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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE MEDICINA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

JULLY SILVA DIAS EVARISTO

PORTFÓLIO: ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO II - ATENÇÃO


PRIMÁRIA À SAÚDE DA FAMÍLIA

UBERLÂNDIA - MG
2023
JULLY SILVA DIAS EVARISTO

PORTFÓLIO: ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO II - ATENÇÃO


PRIMÁRIA À SAÚDE DA FAMÍLIA

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação


em Enfermagem da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Uberlândia como
requisito parcial para aprovação no Estágio
Curricular Supervisionado II.

Docente Coordenadora: Profª. Dra. Maria


Cristina de Moura Ferreira

Docente Preceptora/Orientadora: Profª. Dra.


Déborah Raquel Carvalho de Oliveira

UBERLÂNDIA - MG
2023
APRESENTAÇÃO

Este portfólio foi construído visando apresentar as vivências, aprendizados e


experiências de uma aluna do curso de graduação me enfermagem, obtidas durante o Estágio
Curricular Supervisionado II realizado na cidade de Uberlândia – MG, através da
Universidade Federal de Uberlândia.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar minha sincera gratidão a todas as pessoas que tornaram possível
a conclusão bem-sucedida do meu estágio na atenção primária. Este período foi uma jornada
de aprendizado significativa e enriquecedora, e não teria sido possível sem o apoio generoso
de várias pessoas. Primeiramente, gostaria de expressar minha gratidão aos meus colegas de
estágio. Trabalhar em equipe foi essencial para superar desafios e criar um ambiente de
aprendizado colaborativo. Sou eternamente grata a Profa. Dra. Deborah, por deixar esse
período mais leve e divertido, aprender com você foi uma das coisas mais gratificantes de
toda a graduação, obrigada por tudo mestra.

Quero agradecer à equipe da unidade de atenção primária, que me acolheu desde o


primeiro dia. A dedicação e a paixão de cada profissional pelo cuidado com os pacientes
foram inspiradoras. Agradeço especialmente a Enfermeira Laísa e Dr. Adriano, que não
apenas compartilharam seu conhecimento e experiência, mas também forneceram orientação
valiosa ao longo do estágio. Agradeço também aos pacientes que confiaram em mim para ser
parte de sua jornada de cuidados de saúde. Suas histórias e experiências foram fundamentais
para o meu crescimento profissional e pessoal.

Por último, mas não menos importante, quero agradecer à minha família e amigos, que
me apoiaram incondicionalmente ao longo desta jornada. Seu amor e encorajamento foram a
força que me manteve de pé por todos esses anos de graduação. Este estágio foi um capítulo
transformador na minha jornada profissional, e estou profundamente grato a todos que
fizeram parte dela.

Muito obrigada!
À minha amada família, noivo e gatinhos, Kaiser e
Joui.
I. INTRODUÇÃO

Com a transformação do cenário da saúde pública no Brasil, surge a necessidade de


instituir um sistema unificado para atender às demandas de saúde da população. Finalmente,
em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, é aprovado o Sistema Único de Saúde
(SUS), fundamentado nos princípios da universalidade, integralidade e equidade. Este marco
é considerado uma conquista significativa para a população, e dele derivam as iniciativas
relacionadas à atenção básica. (Freitas; Santos, 2014)

A Atenção Primária à Saúde (APS) representa o primeiro patamar de atenção no


campo da saúde, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas para a
saúde individual e coletiva. Essas ações englobam desde a promoção e proteção da saúde até a
prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção
da saúde. O propósito fundamental é promover uma atenção integral que tenha um impacto
positivo na situação de saúde das comunidades. Como a principal porta de entrada do SUS no
Brasil, a APS desempenha um papel central na comunicação com toda a Rede de Atenção do
SUS. Sua orientação segue os princípios fundamentais da universalidade, acessibilidade,
continuidade do cuidado, integralidade da atenção, responsabilização, humanização e
equidade. Isso implica que a APS atua como um filtro organizador do fluxo de serviços nas
redes de saúde, abrangendo desde os mais simples até os mais complexos. (Brasil)

No contexto brasileiro, a Atenção Primária é caracterizada por um alto grau de


descentralização e capilaridade, sendo implementada no local mais próximo da vida das
pessoas. Diversas estratégias governamentais são adotadas, e um exemplo notável é a
Estratégia de Saúde da Família (ESF). Por meio das Unidades de Saúde da Família (USF),
essa estratégia proporciona serviços multidisciplinares diretamente às comunidades. Nas USF,
os usuários têm acesso a consultas, exames, vacinas, radiografias e outros procedimentos,
consolidando a importância da Atenção Primária na promoção da saúde no país. (Brasil)

I.A. O enfermeiro na Atenção Primária

No desempenho das atividades assistenciais, educativas e preventivas no âmbito da


atenção básica, a atuação do enfermeiro é fundamental e estratégica. Sua integração nas
equipes e nos territórios é garantida pelos referenciais programáticos e legais do SUS
(Barbiani; Dalla Nora; Schaefer, 2016). A assistência de enfermagem é um elemento que
favorece a integralidade e a promoção da saúde, sendo necessário superar as dificuldades
de articulação entre os níveis de atenção, primário, secundário e terciário para que a
integralidade da assistência ocorra de forma eficiente para o alcance de melhores níveis de
saúde individual e coletivo. A consulta de enfermagem é uma atividade legalmente
reconhecida, privativa do enfermeiro e importante no processo de assistência de enfermagem,
na valorização e autonomia profissional. Isso porque permite a promoção de educação em
saúde por meio da criação do vínculo e corresponsabilização, além de identificar as
necessidades de saúde da comunidade e buscar sugestões de promoção, prevenção e
recuperação da saúde. Apresenta uma abordagem contextualizada e participativa do usuário.
(Freitas; Santos, 2014)

A utilização de uma abordagem multiprofissional e interdisciplinar na implementação


das ações de saúde na Estratégia de Saúde da Família (ESF) abre a possibilidade de identificar
direções e estratégias de resolução que atendam às demandas tanto individuais quanto
coletivas da população, evitando a fragmentação na prestação de cuidados de saúde. A
abordagem abrangente no cuidado à saúde promove uma perspectiva ampliada do processo
saúde-doença, partindo das necessidades de saúde individuais e considerando os diversos
modos de viver e enfrentar os problemas de saúde. Nesse contexto, a colaboração em equipe
multidisciplinar, a formação inicial do enfermeiro e as iniciativas educativas na atenção básica
contribuem para a promoção de cuidados integrais de enfermagem. Essa abordagem é
caracterizada pelo comprometimento, confiança e respeito entre o profissional de saúde e o
cliente, levando em conta a diversidade e complexidade das condições sociais, econômicas e
do estilo de vida das pessoas, fatores que impactam diretamente na saúde e,
consequentemente, geram uma maior demanda pelos serviços de saúde. (Freitas; Santos,
2014)

Dada a complexidade das responsabilidades do enfermeiro na atenção básica,


considerando as diversas atividades desempenhadas por ele, compreende-se que a
integralidade do cuidado enfermeiro amplia a percepção em relação aos sentimentos, aflições
e necessidades dos indivíduos, fortalecendo a interação e comunicação entre o profissional de
saúde e o cliente. Nesse sentido, o enfermeiro proporciona assistência fundamentada no
respeito, responsabilidade e na construção de vínculos, com o objetivo de assegurar a
qualidade nos serviços de saúde. (Freitas; Santos, 2014)
II. OBJETIVOS E FINALIDADE

O objetivo de escrever um portfólio final de estágio de enfermagem na atenção básica


é documentar e refletir sobre a experiência prática adquirida durante o estágio, destacando o
desenvolvimento de habilidades, competências e conhecimentos relacionados à atuação
profissional na área da enfermagem. O portfólio serve como uma ferramenta de avaliação e
autoavaliação, proporcionando uma análise crítica do desempenho do estudante e seu
crescimento ao longo do período de estágio.

III. DESENVOLVIMENTO

O Estágio foi realizado na Unidade Básica de Saúde da Família São José, localizada
na Rua Delfina Almeida, 197, Bairro Jardim Brasília, Uberlândia – MG.

IV. CONTANDO MINHA HISTÓRIA DE VIDA E TRAJETÓRIA ACADÊMICA

Ao buscar memórias para organizá-las em uma linha cronológica para poder começar
a escrever sobre minha história, estagnei em um momento em que vi que não lembrava muito
bem da minha infância, então, como escrever algo que eu me lembro vagamente?. Alguns
álbuns no colo, várias fotos espalhadas no chão, uma simples conversa com a minha mãe (que
vocês logo descobrirão o nome), e memórias começaram a surgir em minha mente. Lembrar
de coisas simples de 20 anos atrás não foi uma tarefa tão fácil, mas no fim rendeu boas
conversas, um cappuccino, fotos de vários momentos feliz e boas lembranças.

IV. A. Primeiros passos

Dia 18 de Junho de 1999, a manhã de um sexta-feira fria, o inverno se aproximava.


Me chamo Jully, meu nome foi escolhido durante uma noite assistindo ao jornal na televisão,
meu pai, que se chama Emerson, ao ver o nome da repórter que apresentava uma matéria no
programa de televisão, achou que seria um bom nome, e cá estou eu, Jully Silva Dias
Evaristo. Minha mãe, Ana Maria, me deu a luz no hospital Santa Teresinha, na cidade de
Uberlândia em Minas Gerais.
Fonte: Arquivo Pessoal

Sou a caçula de uma família composta por 4 pessoas, eu, minha mãe, meu pai e meu
irmão mais velho, que se chama Rôgistter. Moravamos no Bairro Jardim Brasília, na cidade
de Uberlândia mesmo, nos fundos da casa da minha avó paterna. Na casa da frente viviam:
minha avó Edmaura, minha tia Elisete, meu tio Edson e minha tia Aparecida, ou seja, desde
pequena sempre tive a casa cheia de gente e minha família sempre por perto, isso nos rendia
grandes almoços de domingo, com direito a macarronada e frango assado. Com essa
convivência aprendi a importância da família, o respeito com as diferenças, o poder do
compartilhar, o respeito com o espaço alheio e acima de tudo o amor, que essa convivência
diária produzia.
Fonte: Arquivo Pessoal

Vivi os primeiros anos com meus pais e meu irmão naquela pequena casa de paredes
brancas, um lugar aconchegante e cheio de amor, cada pequeno detalhe fazia a diferença. Os
sábados eram simples, porém cheio de memórias, cheiros e texturas. Ainda me lembro do
desenho animado que passava na televisão no quarto dos meus pais, o cheiro de amaciante das
roupas sendo lavadas, o barulho da panela de pressão cozinhando algo gostoso pro almoço, a
massa de rosca descansando em cima da mesa, para logo depois serem formadas pequenas
tranças que seriam cobertas de açúcar derretido no fim da tarde. Na estante amarela, ficavam
as lembranças em forma de fotos, cada uma com um sorriso diferente, um espaço, uma
experiência e um lugar em nossos corações.
Fonte: Arquivo Pessoal

Acredito que diferentemente da maioria das crianças da minha idade da época, eu


adorava coisas consideradas fora da caixa: colecionava meias de cores diferentes, assistia
filmes de terror escondida dos meus pais (daí veio a minha paixão por obras de terror e
suspense), criava histórias a partir de objetos não convencionais, como cadeiras, almofadas,
canetas, não por falta de brinquedos, mas sim, por gostar de imaginar como seriam esses
objetos se eles tivessem vida. Acredito que isso, tenha tido grande influência no meu
desenvolvimento, pois isso sai do que seria normal, por exemplo uma simples boneca, ou
então outros brinquedos. Sair da zona de conforto nos leva a outros horizontes e acho que isso
seja um diferencial no processo ensino-aprendizagem.

Durante a minha infância, minha mãe dava aula de artes no Centro de Formação do
Menor Aura Celeste, onde tive a oportunidade de também estudar e aprender várias coisas,
como: xadrez, croché, pintura em cerâmica, artesanatos, esportes, dança, informática e
biblioteca. A partir do contato com a biblioteca, que iniciou meu amor pelos livros, que
perdura até os dias de hoje. Um dos primeiros livros que me lembro de ter contato, foi “João e
Maria”, a capa colorida, a história de dois irmãos e uma aventura emocionante na floresta,
fugindo dos perigos encontrados. À noite, próximo da hora de dormir, minha mãe lia o livro
pra mim, com um copo grande de leite e achocolatado e várias outras histórias surgiam na
minha cabeça.

IV. B. Um até logo


Numa manhã, em um dia da semana que não me lembro, acordei e vi algumas
malas no canto da sala, no centro da mesa, um saco com alguns pães de queijo, ainda quentes.
Pra mim uma manhã normal, mas com certeza não era. Escorada no portão azul, vi um carro
estacionar, meu pai me pega no colo e me abraça e eu dobrava a orelha dele como sempre
fazia, uma forma de carinho entre nós dois. Minha mãe corre até mim com o cabelo bem
escovado e algumas mechas loiras, os olhos marejados indicavam que algo ali não estava em
sua normalidade. Sinto um abraço apertado e no meu ouvido ela sussurra um “Até logo”,
como eu era ainda uma criança não entendia o significado e o peso de tais palavras e o que
estava prestes a acontecer nos próximos três anos e alguns meses.

Aos meus 4 anos de idade, meus pais viajaram para Londres em busca de
trabalho para conseguirem uma vida melhor, uma casa pra nós, um verdadeiro lar. Durante 3
anos em que eles estiveram fora, morei na casa da minha avó paterna, a mesma onde eu vivia
nos fundos com meus pais e meu irmão. Foram anos em que não sabia ao certo o que estava
acontecendo, um período de incerteza, saudades e muito aprendizado.

Fonte: Arquivo Pessoal

Na casa da minha vó, dividia o quarto com minha tia Elisete, ela foi e é uma grande
amiga até hoje, a qual eu chamo também de mãe. Ela e minha vó foram quem mais cuidaram
de mim nesse período de ausência. Aprendi bastante coisas com ambas e me divertia
colocando várias jóias da minha tia vendo ela se arrumar para sair aos fins de semana.
Considero esse período extremamente importante pra mim, pois nele, cresci, amadureci,
desenvolvi a paciência, e aprendi que tudo tem seu devido tempo. Cada processo e fases que
passamos, servem de degrau para nos tornamos quem somos hoje e se possível melhorar
futuramente, tudo isso concomitantemente a nossa vida profissional, para podermos extrair o
melhor e podermos também dar tudo de nós para entregar algo digno na profissão que
escolhemos.

A cada 6 meses, meus pais mandavam caixas por navio, com as mais diversas coisas
de Londres, coisas com um cheiro específico, que me lembrava eles, e ali eu sabia que era um
dia a menos até eu finalmente ver eles novamente. Toda semana, eram incontáveis horas ao
telefone, contando sobre cada coisa nova que havia descoberto, quando aprendi a ler, a andar
de bicicleta, quando aprendi a letra de um dos cantores favoritos do meu pai, cada pequeno
detalhe para trazê-los mais pra perto e faze-los sentir em casa novamente.

IV.C. O retorno

Num dia qualquer, minha tia me fez vestir um dos meus melhores vestidos, arrumou
meu cabelo com minhas tranças e elásticos rosa. Entrei em um carro, sem saber pra onde ia.
Cheguei no aeroporto, não sabia ao certo quem esperar, e nem passou pela minha cabeça que
seriam meus pais, então apenas esperei alguém sem saber ao certo quem era. Avistei uma
figura que me lembrava alguém e demorei alguns segundo para assimilar, com uma camiseta
vermelha e um sorriso no rosto, eu o reconheci. Era meu pai. Corri em meio a multidão que
desembarcava, tropeçando em meio a diversas malas no caminho, até alcança-lo. Ao lado,
estava a minha mãe, diferente de como quando havia ido, com um rosto um pouco cansado,
porém com um coração cheio de saudades.

Fonte: Arquivo Pessoal


Após o retorno dos meus pais, nos mudamos no mesmo dia para outro casa, um lugar
espaçoso, com vários quartos um grande quintal. A recompensa por anos longe dos filhos e da
família e trabalhando em um lugar estrangeiro. Eu estava pronta pra viver em outro lugar,
com novos vizinhos, uma nova casa, outra escola, novos amigos. O coração saltitava de
alegria e com certeza era um caminho repleto de novas experiências.

IV.D. Jardins

Meu primeiro contato com uma escola, foi aos meus três anos de idade, numa creche
na cidade de Uberlândia, chamada MeiMei. Este lugar foi o início de tudo e me lembro
vagamente das atividades que desenvolvia lá, brincadeiras de roda, memória, esconde-
esconde, encaixe, entre outros exercícios. A partir das brincadeiras propostas, entendi o
conceito de compartilhar, paciência, ajudar, a convivência com outras crianças da mesma
idade fez com que eu me visse e enxergasse as mudanças que também estavam acontecendo
em mim. Permanecia na creche por meio período, até minha mãe vir me buscar, nesta época
ela dava aula de artes num Centro de Formação do Menor Aura Celeste, onde algum tempo
depois eu iria estudar também, além da instituição regular.

Fonte: Arquivo Pessoal

Como dito anteriormente, algum tempo depois ingressei nesse Centro de Formação,
onde tive a oportunidade de estudar e aprender várias coisas, como: xadrez, croché, pintura
em cerâmica, artesanatos, esportes, dança, informática, além do primeiro contato com uma
biblioteca de verdade. Esse período foi muito importante, pois foi nele que desenvolvi o gosto
pela arte, o mesmo que minha mãe, e foi ótimo compartilhar um hobbie com ela, que naquela
época além de ser minha mãe também foi minha professora de verdade. Após algum tempo na
creche, fui matriculada numa escola chamada ABC, que ficava perto da casa da minha vó,
onde morávamos no fundo na época. Ingressar naquela escola foi um salto muito grande pra
mim, meus pais se mudaram para a Inglaterra, tive meus primeiros amigos na escola, comecei
a natação e criei laços mais fortes com a minha prima, que estudava nessa mesma escola. Foi
nesse mesmo lugar que recebi a primeira bronca da diretora, pois havia quebrado o chaveiro
da minha colega de classe por acidente. Mesmo mudando de escola, eu continuei estudando
no Centro de Formação, onde continuava estudando artes e outras coisas.

Analisando esses primeiros anos de minha vida escolar, como um todo e todas as
pessoas envolvidas no processo, vejo que quero ser a profissional que escuta, que auxilia ao
máximo, entende as diferenças, respeita o tempo de cada um, assim como os profissionais que
fizeram parte dos meus primeiros anos escolares.

IV.E. A – B – C

Aos quatro anos de idade ingressei em outra escola, o ABC, ao qual permaneci até
entrar no ensino fundamental. Foi neste lugar, onde aprendi a ler e tenho memórias muito
legais. Em algumas sextas do mês, podiamos levar brinquedos e o último horário era
destinado para brincarmos com o que haviamos levado, às vezes enchiam a piscina da escola
e como com os brinquedos ficavamos até a hora de ir embora. Foi nesta escola que aprendi a
ler e a escrever, antes mesmo de ingressar no ensino fundamental. Neste período, meus pais já
estavam em Londres, então quem me levava e buscava era ou meu irmão ou minha avó
paterna, com quem eu morava.

Em meados de junho, nossa escola sempre organizava as festividades juninas, e os


alunos sempre eram convidados a fazerem danças típicas, para serem apresentadas para os
pais em uma data estipulada, com muitas comidas, como: caldos, canjicas, cachorro-quente,
pastel, milho preparado de diversas maneiras, entre outras coisas deliciosas, eram tempos
preciosos, no qual minha família conhecia um pouco do lugar onde passava a maioria dos
meus dias, e em contrapartida eu podia apresentar algo pra eles que estava me dedicando a
semanas.

Estudar nesse lugar foi o diferencial na minha educação, além da minha alfatização,
tive oportunidade de praticar esportes, como: karatê e capoeira e corrida. O processo de
mudar de escola, não foi fácil, pois me apeguei bastante aos meus professores e todos os
amigos que havia feito ali. Apesar do bullying que às vezes sofria, por ser uma das poucas
crianças negras, isso não impediu que fizesse amigos, que até hoje o nome guardo em minha
memória, Arthur e Gabriel. Tive uma formatura, e foi bem divertida, recebi um diploma
simbólico, além de uma apresentação final de capoeira. Sempre irei me lembrar da docura e
gentileza da minha professora Giselle, quem ensinou a capoeira o karatê e outros esportes
diversos. O processo de separação não foi fácil para mim. Mas havia nossos desafios me
esperando.

Fonte: Arquivo Pessoal

IV.F. Ensinos

Ao me formar no pré e no Jardim, fui matrículada na Escola Estadual Antônio


Tomas Ferreira de Rezende para cursar o Ensino Fundamental. Foi um tremendo choque de
realidade, o ambiente era diferente, os professores, os estudantes. Neste lugar, permaneci até
meus pais voltarem em 2007, e aqui conheci de fato como funcionava o racismo, em relação a
cor da pele e em relação ao meu cabelo crespo. Em função disso comecei a alisar meu cabelo
muito antes da idade recomendada, apenas para ser aceita e me encaixar no que era
considerado um padrão, era um processo doloroso e foi muito traumatico para mim, visto que
permaneci alisando meu cabelo até meus 16 anos de idade. Por conta desse preconceito que
vinha sofrendo, não fiz muitos amigos neste novo local, o único amigo que tinha era da minha
antiga escola, que se mudou pro mesmo lugar que eu.

Uma experiência bastante desagradável que tive nessa escola, que me marcou para
sempre, foi com uma professora, que não vou citar o nome, porém guardo até os dias de hoje.
No primeiro horário de aula, estava bastante apertada e pedi para ir ao banheiro, entretanto, o
pedido foi negado, infelizmente fiz na roupa mesmo. Por bastante tempo, me senti
envergonhada, e durante um bom período não levantava nem nos intervalos, pois sempre
achava que minha calça estava suja ou que as outras pessoas estavam olhando pra mim,
convivi com esse sentimento durante boa parte do ano, e isso, refletiu negativamente em
minhas notas.

No ano de 2008, após o retorno dos meus pais da Inglaterra, fui transferida para uma
escola próxima da minha nova casa. Mudar de escola pra mim foi excelente, pois não me
encontrava mais naquele ambiente tão traumático para mim. Neste novo lugar, tive acesso a
biblioteca da escola, na qual tinha vários livro incríveis, foi lá onde li meu primeiro livro
maior “ O senhor dos anéis” e sempre que podia pegava emprestado livros da biblioteca, era
um mundo mágico. Estudei ali, até ter que ir pro ensino médio, e novamente, assim como no
ABC, tive muita dificuldades em mudar de escola, pois ali, encontrei um ambiente seguro, de
aprendizagem, amizades, acolhimento, respeito, e mudar novamente, com toda certeza seria
muito difícil pra mim.

No ano de 2014 ingressei na nova escola, Ensino Médio, um novo lugar, novos
amigos, novas matérias, novos professores, os três anos decisivos na minha vida, o constante
questionamento sobre o que faria depois da escola, qual curso de fato escolheria. Desde
pequena sempre pensei em cuidar das pessoas, ao ir aos hospitais me sentia encantada com
todo conhecimento, o jaleco branco e todos instrumentos que os profissionais ali utilizavam,
desde pequena já tinha ideia do que queria fazer e isso jamais mudou com o passar dos anos.
Durante todo o ensino médio, estive me preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem), e no terceiro ano tive a oportunidade de participar de um intensivo de matemática
ofertado pelo meu professor da escola mesmo. Ele convidada os melhores alunos da sala para
seu intensivo que acontecia aos sábados.

Fiz o Enem teste no 2º ano do ensino médio, como um treinamento mesmo. Contudo,
nesse mesmo ano, me interessei pelo Programa Jovem Aprendiz, e comecei a trabalhar
algumas horas do dia em uma empresa chamada Cia da Terra Agronegócios, então eu
conciliava os estudos pela manhã com o trabalho a tarde, foi um período corrido, porém bem
satisfatório, tive experiências que jamais esquecerei. Mesmo depois do meu contrato como
menor aprendiz ter terminado, fui contratada como funcionária definitiva, no qual permaneci
até entrar na faculdade, no ano de 2018. O ensino médio foi um período de escolhas, desafios
e bastante estudo pra mim, eu trabalhei e me dediquei a minha formação, o que refletiu onde
estou hoje e graças ao programa de menor aprendiz já garanti uma experiência de como é
trabalhar de fato.

Fonte: Arquivo Pessoal

Durante nosso crescimento, passamos por diversas fases, e em cada uma dessas fases,
gostaríamos de ser uma coisa quando crescêssemos. Diferentemente da maioria, eu não queria
ser bailarina, ou bombeiro, ou policial, ou veterinário, eu enchia o peito de orgulho e dizia que
eu queria ser médica da cabeça. Anos mais tarde eu descobriria de fato o nome real, que era
psiquiatra, mal sabia eu o longo caminho que havia de percorrer. Não oscilei muito em
minhas escolhas de profissão, durante o ensino médio eu tinha uma convicção clara do que
gostaria de fazer e me mantive firme até conseguir parte disso. Infelizmente, não estou no
meu curso de primeira escolha, mas não se engane, eu aprendi a amar e com toda certeza vou
exercer essa profissão linda, corajosa, forte e que urgentemente necessita de um
reconhecimento digno, a enfermagem.

No fim do ano de 2016, estava no 3º ano do ensino médio, eu trabalhava por 4 horas
no dia como menor aprendiz em uma empresa de agronegócios. Como estava no ano da
minha formatura, decidi ingressar em um cursinho preparatório para fazer o vestibular, que
me permitiria ingressar no curso que eu desejava como eu já havia feito como treinamento,
agora era a hora de fazer pra valer. O primeiro curso preparatório que ingressei se chamava
Futuro, eu estudava pela manhã, trabalhava no período a tarde e logo após o trabalho eu ia
para o cursinho, no qual eu permanecia até 22h30min da noite. Eu trabalhava de segunda a
sexta, e aos sábados eu ia até o cursinho para fazer simulados para a prova que estava por vir.
Foi um período bem cansativo, porém eu me sentia motivada e estava ansiosa para me formar
no ensino médio e logo entrar na faculdade. Após certo período, não senti que estava de fato
aprendendo algo com o cursinho, por diversos problemas, então, ao sentar com meus pais
resolvi mudar e comecei em outro lugar, o qual eu agradeço por existir e por me fazer chegar
onde estou graças aos professores dedicados e prestativos que lá trabalhavam. Mesmo
mudando de cursinho, minha rotina permanecia a mesma, contudo, mais cansativa, o cursinho
era bem mais rígido e eu tinha diversas listas de exercícios a serem feitas.

Realizei a prova e não obtive o resultado esperado, contudo, estava no ano de minha
formatura e eu tinha mais algum tempo para me preparar pela frente. Depois de me formar, eu
tinha uma missão importante pela frente, minha faculdade. No início do ano de 2017, meu
contrato de menor aprendiz teve fim, contudo, recebi uma proposta para trabalhar como
efetiva na empresa. Isso foi um grande passo na minha caminhada, visto que, tive diversas
experiências, aprendi muitas coisas, conheci pessoas incríveis, e agora meu tempo se dividia
apenas entre trabalho que agora era em durante o dia todo e continuava com meus estudos a
noite, no mesmo cursinho e agora com minhas amigas como companhia. Foi um ano
novamente bem cansativo, e no fim do ano realizei outra prova, dessa vez o Exame Nacional
do Ensino Médio. Aguardava ansiosamente o resultado e depois de alguns meses o obtive.
Assim que abri o site, eu havia sido aprovada na minha segunda opção, a enfermagem. Ao
ligar eufórica pra minha mãe ela me incentivou, e disse que me apoiaria naquilo que eu
quisesse fazer. Eu aceitei, deixei o emprego pra trás e comecei a correr atrás do que eu sempre
sonhei. Fui aprovada em enfermagem no primeiro semestre de 2018.
Fonte: Arquivo Pessoal

Em um lugar completamente novo, a insegurança e o medo reinavam dentro do meu


peito, porém com pulso firme e uma animação consegui afastar esses sentimentos. Esse era o
primeiro passo pra fazer o que sempre quis, apesar de não ser a minha primeira escolha eu
estaria dentro da área em comum. Como eu já estava acostumada com a rotina de estudos, não
foi algo que me impactou tanto, o que tinha de novo, eram matérias novas e completamente
diferentes do que eu tinha visto em toda minha vida até o momento. Tive a oportunidade de
criar grandes amizades desde o início, e com toda certeza quero leva-los para toda vida. Eles
fizeram e fazem parte de um momento extremamente importante da minha vivência, são
como uma família.

A rotina de uma faculdade integral é bem pesada e por isso foi possível a criação de
grandes laços com eles, uma vez que nos passamos o dia inteiro na faculdade, e muitas vezes
ficamos até tarde da noite estudando na biblioteca antes de uma prova importante a ser feita.
Eles compartilham experiências comigo que eu jamais compartilharia com ninguém,
perrengues no hospital, horas e mais horas no laboratório de enfermagem, repetições de vários
procedimentos, horas em uma sala de estudo compartilhando conhecimento. A universidade
me permitiu viver diversas coisas que jamais pensaria viver, além disso, o amor por essa
profissão maravilhosa cresceu imensamente no meu peito, de pouquinho a pouquinho
tomando todo o espaço, a arte do cuidar é maravilhosa.
Fonte: Arquivo Pessoal

Em seus semestres iniciais, o curso de enfermagem insere o estudante em um contexto


muito diferente do que a sociedade cria. Aprendemos sobre leis, ética, o Sistema Único de
Saúde, sociologia, e diferentemente da maioria dos cursos de enfermagem, a Universidade
Federal de Uberlândia detêm um modelo de Bacharelado e Licenciatura. Logo, podemos atuar
como assistenciais, gestores, docentes, um amplo leque de escolhas para o estudante. Além
disso, temos diversas matérias da licenciatura desde o primeiro semestre, logo temos a
oportunidade de fazer estágios de práticas educativas, aprender sobre psicologia da educação,
didática, gestão da educação, entre outras matérias, dessa maneira é possível compreender que
o enfermeiro vai além do curar o paciente, mas também faz parte do desenvolvimento
educativo no que tange o processo saúde-doença. O enfermeiro atua na comunidade
participando da proteção, promoção e prevenção da saúde, agindo ativamente no processo
educativo. Tivemos a oportunidade de atuar em salas de esperas do ambulatório da UFU,
fazendo uma promoção em saúde, fazendo essa troca de conhecimento com a comunidade.

Acerca de matérias especificas assistências, temos Saúde da Criança, Saúde do Idoso,


Saúde da Mulher, Urgência e Emergência, Sistematização da Assistência em Enfermagem,
entre outras diversas, onde aprendemos através da teoria e colocamos em prática no Hospital
de Clínicas da UFU, um lugar extremamente rico e sou eternamente grata pela oportunidade
de ter aprendido lá. No ano de 2020, tivemos uma mudança brusca e repentina no mundo todo
(COVID-19), e consequentemente isso afetou minha graduação. Ficamos quase um ano, sem
aulas, até ser decidido adotar o modelo remoto de aula. Inicialmente, tivemos dificuldades
para lidar com a situação, contudo, não tínhamos escolha. O ensino remoto limita a interação
presencial entre alunos e professores e, além disso, não tínhamos acesso a laboratórios e
ambientes clínicos para desenvolver habilidades práticas, o que posteriormente foi uma
grande dificuldade no nosso retorno.

A pandemia trouxe um aumento na carga emocional para muitas pessoas, com


preocupações com a saúde, perda de entes queridos e incertezas econômicas. No meu caso,
perdi minha avó Edmaura (citada anteriormente) no ano de 2021, foi um momento muito
desafiador. Ela estava acamada há seis meses, e seu cuidado era divido entre mim, meu pai e
minha tia. Ela se foi em meus braços, em casa e em paz. Cuidar dela, me deu a certeza do
quanto a enfermagem é especial e seu cuidado é verdadeiro. Após o retorno, tive a
oportunidade de fazer Iniciação Científica pela EBSERH em parceria com o CNPq, graças ao
Prof. Clesnan e Profª Fabíola, foi um momento enriquecedor e me rendeu grandes
oportunidades e por fim meu Trabalho de Conclusão de Curso, o qual finalizei com nota total.

Escrever este portfólio me enche de emoção, pensar em toda trajetória e quem esteve e
está comigo durante todo esse caminho. Lembro-me de cada rosto e pessoa que contribuiu
para que chegar aqui fosse possível, seis anos depois de iniciar essa jornada, encerro
lindamente, cercada de pessoas calorosas e adoráveis (Profª Deborah, Josinha, Lóren, Mariana
e Gabriella).

V. O ESTÁGIO CURRICULAR SUPEVISIONADO II

O propósito da disciplina Estágio Curricular Supervisionado II, inserida no currículo


do curso de graduação em enfermagem com foco na atenção básica, é proporcionar aos
estudantes a vivência e o desenvolvimento de competências essenciais à prática da
enfermagem. Isso ocorre por meio da participação em situações reais de trabalho, colaborando
com enfermeiros nas Redes de Atenção à Saúde. Adicionalmente, o estágio visa executar
ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em âmbito individual
quanto coletivo, de maneira personalizada, humanizada e sistematizada.

A disciplina busca proporcionar a experiência prática nas atividades de cuidado ao


longo de todas as fases do ciclo vital, abrangendo ações de promoção, prevenção, tratamento,
reabilitação e manutenção da saúde. Isso inclui acompanhar e participar ativamente da
supervisão, coordenação e gestão da equipe de enfermagem, em diversos serviços e níveis de
atenção à saúde. O aluno também é estimulado a assumir funções de liderança, promovendo
um ambiente de trabalho adequado e gerenciando conflitos.

Outras ênfases da disciplina incluem a habilidade de gerenciar recursos humanos,


físicos, materiais e de informação, bem como o desenvolvimento de atividades educativas
permanentes direcionadas tanto aos usuários quanto aos profissionais dos serviços de saúde.
Em suma, a disciplina visa preparar os estudantes para enfrentar os desafios práticos da
enfermagem, capacitando-os a assumir papéis de liderança, promover um ambiente de
cuidado eficiente e contribuir para o desenvolvimento contínuo na área da saúde.

VI. LOCAL DO ESTÁGIO, EXPECTATIVAS E VIVÊNCIAS DIÁRIAS

O Estágio foi realizado na Unidade Básica de Saúde da Família São José, localizada
na Rua Delfina Almeida, 197, Bairro Jardim Brasília, Uberlândia – MG. A unidade conta
com: 02 Auxiliares administrativas/Recepção, 02 Técnicas de Enfermagem, 01 Enfermeira,
01 Médico, 06 Agentes comunitários de saúde (ACS) , 01 Auxiliar de limpeza, 01 Educador
físico, 01 Nutricionista, 01 Assistente social, 01 Fisioterapeuta, entre outros profissionais
especialistas, como psiquiatra, pediatra, ginecologista, ortopedista, que comparecem conforme
a demanda repassada pelo médico.
Fonte: Arquivo Pessoal

Acerca das minhas expectativas sobre o estágio, eu esperava uma oportunidade real
para aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos durante a formação acadêmica, como na
disciplina de Saúde da Família e a Saúde Coletiva que tivemos durante vários semestres no
curso. Poder vivenciar situações práticas, lidar com casos reais de pacientes e desenvolver
habilidades clínicas. Além disso, como sabemos a unidade é composta por uma equipe
multiprofissional, a partir disso esperava ser integrada à equipe de saúde, interagindo com
profissionais experientes, como médicos, enfermeiros, e outros membros da equipe
multidisciplinar. Gostaria de participar ativamente das atividades da unidade de saúde,
contribuindo para um ambiente colaborativo, observando diferentes aspectos da atenção
primária, como consultas médicas, atendimentos de enfermagem, e participar de reuniões de
equipe.

Ainda imagina poder observar casos variados para que desta forma pudesse ampliar a
compreensão sobre as necessidades de saúde da comunidade atendida. Um aspecto que
considero importante e que desejava durante o estágio, através das consultas de enfermagem
era aprimorar as habilidades de comunicação com pacientes, familiares e colegas de equipe.
Poder participar em atividades de promoção da saúde e prevenção de doenças na comunidade.
Adquirir uma compreensão mais profunda do sistema de saúde, incluindo questões
relacionadas à gestão, organização e políticas de saúde. E por fim desenovolver uma atitude
reflexiva, avaliando continuamente suas práticas, aprendizados e identificando áreas para
melhoria.

Minhas expectativas pré-estágio foram todas cumpridas e sou grata a equipe que nos
acolheu durante esses meses, eles também foram responsáveis por esse crescimento. Tive a
oportunidade de acompanhar quase todos os profissionais da unidade: os agentes comunitários
em suas visitas diárias as famílias; a enfermeira, em todas suas responsabilidades tanto
assistenciais quanto gerenciais; o médico, seus atendimentos que me fizeram desenvolver um
olhar mais completo em relação ao paciente, em todas as suas necessidades; as técnicas de
enfermagem, seja na imunização, curativos, ou pequenos procedimentos que evidenciam o
verdadeiro cuidado com a comunidade; nos grupos de hiperdia, ou puericultura, nas ações em
saúde, seja na unidade ou nos espaços de convivência da comunidade, trazendo conhecimento
e promovendo a saúde.

VII. ATIVIDADES DESEMPENHADAS, OBSERVADAS, PRATICADAS E


EXPERIENCIADAS

As atividades desempenhadas foram especificas de cada profissional acompanhado,


além de meses e datas que comemoram assuntos pertinentes, como por exemplo: setembro
amarelo, outubro rosa, novembro azul, tabagismo, entre outros.

28/08 a 15/09 Acompanhar Agentes comunitários de saúde


18/09 a 06/10 Acompanhar Enfermeira
09/10 a 27/10 Acompanhar Médico
30/10 a 17/11 Imunização
20/11 a 04/12 Curativos/Procedimentos

Nas primeiras semanas tive a oportunidade de acompanhar a equipe de ACS, onde


realizamos visitas regulares às residências para monitorar a saúde da população, identificação
de casos de doenças na comunidade, acompanhamos casos de condições crônicas e situações
de risco. Através das visitas estímulo a práticas saudáveis, como vacinação, alimentação
balanceada e atividade física, além disso, quando necessário, apoio emocional e social,
auxiliando em questões que impactam a saúde. Diariamente era realizada a manutenção de
registros atualizados sobre a situação de saúde da comunidade. Tratando de uma equipe
multiprofissional, os ACS colaboram com outros profissionais de saúde, como enfermeiros e
médicos, para promover a integralidade do cuidado, por meio de discussão de casos e
planejamento conjunto de ações. Conjuntamente com nós, estagiárias, a equipe de ACS,
auxiliou na realização de atividades educativas em grupos.

Além disso, realizamos o estímulo à participação em programas de prevenção, como


por exemplo, exames de rotina, em pacientes que tem baixa procura da unidade. Outro fator a
ser considerado, é que através das visitas foi possível, desenvolver vínculos de confiança com
os moradores.

Após a experiência com os ACS, acompanhei o trabalho da enfermeira da unidade.


Realizei visitas domiciliares para exame físico e avaliação de recém-nascidos e puérperas,
foram feitas orientações acerca da amamentação e pertinentes ao período. Foi feita uma
assistência clínica, incluindo consultas de enfermagem, acolhimento com classificação de
risco, coleta de citopatológico de colo uterino, bem como, o exame das mamas, pedido de
exames, encaminhamentos, atividades relacionadas a gerenciamento, como organização de
recursos materiais, fechamento de mês, organização de assuntos relacionados a equipe.
Desenvolvemos atividades educativas para a promoção da saúde. Gerenciamento de pacientes
com condições crônicas, garantindo adesão ao tratamento e prevenção de complicações.
Realizamos grupos terapêuticos para pacientes com doenças crônicas, como o HIPERDIA e
utilização de sistemas de informação para monitoramento e avaliação das ações, como
exigência da Prefeitura.
Fonte: Arquivo Pessoal

Ademais, realizamos consultas pré-natais (preenchimento da caderneta da gestante,


ausculta de BCF, medida de altura uterina, manobra de Leopold, entre outros),
acompanhamento do desenvolvimento infantil, planejamento familiar, promoção do
aleitamento materno e cuidados com a saúde materno-infantil. Outra atividade importante foi
a identificação e notificação de casos de doenças transmissíveis e ISTs. Tivemos a
oportunidade de participar da campanha de multivacinação e também realizar a vacinação
diretamente nos domicílios.

Poder acompanhar a enfermeira Laísa, foi um momento único em minha graduação,


pois o enfermeiro na ESF desempenha um papel estratégico na implementação de ações que
visam a melhoria da saúde da comunidade, focado na prevenção, promoção, recuperação e
reabilitação. O enfermeiro da Atenção primária é o primeiro contato do cidadão com a rede e
seu trabalho é resolutivo e indispensável.

Ao acompanhar o médico, queridíssimo Dr. Adriano, pude acompanhar consultas para


diagnóstico, tratamento e acompanhamento de condições de saúde. Fizemos orientações sobre
prevenção de doenças crônicas e promoção do autocuidado, monitoração do estado de saúde e
ajuste do plano de tratamento conforme necessário. Realizamos também consultas pré-natais,
acompanhamento de gestantes, cuidados pediátricos, incluindo acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como, saúde do adulto e idoso. Por fim, tivemos
abertura para discussão de casos e também aulas de assuntos pertinentes a Atenção primária.
Pude compreender que o propósito do médico na APS vai além do tratamento de doenças,
abrangendo a promoção da saúde, a prevenção de problemas de saúde e a colaboração
integrada com a comunidade, com o intuito de aprimorar a qualidade de vida dos pacientes
assistidos.

Fonte: Arquivo Pessoal

Em meus “setores” finais, que na prática são juntos tive a oportunidade de ter as
Técnicas de enfermagem e a profª Deborah como preceptoras, pude aprender bastante sobre
imunização e algumas medicações feitas em UBSFs. As salas de imunização têm uma
importância central na atenção primária à saúde, proporcionando diversos benefícios e
contribuindo para promover o bem-estar da comunidade. As vacinas são uma das formas mais
eficazes de prevenção de doenças infecciosas, crianças, idosos, gestantes e pessoas com
condições de saúde crônicas muitas vezes são mais vulneráveis a essas condições, e por esse
motivo, a imunização contribui para proteger esses grupos vulneráveis, reduzindo a incidência
de complicações associadas a doenças evitáveis por vacinação. Além disso, a imunização é
reconhecida internacionalmente como uma estratégia eficaz para melhorar a saúde global.
Participar de campanhas globais de vacinação ajuda a prevenir a propagação de doenças
transmissíveis em escala mundial, como a COVID-19.

Educação em saúde sobre tabagismo:

Fonte: Arquivo Pessoal

Evento Setembro amarelo (UNIDADE):


Fonte: Arquivo Pessoal

Evento Setembro amarelo (COMPLEXO SOCIAL MARAVILHA):

Fonte: Arquivo Pessoal

Grupo de Gestantes (Transformações fisiológicas na gestação + Transformações do bebê


semana a semana)
Fonte: Arquivo Pessoal

Grupo de Hiperdia: Como conviver com as duas comorbidades (+ Entrega de medicações +


Aferição de Pressão Arterial)

Fonte: Arquivo Pessoal

Imunização a domicilio:
Fonte: Arquivo Pessoal

Evento Outubro Rosa:


Fonte: Arquivo Pessoal

Campanha Multivacinação:

Fonte: Arquivo Pessoal

Grupo sobre Introdução Alimentar:


Fonte: Arquivo Pessoal

Novembro Azul:

Fonte: Arquivo Pessoal

VIII. FINALIZANDO O ESTÁGIO E O CURSO

Chegar ao final do estágio na atenção primária marca o encerramento de um capítulo


significativo em minha jornada acadêmica na enfermagem. Esta experiência prática
proporcionou uma oportunidade única de aplicar e consolidar os conhecimentos teóricos
adquiridos ao longo do curso. Durante esse período, pude vivenciar de perto a dinâmica do
cuidado em saúde na comunidade. Participar ativamente de consultas, procedimentos e ações
preventivas ampliou minha compreensão sobre o papel crucial da enfermagem na promoção
da saúde e prevenção de doenças. A interação constante com a equipe multidisciplinar na
atenção primária permitiu-me compreender a importância da colaboração entre profissionais
de saúde para oferecer um cuidado integral e personalizado. A troca de experiências e
conhecimentos com a enfermeira, médico, agentes comunitários e outros profissionais foi
enriquecedora e contribuiu para o desenvolvimento da minha prática profissional.

Além disso, o estágio na atenção primária permitiu-me aprimorar habilidades de


comunicação e empatia, essenciais para estabelecer vínculos de confiança com os pacientes.
A abordagem centrada na pessoa tornou-se uma diretriz fundamental, refletindo não apenas na
execução de procedimentos técnicos, mas também na compreensão das necessidades
individuais de cada paciente. Ao concluir este estágio, sinto-me preparado para enfrentar os
desafios e responsabilidades que a prática profissional em enfermagem na atenção primária
demanda. A integração do conhecimento teórico com a experiência prática foi fundamental
para minha formação, e acredito que as lições aprendidas continuarão a orientar minha
trajetória profissional.

Concomitantemente, o término do curso de enfermagem representa o fechamento de


um ciclo educacional que moldou minha visão e valores como profissional de saúde. O curso
não foi apenas uma jornada acadêmica; foi uma jornada de autodescoberta, aprendizado
contínuo e construção de uma base sólida para a prática da enfermagem. As disciplinas do
curso proporcionaram uma compreensão abrangente da anatomia, fisiologia, farmacologia,
ética e diversos outros aspectos fundamentais da enfermagem. Os estágios clínicos, incluindo
este na atenção primária, complementaram essa base teórica, oferecendo oportunidades
cruciais para aplicação prática do conhecimento. Olhando para trás, vejo não apenas um
período de estudo, mas uma jornada de crescimento pessoal e profissional. As experiências
vividas, as relações estabelecidas com colegas e professores, as superações e os desafios
enfrentados moldaram minha identidade como futura profissional de enfermagem.

Ao finalizar o curso de enfermagem e o estágio na atenção primária, sinto-me grata


pela oportunidade de aprender, contribuir e fazer parte de uma profissão tão nobre. Estou
ansiosa para aplicar todo esse aprendizado na prática profissional e continuar a jornada de
aprendizado ao longo da minha carreira como enfermeira.
IX. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir este estágio na atenção primária em enfermagem, é inevitável refletir


sobre a significância dessa experiência em minha formação profissional. A atenção primária
revelou-se uma esfera essencial na prestação de cuidados à comunidade, destacando a
importância do papel do enfermeiro na promoção da saúde, prevenção de doenças e gestão
integral do cuidado. A diversidade de situações clínicas, aliada às visitas domiciliares,
permitiu-me compreender a realidade dos pacientes para além dos aspectos puramente
clínicos.

O contato constante com a comunidade ressaltou a relevância das ações preventivas e


da promoção da saúde como pilares fundamentais na atuação do enfermeiro na atenção
primária. Participar de campanhas de vacinação, aconselhamento sobre hábitos saudáveis e
educação em saúde foram estratégias valiosas para impactar positivamente a qualidade de
vida dos pacientes. Este estágio, além de cumprir um requisito acadêmico, representou um
período de transformação e crescimento pessoal. A interação com colegas, a orientação dos
preceptores e a confiança depositada em minha capacidade de contribuir para a equipe foram
fatores que ampliaram minha visão sobre a profissional que desejo me tornar.

Expresso minha gratidão a todos que estiveram presentes nessa trajetória, colaborando
para meu desenvolvimento e aprofundamento em relação à enfermagem na atenção primária.
Este estágio representa não apenas o término de uma fase, mas é a base firme sobre a qual
edificarei minha carreira profissional, incorporando os princípios e valores obtidos nesta
experiência enriquecedora.

X. REFERÊNCIAS

BARBIANI R., DALLA NORA C. R., SCHAEFER R. Nursing practices in the primary
health care context: a scoping review. Rev. Latino-Am. Enfermagem, [S.I], 2016;24:e2721.
Disponível em: : http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0880.2721. Acesso em: 28 nov. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. O que é Atenção Primária?. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/o-que-e-atencao-primaria. Acesso em: 28
nov. 2023.
FREITAS, G. M.; SANTOS, N. S. S. Atuação do enfermeiro na atenção básica de saúde:
revisão integrativa de literatura. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, [S. l.],
2015. DOI: 10.19175/recom.v0i0.443. Disponível em:
http://www.seer.ufsj.edu.br/recom/article/view/443. Acesso em: 28 nov. 2023.

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