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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS -

UFR FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família
- PREMSAF

MEMORIAL DESCRITIVO
FERNANDA GABRIELLY CEZÁRIO RAMOS

2022
RONDONÓPOLIS
MEMORIAL DESCRITIVO

O escritor John Potter diz que : “A transformação é um processo, não um evento”. Esta
frase define bem o que foi o processo de graduação em enfermagem para mim. A aprovação
em uma universidade publica vem atrelada com um a série de mudanças que nos transformam
e lapidam o tipo de discentes que seremos. A forma como cada um se adapta é unica e não é
possível separar o aluno de todas os outros segmentos do ser humano.
Conciliar as responsabilidades acadêmicas com as do cotidiano foi sem dúvida o maior
desafio que precisei realizar no curso, se fez necessário um ciclo: aceitação, adaptação,
transformação constante e só então, o aperfeiçoamento.
A forma como as grades curriculares do curso de enfermagem da UFR são construídas
nos permitem logo nos primeiros semestres acessar diversos segmentos diferentes de atuação
da enfermagem, isso possibilita iniciar a lapidação, mesmo que mínima, do nosso perfil
profissional, além das preferências e afinidades.
Desde o ínicio compreendi o papel do enfermeiro como agente transformador de
realidades, e e esta visão se perpetuou em todas as práticas durante os estágios, de forma clara
e atuante durante o Projeto de Extensão da Terceira Idade em 2015, através das atividades e
educações em Saúde, a participação permitiu dentro deste longo processo de transformação,
vivenciar a importância da atenção primária dentro do processo de educação de uma
comunidade. Foi a primeira experiência que fomentou a afinidade a atenção básica.
Concomitante com a participação em ações educativas, surgiu o interesse em buscar
conhecimento para além da matriz curricular, iniciando assim, as participações em eventos
acadêmicos e cientifícos, em diversas instituições e segmentos. Quanto mais me permitia
abranger novas aréas, percebia novos conhecimentos que poderiam ser adquiridos, esse
processo foi ilimitado, acessava-se novas aréas, visualizava-se mais possibilidades de
construção profissional.
Durante todo esse processo, foi possível visualizar a importância de ter um papel de
responsabilidade e de reprensatividade dentro de uma instituição, não só para atuar e gerar
mudanças, mas para assegurar o acesso aos recursos e direitos de um determinado grupo.
Buscando então aperfeiçoar essa posição de liderança e de representação, participei da gestão
do centro acadêmico de enfermagem Mary Seacole, vigente de junho de 2018 a dezembro de
2019, e depois da gestão Mary Seacole vigente entre abril de 2021 a junho de 2022. A atuação,
principalmente no segundo mandato, agregou muito na construção de uma postura de
posicionamento e de gestor.
Nos estágios de Saúde Coletiva, a experiência da realidade um enfermeiro assistencial
e gestor foi esclarecedora, pois é nessa vivência que percebi, para além da teoria, o papel
profissional e até mesmo social, de um profissional de enfermagem dentro de uma
comunidade. Na matéria de saúde e ambiente o professor Sidnei Sampaio utilizou a frase “A
saúde do individuo depende do ambiente em que ele vive”, e sendo essa uma verdade,
promover saúde é transformar ambientes, mudar comportamentos, promover melhorias, de
forma coletiva, abrangente, respeitando a individualidade de cada ser.
É um desafio conciliar a gestão de uma unidade de saúde da família com a parte de
assistência, porém este é o ambiente com potencial de atuar e mudar a realidade dos
índividuos. Apesar da complexidade que esse serviço possui, é neste nível de atenção que se
torna possível intervir de forma integral, fazendo parte da comunidade que necessita de
intervenções.
A participação no projeto de iniciação científica de Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde nas estratégias de saúde da família, evidenciou a dificuldade que ainda
existe de gerir uma unidade de estratégia de saúde da família, seguindo todas as legislações
que permeiam as práticas profissionais da enfermagem. Os resultados do projeto mostraram
que na maioria das unidades de estratégia de saúde da família, a atuação fica limitada as
práticas assistenciais, e papéis de responsabilidades para além da unidade são negligenciados,
como nesse caso, o papel de responsabilidade com o meio ambiente. Junto, fica claro, a
importância da pesquisa e das evidências científicas na remodelação das ações dentro de
instituições de saúde.
A graduação apesar de nos preparar para atuar em todas as aréas, não é o suficiente
para construir de forma integral, um profissional completamente preparado para se tornar um
objeto de transformação, o modelo de atuação voltado as doenças em si, e não ao índividuo,
ainda é culturalmente muito latente nas práticas vivenciadas, desenvolver a competência de
traçar estratégias voltadas aos grupos de forma assertiva, o reconhecimento dos terrítórios de
ação, e as particularidades que permeiam o processo de saúde das famílias de uma aréa é
imprescindível na atenção básica. Compreender a importância desse nível de atenção dentro
do sistema de saúde é contribuir para o processo de construção da saúde do país.
A participação em um programa de residência multiprofissional, é mais uma
oportunidade, de continuar esse processo de construção de um perfil profissional atuante na
organização do Sistema Unico de Saúde, capaz de assumir todas as suas competências de
forma plena, sendo comprometido como agente transformador da saúde da sociedade.

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