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CAICÓ/RN
2019
ILARA MARIA FERREIRA ALVES
CAICÓ/RN
2019
ILARA MARIA FERREIRA ALVES
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Drª. Cristiane Spadacio
Faculdade Ceres - FACRES
Orientadora
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Prof. Dr. Diego Bonfada
Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte (EMCM-UFRN)
Membro
______________________________________________________
Prof. Ms. Kleylenda Linhares da Silva
Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte (EMCM-UFRN)
Membro
A COLABORAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA
MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
RESUMO
A residência multiprofissional em saúde é uma pós-graduação lato sensu, pautada em
uma metodologia de ensino-serviço, ou seja, integra os ingressantes do programa nos
serviços de saúde para aprender a teoria na formação prática. A formação
multiprofissional aprimora as habilidades dos profissionais das equipes. Nesta
perspectiva, a equipe multiprofissional trabalha com a estratégia da
interprofissionalidade, que por sua vez tenta romper com o modelo de cuidado em
saúde de forma fragmentado. Na busca pela integralidade, a colaboração
interprofissional vem para proporcionar o compartilhamento, a parceria, a
interdependência e o poder. Este estudo objetivou relatar a colaboração
interprofissional vivenciada por uma enfermeira de um programa de residência
multiprofissional em saúde. Trata-se de um relato de experiência, com abordagem
qualitativa, sendo utilizado como recurso metodológico a auto-narrativa na produção
da vivência da ingressante em seu primeiro ano na residência multiprofissional em
atenção básica. A estruturação da pesquisa se desenvolveu em três momentos: 1) a
“caracterização do programa de residência multiprofissional em atenção básica da
Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM)”, que aborda a estrutura, divisão e
funcionamento do mesmo, 2) as “atividades desenvolvidas”, com a descrição da
prática realizada durante o processo de residência; e 3) “narrativa de uma experiência”
que aborda e discute as dificuldades, os potenciais e os desdobramentos do trabalho
profissional que tem como guia a construção da prática interprofissional colaborativa
em saúde. Logo, obteve como resultado que a residência multiprofissional
proporciona o conhecimento e os espaços para a colaboração interprofissional, porém
não está totalmente implementada na rotina do programa, sendo necessário estudar
melhores meios para aprimorar a metodologia.
Palavras-chave: Interprofissionalidade. Colaboração Interprofissional. Residência
Multiprofissional. Narrativas pessoais. Relato de experiência.
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
2 METODOLOGIA....................................................................................................... 8
5 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 20
5
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Desse modo, vale ressaltar que a vivência que faz parte desta narrativa
aconteceu em um dos municípios, Caicó – RN, por ser a cidade onde a autora prestou
serviços como residente multiprofissional em atenção básica.
Durante a residência existiram momentos teóricos com carga horário de 1.152
horas e práticos com carga horária de 4.608 horas, que obteve como eixo principal o
trabalho interdisciplinar, as metodologias utilizada para o processo ensino-
aprendizado foram aulas dialógicas, demonstrações, problematização, PBL (Problem
Based Learning), PTS (Projeto Terapêutico Singular), Clínica ampliada, seminários,
pesquisa, reuniões conjuntas com as equipes, sendo que as atividades foram
presenciais, semipresenciais e à distância. A matriz curricular do programa é
organizada a partir de três eixos distintos, porém integrados, onde são distribuídos os
módulos teóricos, práticos e teórico-práticos. São o eixo transversal, ofertado a todos
os residente, que possui conteúdos que dão subsídio para uma prática integrada e o
desenvolvimento da articulação de ações na assistência à saúde; o eixo comum à
área de concentração, corresponde as particularidades dos cuidados na atenção
básica e suas características específicas na interação dos conhecimentos da equipe
multiprofissional; e o eixo longitudinal, dividido pelas profissões que compõem o
programa, corresponde a singularidade de cada núcleo profissional sendo que cada
profissão tem pontos intrínsecos para integrar na equipe multidisciplinar (PROGRAMA
MULTICAMPI DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO BÁSICA,
2015).
Como exposto, o eixo comum à área de concentração acontece na atenção
básica, logo a logística na prática sucede na metodologia de rodizio entre UBS’s, cada
equipe ficava exclusivamente com duas UBS e tem uma terceira unidade que os
residentes a dividem, sendo assim cada equipe de residente ficava responsável de
exercer suas atividades em 3 UBS.
Dentro de cada equipe ocorreu subdivisão dos profissionais em “volantes” e em
“fixos”, como o nome sugere os fixos ficam apenas em uma unidade e os volantes
realizam os rodízios pelas 3 unidades. São profissionais fixos aqueles das categorias
de enfermagem e odontologia, sendo os profissionais volantes das categorias de
nutrição, fisioterapia, psicologia, farmácia, serviço social, educação física,
fonoaudiologia e medicina veterinária.
Assim, a experiência que foi vivenciada pela enfermeira residente, aconteceu
em uma UBS. Tal unidade era composta por duas equipes saúde da família (eSF),
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Essas consultas tiveram um feedback positivo, tanto por parte dos usuários
como pelos profissionais do serviço, já que os que participavam delas expressavam o
quanto aquele momento era rico para o acompanhamento da criança ou da gestante,
e ainda, tinham sempre o interesse de participar das consultadas compartilhadas,
expressando que sentiam falta dos profissionais quando a consulta era simples e
individualizada.
Logo, foi possível observar que essas consultas compartilhadas foram
pautadas na lógica do trabalho multiprofissional, pois segundo Peduzzi et al. (2013)
entende-se por trabalho multiprofissional indivíduos de duas ou mais profissões que
realizam ações conjuntamente, no entanto, de forma paralela, sem haver
necessariamente interação entre eles.
3.2.2. Grupo “8 e 15” – Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT)
UBS assistidas são reduzidas, no máximo três por equipe de residentes, garantiu uma
melhor qualidade da assistência a população.
Nesse entendimento, acreditava que com profissionais capacitados era
possível realizar todas as ações de saúde, sejam elas advindas do Ministério da
Saúde, da Secretária Municipal de Saúde ou das demandas dos usuários, pelo
contrário houve grandes desafios na prática, como estrutura física, proatividade dos
envolvidos, falta de compromisso dos usuários que participavam dos grupos e auxílio
da gestão e da escola onde os residentes eram vinculados. A superação desses
desafios se deu no momento em que o usuário era o fator mais importante do
processo, se a necessidade dele fosse suprida o trabalho tinha sido efetivo.
Durante a vivência houve também alguns conflitos, na maioria das vezes por
divergência de opiniões, alguns tiveram resolubilidade, outros não, em consequência
dificultou o processo de trabalho. Segundo Souza et al. (2016) abordam que o conflito
pode ter pontos positivos ou negativos, dependendo de como aconteceu e como foram
conduzidos.
Os conflitos que tiveram resolução foram considerados positivos, já que os
envolvidos expuseram os seus pontos de vista, conversaram sobre a melhor maneira
de resolver aquela situação e por fim, achando uma solução para os mesmos, assim
possibilitando que o trabalho fosse executado sem prejuízo para os usuários.
Entretanto, os conflitos negativos foram aqueles sem resposta, por causa disto
algumas ações e atendimentos não tiveram a efetividade desejada, e ainda causou
desconforto aos profissionais inseridos.
Compreende-se que a comunicação é uma estratégia de resolução de conflitos,
visto que através dela existe a construção do respeito, da confiança, do vínculo, da
colaboração e do reconhecimento do papel do outro (SOUZA et al., 2016). Logo, a
falta de comunicação gera prejuízos no trabalho em equipe, impossibilitando a
colaboração interprofissional.
Outrossim, quando se está inserido em uma equipe multiprofissional o
aprendizado é amplo. Nesse sentido, antes da inserção no programa de residência
pensava que entendia como era a prática e a inserção das profissões inseridas no
programa, no entanto, no decorrer das ações, dos atendimentos, dos encontros, das
conversas e das reuniões foi evidenciado que cada categoria profissional possui suas
particularidades, sendo assim, pude conhecer o papel de cada e desmistificar os
pensamentos engessados das respectivas profissões.
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O aprendizado também ocorreu nas ações e nos grupos, onde tínhamos que
planeja-los a partir de metodologias ativas, que diferente do que aprendemos na
graduação, não ficávamos restritos em uma exposição dialogada para uma plateia
repassando uma temática pré-estabelecida. Então, Souza, Silva e Silva (2018) trazem
que o ensino-aprendizagem das metodologias ativas é um processo de ensinamento
centrado no usuário, onde o conhecimento é a partir das experiências e dos momentos
reais, estruturado por uma pedagogia ativa, desta maneira retira o profissional
formado do foco da transmissão do conhecimento, para que agora apareça na posição
de coordenador do aprendizado, o usuário é o protagonista do processo de
aprendizagem.
Destarte, para a formação como profissional de enfermagem dentro da
residência pude adquirir conhecimentos em todos os aspectos, sejam eles negativos
ou positivos, hoje me considero uma enfermeira mais aberta a diálogos, a opiniões e
a críticas, reconheço a importância de cada profissão envolvida na assistência à
saúde, compreendo que a necessidade do usuário, da família ou da comunidade é o
objetivo em comum e o norteador no cuidado prestado, e que trabalhar em equipe
proporciona melhores resultados na prática. Ao mesmo tempo, percebi como é difícil
trabalhar com pessoas, onde em muitas vezes cada um deseja fazer o melhor para si,
e são nesses momentos que acontecem os desgastes psicológicos e físicos, os
conflitos, a falta de estímulo, e são nesses momentos que não existe colaboração
interprofissional, apenas a uniprofissionalidade.
Contudo, a prática da colaboração interprofissional entende-se como uma
parceria entre uma equipe composta por diferentes profissionais de diferentes áreas
de conhecimentos e um usuário, em um abordagem de decisão compartilhada e de
participação colaborativa em volta da saúde e dos problemas sociais (PREVIATO;
BALDISSERA, 2018). Além disso, a gestão de conflitos é um pressuposto da
educação interprofissional que deve ser parte integrante desta metodologia, visto que
reduz o risco de ocorrências escaladas de conflitos e os custos a ela associados
(CLARO; CUNHA, 2017).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERÊNCIAS