inclusão de questões esclarecedoras sobre o tema e com
duração de, aproximadamente, 30 minutos.

Antes de iniciar a entrevista criou-se um ambiente harmonioso e de confiança entre


entrevistador e participante e explicou-se sobre o objetivo e a importância da pesquisa
com vistas à elaboração de políticas públicas para a gestão do cuidado ao idoso e, ainda
para melhoria de trabalho na atenção primária. O diálogo foi precedido por assuntos mais
gerais, a fim de que os entrevistados se sentissem confortáveis, e em seguida colocou-se
as perguntas mais específicas sobre vivências, dificuldades, influências e sentimentos
experienciados pelos gestores.
3.5 Registro, organização e análise dos dados

As entrevistas semiestruturadas foram registradas por meio da gravação em áudio e


posteriormente transcritas na íntegra para proceder a organização dos dados.

Após leituras exaustivas das entrevistas os dados foram organizados em temáticas


fundamentadas nos objetivos e na questão da pesquisa. As inferências compreensivas e
interpretativas conduziram os temas sobre “Estratégias de gestores para o cuidado ao
idoso dependente”, “Dificuldades da gestão no cuidado ao idoso dependente” e
“Iniciativas para promoção do cuidado”.

27
A análise dos dados se deu numa abordagem hermenêutica no sentido de
compreender a comunicação dos gestores sobre a gestão do cuidado com idosos em
diferentes contextos, a existência de uma racionalidade e fatos nas colocações e
observações dos participantes a fim de produzir uma síntese dos fatos que contemple os
depoimentos colocados pelos entrevistados.

A análise considerou a fala do participante no contexto em que vive, buscou


compreendê-la no que está explícito nas comunicações e assim o pesquisador compreende
e deve ser capaz de criticar as falas dentro das condições sociais, culturais, institucionais
que as condicionam (MINAYO, 2016).

3.6 Aspectos éticos e legais

A pesquisa seguiu as determinações da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional


de Saúde (CNS), que trata dos preceitos éticos da pesquisa que envolve seres humanos
(BRASIL, 2012).

O presente projeto de pesquisa encontra-se aprovado pelo Comitê de Ética e


Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (CEP/FRIOCRUZ), sob o número de parecer de nº.
1.326.631 (ANEXO 3), complementa-se que todos os informantes estarão inclusos na
pesquisa apenas com a assinatura do TCLE.

28
4 RESULTADOS
Características sociodemográficas e educacionais

Foram entrevistados 16 (100%) gestores da Rede de Atenção a Saúde do Brasil


em diferentes municípios brasileiros. Dentre os gestores, a maioria era mulher (63%); a
idade prevalente esteve entre na faixa etária de 40-49 (43,8%); as profissões que ocupam
os cargos de gestão predominam-se por enfermeiras(os) (31,25%) e Médicas (os)
(18,75%).

O ensino superior completo é apresentado por maioria (93,75%), sendo


apresentado por alguns entrevistado curso de pós-graduação (43,75%); o tempo de
serviço compreende uma maioria, na faixa etária de 1 – 5 anos (43,8%) seguido de 6-10
anos (37,5%), conforme apresentado na tabela 1.

Tabela 1. Distribuição das Características sociodemográficas e educacionais dos


participantes do estudo, Brasil, 2021.
Município/Estado N %
Araranguá (SC) 4 25%
Belo Horizonte (MG) 4 25%
Brasília (DF) 1 6%
Fortaleza (CE) 2 13%
Manaus (AM) 2 13%
Porto Alegre (RS) 1 6%
Rio de Janeiro (RJ) 1 6%
Teresina (PI) 1 6%

Sexo N %
F 10 63%
M 6 38%

Idade N %
30 -39 5 31,3%
40-41 7 43,8%
50-60 4 24,9%

Profissão N %

Assistente social 2 12,5%


Ciências biológicas 1 6,25%
Cirurgião dentista 2 12,5%
Educador Físico (a) 1 6,25%
Enfermeira (o) 5 31,25%
Médica (o) 3 18,75%
Nutricionista 1 6,25%
Pedagoga 1 6,25%
Técnico (médio) 1 6,25%

29
Escolaridade N %
Ensino Técnico/Médio 1 6,25%
Ensino superior completo 15 93,75%

Profissionias pós graduado


Pós-graduação completa 7 43,75%

Tempo de Serviço (anos) N %


1-5 7 43,8%
6 - 10 6 37,5%
11 - 15 1 6,3%
>20 2 12,5%
Fonte: Autoria própria (2021).

Os resultados das entrevistas foram organizados em três temáticas: Estratégias de


gestores para o cuidado ao idoso dependente, Dificuldades da gestão no cuidado ao idoso
dependente e Iniciativas para promoção do cuidado.

Estratégias de gestores para o cuidado ao idoso dependente

As estratégias englobadas por gestores para o cuidado perfazem diversas


estratégias, na compreensão desses a educação em saúde é uma ferramenta prática de
grandes repercussões no o cuidado.

às vezes uma boa orientação, né, de administrar o


seu tempo, a sua casa, os seus afazeres já fazia
diferença na vida da pessoa, né. Eu acho que essa
educação social e psicológica de organizar, a vida
né, organizar a vida da pessoa. (Gestor 2 -
Araranguá)

Desde a questão da saúde dele, ele estava com umas


escaras terríveis, então já cicatrizou, já melhorou,
então realmente é só um... um ajuste de cuidado
(Gestor 4 - Araranguá)

Educação em saúde. E é o que precisamos.


Educação. Ensinar assim… as vezes não aumentar
o número de psicólogos pra atender no consultório,
mas ter pessoas lá na porta de entrada né que
possa... vamos conversar, vamos trazer pra dentro
da unidade aquilo que a gente consegue resolver
fácil, que é organizar, orientar (Gestor 2 -
Araranguá)

30
Destacamos que gestores desenvolvem vários recursos de educação em saúde,
porém o sentimento de frustação diante do cuidado ainda é visto diante da assistência.

Nós prestamos os cuidados de saúde, tentamos fazer


as orientações, mas não tem quem cuide, então
assim a gente fica muito frustrada (Gestor 1 – Rio
de Janeiro).

O mapeamento das vulnerabilidades de acordo com os entrevistados do estudo


traz átona a necessidade de reconhecer risco dentro do território e potencializar tal rastreio
como estratégia ampla para o cuidado em saúde ao idoso dependente.
A gente conseguiu mapear alguns bairros nesse
sentido de isolamento (Gestor 2 - Araranguá)
Seria necessário a gente trabalhar realmente com
as condições crônicas, estratificar o risco desses
pacientes (Gestor 1 – Fortaleza).
Uma estratificação de risco desses idosos, tem
usado escala pra fazer situações de estratificação
de risco, ele tem classificado. A gente pede pro ACS
preencher uma fixa em que ele diz se esse idoso tem
condições de vim até a unidade sozinho, aquele
idoso que tem condição de cuidar da sua vida e
aquele idoso que realmente não tem condições
(Gestor 2 – Fortaleza).

A implantação de fluxos e protocolos para o mapeamento de vulnerabilidade


quando implantados na percepção do público do estudo consolida-se estratégias de
rastreio de vulneráveis.
Os fluxos e os protocolos, estou trabalhando um
programa da família bem cuidada, o serviço social
ele vai me sinalizar quem são os idosos que estão
mais nessa condição, socialmente vulnerável
(Gestor 1 – Manaus).

Diante da implantação de fluxos e mapeamento de vulnerabilidades, gestores


reconhecem a necessidade da avaliação biopsicossocial do idoso dependente como
estratégia do cuidado.

o Protocolo de Saúde do Idoso, nessa avaliação


entra também uma avaliação mais geral da parte
social lembrando que a vulnerabilidade do idoso
não é só física (Gestor 1 – Brasília)

31
...o idoso precisa ser atendido de todas as formas
(Gestor 1 – Porto Alegre).

Na verdade, tudo o que a gente teria ou que nós


precisaríamos ter. é possibilidade pra facilitar a
vida dessas pessoas, independente de que ordem ela
seja, ou seja da saúde, de locomoção, seja de
viabilidades, de acesso, é algo muito amplo, não se
limita a algum tipo único de ação, eu acho, que tudo
aquilo que a gente trabalha, aqui, tudo aquilo que a
gente perceba que está excluindo essa pessoa, de
uma vida saudável, independente de tudo, não só de
saudável, de saúde, eu digo de tudo, a gente deveria
tá pensando, é nisso (Gestor 1 – Porto Alegre).

Na visão dos gestores, as estratégias como grupo de apoio para cuidadores e


famílias consolidadas por serviços de saúde complementar a atenção primária são
estratégias de suporte para a população que convive com a dependência.

O Serviço de atenção Domiciliar (SAD) que tem um


grupo de cuidadores, mas é específico para o grupo
de pacientes SAD, ajudam a gente (Gestor 3 -
Araranguá)

Temos trabalho voltado para o cuidador no nível de


atenção secundária... onde temos capacitação de
cuidadores e não só orientado como cuidar, mas ser
cuidado, acabando um encontro começa outro e o
idoso é atendido por equipe interdisciplinar (Gestor
1 – Brasília).

Então na Unidade aqui, a gente tenta se organizar...


acolhendo esses idosos e essas famílias em grupos
(Gestor 1 – Rio de janeiro).

Diante da oportunidade de consolidar estratégias como os grupos específicos para


cuidadores e familiares, gestores reconhecem como a interlocução com o segundo setor
de saúde potencializa as estratégias e o cuidado.

A equipe do SAD que é uma equipe de atendimento


domiciliar, eles que às vezes articulam alguma
capacitação para o cuidador... então assim, eles
articulam, eu sei que teve vários, vários, não é

32
treinamento, mas assim, são encontros que auxiliam
né o cuidador a aprender a cuidar esse idoso certo
(Gestor 4 - Araranguá)

A satisfação para o usuário é reconhecida por gestores na prática diante de tal


estratégia de cuidado.

A gente vê a satisfação deles quando é um dia que a


gente promove aqui uma capacitação juntando a
família e o idoso, já vê uma mudança de
comportamento do idoso (Gestor 1 – Manaus).

Em meio a disseminação de grupos de apoio, os grupos promotores de saúde na


atenção primária, são estratégias desenvolvidas por gestores.

Trabalhar com grupo de idosos. A gente precisaria


trazer esses idosos pra participar de atividades de
grupo (Gestor 1 – Fortaleza).

A gente tem o grupo da terceira idade dentro desse


grupo nós temos mais de trinta idosas e idosas a
maioria mulheres, ele faz um trabalho com
atividade física e aí várias atividades... é muito
bacana (Gestor 1 – Rio de Janeiro).

Nesse contexto os grupos de apoio para promoção da saúde, consolidados entre


gestores e profissionais para diminuir a fila de espera são estratégias para atender as
demandas em pontos estratégicos da rede de atenção à saúde.

Tem às academias de saúde né que tem…faz um


grupo… da coluna sem dor, e essa semana a gente
estava conversando e ela tem alguns idosos…
assim, ela os tirou da fila de espera da fisioterapia
né, por causa das dores da coluna e levou eles para
esse grupo (Gestor 4 - Araranguá)

É de suma importância ressaltar a sensibilidade do gestor para desenvolver


estratégias junto aos Agentes Comunitários de Saúde, visto que as estratégias adotadas,
potencializam a adesão aos grupos de promoção da saúde.

33
Uma das coisas que os próprios agentes
comunitários estão fazendo, é um grupo que
funciona numa praça, porque nós tentamos fazer um
grupo de idoso dentro da unidade, eles não vinham,
começaram a fazer na praça e na praça começou a
juntar os idosos. os Agentes Comunitários
organizam, aí eles levam... estudantes, da
fisioterapia, da farmácia... e levam profissionais
pra conversar com esses idosos e acaba se tornando
um grupo cooperativo, porque o profissional senta
com eles e eles conversam, tiram dúvidas e tal, e eu
acho isso muito legal (Gestor 1 – Fortaleza)
As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) é uma estratégia
potencializadora do cuidado entre a gestão e colaboradores da APS.

Às sextas feiras a gente têm uma técnica de


enfermagem que se aposentou no ano passado, mas
continuou fazendo o trabalho como voluntária ela
faz Pa Tuan Chin com idosos também ali na quadra
toda sexta feira de manhã (Gestor 1 – Rio de
Janeiro).
...tem tantas pessoas que fazem massoterapia, a
gente começou a fazer agendas... tem o dia da
agenda da massoterapia, dia do Reik e aí a gente
oferece pros profissionais médicos, pros
profissionais do NASF pra que eles encaminhem os
pacientes pra fazer. E também se a pessoa quiser
chegar e dizer olha, eu quero participar, as terapias
também são abertas (Gestor 1 – Fortaleza).

As estratégias de cuidado na APS são reconhecidas por gestores como necessárias


e trazem átona o real papel da APS, está que deve ser consolidada como promotora de
saúde.

Nós temos o jardim que nós construímos com os


Agentes Comunitários de saúde, né. E a ideia que
eu estou tendo e a gente vai tentar operacionalizar
e fazer as sextas feiras à tardinha um chá da tarde
com os idosos... tem umas plantas medicinais e aí a
gente sentaria pra falar sobre cultura, sobre o uso
daquelas plantas... porque o idoso vem pra unidade
só pra renovar receita ou quando tá doente. Seria
uma forma também de transformar a unidade num
local de promoção da saúde... Um espaço de

34
promoção, não só de adoecimento (Gestor 1 –
Fortaleza).

Dificuldades da gestão no cuidado ao idoso dependente

No contexto do estudo as dificuldades emanadas por gestores aponta para a


fragilização das relações familiares diante do cuidado ao idoso dependente.

pode ter 10 filhos que um vai jogar a


responsabilidade para outro e ninguém vai querer
absorver aquele cuidado. muitas vezes a gente se vê
obrigada a acionar o serviço da assistência social
pra ligar pra pressionar pra dizer que é obrigação,
aí não tem banho, não tem casa limpa, não tem
carinho, não tem uma distração, né. e isso impacta
na sociedade e vai impactar na gestão e vai exigir
de todo mundo um pouco... (Gestor 1 – Araranguá)
a maioria dos casos que surgem pra assistência
social, são de negligência familiar – (Gestor 2 -
Belo Horizonte)
Frente a essa dificuldade de relações, gestores indagam como ofertar uma
assistência diante da complexidade e ausência de um cuidador/familiar para a
consolidação do cuidado.

Seus filhos cresceram saíram e os idosos ficaram


então nós hoje temos muitos idosos morando
sozinho sem nenhum tipo de cuidado então a nossa
dificuldade é como dar uma boa assistência pra esse
idoso sem que ele tenha um cuidador (Gestor 1 –
Rio de Janeiro/RJ)

…todos os problemas a gente entende que está na


base familiar (Gestor 1 – Manaus)

...diante das minhas observações, que existe uma


grande negligência por parte dos familiares. Não
sei se é por falta de orientação, informação ou algo
mais, só sei que tem cada situação, onde eu percebo
que poderiam ser prevenidas. (Gestor 2 – Manaus)

eu vejo assim que a gente ainda peca nessa saúde


pública desse tipo de paciente, desse paciente que
precisa... não tem família né, não tem como se
locomover, ela fica em casa, a gente tem alguns
idosos no SAD que é… a gente chegou até a
comentar que ela não melhora porque a família não
a deixa namorar, não deixa ela sair pra dançar, ela
precisa de um companheiro, a solidão dela, não de

35
família, mas a solidão emocional dela, impactada
pela família (Gestor 2 – Araranguá)

Os participantes trazem átona o despreparo da família para lidar com as situações


especificas do idoso, tornado ainda mais forte as vulnerabilidades quando ocorre a
ausência de recurso e o Estado não apresenta um olhar sensível para essa demanda.

O familiar não estar preparado para cuidar desse


idoso, a gente percebe mesmo é a grande
dificuldade da a família lhe dar com esse idoso, eles
chegam aqui às vezes totalmente perdidos (Gestor 4
– Araranguá)

O lado mais fraco que é o da família, porque é o que


não tem recursos, é o que é criminalizado quando
falta, você criminaliza a família que negligência,
que cuida mal, que maltrata, mas você não verifica
em que circunstancias aquela família tá sendo
obrigada a cuidar. O Estado está lá soberano, só
olhando (Gestor 2 – Belo Horizonte)

Muitas vezes as famílias não têm condições de


pagar pra trazer o idoso até a unidade de saúde...
isso dificulta bastante. (Gestor 1 – Fortaleza)

Há uma falta de alimentação correta, talvez um


despreparo da família (Gestor 3 – Araranguá)

Outra dificuldade apresentada trás átona o estigma social emplacado no idoso,


dentro dos ciclos familiares e social, impactando no cuidado.

eles acham que dentro de casa eles são o velho, ah,


o velho que não tem mais utilidade nenhuma… eles
acabam lidando com situações que é a realidade
deles, que muita das vezes dentro de casa eles tem
um neto, eles têm um familiar que muita das vezes
não é a conversa que eles queriam ter (Gestor 1 –
Manaus)
...hoje muitos desses idosos talvez eles não tenham
uma família, não tenham um círculo social forte
para que haja esse cuidado, então ele precisa
realmente que o poder público se preocupe e faça
esse atendimento e cuidado de horário de remédio,
de alimentação, de banho, que muitas vezes ele tá
ali sozinho (Gestor 2 – Belo Horizonte)
Nota-se também que a sobrecarga da dependência e a falta de preparo do cuidador,
seja familiar ou formal, é um fator que impacta nas dificuldades da assistência ao idoso.

36
O cuidador tivesse mais, eu não digo orientação,
mas se ele fosse mais bem preparado para estar ali
e ao mesmo tempo acompanhado, às vezes a gente
pensa no idoso e não pensa no cuidador, às vezes
ele conseguiria, mas ele não é visado, ele fica um
pouquinho de lado, e ele se entrega, entre aspas ele
também está cansado né, num momento difícil, ele
diz também, não posso, não consigo... (Gestor 3 –
Araranguá)

Ele não precisa só de alimentação e banho, mas sim


de atenção, carinho… muitos familiares que são os
cuidadores que são familiares, não tem paciência…
muitas vezes os cuidadores já estão doentes, por
isso falei que parece que não tem paciência, por que
é complicado. (Gestor 2 – Manaus)

às vezes a gente tem algumas situações os familiares


falam que vão ajudar, mas só se apropriam da
aposentadoria, do benefício que esse idoso recebe...
cuidados mesmo que ele precisa essas pessoas
colocam como cuidadores, mas não cuidam
mesmo…(Gestor 3 – Belo Horizonte)

Os gestores demostram que a problemática é grande diante do cuidado ao idoso,


visto uma resolubilidade fragilizada no cenário da saúde pública.

A gente como saúde pública não consegue chegar


em todos... mas na maioria desses, esse paciente vai
repetindo, na atenção básica, repetindo... não tem
perna pra tudo... (Gestor 2 – Araranguá)

Os entrevistados revelam a insuficiência das RAS no contexto da abrangência,


acolhimento e acompanhamento desse idoso ao longo dos serviços de saúde.

em termos de lógica de abrangência, de


acolhimento, o cuidado ao idoso ainda deixa muito
a desejar (Gestor 2 - Belo Horizonte)
é um problemão isso ai e vai aumentar muito, muito,
isso aí é uma área muito rica eu quero é vê depois o
problema. Hoje com a internação domiciliar,
acamado, as fragilidades das relações sociais e tem
demanda enorme no ministério público é uma
demanda enorme, o acompanhamento do idoso
(Gestor 1 – Teresina)
A estratégia hoje ela não consegue atender toda
essa demanda e também não é só a atenção básica,
mas a atenção especializada também ela vai ser
muito utilizada (Gestor 3 – Araranguá)

37
No cenário da atenção básica, gestores compreende as dificuldades inseridas em
campo, trazendo narrativas que emana dificuldades entre a cobertura preconizada pela
PNAB e a real demanda que envolve o cuidado e a proteção social.

Os desafios são de atender a essa população, que se


torna cada vez mais um número maior na cidade e
que demanda uma série de necessidades, de abrigo,
de cuidado, de proteção (Gestor 4 – Belo Horizonte)
Nós temos uma demanda enorme da questão desses
idosos, dessa questão de, é muito grande essa
demanda aqui em Teresina. (Gestor 1 – Teresina)
Nossas unidades estão sobrecarregadas pelo
território, aonde nós estamos com um número de
habitantes bem acima do que a PNAB preconiza
para cada estratégia, então acho que isso dificulta
um pouco o atendimento mais minucioso para esse
idoso (Gestor 4 – Araranguá)

Diante de uma alta demanda populacional, gestores inferem uma grande dificuldade
compreendida pela sobrecarga das equipes de saúde, porém ressalta, que as equipes de
saúde tentam fazer o seu melhor diante da assistência a esses idosos.

A equipe já dá suporte pra outras coisas.


Então, nessa questão da saúde, a equipe do
PAIF fica muito - sobrecarregada- e isso traz
uma insegurança em relação a como
proceder com esse profissional lá nessa
unidade de saúde (Gestor 3 – Belo
Horizonte)
Talvez esta é a dificuldade dos municípios
hoje, estratégias até o gargalo de situação,
de trabalho, de sobrecargas profissionais e
a rede também (Gestor 3 – Araranguá)
as equipes tentam fazer o melhor, mas eu
acho que não temos tanto apoio nós temos
as instituições parceiras... mas não é
suficiente, nossa população que é abrangida
pela Estratégia de Saúde da família é uma
população extremamente idosa (Gestor 1 –
Rio de Janeiro)

Frente a essa sobrecarga de trabalho, os recursos humanos revelam ainda mais a


insuficiência de profissionais para o cuidado ao idoso dependente.

38
com relações aos profissionais da assistência social
e da psicologia, chegava um momento que eu não
tinha mais o que fazer, a secretaria não tem
condições de ficar absorvendo todos esses pacientes
pra terapia com a psicóloga. A assistência social
não tem condições de tá visitando todo mundo né
(Gestor 1 – Araranguá)

Não tem como, a atenção básica conseguir... visita


de 15 em 15 dias a gente tem uma atenção básica, a
gente orienta, aí o que acontece, eles me ligam
muito, eu ligo para enfermeira, olha tu podes ir lá,
dar uma atenção para essa pessoa, então a gente faz
esse jogo de cintura assim, conforme a demanda
vem (Gestor 4 – Araranguá)

Destacável ainda a ausência da consolidação de estratégias para ofertar uma


resolubilidade ainda maior pelos profissionais de saúde.

Os profissionais só tentam apagar o incêndio, fazer


aquilo que está pactuado duas ações, assim, puf
vamos lá fazer, sabe, para dizer que fez muita das
vezes (Gestor 3 – Araranguá)

Estamos preocupados com ação imediata, ele vive


sufocado em resolver problema, não quer saber de
monitoramento, ele quer saber eu quero resolver o
problema do público. Ele não está pensando na
qualidade, ele quer resolver o problema (Gestor 1 –
Teresina)

Interligado nesse contexto, gestores revelam grandes dificuldades que muitas vezes
são contempladas ainda mais pela ausência de contexto educacionais no cenário da saúde
do idoso.

a gente trabalha com uma equipe de profissionais


que não tem as competências mínimas pra exercer
esse cuidado ao público idoso, a gente tem muita
dificuldade na atenção primária (Gestor 1 – Belo
Horizonte)
Coeso as dificuldades do processo de cuidar, a rotatividade de profissionais na
atenção básica impacta na articulação e continuidade do cuidado ao idoso dependente na
visão da gestão.

A mudança de profissionais, com mudança de


enfermeiro, de médico, de cada um tem o seu perfil
e acaba perdendo essa articulação (Gestor 4 –
Araranguá)

39
Quando eu cheguei aqui nós tínhamos uma
assistente social na Unidade e aí foi perdendo os
especialistas, tinha uma assistente social que é tudo
era muito parceira, nos ajudava muito, com a
expansão do Saúde da Família muitos servidores se
assustaram e aí pediram pra sair (Gestor 1 – Rio de
Janeiro)

No dia a dia do gestor que atua na saúde da pessoa


idosa, falta de recursos e o principal recurso que
nós temos falta, é recurso humano (Gestor 2 –
Fortaleza)

o maior desafio é a rotatividade dos cuidadores, dos


profissionais. o levantamento que a gente fez, gira
em torno de 30% de rotatividade… o processo de
formação tem uma perda constante desse processo,
desse investimento na formação (Gestor 3 – Belo
Horizonte)

acabou o contrato dos mais médicos, nós ficamos


apenas com um médico na unidade… a prefeitura
fez uma seleção para o programa mais médico
Fortaleza, aí chegaram dois médicos na unidade…
tem uma grande dificuldade, por exemplo, tem os
profissionais que são contratação só com prestação
de serviço, eles entram e saem, tanto médicos como
enfermeiros e isso dificulta…os vínculos
trabalhistas que são assim mais fragilizados
(Gestor 1 – Fortaleza)

Quando questionados sobre a formação dos profissionais de saúde, revela uma


hegemonia da formação diante do cuidado ao idoso.

Claro que não, nós saímos da faculdade, estou falando nós


médicos, enfermeiros, com a cabeça no pré natal, na
puericultura, atenção a tuberculose, hanseníase,
imunização, a hipertensão, a diabetes, então nós
fracionamos (Gestor 1 – Rio de Janeiro)

Em alguns momentos têm uma certa insegurança nesse


manejo clínico, ou até mesmo, uma dificuldade assim nessa
condução… (Gestor 2 – Belo Horizonte)

A gente recebe aqui inúmeros cursos hoje de graduação…


mas poucas são as que trazem iniciativas voltadas para os
idosos. A maior parte das iniciativas é voltada pra mulher,
pra criança... Inclusive, o próprio município coaduna com
isso. (Gestor 1 – Fortaleza)

40
A gestão destaca a ausência de políticas publica para populações especificas,
impactando no acompanhamento do cuidado em saúde ao idoso.

o que cobro dos gestores maiores, são políticas voltadas


para a pessoa idosa, a maioria é voltada para crianças,
mulheres em idade férteis, principalmente gestantes, e
pouco se fala ou se cobra desse olhar voltado para o idoso
(Gestor 1 – Brasília)

boa parte dos idosos que são dependentes eles são


resultados do mal acompanhamento de uma hipertensão e
de diabetes… um sistema de saúde sem um modelo de
atenção adequado para acompanhamento de condições
crônicas (Gestor 2 – Fortaleza)

A ausência de uma agenda prioritária e planejamento na esfera da saúde do idoso


é vista pela gestão como grande fator diante das inúmeras dificuldades na saúde do idoso.

As metas a serem alcançadas pra idosos, não existe. Isso


aqui vai de planejamento, vai de todos esses quentões…
consultas preconizadas para diretrizes da clínica da
criança. Eu não tenho uma meta dizendo quantas consultas
um idoso deveria ter... (Gestor 1 – Fortaleza)
Eu acho que o serviço ainda precisa às vezes é fazer
planejamentos de cuidado mesmo, por que a gente ainda é
muito reativo, a gente espera a demanda chegar, então acho
que talvez a gente precisa inverter um pouco essa situação
(Gestor 2 – Belo Horizonte)
a gente não tem uma programação… a gente não tem um
planejamento pra cuidar dessas pessoas (idosos)… porque
as agendas tão sempre lotadas (Gestor 1 – Fortaleza)

Iniciativas para promoção do cuidado

As iniciativas apontadas por gestores para a consolidação do cuidado perpassam


pelo desejo de uma atuação multiprofissional diante da necessidade do cuidado. Os
gestores reconhecem e cobram cada vez mais essa atuação multiprofissional.

eu acho que a ação para consolidar o


cuidador é da…. principalmente equipe
multiprofissional, mas principalmente da
parte social e psicológica são duas coisas
que tem que andar junto pra esses pacientes
específicos seriam mais pactuantes na vida
deles. (Gestor 2 - Araranguá)

41
A parte de gestão, a gente sempre cobra a
interdisciplinariedade com a participação
do médico assistente social, psicólogo e
fisioterapeuta para que possam dar melhor
assistência ao idoso (Gestor 1 – Brasília).

O reconhecimento da atuação multiprofissional é visto na prática por gestores, esses


que tentam consolidar cada vez mais essa iniciativa, tão necessária na assistência a saúde.

Muitas vezes os cuidadores (familiares), já


estão doentes, com o NASF, por ter um
psicólogo, um assistente social e um
fisioterapeuta, ficou muito melhor (Gestor 2
– Manaus).
Tem um idoso a gente passa todo o caso e aí
eles se organizam pra fazer a visita e pra
começar a trabalhar em conjunto (Gestor 1
– Rio de janeiro)
A iniciativa de criação de uma equipe multiprofissional é realidade para alguns
gestores, porém uma realidade equidistante para toda a população, sendo fortalecidos a
necessidade da iniciativa da criação de mais estruturas para o cuidado.

A criação de mais NASFs, com uma equipe


multiprofissional, que possa sinceramente,
contribuir de forma mais completa quanto a
resolutividade (Gestor 2 – Manaus).
Realmente seria interessante que cada UBS
tivesse um NASF, pois acima de tudo acabam
até nos ensinando e nos passando segurança
de como fazer, quais iniciativas tomar diante
de uma situação... penso que uma equipe
multiprofissional, pode sim dá um suporte
satisfatório de como fazer e como fazer, e
não fazer por obrigação (Gestor 2 –
Manaus).

A disponibilidade de profissionais especialista na APS é outra idealização para o


cuidado na visão de gestores, visto as demandas emergentes em saúde e o olhar sensível
de cada profissional de saúde habilitado.

Especialidades... e isso é uma tendência a


cada vez aumentar mais, porque a

42
expectativa de vida tem aumentado né.
(Gestor 1 - Araranguá)
Eu acho que nas ações e serviços de saúde
nós temos que dar nutricionistas,
psicólogos, ambiente pro pessoal da
atividade física, nós temos que dá
fisioterapeuta, ações de saúde (Gestor 1 –
Teresina).
Cada profissional vem com um olhar, vem
com a sua estratégia de acolher e de melhor
oferecer oportunidades e atividade pra essa
pessoa (Gestor 1 – Manaus).

Os gestores reconhecem também a necessidade da melhora da formação do público


que adentra as unidades de saúde para cuidar, destacando a necessidade desde a graduação
a educação permanente.

As nossas universidades tem que ter um


olhar diferenciado para essa situação, a
gente tem que começar a trabalhar o idoso,
como um ser independente que vai a
mercado, que vai a banco mais que precisa
de um olhar integral de uma assistência
integral e não por doença... esses
profissionais tem que ser capacitados para
tá lidando com o idoso de maneira integral
(Gestor 1 – Rio de Janeiro)
A educação permanente... ela seria
importante também no âmbito desse
cuidado, porque se a gente tivesse as
universidades também vindo pra cá com um
olhar também pra essa questão dos idosos
(Gestor 1 – Fortaleza)

Nesse contexto, gestores vêm adentrando capacitações com foco na saúde do


idoso, trazendo realidades que cada vez mais intensificam a necessidade de um olhar
sensível para o cuidado em saúde da população idosa.

A gente tem formações com relação a saúde


do idoso. A SMS faz algumas formações com
relação a saúde do idoso. Já promoveu
reuniões com gestores, já fez treinamentos
com profissionais. Essa é a interlocução que
nós temos com a gestão de nível central
(Gestor 1 – Fortaleza)

43
Os gestores reconhecem como iniciativa a importância da criação de uma política
pública de apoio para cuidadores, familiares e profissionais de saúde, reconhecendo o
impacto nos serviços de saúde, diminuído as demandas ou necessidades diante da
prestação do cuidado.

Se tiver uma política ou um trabalho


direcionado para ajudar a melhorar alguns
pontos, algumas situações, o apoio
psicológico, o apoio a saúde mental da
família como um todo não, do cuidador, do
idoso, talvez reduza também essas demandas
de necessidades (Gestor 3 - Araranguá)
Uma política pro idoso, dependente ou não,
ela precisa tá permeada, ela precisa ser
pensada, acho que ela tem que ser cultivada,
ela tem que ser, fazer parte da educação dos
nossos entendimentos (Gestor 1 - Porto
Alegre)
5 DISCUSSÃO
No cenário do estudo a educação em saúde é apontada como grande ato estratégico
para o fomento da promoção da saúde e melhoria do cuidado. Nessas perspectivas
estratégias de prevenção e promoção da saúde dos vários atores na saúde do idoso são
potencializadores para um cuidado integral e interdisciplinar frente as demandas em
saúde emergente dessa população (OLIVEIRA et al., 2016).

Diante das características de acolher seja o idoso ou outra população, desenvolver


estratégias de amparo e fomentar processos humanizados para a promoção da saúde, são
narrativas dos gestores que estão de encontro a Política Nacional de Humanização (PNH),
visto que a preocupação em fornecer um espaço, escuta e recepção para o idoso e outros
atores, configura dispositivo potencializadores do cuidado ao idoso (NUNES, 2021).

A metodologia dos grupos comunitários é vista como uma outra realidade dos
serviços de saúde, sendo adotado como iniciativa por gestores de saúde. Em contrapartida,
a ausência de grupos focados para o idoso ainda é a realidade, na qual a priorização de
uma abordagem multidimensional e prioritária ainda não é implantada de forma
consolidada.

44
Os discursos corroboram com a literatura, destacando os grupos como
métodos adotados para ampliar o cuidado ao idoso, seja com ênfase na prevenção e/ou
promoção da saúde. Nessa linha tênue, o mecanismo empregado como recurso de
ampliação de propostas terapêuticas ainda não exclusividade do idoso num contexto de
agenda ou grupo prioritário na Atenção Primária, sendo visto como uma aderência do
idoso com problema de saúde (SCHENKER & COSTA, 2019).

Diante das necessidades de saúde específicas nessa população, o chamamento


ao longo do percurso assistencial numa lógica de rede e da integralidade do cuidado para
o idoso, carecem de respostas governamentais diante das necessidades de saúde, seja nas
bases de macro ou microgestão para a implementação de cuidados, competindo a gestão
realizar as articulações cabíveis para a composição da rede e do plano de cuidado
prioritário (SACCO et al., 2019).

Destaca-se que o fortalecimento da atenção primária é considerado uma


estratégia global. Na Tailândia, programas de capacitação, ao longo de uma década,
elucidou que a partir da criação de múltiplas competências dos membros da atenção
primária a saúde, ocasiona uma resolubilidade para problemas complexos em diferentes
contextos locais, esses que podem potencializar os resultados assistências das equipes de
países de baixa e média renda (SURIYAWONGPAISAL et al., 2019).

Pesquisadores dos Estados Unidos da América (EUA), destacam que os impactos


na saúde da população por meio de programas de promoção da saúde oferecidos por
organizações de base comunitária são estratégias que fortalecem o cuidado em saúde ao
idoso, este que poderão produzir reduções de custos e a fixação de políticas de saúde de
forma efetivas (BREWSTER AL et al., 2021).

Em síntese pesquisadores brasileiros apontam que um modelo de atenção à saúde


do idoso que possua fluxos assistências bem desenhado no contexto das ações de
educação, promoção da saúde, prevenção de doenças evitáveis, postergação de moléstia,
cuidado o mais precocemente possível e recuperação de agravos são estratégias para a
consolidação do cuidado a essa camada populacional (VERAS, & OLIVEIRA, 2018)

Os resultados oriundos das dificuldades da gestão dos serviços de saúde


direcionados ao idoso dependente é ineficiente no âmbito da Rede de Atenção a Saúde
(RAS), pois é visto uma magnitude complexa diante do cuidado, que perpassa desde as
relações familiares fragilizadas, sobrecarga de trabalho das equipes de saúde,

45
profissionais de saúde sobrecarregados, ausências de agendas, planejamento prioritários
na saúde do idoso, como também processos educacionais fragilizados desde a
universidade no contexto da atenção à saúde do idoso.

Araújo et al (2018) postulam a noção de que as ações para empoderamento da


família não se mostram suficientes e que se deve compreender o contexto familiar, de
modo a auxiliar nas relações e no cuidado com o idoso. As políticas públicas precisam
promover o cuidado e a viabilização para que a família possa cuidar, observando como o
idoso se vê no contexto familiar, o que interfere na execução de práticas que facilitem as
atividades cotidianas.

É nesse cenário que surge a necessidade de uma gestão e política consolidada visto
as facetas que atenção a saúde do idoso na saúde publica perpassa. Ressalta-se que a
gestão dos serviços no âmbito do Sistema Único de Saúde no Brasil entre os anos de 2005
e 2016, detectou dificuldades administrativas dos gestores em gerir adequadamente os
serviços de saúde, identificando falhas como que estão de encontro aos resultados do
presente estudo (RAVIOLI, SOÁREZ E SCHEFFER, 2018).

As ações ineficientes de gestão impactam em todos os processos que


constituem a APS, desde a contratação de recursos humanos, à organização de serviços e
aquisição de insumos, o que representa um amplo desafio de gestão em saúde no SUS.
Os gestores públicos precisam conhecer seus problemas, estudar os indicadores de saúde,
para que saibam planejar, estruturar, organizar e avaliar as ações de natureza técnico-
científica e político-institucional de sua área e, consequentemente, estabelecer projetos
que possam intervir sobre o estado de saúde da população (MARTINS E
WACLAWOVSKY, 2015).

Os gestores devem repensar sobre o trabalho que vem sendo realizado,


redesenhado o modelo de atenção à saúde, trazendo cenários e possibilidades enfáticas
para a saúde do idoso visto as dimensões que o processo de envelhecimento cada vez
mais se fortalece no Brasil e no Mundo, trazendo com base a necessidade desses usuários
(LEITE et al., 2016; SILVA, ASSIS E SANTOS, 2017; SILVA et al., 2021),

As múltiplas demandas exibidas nos resultados desse estudo, são


corroboradas com as perspectivas de Schenker & Costa(2019), autores estes, que trazem
chamamentos para as exigências de ações intersetoriais de atenção à saúde, no entanto,

46
são apontados desafios na consolidação da atenção integral ao idoso, como a dificuldade
de articulação com a rede de atenção para que o idoso seja acolhido em toda sua
complexidade.

Portanto, ao considerar as especificidades e necessidades da população de


idosos dependentes, torna-se primordial otimizar a articulação entre os diversos serviços,
instituições e profissionais na rede de cuidado, para que seja assegurado o cuidado
integral ao idoso. Essa articulação deve ocorrer levando em consideração todos os
recursos existentes no território e demais emergindo pela sociedade civil (KANTORSKI
et al., 2017).

Os achados do estudo trazem á tona diversas necessidades, como também


estratégias que são elencadas em alguns serviços e outros não, destacando muitas vezes
ineficiência da rede de atenção ao idoso. Diante desse cenário, as espertezas dos
profissionais apontam métodos existentes e sugestões que podem vir a consolidar uma
assistência equânime e universal para o idoso.

As propostas de articulações com a equipe interdisciplinar e multiprofissional


é uma realidade distante, porém um dos anseios de mudanças destacados pelos
participantes do estudo. Nesse contexto, a abordagem multiprofissional centrada em uma
assistência integral e continua traz benefícios ao idoso. As repercussões ultrapassam o
modelo biomédico e configura um envolvimento desde a funcionalidade, envolvimento
do usuário e a sua rede de apoio, trazendo corresponsasibilização para todo o conjunto
terapêutico que envolve o cuidado (BUDIB et al., 2020).

Na China, pesquisadores trazem evidencias que o atendimento em caráter


interdisciplinar é um benefício para melhorar o desempenho das condições crônicas que
o idoso traz consigo, enfatizando que pacientes com doença de Alzheimer tem ganhos
funcionais significativos diante do atendimento interdisciplinar (CHEN et al, 2019).

Por contrapartida, a valorização da equipe multidisciplinar no contexto da


Gestão do Cuidado ao idoso tem sido um grande desafio das Políticas de Saúde Pública,
se faz necessário um olhar ampliado, estratégias de estruturação e reorganização dos
serviços, modificações no cotidiano processo de trabalho (SANTOS, TONHOM E
KOMATSU, 2016).

47
Complementa-se que os saberes e tecnologias da clínica continuam sendo
privilegiadas no processo de trabalho, onde os sentimentos de compromisso e vínculo se
configuram práticas mais integradas de intersetorialidade e interdisciplinaridade, a fim de
ampliar e fortalecer o cotidiano das equipes da Estratégia Saúde da Família (SANTOS,
MISHIMA E MERHY, 2018).

Enquanto os participantes do estudo buscam um cuidado multiprofissional e


interdisciplinar no cuidado ao idoso dependente, emana sugestões para efetivar os
profissionais no serviço e realizar contratações de especialistas na saúde do idoso.

A efetivação dos profissionais na rede de atenção à saúde é destacada como um


grande anseio, a fixação desses profissionais consolida a criação de vínculos terapêuticos
com a população adscrita, o reconhecimento do território, desenvolvimento e
consolidação de práticas em saúde, sugestão está que potencializa a resolubilidade da
assistência à saúde do idoso (XAVIER, NASCIMENTO & CARNEIRO, 2019;
RISSARDO & CARREIRA, 2014).

Ressalta-se a complexidade de efetivar algumas categorias profissionais, fatores


como localização do estabelecimento de saúde, idade, cargo ocupado, níveis de
especialidades, pressão e satisfação da atividade laboral intenciona à rotatividade, como
destacado por 42,3% dos médicos de atenção primária em um estudo desenvolvido na
cidade de Chongqing - China. Os pesquisadores complementam a necessidade da
reformulação dos incentivos e das propostas de trabalhos, para a fixação e continuidade
da assistência do profissional na atenção primária (WEN et al, 2018)

Nessa perspectiva, contratações de especialista na área da Geriatria e


Gerontologia, podem prover e/ou consolidar uma assistência ao usuário idoso mais
resolutiva, facilitando o trabalho no contexto das redes de atenção à saúde (BAPTISTIN
& ZANON, 2019).

Um retrato da atenção primária do Canadá destaca a potencialidade da


assistência no contexto do domicilio, salientando as experiências como aprimoradoras
para os pacientes e cuidadores, ocasionando a redução de custos da assistência médica,
principalmente em cuidados fornecidos por equipes interprofissionais maiores
(AKHTAR et al., 2019).

48
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa possibilitou visualizar os processos que permeiam o cuidado em


saúde e a atuação de gestores do Sistema Único de Saúde diante de condições de idosos
com dependência. O estudo deixa claro uma relação intima entre o papel facilitador que
o gestor emprega e poderá empregar ainda mais para desenvolver estratégias, mediante
dificuldades no processo de cuidar de uma população que cada vez mais cresce e fica
dependente da Rede de Atenção à Saúde.

Diante de toda essa complexidade, há ainda muito que ponderar sobre esse
paradigma de assistirmos à saúde do idoso dependente de maneira integralizada e
humanizada, na perspectiva de promoção e recuperação da saúde. Essa reflexão e
discussão devem ocorrer na gestão e todos os demais setores da sociedade visto que
vivenciar o envelhecimento é um cenário complexo e requer cada vez mais sensibilidade
de todos os atores sociais.

Para tanto, buscar estratégias, consolidar iniciativas, criar políticas públicas


nacionais de atenção ao cuidador, promover espaços saudáveis para atender as
necessidades do idoso dependente do cuidado são atos visionários e necessários mediante
um sistema de saúde complexo e necessitado de pontuar cada vez mais que envelhecer e
adaptar-se a esse processo é pauta mundial para a sociedade.

49
REFERÊNCIAS

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gera disparidades na expectativa de vida. 2017. Disponível em:
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5904:mulh
eres-vivem-mais-do-que-homens-e-acesso-desigual-aos-servicos-de-saude-gera-
disparidades-na-expectativa-de-vida-diz-oms&Itemid=843

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Nivaldo. Atenção domiciliar e sua contribuição para a construção das Redes de Atenção
à Saúde sob a óptica de seus profissionais e de usuários idosos. Revista Brasileira de
Geriatria e Gerontologia, v. 22, 2019..

53
APÊNDICES

54
APÊNDICE 1 – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM GESTOR

Contato Inicial
1.Esclarecer sobre a pesquisa, assegurar um consentimento esclarecido, criar empatia e
assegurar sigilo da identidade pessoal e familiar.
2.Leitura e esclarecimento sobre o Termo de Consentimento
Dados Iniciais
Nome: Idade:
Naturalidade: Etnia/cor:
Município/bairro em que reside:
Há quanto tempo trabalha no serviço:
Formação profissional:
Há quanto tempo exerce o cargo/função:
Percepção do gestor sobre a dependência de idosos - Sua compreensão sobre a
dependência social, física mental e cognitiva do
ponto de vista da atenção que você presta: saúde,
assistência social, direitos humanos, etc.
Iniciativas para apoiar o idoso e a sua família - Iniciativas que existem e das quais podem
lançar mão. Iniciativas que poderiam ser
implantadas no SUS para apoiar as famílias
Observações do pesquisador:

55
APÊNDICE 2 – TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Sr (ou a Sra)
_____________________________________________________________________
Está convidado para participar da pesquisa intitulada ESTUDO SITUACIONAL DOS
IDOSOS DEPENDENTES QUE RESIDEM COM SUAS FAMÍLIAS VISANDO A
SUBSIDIAR UMA POLÍTICA DE ATENÇÃO E DE APOIO AOS CUIDADORES.
Você foi escolhido por ser gestor de serviço que atende ao idoso dependente. A pesquisa
tem como objetivos: Objetivo geral: Realizar um estudo qualitativo sobre a situação dos
idosos dependentes que vivem com suas famílias e das pessoas que os cuidam, com o
intuito de subsidiar propostas para uma “Política sobre a Dependência” no Brasil, tendo
como subsídios os princípios do Sistema Único de Saúde: a descentralização, a
regionalização, a hierarquização e a participação social Objetivos específicos: 1. Fazer
um levantamento da bibliografia nacional e internacional sobre idosos com incapacidade
funcional e privação social que são cuidados pelas famílias. 2. Fazer uma análise sobre
“Políticas de dependência” voltadas aos cuidados de idosos na Comunidade Europeia,
particularmente na Espanha 3. Fazer um mapeamento das instituições de saúde e de
assistência social que apoiam idosos com dependência física, mental, cognitiva e social
que residem com suas famílias nos locais onde a pesquisa será realizada. 4. Fazer uma
amostra qualitativa das famílias com idosos dependentes, por sexo, faixa de idade,
condição social, área de residência. 5. Realizar entrevistas com o grupo doméstico dos
idosos com dependência social, física, mental, cognitiva e social que aceitar concedê-las,
sobre suas estratégias de cuidados e os impasses que enfrentam. 6. Realizar entrevistas
com a pessoa ou as pessoas da família a quem cabe a responsabilidade dos cuidados com
a pessoa idosa, visando a conhecer sua experiência, as dificuldades que enfrentam e suas
sugestões para melhorar sua situação como cuidador e o cuidado que ele presta. 7.
Realizar entrevistas com profissionais de saúde e gestores para conhecer suas opiniões
sobre o tema em pauta e suas sugestões para o enfretamento dos problemas. 8. Elaborar
um relatório sobre a situação dos idosos, dos cuidados, das famílias entrevistadas e sobre
como o sistema de saúde local está lidando com as questões, contrastando os dados
empíricos com os da literatura internacional. 9. Elaborar sumário executivo de caráter
estratégico como subsídio para a formulação de uma “Política sobre a Dependência”. Sua
forma de participar dessa pesquisa é autorizando a realização de uma ou mais entrevistas.
Existe um roteiro de entrevistas e ampla liberdade para responder ou não a quaisquer
perguntas que sejam feitas. Caso haja consentimento, a entrevista será gravada e os dados
mantidos sob sigilo. Você poderá desistir de participar em qualquer momento, por
qualquer razão, bastando para tal nos comunicar a desistência, sem que haja nenhuma
consequência agora ou no futuro. Nenhuma das informações dadas ou das observações

56
feitas durante a pesquisa será fornecida para outras pessoas fora da pesquisa. Será mantido
absoluto sigilo da identidade pessoal.
Nós pesquisadores da Fiocruz estaremos atentos para evitar riscos, mantendo um
diálogo franco, garantindo cuidados de proteção a imagem, combinando previamente
como e quando a entrevista será feita. A pesquisa poderá produzir benefícios ao propor
medidas preventivas para a rede de saúde. Este Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido é redigido em duas vias, sendo que uma ficará com você o entrevistado e a
outra com o pesquisador.

Estou suficientemente esclarecido e dou consentimento para participar das entrevistas


da pesquisa

Assinatura do profissional
______________________________________________
Estou suficientemente esclarecido e dou consentimento para que as entrevistas sejam
gravadas.

Assinatura do profissional
______________________________________________
Local_____________________________________ Data
____/_____/__________
Assinatura do pesquisador
____________________________________________________________________
Em caso de duvida ou reclamação contatar a pesquisadora Maria Cecília de Souza
Minayo no CLAVES-RJ, pelo telefone (21) 3882-9153, situado na Av. Brasil , 4036. Sala
700. Manguinhos.

Rua Leopoldo Bulhões, 1.480 - Sala 314 Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ


CEP. 21041-210 / Tel e Fax - (21) 2598-2863
Mail : cep@ensp.fiocruz.br
http://www.ensp.fiocruz.br/etica
Rio de Janeiro, RJ

57
ANEXO

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ANEXO 1 – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP)

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