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PET Saúde

Gradua-SUS
Relatos de
experiências e
transformações

Por

ADÉLIA CARVALHO DE ARAÚJO SANTOS, ANA GABRIELA FERREIRA BRITO, CRISTINA


D’ORNELLAS FILIPAKIS, EVELLY SILVA E SILVA, FABIANA FLEURY CURADO, FERNANDA
GOMES DE OLIVEIRA, HUDSON EYGO MOTA SOARES, IRENIDES TEIXEIRA, LAURA
PANTOJA DE OLIVEIRA CARVALHO, LORENA DIAS DE MENEZES LIMA, MARIANA
RIBEIRO PEREIRA, PALOMA GRACIANO DE CARVALHO MOURA, SABRINNE FERREIRA
DA SILVA
PARA COMEÇAR

O Programa de Educação Tutorial - PET Saúde Gradua-SUS consiste


em um projeto do Ministério da Educação que visa fomentar grupos de
aprendizagem tutorial. É desenvolvido por diversos atores, dentre eles
estudantes e docentes de graduação e profissionais do SUS. Dentre as
atividades desta edição do PET, encontram-se a reflexão da integração
ensino-serviço-comunidade, a reformulação curricular e educação
permanente para docentes, que visam a mudança na prática da
formação de futuros profissionais da saúde, impactando diretamente na
atividade profissional no âmbito do Sistema Único de Saúde.

RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

Durante o ano de 2016 várias atividades foram desenvolvidas pelos


preceptores (profissionais de saúde), docentes e discentes envolvidos.
Tais atividades ocorreram tanto nas universidades CEULP e UFT
quanto em diversos equipamentos do SUS. Os relatos que seguem são
frutos destas atividades.

FERNANDA GOMES DE OLIVEIRA

Ao decidir participar do PET, tinha como objetivo ampliar meu


conhecimento sobre as formas de atuação dentro da saúde, uma vez que,
durante os quatro anos já cursados de Psicologia, vivi poucos momentos de
prática nessa área. Levando em consideração a maior quantidade de concursos
ofertados para trabalhar na saúde, em detrimento a outros campos, no que diz
respeito à Psicologia, passei a sentir maior necessidade de vivenciar as práticas
que até então não havia experimentado.
Já no primeiro encontro dos participantes do programa, senti que aquilo que
almejava poderia ser realizado. Vislumbrei visitas nos mais variados campos
de trabalho e o aprendizado em ambientes multiprofissionais. Assim, por
sorteio organizado pela coordenação do PET, ingressei no Grupo Ampliado 5,
o qual contem profissionais e acadêmicos de enfermagem, nutrição,
odontologia e psicologia. Dias depois, soube que também participaria do Grupo
Tutorial de Psicologia, o qual realizaria ações que possibilitarão a melhoria do
curso para a formação de alunos com mais preparo e conhecimento da realidade
de trabalho que serão inseridos.
Até o momento, tive a oportunidade de conhecer dois campos riquíssimos de
atuação: o hospital maternidade Dona Regina e o órgão de Vigilância em
Saúde- SEMUS. Em ambos, tivesse acesso à maior parte da estrutura física e
ao conhecimento das ações ali realizadas, sempre questionando onde e qual
seria o papel do psicólogo no serviço. No entanto, o número pequeno de visitas
me frustra. Desejo desde o início, como falado acima, conhecer afundo os
campos e possibilidades de atuação. O motivo dessa pequena quantidade diz
respeito, no meu ponto de vista, à pouca abertura de alguns profissionais

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participantes do PET para que as visitas aconteçam, e também à inflexibilidade
de horários, que muitas vezes chocam com os horários de aula da graduação.
Outros momentos marcantes e construtivos são as reuniões gerais, tutoriais e
de grupo ampliado, que ocorrem mensalmente. Numa das reuniões gerais houve
a fala de uma professora da UFT que memorizei com muito carinho, devido sua
relevância e sensibilidade. Ela comentava sobre o enorme papel do agente de
saúde para o desenvolvimento da saúde na comunidade e que, infelizmente, por
não possuir educação de nível superior, esse profissional não poderia estar ali
presente conosco. Nesse momento, comecei a enxergar o trabalho em saúde
num outro aspecto, sem “psicologizar” todos processos como tendia a fazer, me
abrindo para reconhecer e valorizar ainda mais outras figuras desse cenário.
Assim, de todas as experiências vivencias até então, guardo comigo a
importância e eficácia de se trabalhar em saúde dividindo-se por territórios,
como discutido nos grupos e observado no SEMUS, a paciência, sensibilidade
e persistência ao se trabalhar num hospital, lidando com momentos ímpares na
vida dos pacientes e também com os poucos recursos disponibilizados para
manutenção e melhoria desse local, como observado no hospital Dona Regina.
Atento-me também à enorme necessidade de vivenciar práticas
multiprofissionais desde a graduação, como vem ocorrendo nos grupos
ampliados, pois esta é uma das maiores dificuldades que observei. Até agora,
entendo que é necessário sutileza, escuta, renúncia de saberes determinados e
perspicácia, para trabalhar somando-se a outros saberes, ampliando
conhecimentos e melhorando significativamente o atendimento à comunidade.
Por fim, acredito muito na relevância do projeto para a transformação do
preparo do acadêmico, como discutido e trabalhado no grupo tutorial de
psicologia, o qual cede o espaço que o aluno precisa para relatar suas angústias,
conquistas e desejos como futuros profissionais da área da saúde, sendo assim,
protagonistas de sua formação.

SABRINNE FERREIRADA SILVA

A participação no PET objetiva a aquisição de novas


perspectivas do serviço de saúde, bem como a ampliação dos
conhecimentos acerca da atuação multidisciplinar no SUS.
Foram realizadas visitas nos campos: Unidade Básica de
Saúde, Vigilância de Óbito, Vigilância Ambiental e Fundação escola de Saúde
Pública. Utilizou-se o método de observação, através do qual, obtivemos
contato com o território e os serviços.
Trata-se de um método eficaz, para fins de reconhecimento de território, porém,
insuficiente, visto que observar o ambiente e os serviços oferecidos não nos
promove uma visão reflexiva, a observação agregada à prática seria ideal para
construirmos argumentos acerca do que necessita ser aprimorado na graduação
para melhor atuação dentro destes campos.
Porém, o reconhecimento da estrutura e serviços oferecidos proporcionou a
identificação da demanda destes serviços, a necessidade de ampliação dos

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recursos disponibilizados, entre outros. Esses fatores que compõem a
estruturação e a organização território permitiram melhor proximidade com a
realidade visitada.
As experiências de visitas realizadas durante os 6 meses de Pet-saúde, refletem
a necessidade da inclusão de mais disciplinas que trabalhem a
multidisciplinaridade. A Psicologia possui um território de atuação muito
restrito, que impede a contribuição de outras áreas, o que poderia enriquecer a
atuação por proporcionar o olhar de uma perspectiva multidisciplinar.
Uma das mudanças que se tornam necessárias após o contato com esses
territórios de atuação, é a mudança da grade curricular do curso na disciplina
de Psicologia da saúde. O conteúdo que é transmitido proporciona uma visão
unilateral, e, como observado nas visitas, o espaço de atuação no SUS nunca
será restrito ao psicólogo, trata-se de uma atuação conjunta em equipe que deve
ser promovida visando a totalidade do sujeito. Surge então a necessidade da
visão multidisciplinar ao abordar a disciplina, bem como o trabalho em equipe,
através da transversalidade e de uma perspectiva integralizada.
Foram experiências enriquecedoras, visto que ampliaram meu conhecimento
acerca dos serviços e instigaram a minha criticidade em relação á atuação e
formação do psicólogo nestes campos.
O maior desafio encontrado foi a dificuldade de acesso aos campos de atuação,
visto que há uma burocracia quanto ao acesso de alunos. Isto configura-se como
um ponto negativo, visto que é através do contato enquanto acadêmicos que
podemos avaliar a integração ensino, serviço e comunidade, possibilitando a
detecção da demanda existente no serviço e as falhas que promovem uma
graduação deficitária.
Através dessas experiências conclui-se que, a integração ensino-serviço-
comunidade é essencial para a formação de profissionais melhores capacitados
para lidar com a diversidade existente no serviço, bem como, através da
aquisição de experiência multidisciplinar, promover um atendimento
biopsicossocial e integralizado ao indivíduo, proporcionando um atendimento
mais humanizado e eficaz.

Visita UBS – 405 Norte (24/05/2016)

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Visita – Vigilância de óbito (25/05/2016)

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EVELLY SILVA E SILVA

A proposta do programa PET-Saúde/GraduaSUS tem


como prerrogativa a abrangência em três campos
distintos: Ensino-Serviço-Comunidade. A
comunicação entre essas áreas é fundamental, pois busca melhoria de acordo
com as possibilidades e o manejo das demandas de cada setor. Dentro desse
contexto é válido ressaltar a necessidade do aluno petiano que está inserido nos
campos de prática e acadêmico, possuir um olhar visão em relação a essa
realidade.
Para alcançar melhoria na qualidade do serviço é preciso avançar na formulação
de propostas de mudança no ensino e aprendizagem das singularidades de cada
setor dentro do campo de prática da área da saúde.
Em busca de alcançar esses objetivos, o grupo ampliado 04, composto por
acadêmicas do CEULP/ULBRA e da UFT, bem como preceptoras dos campos
de prática do HGP, ETSUS e SEMUS, efetuou visitas nos três campos com
cunho de observação e reflexão acerca das práticas e das necessidades de cada
localidade.
A experiência de visita aos campos possibilitou a formulação de hipóteses e de
possíveis intervenções nos locais nos mais diversos campos, como
planejamento de ações, estimulação da comunicação entre funcionários e
organização dos espaços físicos. Salientamos que são reflexões iniciais e existe
a possibilidade de mudança conforme maior conhecimento de cada campo em
específico.
Como foram efetuadas visitas em três locais distintos, foi escolhido apenas um
campo para formular e embasar essa reflexão. Ao visitar a ETSUS – Escola
Técnica de Saúde do Sistema Único de Saúde, observa-se que os serviços
oferecidos acabam sendo camuflados, onde o usuário acaba por muitas vezes
não estar ciente de quando procurar o serviço, visto que pode não ter
conhecimento sobre quais demandas podem ser sanadas.
Um exemplo disso é a existência de uma equipe especializada para tratar de
projetos de pesquisa aplicada dentro do campo da gestão em saúde no Estado
do Tocantins. Para o pesquisador ter possibilidade de direcionar seu projeto a

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esta área, é necessário passar por essa avaliação que está nos moldes de uma
portaria especifica, para assim ser levado adiante no comitê de ética e pesquisa
da instituição a qual está vinculado.
Todas essas informações ficam distantes da maioria, inclusive dos próprios
interessados. Portanto, é necessária a divulgação não apenas desse serviço
oferecido, mas de todos os outros, como cursos na área da saúde, mestrados
oferecidos, bem como maior abertura no campo de pesquisa, fazendo parcerias
com instituições.
Através das pesquisas aplicadas, pode-se chegar a grandes resultados e também
a melhoria do serviço na comunidade e inserção do acadêmico no campo de
prática da área de gestão em saúde no estado. Essa parceria entre o serviço e as
instituições de educação superior pode gerar grandes frutos e possibilitar
avanço para a saúde no Tocantins.

LORENA DIAS DE MENEZES LIMA

Dentro da proposta do PET-Saúde/GraduaSUS o Grupo


Tutorial Psicologia reúne profissionais, professores/
coordenadores e alunos da área da psicologia. Os
preceptores são aqueles que atuam diretamente nos
serviços de saúde, em âmbito municipal e estadual, que

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contribuem com suas experiências práticas. Já os tutores são docentes
do ensino superior que trazem ao grupo o conhecimento científico
vivenciado nas universidades. Os discentes são acadêmicos do curso
de psicologia, que vivenciam as experiências práticas e teóricas junto
aos demais profissionais.
Em nossos encontros discutimos questões relacionadas às dificuldades
apresentadas pelos profissionais da saúde em seus campos de atuação
para assim relacionar com algumas disciplinas específicas do curso de
psicologia e como poderia alterar o plano de ensino das mesmas, com
objetivo de adequar a grade curricular do curso a realidade do serviço
de saúde e da comunidade.
A proposta apresentada e discutida em um dos nossos encontros foi a
adequação de algumas disciplinas da grade curricular do curso de
psicologia já para o primeiro semestre do ano de 2017. Primeiramente
as coordenadoras apresentaram as disciplinas que irão sofrer
alterações, sendo elas Psicologia da Saúde, Saúde, Bioética e
Sociedade, Intervenção em Situações de Crise. O professor
responsável pela disciplina apresentava a ideia geral da disciplina e
como pretendia que ocorresse a mudança e em seguida pedia para que
os alunos apresentassem como as experiências em campo poderiam
contribuir para as mudanças nas disciplinas. Todos os acadêmicos
relataram que ao menos um dos campos que foram visitados poderia
contribuir com as disciplinas, como por exemplo a disciplina de
intervenção em situações de crise, que passará a ser uma disciplina
prática e locais como Henfil e HGP poderiam ser locais a propor
intervenções.
Uma outra alteração será na disciplina de Saúde, Bioética e Sociedade,
que é uma disciplina institucional que envolve todos os cursos da saúde.
A proposta é que o curso de psicologia faça essa disciplina apenas com
os alunos do curso, pois dentro da ementa é previsto estudar estatística
e como o curso já oferta uma disciplina especifica para estatística,
contrário aos demais cursos, poderá aproveitar o momento da disciplina
para aprofundar em questões relacionadas ao sistema único de saúde.
Em um primeiro momento concordei com a ideia proposta no que se
refere a disciplina de SBS, porém ao refletir sobre as alterações,
acredito que a proposta de estudar essa disciplina apenas com alunos
de psicologia não será proveitosa, pois a experiência de estudar em
uma disciplina que é multiprofissional possibilita conhecimentos únicos
que não serão possíveis em uma turma apenas com alunos de um
mesmo curso.
Esse momento proporcionou troca de vivências práticas e científicas,
integração e aproximação do grupo contribuindo para as futuras
experiências profissionais dos alunos.

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ANA GABRIELA FERREIRA BRITO

A integração ensino-serviço-comunidade e o
fortalecimento do movimento de mudança da formação
de graduações em saúde, através da educação pelo
trabalho são alguns dos objetivos do PET-Saúde-GraduaSUS. O grupo
tutorial é formado por tutores e discentes, sendo estes, respectivamente,
os que fornece ao grupo o conhecimento científico vivenciado nas
universidades e acadêmicos do curso de psicologia, que vivenciam as
experiências práticas e teóricas junto aos demais profissionais.
Uma das discussões ocorridas no GT (Grupo Tutorial) que mais me
instigou foi quando discutimos sobre a importância e desafios do
trabalho interdisciplinar. Nós, discentes, estávamos passando por
momentos laboriosos em nossos GA (Grupo Ampliado), e ao
conversarmos com nossos tutores, percebemos de forma clara que um
dos objetivos do PET estava sendo sucedido.
Apesar de sabermos que a Psicologia é uma área que abrange outras
tantas, sendo essencial trabalhar em grupos com profissionais de
outras áreas, somente naquela reunião percebi tais desafios.
Percebemos que ao irmos para o campo de trabalho, a atividade
multidisciplinar requer uma dedicação especial para que ocorra de
forma eficaz. Também pude perceber as melhorias que este trabalho
traz a comunidade, através das discussões do GA, que se relacionou
diretamente com tais discussões.

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