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Niterói
2014
IRENE FRANÇA GUIMARÃES
o o
Orientador: Prof. Dr. Marcos Paulo Fonseca Corvino
Niterói
2014
G 963 Guimarães, Irene França.
CDD 610.7307
IRENE FRANÇA GUIMARÃES
Aprovada em:
Banca Examinadora
_____________________________
Prof. Dr. Marcos Paulo Fonseca Corvino 1º. Examinador (Orientador) - UFF
____________________________________
Prof. Dr. Gilson Saippa de Oliveira
2º. Examinador – UFF / Nova Friburgo
______________________________________
Prof. Dra. Marilda Andrade
3º. Examinadora – UFF/MPES
_____________________________________
Prof. Dr. Benedito Cordeiro Suplente - UFF/MPES
Niterói
2014
Agradeço
Aos meus pais Ruy e Neuza e meu irmão Rafael, minha fortaleza.
Ao meu orientador, Prof. Marcos, que sempre acreditou na construção do estudo, pela
oportunidade de aprendizagem, confiança e carinho durante a nossa convivência, e que com
a sua sabedoria me ajudou a vencer desafios.
A Rodrigo Romito, Secretário Municipal de Saúde, que permitiu e incentivou o
desenvolvimento da pesquisa.
A Sannia Luiza pela colaboração e companheirismo.
Aos colegas de turma pela troca de experiência, em especial aos amigos: Adriane, Bruna,
Diego, Eluana, Wagner, pela convivência e o fortalecimento de uma amizade.
Aos professores do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde, pela contribuição em minha
formação.
A todos os colegas de trabalho que participaram da pesquisa, pelo comprometimento e
incentivo.
Ao Prof. Gilson pela disponibilidade, atenção, competência e contribuições valiosas para
construção do trabalho. Muito obrigada !!!
Ao Prof. Benedito pelas contribuições.
À Prof.ª Marilda, por quem tenho grande admiração, desde a minha graduação, e que,
prontamente, aceitou o convite para a composição da banca.
RESUMO
Quadro 2- Principais diferenças entre Educação Continuada e Permanente segundo conceitos chaves .... 38
LISTA DE SIGLAS
1 INTRODUÇÃO
As reformas no setor saúde, na década de 1990, foram pautadas pela implantação do sistema
de saúde com ênfase na descentralização das ações de saúde, ocorrendo expansão de serviços
municipais e novos modelos de atenção à saúde, voltados para atenção primária, com ações de
promoção e prevenção da saúde.
A amplitude do debate sobre VISA e seu processo de descentralização podem ser percebidos
em própria abrangência conceitual. A Lei Orgânica do SUS, n. 8.080/90, estabelece que esse serviço
busca a proteção da saúde, tendo dentre as suas atribuições a regulação de um amplo e diversificado
conjunto de produtos e serviços (BRASIL,1990) . A relevância desse vasto campo de trabalho requer
variadas capacidades técnicas e o rigor do exercício do poder da fiscalização sanitária.
Cohen, Moura e Tomazelli (2004), em seus estudos, enfatizam que no Estado do Rio de
Janeiro, o grande desafio para a implementação do processo de descentralização tem sido
provocar a estruturação das VISAs municipais, com a formação de equipe multiprofissional mínima e
sua capacitação. A capacitação dos profissionais que atuam na VISA deve ser entendida como
ação inerente a todas as atividades, não sendo apenas um programa pontual, mas como estratégia
operacional a ser frequentemente aprimorada (COHEN, 2009).
E, ainda conforme a portaria citada acima, para a Vigilância Sanitária, a política de gestão da
educação dos profissionais de saúde deve ser pactuada de forma a atingir a educação dos
trabalhadores no local de trabalho, para aumentar a sua capacidade de intervir sobre os riscos à saúde.
As discussões apontam que a educação permanente é uma ferramenta para qualificar os recursos
humanos, considerando os conhecimentos e experiências pessoais para a resolução dos problemas
encontrados no processo de trabalho.
Vigilância Sanitária para a esfera municipal, pois foi uma das exigências para a habilitação em
Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde, em 2013. A municipalização da VISA está exigindo
estratégias de grande abrangência em curto prazo, pois os servidores estão atuando diretamente nas
atividades pertinentes à VISA, sendo notória a necessidade de profissionais qualificados para o
desenvolvimento das ações que estão sendo assumidas pela esfera municipal.
Portanto, a descentralização das ações de VISA tem sido encarada como um componente
crucial para a gestão, pois é necessário que requisitos básicos do processo de estruturação da VISA
estejam presentes no planejamento da gestão municipal, aumentando a importância de profissionais
capacitados para atuarem na organização e execução das atividades com resultados.
Nesse cenário, vivenciado pela minha prática profissional, torna-se importante ampliar as
discussões da educação permanente em saúde na Vigilância Sanitária, buscando as necessidades
da consolidação das mudanças dos modelos de gestão e atuação desse serviço. Nesse sentido,
emerge o potencial de considerar a VISA como um espaço para o desenvolvimento das ações de
educação permanente em saúde, o qual constitui um dispositivo para promover mudanças
significativas no processo de trabalho, tornando a descentralização um momento de ensino-aprendizagem
com vista à melhoria da atuação da equipe de VISA.
A escolha do tema faz parte de uma construção pessoal e profissional, aprofundada nas
ações desenvolvidas pela VISA e na importância da regulamentação da educação permanente em
saúde como estratégia político pedagógica para o fortalecimento da Vigilância Sanitária.
Diante do exposto, esta pesquisa teve como objeto de estudo a educação permanente
aplicada à Vigilância Sanitária.
Interessada nas questões relacionadas à educação permanente em saúde dos profissionais que
atuam na Vigilância Sanitária, e a partir de questionamentos sobre as necessidades de abordá-la nos
serviços de Vigilância Sanitária, na esfera municipal, foram identificadas as seguintes questões
norteadoras: Como os servidores compreendem os processos educativos realizados no processo de
trabalho da Vigilância Sanitária? Os profissionais de saúde conhecem a Política de Educação
Permanente em Saúde no município? Quais as iniciativas para capacitação realizadas no processo
de trabalho para atuarem nas ações de Vigilância Sanitária? Quais as dificuldades encontradas para
utilização da educação permanente na Vigilância Sanitária?
Objetivos específicos:
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2 REVISÃO DE LITERATURA
Paulo Freire propõe uma educação que se apresenta como reflexiva, ativa, dialógica,
comprometida, que mantém educadores e educandos em uma postura ética e de responsabilidade, na
busca do conhecimento, do despertar da curiosidade epistemológica a fim de transformar a
realidade (FREIRE, 2011).
Como proposta, a educação permanente é aquela em que as ações não são pensadas ou
formuladas de forma isolada, distante da realidade do processo de trabalho. Essa proposta traz
a problematização das realidades locais, gerando a construção de ações direcionada às
necessidades do cotidiano vivido pela população, trazendo uma aprendizagem significativa.
A ideia da educação permanente em saúde pode ser compreendida não apenas pela
finalidade de produção de resultados, ou com objetivos já pré-estabelecidos, mas como espaços
de problematização, reflexões, diálogos entre os profissionais de saúde para oportunizarem
estratégias que promovam mudanças e transformações nos serviços de saúde (BRASIL, 2009).
Dessa forma, essa reflexão crítica traz o objetivo de transformar as relações no processo
de trabalho, que visa à qualificação dos serviços de saúde com perspectivas de atualização dos
conhecimentos a partir de uma proposta estratégica.
relacionados diretamente com a prática e o dia a dia das equipes nos processos sociais e de trabalho
em saúde, refletindo também nas estratégias de mudança institucional de acordo com o
significado da educação permanente em saúde (BRASIL, 2009; CECCIN, 2005; DAVINI, 2009).
Para o funcionário, a educação no local de trabalho deve ser um processo que propicie
novos conhecimentos, que capacite para a execução adequada do trabalho e que prepare para
futuras oportunidades de ascensão profissional, dessa maneira, objetivando tanto o crescimento
pessoal como o profissional (KURCGANT, 1991).
Desde que foi criado, o SUS já provocou profundas mudanças nas práticas de
saúde, mas ainda não é o bastante. Para que novas mudanças ocorram, é preciso
haver também profundas transformações na formação e no desenvolvimento dos
profissionais da área. Isso significa que só conseguire mos mudar realmente a
forma de cuidar, tratar e acompanhar a saúde dos brasileiros se conseguirmos
mudar também os nossos modos de ensinar e aprender. (BRASIL, 2005, p.5)
A educação permanente em saúde é uma forma de ensino que deve estar intrinsecamente
ligada às práticas de trabalho do SUS, pois não se pode desvincular o processo de trabalho da
problematização das realidades locais, nem tão pouco de seus princípios e diretrizes.
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Nos anos de 1980 e 1990, a discussão sobre um novo paradigma do trabalho, nas
sociedades pós-industriais, tornou-se mais significativa a partir do levantamento sobre a
reestruturação da produção. Com as mudanças ocorridas no processo de produção, o trabalhador é
colocado no centro do processo produtivo ampliando a transformação da gestão do trabalho,
repensando os processos de planejamento e qualificação do trabalho e do trabalhador
(GARAY, 2003).
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) foi criada como proposta
para contribuir na transformação e qualificação das práticas de saúde, visando à organização das
ações e dos serviços de saúde, aos processos formativos e às praticas pedagógicas na formação e
desenvolvimento dos trabalhadores de saúde (BRASIL, 2007).
Neste contexto, foi criada a portaria GM/MS nº 1.996/2007, havendo uma mudança no
cenário da PNEPS, que passa a ser conduzida pelo Colegiado de Gestão Regional (CGR) com a
participação das Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço (CIES). A PNEPS
apresenta as atribuições do CGR, da CIES, do Conselho Estadual de Saúde e da CIB, e orienta a
elaboração e execução do Plano de Ação Regional de Educação Permanente em Saúde.
Como estratégia para viabilizar esses novos processos de trabalho, a PNPES introduz
a criação de dispositivos inovadores de gestão destacando-se entre estes as Comissões de
Integração de Ensino-Serviço (CIES), responsáveis pela condução da PNEPS nas regiões de
saúde dos estados do país. (BRASIL, 2007; SILVA, 2010).
As CIES são as instâncias intersetoriais e interinstitucionais que têm como função auxiliar
na formulação, condução e desenvolvimento da Política de Educação de forma a apoiar e
cooperar tecnicamente com os Colegiados de Gestão Regional na construção dos Planos Regionais
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A Lei 8080/90, Lei Orgânica da Saúde, definiu a Vigilância Sanitária como o “conjunto
de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de
interesse da saúde”. O modelo adotado pelo Brasil está fundado no “Poder de Polícia”, limitando as
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Em 26 de janeiro de 1999, foi criada a Lei nº 9.782, que define o Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária. Com esse sistema, compete a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) o papel de coordenar, com o objetivo de regulamentar e executar as ações com
abrangência nacional (BRASIL,1999). Portanto, a ANVISA é responsável por criar normas e
regulamentos , além de dar suporte para todas as atividades relativas à área no País. Nos estados
e municípios, as VISAS são responsáveis pelas atividades que são descentralizadas. Ou seja, quem
faz as normas é a ANVISA, com a contribuição dos estados, mas quem executa as ações de
inspeções é a Vigilância Sanitária do município (BRASIL, 1999; COHEN, 2009).
O processo de construção do Sistema Único de Saúde no Brasil tem como um dos aspectos
mais relevantes a descentralização das ações de saúde. Desde a sua criação em 1999, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em conjunto com os estados e
municípios, vem implementando o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), através de
políticas que fortalecem e ampliam o papel dos estados e municípios nas ações de Vigilância
Sanitária (VISA).
A municipalização das ações de VISA é visto como primordial, tendo em vista que o
município é o nível mais próximo do cidadão e, consequentemente, dos seus problemas. Com a
descentralização, o município torna-se responsável pelo planejamento da VISA, sem a
possibilidade de escolha para a execução de suas ações (BRASIL, 2009a).
O serviço de Vigilância Sanitária constitui um conjunto de ações que tem como principal
finalidade a proteção e defesa da saúde da população. As atividades desenvolvidas pela VISA
buscam o controle do risco sanitário relacionado a produtos, serviços de interesse da saúde e
ambientes, inclusive o do trabalho. A Vigilância Sanitária é considerada um subsetor específico
da Saúde Pública, composta de um conjunto de saberes e práticas de natureza multidisciplinar
e multiprofissional, para proteger a saúde da população por meio de ações integradas e
articuladas de coordenação, normatização, capacitação, educação, informação, apoio técnico,
fiscalização, supervisão e avaliação em Vigilância Sanitária. (COSTA, 2003; BRASIL, 2009a).
Cohen (2009) considera a Vigilância Sanitária como um dos braços executivos que
estruturam e operacionalizam o SUS na busca da concretização do direito social à saúde. Sua
função principal é eliminar ou minimizar o risco sanitário envolvido na produção, circulação e
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O trabalho da VISA é caracterizado como uma atividade que se realiza em espaços técnico
e político administrativo, visando à proteção da saúde da população, incorporando saberes
multiprofissionais. Os trabalhadores da VISA constituem sujeitos do processo, que desenvolvem
ações de controle sanitário sobre vários objetos de interesse da saúde, utilizando meios de
trabalho representados pelos instrumentos materiais, como a própria legislação sanitária , que inclui
normas técnicas e jurídicas e saberes utilizados na realização das atividades, sendo o produto
obtido o controle dos riscos sanitário (SOUZA, STEIN, 2007; COSTA, 2003).
3 METODOLOGIA
Nesta pesquisa, utilizou-se uma abordagem qualitativa, que , segundo Minayo (1994,
p. 32), “[...] é aquela relacionada mais intimamente com questões particulares e se
preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificada”. O conceito de pesquisa
qualitativa remete a um processo de investigação que envolve os significados atribuídos pelas
pessoas às experiências e vivências do mundo social. As pessoas utilizam os métodos qualitativos
para compreender o mundo: observando, interagindo, conversando. A diferença encontra-se nas
características de rigorosidade, sistematicidade, planejamento, análise ponderada e cuidadosa de
dados, exigidos pela pesquisa científica (POPE; MAYS, 2005).
A escolha pela pesquisa qualitativa tem relação com o fato de trabalhar com “o inverso
de significações, motivos, crenças, aspirações, valores e atitudes que correspondem a um
universo mais profundo de relações” (MINAYO, 2007, p. 33). A pesquisa qualitativa é
considerada flexível, permitindo o ajuste de acordo com o que vai sendo descoberto e por utilizar
várias técnicas no decorrer da produção de dados. Essa abordagem visa a uma compreensão do
todo, em que os pesquisadores buscam reunir uma complexa rede de dados para posterior análise
(POLIT, BECK, 2011).
O local onde o estudo foi realizado tornou-se município pela lei estadual nº 2497/1995.
Possui uma área de 77,080 km2, com uma população de 5.269 hab (IBGE/2010). O município se
de destaca pela sua importante atividade no setor pecuário.
A gestão plena está possibilitando, ainda, ao gestor participar de projetos específicos para
a saúde, os quais tiveram que incluir, em suas agendas, reuniões em Comissões Intergestores
Bipartites (CIB) regionais e estaduais e da Comissão Intergestores Tripartites (CIT).
Para este estudo, foram analisados os documentos relacionados com a capacitação dos
profissionais da VISA municipal entre 2012 e 2014, utilizando-se o material fornecido por esses
profissionais que comprovem a participação em processos educativos em saúde da equipe de
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VISA, do Plano Municipal de Saúde e do Plano de Ação da Vigilância Sanitária referente a 2012,
2013 e 2014. Esta etapa foi realizada por meio de um roteiro previamente organizado
(APÊNDICE A). Dando continuidade a análise documental, os documentos foram reunidos, em
seguida, realizou-se a leitura e transcrição dos trechos que envolvem a temática abordada
considerados essenciais para atender os objetivos deste trabalho e, logo após, a categorização e o
cruzamento dos temas-chaves identificados.
A observação participante foi a segunda técnica de escolha para a pesquisa, pois nela,
o pesquisador participa de um grupo, interagindo, conhecendo o cotidiano de relações,
aprofundando sobre determinada questão. Existem variedades de elementos que não podem ser
captados exclusivamente através da fala ou da escrita, logo essa técnica tem a vantagem de
perceber os fatos de forma direta, sem qualquer intervenção (GIL, 2010; VICTORIA; KNAUTH;
HASSEN, 2000).
Os dados também foram coletados por meio do grupo focal, realizado com os profissionais
que compõem a equipe de VISA municipal. A escolha por essa técnica de coleta de dados
deu-se por entender que a educação permanente em saúde é um processo de construção
coletiva e que, por meio do grupo focal, é possível delinear as etapas que favorecem a elaboração
dialética do pensamento grupal levando a construção coletiva do conhecimento (ASCHIDAMINI;
SAUPE, 2004).
A sessão de grupo focal ocorreu na sala cedida do Conselho Municipal de Saúde, com
duração de duas horas, na qual dos nove profissionais selecionados, oito compareceram.
No tratamento dos dados coletados, foi utilizada a análise de conteúdo segundo o método
proposto por Bardin. A análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise
de comunicação que visa obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens, indicadores que permitem a interferência de conhecimentos relativos às
condições de produção dessas mensagens (BARDIN, 2009).
Por fim, a partir do entendimento do conteúdo expresso nas falas, foi organizado e
identificado o núcleo central e, em seguida apontadas as categorias teóricas, a fim de delimitar
os temas.
A elaboração das categorias, ou seja, a passagem dos dados brutos a dados organizados,
terá como pressuposto o critério de repetição das falas dos sujeitos, procurando investigar o
que cada um deles tem em comum com os outros e a importância dos conteúdos intrínsecos
nos discursos dos participantes (BARDIN, 2009, p.147).
objetividade e fidelidade: as diferentes partes do material devem ser codificadas de igual modo;
5- produtividade: acontece quando gera dados férteis.
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O grupo caracteriza-se por uma maioria de profissionais do sexo feminino. A idade varia
entre 34 e 52 anos. O tempo de atuação na VISA varia entre quinze a um ano, sendo o
profissional que tem mais tempo de lotação é o fiscal sanitário, e com menos tempo a médica.
Quanto à formação acadêmica, a maioria possui nível superior, sendo os fiscais sanitários com
nível médio de escolaridade, conforme apresentado no quadro a seguir (Quadro I). A graduação dos
profissionais, era assim constituída: medicina veterinária, farmácia, enfermagem, cirurgião
dentista, engenharia civil, medicina. Dos profissionais que atuam na equipe, quatro cursaram
especialização.
Nos certificados fornecidos pelos profissionais, foram encontrados três com o termo
atualização e cinco, com o termo capacitação referentes às atividades de educação do
trabalhador, oferecidos pela Coordenação Estadual de Vigilância Sanitária.
mudanças significativas para sua prática na VISA, e não partiram das necessidades percebidas
pelos trabalhadores.
“Eu gosto de participar desses eventos, mas nunca tem tempo para a
gente falar ou usar os exemplos de situações que temos aqui, a gente
vai e volta com dúvidas e depois é a mesma história, ligamos para
tentar resolver o nosso problema.”(P5)
Para que se alcancem resultados, as ações de educação dos trabalhadores devem estar
articuladas com os dispositivos de mudanças organizacionais, principalmente com os desafios que
envolvam o processo de trabalho. Não se limitam a levar o profissional a incorporar
conhecimentos, mas levá-lo a identificar quais conhecimentos são necessários aprender, que
situações devem deixar de existir e o que fazer para que os trabalhadores em saúde adotem uma
nova estratégia para aquisição de novos conhecimento, enfim, é necessário haver mudanças na
organização das instituições e nos envolvidos com o processo de trabalho (DAVINI, 2009).
A capacitação é reconhecida pela PNPES como uma das estratégias mais usadas para
o desenvolvimento dos trabalhadores da área de saúde, na maioria consiste na transmissão de
conhecimento, repetindo sempre as mesmas fórmulas e métodos de ensino. O termo
capacitação remete à continuidade do modelo escolar, com enfoque no conhecimento
disciplinar, geralmente realizado em ambiente didático e baseado em técnicas de transmissão,
com fins de atualização (BRASIL, 2007, OLIVEIRA, 2014).
Para Paschoal, Mantovani e Méier (2007), a educação permanente, tem como base o
aprendizado contínuo, e pode ser considerada condição necessária para o desenvolvimento
dos indivíduos no que diz respeito a seu autoaprimoramento, conduzindo-o à busca da competência
pessoal, profissional e social, como uma meta a ser seguida por toda a sua vida. Sendo
entendida, dessa maneira, como um processo de desenvolvimento pessoal, que deve ser
potencializado, a fim de promover, além da capacitação técnica específica dos sujeitos, a
aquisição de novos conhecimentos, conceitos e atitudes.
criados pela equipe, os profissionais não possuem clareza sobre a diferença teórica existente entre
a educação permanente e educação continuada.
No estudo de Nicoletto et al. (2009), realizado com participantes dos Pólos Regionais
de Educação Permanente em Saúde da região norte do Paraná, a confusão em distinguir EPS de
EC também esteve presente. O mesmo ocorreu no estudo de Ricaldoni e Sena (2006), em que
participaram profissionais da equipe de enfermagem de um hospital. Nesse estudo, os autores
destacam que havia uma desarticulação entre o processo de trabalho e as atividades educativas
realizadas, as quais eram consideradas educação permanente. Nessas atividades, os profissionais
não eram estimulados a pensar sobre suas atividades e procedimentos no cotidiano do trabalho.
A Educação Continuada tem sido utilizada no setor Saúde, e neste, especialmente na VISA,
como estratégia de capacitação, cuja finalidade é a atualização de conhecimentos que,
distanciados dos problemas concretos existentes evidenciados nos serviços, seguem uma
direção objetiva e técnica do trabalho, voltada, para o domínio de habilidades e
competências. Isso reforça a fragmentação do cuidado e a divisão do trabalho desenvolvido entre
as equipes. Conforme Franco et al. (2012), a proposta da educação continuada mantém a ideia
da continuidade da “transferência de conhecimentos”, sendo a mesma necessária para preencher
as lacunas de uma formação suposta como deficitária para os serviços de saúde.
Esses achados vão ao encontro dos estudos de Guimarães, Martin e Rabelo (2010), quando
mencionam que a atividade de Educação Permanente em Saúde é uma ferramenta valiosa para
o diagnóstico das necessidades de capacitação dos profissionais da saúde, pois como tal, permite
explorar as necessidades do ponto de vista dos trabalhadores em função dos problemas
identificados em sua prática diária.
De acordo com Davini (2009) a educação permanente representa uma importante mudança
na concepção e nas práticas de capacitação dos trabalhadores dos serviços de saúde,
incorporando o ensino e o aprendizado à vida cotidiana das organizações e às práticas sociais
e laborais, no contexto real em que ocorrem, modificando substancialmente as estratégias
educativas a partir da problematização do próprio fazer, e colocando as pessoas como atores
reflexivos da prática, construtores do conhecimento e de alternativas de ação, em vez de
receptores.
Em seu estudo Ceccim (2005) enfatiza que o processo educativo proposto pela EPS vai
além da construção de espaços de troca, ele possibilita a construção de uma visão mais ampliada
do trabalho, reforçando o compartilhamento de tarefas e a necessidade de cooperação para
alcançar objetivos.
espaço de trabalho torna-se importante, pois é a partir dele que emergem os conhecimentos sobre a
realidade e as necessidades reais de problematização do processo de trabalho. Ainda, torna-se
imprescindível que essa educação seja conduzida conforme a realidade das situações de
trabalho, que seja desenvolvida coletivamente, de acordo com as necessidades sociais e
ancorada nos preceitos da práxis transformadora (SILVA et al., 2010).
Objetivos:
Atividades:
da Educação Permanente.
Objetivo
Pressuposto pedagógico
Planejamento educativo
Metodologia
Público
Recurso Material:
Avaliação da proposta
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
45
REFERÊNCIAS
DF, 2006b.
DEMO, P. Saber Pensar. 5ª ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2007.
49
FRANCO, T. B.; CHAGAS, R. C.; FRANCO, C. M. Educação Permanente como prática. In:
Pinto, S.; Franco, T. B.; Magalhães, M. G. et al: Tecendo Redes: os planos da educação,
cuidado e gestão na construção do SUS; a experiência de Volta Redonda-RJ. São Paulo:
Hucitec, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2004, 148 p.
_______, P. Educação como prática da liberdade. 14. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2011.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
2010.
LEOPARDI, M. T. et al. Metodologia da pesquisa na saúde. 2. ed. Rio Grande do Sul: Pallotti,
2001. 1 v. 290p.
MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006.
MERHY, E. E. Desafio que a educação permanente tem em si: a pedagogia da implicação. Rev.
Interface - Comunicação, Saúde, Educação. v.9, n.16, p.161-77, set. 2004/fev. 2005.
_______, M. C. de S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 30. ed. Petrópolis: Vozes,
2011.
Data:
Horário:
Local:
Profissionais presentes:
Dinâmica do processo de trabalho:
Descrição das atividades:
56
Eu, , portador
de RG n. , estou sendo convidado a participar de um
estudo denominado: Educação Permanente em Saúde na Descentralização das Ações de
Vigilância Sanitária, tendo como objetivos: - Realizar um levantamento da situação de
capacitação dos profissionais de saúde que atuam na VISA de um município do estado do
Rio de Janeiro, identificando a utilização da Educação Permanente em Saúde e Elaborar
uma proposta de Educação Permanente em Saúde para otimizar as ações de VISA. Este
estudo justifica-se pela importância da educação do trabalhador no seu local de trabalho,
para a compreensão das ações a serem desenvolvidas na reestruturação dos serviços de
Vigilância Sanitária frente a descentralização desse setor, estimulando os profissionais a ser
tornarem reflexivos quanto à realidade e capazes de intervir no processo de trabalho.
Fui esclarecido que a minha participação no referido estudo será por meio de grupo
focal.
E alertado de que, da pesquisa a se realizar, posso esperar alguns benefícios, tais
como a investigação buscará detectar dados que irão contribuir de forma esclarecedora para
a problemática relacionada com a educação permanente em saúde e a aprimoração de um
elenco de conhecimentos que possam ser aplicados na prática profissional e
instrumentalizarão os gestores municipais para a realização de projetos de educação
permanente em saúde na área de Vigilância Sanitária no âmbito do SUS.
O estudo envolve um potencial de contribuição, com o propósito de refletir como a
educação permanente em saúde poderá contribuir para a orientação do processo de trabalho
na descentralização das ações de Vigilância Sanitária.
Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou qualquer
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outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será mantido em
sigilo.
Também, fui informado de que posso me recusar a participar do estudo, ou retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar, e por desejar sair da pesquisa,
não sofrerei qualquer prejuízo. É assegurada toda as orientações durante a pesquisa,
bem como é garantido o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o
estudo e suas consequências, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da
minha participação.
Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e
compreendido a natureza e o objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre
consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor
econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.
, de de 2014.