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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE BENGUELA

DEPARTAMENTO DE GESTÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROPOSTA PARA O ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO


BAIRRO DA GRAÇA NO MUNICÍPIO DE BENGUELA

ESTUDANTE: Carlos Muxito Macamba Mapinda Cassongo


LICENCIATURA: Administração e Gestão do Território

BENGUELA
2023
Carlos Muxito Macamba Mapinda Cassongo

PROPOSTA PARA O ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO


BAIRRO DA GRAÇA NO MUNICÍPIO DE BENGUELA

Monografia apresentada ao Instituto Superior


Politécnico de Benguela, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Licenciado em Administração
e Gestão do Território

Orientador: José Chicanha Delfino, Mestre.

BENGUELA
2023
Carlos Muxito Macamba Mapinda Cassongo

PROPOSTA PARA O ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO


BAIRRO DA GRAÇA NO MUNICÍPIO DE BENGUELA

Monografia apresentada ao Instituto Superior


Politécnico de Benguela, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Licenciado em Administração
e Gestão do Território.

Aprovada em__ de ____________________ de _____

BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Docente José Chicanha Delfino (a)
___________________________________
Presidente Membro da Banca
___________________________________
Primeiro Vogal Membro da Banca

BENGUELA
2023
DEDICATÓRIA
Este trabalho de pesquisa é dedicado aos moradores do Bairro da Graça.

IV
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre ao meu lado e por me dar a
oportunidade de concluir este curso e trabalho. Agradeço a todos os Docentes do
Departamento de Gestão e Desenvolvimento Humano, aos Docentes da Coordenação
de Administração e Gestão do Território do ISPB, que durante o curso contribuíram para
os meus conhecimentos científicos durante a jornada académica.

Agradecer em especial ao Docente José Chicanha Delfino, MSC., a todos os amigos,


parentes e colegas que me deram a oportunidade de os conhecer e compartilhar suas
experiências. Aos meus Pais; Macamba Cassongo e Clotilde Mapinda, responsáveis
directos da minha existência, e formação.

A todos, muito obrigado!

V
O ordenamento do território é na realidade o
ordenamento da nossa sociedade.

Claudius-Petit, in Frade, 1999

VI
RESUMO
Para a investigação sobre a proposta do ordenamento do bairro da Graça,
partimos por formar um conjunto de conceitos, segundo vários autores e de acordo
com lei vigente que regula a actividade do ordenamento no nosso país, vimos que a
abordagem sobre o ordenamento é um assunto novo, mas que remota muitos anos
para outras realidades. Com isso entendemos que é necessário que se faça esta
discussão para podermos ajudar a solucionar um problema que é dos Moradores do
bairro da Graça, mas em contrapartida da comunidade em geral. O objectivo geral
passa em propor um modelo de Ordenamento Territorial do bairro da Graça no
município de Benguela. Esta proposta é ajustada a nova realidade, ao contexto sobre
a mudança de consciência e valores para dar dignidade a pessoa humana. Assim
usamos a metodologia do tipo descritiva com o enfoque misto qualitativo e
quantitativo, para cada uma das características baseamo-nos nos seus resultados e
valores percentuais e em imagens. Como resultados entendemos nós que o bairro por
si esta moderadamente ordenado, mas o bairro velho como disseram os Moradores
na sua maioria esta desordenado e a maior parte dos Moradores disseram que um
dos desafios para o bairro é o ordenamento, como o bairro velho não possui serviços,
ruas e segurança, todos os Moradores disseram que a falta destes elementos torna o
bairro não ordenado. Portanto a necessidade de se efectivar esta investigação é
urgente e necessária para que se possa melhorar as condições de vida dos Moradores
do bairro da Graça antiga, que se encontre medidas para poderemos ordenar o bairro
por meio desta proposta já que provavelmente a zona ‘’F’’ onde o bairro está situado
passará para um município, ali teremos condições necessárias para sua efectivação.

Palavras Chave: Ordenamento do Território, Lei do Ordenamento, Planeamento,


Reordenamento, bairro da Graça-Benguela.

VII
ABSTRAT
For the investigation into the proposal for the organization of the Graça
neighborhood, we start by forming a set of concepts, according to various authors and
in accordance with the current law that regulates planning activity in our country. We
see that the approach to planning is a new subject, but one that dates back many years
to other realities. With this understanding, we realize that it is necessary to have this
discussion in order to help solve a problem that belongs to the residents of the Graça
neighborhood, but also affects the community as a whole. The overall objective is to
propose a model of Territorial Planning for the Graça neighborhood in the municipality
of Benguela. This proposal is adjusted to the new reality, to the context of changing
consciousness and values in order to give dignity to the human person. Therefore, we
use a descriptive methodology with a mixed qualitative and quantitative approach. For
each characteristic, we base ourselves on their results and percentage values, as well
as images. As a result, we understand that the neighborhood itself is moderately
organized, but the old neighborhood, as most residents have stated, is disorganized.
The majority of residents have said that one of the challenges for the neighborhood is
planning, as the old neighborhood lacks services, roads, and security. Therefore, all
residents have said that the lack of these elements makes the neighborhood
disorganized. Therefore, the need to carry out this investigation is urgent and
necessary in order to improve the living conditions of the residents of the old Graça
neighborhood. Measures must be found in order to organize the neighborhood through
this proposal, especially since the "F" zone where the neighborhood is located will
likely become a municipality, where we will have the necessary conditions for its
implementation.

Keywords: Territory Planning, Planning Law, Planning, Reorganization, Graça


neighborhood-Benguela.

VIII
ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ........................................................................................................ IV

AGRADECIMENTO.................................................................................................. V

PENSAMENTO .......................................................... Erro! Marcador não definido.

RESUMO ............................................................................................................... VII

ABSTRAT.............................................................................................................. VIII

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS ......................................................................... XI

SIGLAS E ABREVIATURAS .................................................................................. XII

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
CAPÍTULO I. FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE ORDENAMENTO DO
TERRITÓRIO .......................................................................................................... 18

1.1. Definições e Conceitos ................................................................................... 18


1.2. Territorialidade e o Ordenamento do Território ............................................ 20
1.3. Ordenamento do Território em Angola ......................................................... 21
1.4. Ordenamento do Território em Benguela e Fisiografia................................. 25
1.5. Princípios do Ordenamento do Território ..................................................... 28
1.6. Tipos de Planeamento .................................................................................... 29
1.7. Processos e Desafios do Ordenamento do Território................................... 31
CAPÍTULO II. METODOLOGIA DO TRABALHO .................................................... 34

2.1. Tipo de pesquisa .......................................................................................... 34


2.2. Técnicas e Procedimentos na recolha dos dados ........................................ 34
2.3. Métodos do Nível Teórico ............................................................................ 35
2.4. Métodos do Nível Empírico .......................................................................... 36
2.5. Caracterização Geográfica do Município de Benguela ................................ 38
2.6. Universo, População e Amostra ................................................................... 39
CAPÍTULO: III. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.................... 41

3.2. Proposta Para o ordenamento do território do Bairro da Graça ...................... 46


3.3. Apresentação dos Resultados de Inquérito Aplicado aos Moradores,
Autoridade Tradicional e o Administrador adjunto da zona ‘’F’’ ............................. 49
IX
3.4. Analise e Discussão dos Resultados .............................................................. 53
CONCLUSÕES ...................................................................................................... 54
SUGESTÕES ......................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 56
APÊNDICE .............................................................................................................. 59

ANEXOS ................................................................................................................. 61

X
ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1.1. Modelo Conceptual de riscos ( Adapato de Paniza, 1990) ...................... 27
Figura 1.6. organização do sistema de ordenamento territorial criado pela LOTU.... 31
Figura 3.1.1. Mapa de localização de fenómenos perigosos e grau de risco. ......... 455
Figura 3.1.2. Mapa do ordenamento do território do bairro da Graça……....…………45
Figura 3.2.1. Planta proposta para Requalificação urbana do bairro da Graça….…..46
Figura 3.2.2. Planta proposta para hierarquia das vias…………………….…………..47
Figura 3.2.3. Perfis viários………………………………………………………………....47
Figura 3.2.4. Zoneamento …………………………………………………………….…..48
Figura 3.2.5. Zona proposta para Expansão e Realojamento………….……….……..48
Figura 3.2.6. Muro de contenção…………………………………………….….………...49

Tabela 3.1.1. Pontos fortes e fracos das instituições governamentais……………….41


Tabela 3.1.2. Pontos fortes e fracos da sociedade civil ............................................ 42
Tabela 3.1.3. Análise Swot do Bairro da Graça......................................................... 43
Tabela 3.1.4. Tipos de Riscos e Catástrofes ............................................................. 43
Tabela 3.1.5. Identificação dos tipos de risco…...……………………………………...44

Tabela 3.1.6 Tipos de riscos, grau e probabilidade ................................................ 444


Tabela 3.3.1. Conhece o território Administrativo da Graça? …………………………50
Tabela 3.3.2 Sabe se o seu bairro está ordenado?....................................................50
Tabela 3.3.3. quais são os reais desafios na gestão do território do Bairro da
Graça?........................................................................................................................50
Tabela 3.3.4. Sabe da lei do ordenamento do território e Urbanismo?......................51
Tabela 3.3.5. Um bairro ordenado possui?................................................................51
Tabela 3.3.6. Considera se tem sido bem feito o Ordenamento do seu bairro?........51
Tabela 3.3.7. Qual é o nível do ordenamento do seu bairro?.....................................52
Tabela 3.3.8. Aceita que o seu bairro seja reordenado?............................................52

XI
SIGLAS E ABREVIATURAS
INE- Instituto Nacional de Estatística
INPF- Instituto Nacional de Planificação Física
ICA- International Cartographic Association
INOTU- Instituto Nacional do Ordenamento do Território e Urbanismo
IGT´S- Instrumentos de Gestão do Território
ONU- Organização das Nações Unidas
PDM- Plano Director Municipal
PDN- Plano de Desenvolvimento Nacional
PNOT- Plano Nacional do Ordenamento do Território
LOTU- Lei do Ordenamento do Território e Urbanismo
RGPTUR- Regulamento Geral dos Planos Territoriais Urbanísticos e Rurais

XII
INTRODUÇÃO

A presente abordagem, tem como título “Proposta para o ordenamento do


Território do Bairro da Graça no município de Benguela”. A mesma visa de entre as
mais diversas perspectivas académico, científicas, político-sociais, económico-
culturais, evidenciar um plano de ordenamento territorial que se adequa a
modernidade e exigências científicas, cuja a finalidade em nada reside senão mesmo
no bem-estar, na garantia de mobilidade e asseguramento dos serviços essenciais e
básicos inerentes a zonas habitacionais com tipicidade geográfica do bairro da Graça.
O ordenamento do território, tem sido um dos grandes assuntos em debates na
actualidade por conta da desenfreada luta pela conquista de um espaço, quer seja
para a implementação de habitações e serviços afins. Facto este que muitas das
vezes, tem gerado ocupação desordenada, construções arbitrárias, sem esquecer as
ocupações ilegais o que muitas das vezes divergem com certos planos previamente
estabelecido por entidades de direito, que muitas das vezes vêm fragilizadas ou
mesmo interferida suas intenções, com a onda de auto-ocupação e não só.
Face a este cenário, a abordagem, traz uma perspectiva de fundamentos
teóricos que possam amenizar e harmonizar tais desideratos, e no caso em particular,
focar-se a realidade do bairro da graça, por formas a que quer seja a população
residente, o governo e os futuros moradores, tenham em conta os pressupostos aqui
destacados, visando a garantia de uma vivência harmoniosa e consequentemente
uma vitalidade e sustentabilidade na gestão deste território, cujos efeitos, são
apontados como promissores para a geração actual e vindoura.
O ordenamento do território, objecto de estudo neste trabalho, revela-se uma
área sensível e importante do ponto de vista ambiental, social, económico, cultural e
sustentável e daí a importância em perceber que propostas podem ser apresentadas
como medidas que podem contribuir para se fazer uma boa administração e gestão
deste território, bem como salvaguardar a essência dos efeitos de crescimento e
desenvolvimento que podem advir ao homem através da perspectiva do ordenamento
territorial.
Actualmente, estas preocupações, se revelam mais expressivas e verifica-se
um crescente interesse não só pelas ocupações de terrenos como recurso para
edificação de residências, infraestruturas diversas, mas também pelas relações

13
estabelecidas com os utilizadores e pela forma como são geridas pelas entidades
responsáveis.
Esta abordagem, vem trazer a tribuna académica, uma reflexão em torno da
situação a que se encontra o Bairro da Graça, e em pleno contexto actual, era tempo
de se tirar maior proveito das potencialidades que o bairro oferece, mas proveito este
que deve recair ao cumprimento de padrões estatuídos para o mesmo efeito, sem que,
no entanto, hajam pessoas, instituições e sectores na condição de vítimas e
beneficiários. É importante fazer valer a ciência nos mais variados problemas
contextuais a que a sociedade tem enfrentado. O risco do ordenamento do território,
não só interfere na vida dos habitantes, mas como também de todos, quer seja
investidor, residentes ou não, turistas, como também acarreta enormes
consequências para a administração estatal.
Muito mais do que um mero trabalho de fim de curso, ressalta-se o carácter
preponderante da fundamentação teórica constantes no trabalho, bem como as
recomendações e conclusões, por formas a que sejam valorizadas todas as
orientações e advertências científicas no que diz respeito ao ordenamento do
território.
Para entendermos a necessidade do estudo levantamos o seguinte Problema
de investigação: Quais são os desafios do ordenamento territorial do bairro da Graça
no município de Benguela? para problematização apresentada entendemos que o
modelo de construção aliado a falta de fiscalização sejam os reais problemas
relacionados ao ordenamento do bairro da Graça, toda via buscamos trazer aqui um
quadro que deve se adequar a realidade da localidade.
Objectivo Geral: propor um modelo de Ordenamento Territorial do bairro da
Graça no município de Benguela.
Objectivos Específicos:
1. Fundamentar as teorias e abordagem sobre o Ordenamento do Território;
2. Caracterizar o modelo de Ordenamento do Território do bairro da Graça no
município de Benguela;
3. Apresentar a proposta do Ordenamento do Território do bairro da Graça no
município de Benguela.
Conveniência: O ordenamento do território de um bairro pode trazer muitas
vantagens e conveniências para seus moradores e para a cidade como um todo, tais

14
como: planeamento adequado do uso do solo, do tráfego de veículos e da
infraestrutura urbana pode tornar o bairro mais seguro, saudável e agradável para se
viver. Redução de conflitos: um ordenamento bem feito pode evitar a sobreposição de
usos incompatíveis, como a construção de indústrias em áreas residenciais, por
exemplo, minimizando conflitos de interesse entre moradores e empresas.
Valorização imobiliária: um bairro ordenado e bem estruturado pode atrair mais
investimentos e valorizar os imóveis locais, aumentando a qualidade de vida dos
moradores e gerando benefícios econômicos para a região. Preservação ambiental:
um planeamento adequado pode promover a preservação de áreas verdes, a
protecção de recursos naturais e a redução da poluição, contribuindo para a
sustentabilidade do bairro e da cidade. Acesso a serviços públicos: um ordenamento
bem planeado pode garantir o bem-estar.
Relevância Social: na perspectiva dos autores entendemos que a iniciativa para
a mudança no modelo e padrão das construções e edificações permitem modificar o
tipo de ordenamento que se pode vislumbrar na localidade, entende-se que ao se
reordenar haverá uma melhoria no nível de vida dos Moradores, prestação dos
serviços e na qualidade de vida, bem como nos padrões de acessibilidade,
mobilidade, serviços e outros. Promover um desenvolvimento territorial equilibrado: o
ordenamento do território ajuda a garantir que o desenvolvimento de um determinado
território seja equilibrado, evitando o crescimento excessivo de uma determinada área
e a marginalização de outras.
Gerir o uso do solo: o ordenamento do território permite gerir o uso do solo de
forma eficiente e sustentável, garantindo a protecção dos recursos naturais e a
ocupação racional das áreas urbanas e rurais. Melhorar a qualidade de vida: o
ordenamento do território pode contribuir para melhorar a qualidade de vida da
população, garantindo o acesso a serviços públicos adequados, espaços verdes,
áreas de lazer e mobilidade urbana.
Promoção a competitividade territorial: um ordenamento do território bem feito
pode ajudar a promover a competitividade territorial, atraindo investimentos e gerando
empregos. Contribuir para a preservação do patrimônio cultural e histórico: o
ordenamento do território pode ajudar a preservar o patrimônio cultural e histórico de
uma determinada área, protegendo edifícios, monumentos e sítios arqueológicos.

15
Redução dos riscos e impactos ambientais: o ordenamento do território permite
identificar áreas de risco e minimizar os impactos ambientais negativos de actividades
econômicas e infraestruturas.
Em resumo, o ordenamento do território é útil para garantir um desenvolvimento
territorial equilibrado, gerir o uso do solo de forma sustentável, melhorar a qualidade
de vida da população, promover a competitividade territorial, preservar o patrimônio
cultural e histórico e reduzir os riscos e impactos ambientais.
Valor Prático e Teórico: O ordenamento do território tem uma grande relevância
social, pois visa garantir a organização e o desenvolvimento sustentável das cidades
e regiões, possibilitando uma melhor qualidade de vida para a população. Entre as
principais relevâncias sociais do ordenamento do território, podemos destacar:
Melhoria da mobilidade urbana: um planeamento adequado do uso do solo e da
infraestrutura de transporte pode garantir um deslocamento mais eficiente e seguro
para a população, reduzindo congestionamentos e acidentes de trânsito.
Acesso a serviços públicos: o ordenamento do território pode garantir o acesso
da população a serviços públicos essenciais, como saúde, educação, segurança e
lazer, promovendo a inclusão social e a equidade territorial. Preservação ambiental:
um planeamento adequado pode contribuir para a preservação de áreas verdes,
recursos naturais e redução da poluição, garantindo um ambiente mais saudável para
a população.
Valorização imobiliária: um bairro ou região bem ordenado e estruturado pode
atrair investimentos e valorizar os imóveis locais, gerando benefícios econômicos para
a população. Redução de conflitos, um ordenamento bem feito pode evitar conflitos
de interesse entre os diferentes usos do solo, minimizando conflitos entre moradores
e empresas e garantindo um ambiente mais harmonioso.
Promoção da segurança: um planeamento adequado pode contribuir para a
redução da violência e da criminalidade, garantindo um ambiente mais seguro para a
população. Em resumo, o ordenamento do território é fundamental para garantir o
desenvolvimento sustentável das cidades e regiões, promovendo uma melhor
qualidade de vida para a população.
Justificação: A segurança e o bem-estar das populações constituem uma
prioridade do Estado, para isso é fundamental a identificação das situações passíveis
de representar perigo, e pelo princípio da prevenção, antecipar as suas possíveis

16
consequências de modo a minimizar os prejuízos materiais e humanos, aplicando
medidas de minimização adequadas e actuando numa fase prévia, localizando
adequadamente as actividades e populações. Desta originou a razão da escolha do
tema “proposta para o ordenamento do território do bairro da graça no município de
Benguela”, assentando-se na construção de uma reflexão, identificação e catalogação
dos problemas existentes no bairro da Graça, decorrentes desde a sua origem até à
actualidade, resultante de muitas modificações e transformações que se foram
operando ao nível do ordenamento do território, distribuição espacial desordenada e
omissão da Administração pública no acompanhamento proactivo dos assentamentos
populacionais. .
A investigação está constituída por 3 capítulos sendo o I- da fundamentação
teórica da pesquisa, II- uso e recurso aos métodos e metodologias necessárias para
o alcance da pesquisa e III – capítulo, apresenta os resultados da pesquisa em tabelas
e mapas, posterior conclusões, recomendações e apêndices.

17
CAPÍTULO I. FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE
ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

1.1. Definições e Conceitos

O ordenamento é entendido, como defende Lopes (citado por Papudo, 2007,


p.36), como um acto de gestão do planeamento das ocupações, um potenciar da
faculdade de aproveitamento das infraestruturas existentes e o assegurar da
prevenção de recursos limitados. Simplificando, é a gestão da interactividade do
homem para com o espaço natural ou físico.
De uma forma abrangente, para Oliveira (2015) o ordenamento do território, é a
aplicação de todas as políticas públicas ao solo, tais como, económico-sociais,
urbanísticas e ambientais, que são orientadas para salvaguardar a localização,
organização e gestão adequada das actividades humanas, com o propósito de
alcançar um desenvolvimento harmonioso e equilibrado. Nesta ordem de ideia, o
Ordenamento do Território «é uma abordagem de carácter geral pois integra todos os
factores que incidem sobre o território ou que implicam a sua utilização, incorporando
quer a planificação física quer a de carácter socioeconómico». Esta noção ampla do
conceito do ordenamento do território vem contribuir para o destaque da dimensão
das questões que o ordenamento do território se ocupa em responder de forma
integrada, com o intuito de alcançar o “desenvolvimento regional harmonioso e
equilibrado”.
Papudo (2007), entende que do ponto de vista teórico, este tipo de
argumentação posiciona-se próximo de uma simples gestão de oportunidades, no
entanto, esta é uma definição “aberta” ou “ampla”, entendendo o conceito como “algo”
que não deverá cingir-se, apenas, à gestão do espaço, mas proporcionar uma
envolvência que permita um desenvolvimento a diferentes escalas, preservando o
presente e potenciando o futuro.
Aumentando a complexidade desta análise, é possível avançar com uma dupla
orientação da mesma, a saber:
Acepção ampla e Acepção restrita. Oliveira (2015), citado por (Papudo, 2007, p.36),
entende ser todo o acto de estabelecer políticas direccionadas para a garantia do equilíbrio
das condições de vida nas diferentes partes de um determinado território, isto é, são todos
os actos públicos orientados para a obtenção de uma qualidade de vida digna. Neste
sentido, a actividade pública deve, no âmbito das suas competências, ordenar o espaço.
Como restrita, este autor defende que o Ordenamento deverá compreender uma
18
competência muito importante, a de harmonizar e coordenar as várias actividades
existentes num determinado território. Pelo qual admite que, do ponto de vista
administrativo, o Ordenamento deverá ter uma função pública porque só assim é possível
controlar, de uma forma equidistante, o crescimento espontâneo das actividades
humanas, públicas ou privadas, evitando problemas e constrangimentos futuros,
fomentando e garantindo uma justiça sócio-espacial.

Planeamento: Assim, o “planeamento, na sua forma mais primitiva, é o processo


de relacionamento intuitivo e avulso dos homens com o mundo e, exprime-se através
da configuração das estruturas socio-territoriais. Na sua vertente física e de super-
estrutura jurídica e económica que regulamenta os direitos de uso, apropriação,
ocupação e utilização.
” Para Imperatori & Giraldes (1986, p. 3) “É um processo de intervenção sobre a
realidade socioeconómica ou sobre alguma das suas múltiplas vertentes (a saúde,
por exemplo) que, para passar a uma prática institucionalizada, carece de uma base
de aceitação alargada (legitimação social), o que só é possível através de um
esforço amplo de informação”.
No campo específico do ordenamento do território segundo Ferrão (2014, p.51),
o planeamento é justamente, atribuída a função de tornar visível e concretizar o futuro
socialmente desejado. De acordo com Nadin, citado por Ferrão (2014, p.41), o
ordenamento do território na perspectiva de planeamento, tem como objectivo a
regulação do uso do solo e dos processos de desenvolvimento, coordenação dos
impactos espaciais de decisões e políticas de natureza sectorial.
O mesmo autor refere ainda que pode se utilizar dos meios como programação,
para áreas de natureza administrativa, delimitação de áreas (zoneamento) e sítios
específicos de protecção e desenvolvimento, assim como representação info-
cartográficas de objectos espaciais e de áreas críticas de mudança (Ferrão, 2014).
Cartografia: é uma palavra, a cartografia depende do contexto que estiver sendo
abordado e do grau de profundidade desejado, pode ser uma tarefa bastante simples
e complexa. Por exemplo uma definição simples como a “ciência que trata da
concepção, estudo, produção e utilização de mapas’’.
Em 1991 a ICA (International Cartographic Association) “Ciência que trata da organização,
apresentação, comunicação e utilização da geoinformação, sob uma forma que pode ser
visual, numérica ou táctil, incluindo todos os processos de elaboração, após a preparação
e todas as suas formas”.

19
1.2. Territorialidade e o Ordenamento do Território

Território é entendido por espaço biofísico constituído pelo conjunto de solos


urbanos e rurais, do subsolo, das águas interiores, do mar territorial, da plataforma
continental e bem como da zona económica exclusiva, enquanto elementos ou
recursos naturais contidos no interior das fronteiras territoriais nacionais com relevo
para execução dos respectivos instrumentos (LOTU, artº 2).
A noção ampla do conceito do ordenamento do território vem contribuir para o
destaque da dimensão das questões que o ordenamento do território se ocupa em
responder de forma integrada, com o intuito de alcançar o “desenvolvimento regional
harmonioso e equilibrado (Martins, 2016, p.5). Para Oliveira, (2015) citado por
(Martins, 2016), o direito do Ordenamento do Território como uma política pública, é
um instrumento que fornece uma visão global dos problemas que ocorrem em todo
espaço territorial relacionadas com as implantações e as actividades humanas,
através da articulação de todas as políticas sectoriais que incidem sobre o território
de modo a coordena-las. Deste modo, visa alcançar os seguintes objectivos:
a) Melhoria da qualidade de vida;
b) Distribuição racional, em termos geográficos das actividades económicas;
c) Gestão responsável dos recursos naturais e da protecção do ambiente bem
como da utilização racional do território.
Segundo Oliveira (2015) citado Por (Martins, 2016), o ordenamento vem acabar
com a ideia de uma perspectiva de longo prazo no domínio das decisões de política
económica e social do ponto de vista do interesse público sejam eles colectivos ou
individuais ou seja, este pode também ser visto como um instrumento que tem como
função, analisar todo um conjunto de actividades sociais, que possuem uma grande
influência no equilíbrio regional como por exemplo: As transformações geográficas e
ambientais que daí resultarão, o traçado das auto-estradas, as vias rápidas, a
localização de novos portos e aeroportos, as instalações de complexos industriais, a
criação de cidades novas, e o reordenamento das áreas metropolitanas.

20
1.3. Ordenamento do Território em Angola

Angola possui uma extensão territorial de cerca de 1.246.700 km², a sua divisão
político Administrativa é composta por 18 províncias, 168 municípios e uma população
estimada de 30 milhões de habitantes (INE, 2018). O país teve a presença dos
portugueses durante cerca de 500 anos e foi delimitado como colónia portuguesa na
Conferência de Berlim de 1885. O poder político administrativo assim como os
recursos financeiros estão centralizados e concentrados na capital Luanda (Francisco,
2013 cit. Tchivela, 2021)
Segundo Tchivela (2021, p.31) actividade de ordenamento do território em
Angola apenas teve criadas as condições adequadas para a sua existência após o
triunfo da luta de libertação nacional. E no país independente foi preconizada a
planificação do desenvolvimento económico e social como condição necessária para
a construção da nova sociedade.
Deste modo a então Direção Nacional de Planificação Física foi transferida para
o Ministério do Plano, em 1981, por decreto da ex-República Popular de Angola em
09 de março 1981. Já em 1982 foi desfeita a Direção Nacional de Planificação Física,
para surgir dentro do Ministério do Plano, o Instituto Nacional de Planificação Física
(INPF), surgindo pelo decreto de 8 de fevereiro de 1982. Com a constituição da
primeira República (1992), surge a necessidade em 1995 de se reorganizar o Instituto,
passando assim para o Ministério do Planeamento, mudando também de
nomenclatura em 22 de setembro 1995, conjugado pelo decreto-lei nº06/95, para se
denominar Instituto Nacional de Ordenamento do Território e Urbanismo (INOTU),
(Tchivela, 2021).
De acordo com Viegas, citado por Tchivela (2021), a adaptação ao sistema
ideológico socialista em Angola acolheu influencia de Cuba relactivamente às
questões de urbanização e de habitação. Quanto ao quadro legislativo do
ordenamento do território angolano e nas províncias em particular, é importante
elucidar que Angola é um país que tem vindo a preocupar-se com o ordenamento do
território desde os tempos passados, apesar de nas primeiras tentativas não se terem
obtido grandes resultados, tendo sido uma colónia portuguesa durante cinco séculos,
as suas leis tomaram como referência o regime Português.
Angola tornou-se independente em 11 de Novembro de 1975, mas, o Governo
de transição, (que fez a substituição da autoridade colonial), já se preocupava com a
21
situação do ordenamento do território, aprovando assim algumas leis com vista a
ordenação do território nomeadamente, a Lei Fundamental de Angola, que tinha como
objetivo vigorar até á aprovação da Lei constitucional do Estado. (Martins, 2016)
Porém, tratou-se apenas de uma lei meramente virtual, na medida em que os
respetivos órgãos nunca foram preenchidos, pois tendo, logo depois, decorrido um
período longo e intenso de guerra civil que acabou por inviabilizar este fato. Na referida
Lei Fundamental, o território de Angola encontrava-se dividido em Províncias, estas
em Concelhos, que, por sua vez, se subdividiam em Comunas Rurais e Comunas
Urbanas. Previa-se ainda a existência de representantes do Governo em cada
Província e Concelho (Martins, 2016).
Segundo Martins (2016), decorrido este espaço temporal, ainda não foi dada a
atenção que o território necessita, dada a carência gritante do estado do país causada
por trinta anos de guerra civil, semeando destruição do território angolano, fez com
que houvesse:
a) Um fluxo migratório para as cidades (que não foram muito atingidas pela
guerra como é o caso de Luanda).
b) Consequentemente, ocorreu uma pressão e redução na oferta de áreas
urbanas para fins habitacionais.
Antes mesmo do términus da guerra civil, já se sentia a preocupação e empenho
do Estado angolano em criar condições de índole política, administrativa e financeira
com vista a garantir o fornecimento de novos espaços urbanos.
Assim sendo, tem vindo a formular políticas de regulação do território por formas
a ordenar e erradicar as desigualdades existentes entre as regiões. A Lei nº7/ 95, de
1 de Setembro, sobre o Património Imobiliário de Estado, Lei nº 19/91, de 25 de Maio,
Lei sobre a Venda do Património Habitacional do Estado, Decreto nº9/96, de 5 de
Abril, que vem regular sobre o Confisco de Terrenos, a Resolução 8/95 de 1 de
Setembro, cria as condições necessárias para a realização dos atos de registo dos
Imóveis abrangidos pelas Leis nº 3/76, de 3 Março e 43/76 de 19 de Junho.
Com a aprovação da Lei nº.17/99 de 29 de Outubro, a organização do aparelho
do Estado no território nacional angolano sofreu algumas alterações importantes,
sendo este, o diploma que define atualmente a forma pela qual ele se organiza. Assim
ao lado da Administração Central, temos quatro níveis de circunscrições territoriais

22
(que Actualmente correspondem á Administração Periférica do Estado): Províncias,
Municípios, Comunas e respetivos Bairros ou Povoação, (Martins, 2016).
Apesar de que a 2º constituição angolana (Lei nº 16 de Setembro) prever que
Angola pós colonial é um Estado descentralizado e desconcentrado, os órgãos (o
Governo de cada província) não administram os das províncias então, neste caso,
estamos perante serviços desconcentrados na dependência direta dos serviços
centrais. Podemos ainda concluir, que estes não são considerados como verdadeiros
órgãos representativos das respetivas populações. Em 2002, com a concretização da
paz, o Conselho de Ministros sentiu a necessidade de nomear uma comissão para
elaborar uma nova Lei das Terras.
Em 2004 foi aprovada a nova Lei das Terras, Lei n.º 9/04 de 9 de Novembro,
estabelece que a terra é propriedade do Estado, mas, o seu uso pode ser transmitido
para pessoas singulares ou coletivas, tendo em conta o seu racional aproveitamento,
consagra também que a propriedade quer da pessoa coletiva ou da pessoa singular
são respeitadas e protegidas pelo Estado. De igual modo, a propriedade e a posse
das terras pelos camponeses, embora exista a possibilidade da expropriação para a
utilidade pública (Martins, 2016).
A Lei nº3/04 de 25 de Junho, Lei do Ordenamento do Território e do Urbanismo,
(LOTU) veio definir um sistema integrado de normas, princípios, instrumentos e
acções de Administração Pública, com vista à gestão e organização do espaço
territorial para o alcance de um ordenamento territorial sustentável, numa altura em
que vivia-se com as consequências devastadoras herdadas pela guerra civil,
atribuindo assim a responsabilidade as autarquias locais de intervirem nas áreas sob
a sua jurisdição e as comunidades rurais o direito de participar nas acções destinadas
ao ordenamento do território e na elaboração dos planos territoriais (Martins, 2016).
O ordenamento jurídico angolano tem dado passos para o desenvolvimento de
normas do âmbito territorial e actualmente já se pode falar na existência de um quadro
normativo tendencialmente global e coerente apesar de mostrar-se complexo (dada a
sua dificuldade de análise), pois, a produção destas leis nem sempre foram articuladas
entre si (Martins, 2016).
Em 2006, foi aprovado o Decreto nº2/06 de 23 de Janeiro, Regulamento Geral
dos Planos Territoriais Urbanísticos e Rurais (RGPTUR), com a aprovação da Lei do
Para Martins (2016), o ordenamento do Território e do Urbanismo que veio ditar as

23
condições para a implantação de um sistema de gestão integrado do território
nacional, sentindo a necessidade de regulamentar os procedimentos relactivo a
elaboração, aprovação, avaliação assim como a ratificação dos planos territoriais,
urbanísticos e rurais. É nestes dois diplomas (LOTU, RGPTUR), que consiste em a
essência do regime jurídico dos instrumentos de planeamento territorial.
O Decreto n º80/06 de 30 de Outubro, veio estabelecer o Regime Geral de
Licenciamento das Operações de Loteamento, Obras de Urbanização e Obras de
Construção de edifícios. Resolução nº 60/06 de 4 de Setembro, veio formular no
ordenamento do território angolano uma Política do Governo para o Fomento
Habitacional, definindo assim uma estratégia para o setor de habitação, assim como
as condições necessárias para as técnicas e tecnologias de construção e promoção
do desenvolvimento do setor produtivo nacional.
Em 2007 foram aprovados: O Decreto nº 13/ 07 de 26 de Fevereiro, Regulamento
Geral das Edificações3 urbanas, a Lei nº3/ 07 de 3 de Setembro, Lei de Bases do
Fomento Habitacional e o Decreto nº 58/07 de 13 de Julho, Regulamento Geral de
Concessão de Terrenos.
Em 2011 e 2012 foram aprovados: O Decreto Presidencial nº 216/11 de 8 de
Agosto, que estabelece as Bases da Política Nacional de Concessão de Direitos sobre
a Terra, de igual modo a Lei nº69/12 de 27 de Julho, que trata sobre o Regime de
Regularização Jurídica dos Imóveis Destinados á Habitação, Comercio e Mistos,
Público e privados. Segundo o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN, 2018-
2022), a cartografia disponível no País encontra-se desactualizada, as cartas
topográficas e temáticas são provenientes de mapeamentos feitos ainda antes da
independência, baseada em dados geodésicos pouco fiáveis e que não abrangem
todo o território nacional.
Face ao processo de desenvolvimento, em particular aos desafios de
implantação de infra-estruturas territoriais e unidades económicas e sociais, de
planeamento urbano e ordenamento territorial, torna-se premente a produção de
informação geográfica de referência, actualizada e com alto grau de fiabilidade, que
possa garantir a elaboração dos projectos e dos planos e a realização de obras com
base na leitura correcta dos atributos territoriais e na localização precisa dos objectos
(Martins, 2016, p.14).

24
1.4. Ordenamento do Território em Benguela e Fisiografia

Tendo em Conta o instrumento legal na gestão do território municipal e o de


referência para a elaboração dos demais planos municipais, denominado por PDM,
far-se-á uma análise quanto aos assentamentos, utilização do solo municipal de
Benguela. Segundo o Plano Director Municipal de Benguela, no Município de
Benguela é notória a dicotomia litoral/interior, com a grande maioria da população a
habitar na faixa litoral da cidade de Benguela. Facilmente se depreende que é aí que
se localizam praticamente a totalidade dos usos urbanos: habitação e actividades
económicas, bem como os usos rurais mais importantes como a agricultura (no troço
final do Rio Cavaco) e a pesca.
Assim, nas áreas edificadas distinguem-se as áreas da cidade antiga, de origem
colonial, ordenada e planificada. Os fenómenos de migração das populações,
verificados principalmente durante a guerra civil, levaram a um aumento substancial
da população da cidade, originando a expansões de bairros de musseques, com ruas
estreitas e desordenadas. A pressão humana nesta zona do Município levou à
ocupação gradual de algumas áreas do vale do Cavado, que hoje apresentam
problemas devido às cheias e inundações esporádicas verificadas neste rio de caráter
torrencial. Esta ocupação foi também promovida pela existência de uma área agrícola
produtiva assegurando a subsistência das populações aí instaladas (PDM Benguela,
2012).
Quanto aos assentamentos Benguela, como capital de província, tem um papel
central na metrópole constituída por Lobito, Benguela e Baía Farta, tendo na sua
vocação todas as actividades relacionadas com os serviços e administração. De
acordo ao PDM O sistema urbano no município de Benguela estrutura-se em quatro
níveis:
“1.º nível: Cidade de Benguela, onde se concentram as infra-estruturas e equipamentos
de ordem superior, bem como as áreas privilegiadas para expansão; •
2.º nível: Zonas – o município divide-se em zonas (equiparadas a comunas), cujas sedes
constituem polos de encontro e distribuição que possuem um nível de importância
intermédia;
3.º nível: Bairros – cada zona está por sua vez subdividida em bairros, onde se concentram
as infra-estruturas e equipamentos básicos;
4º nível: Aldeias - pequenos aglomerados para concentração de infra-estruturas e
equipamentos básicos. Neste momento existem 6 zonas, divididas em 54 bairros, 3 aldeias
e 5 povoações. A proposta de reforma administrativa contempla a criação de 4 comunas
que se irão organizar em 70 bairros, 23 aldeias e 5 povoações”.

25
A região de Benguela caracteriza-se pela escassez de precipitação e grande
irregularidade na sua distribuição ao longo do ano. A existência da corrente fria de
Benguela reforça a ação do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul, criando condições
de grande estabilidade atmosférica, com subsidência de ar seco de níveis altos da
troposfera e sua divergência à superfície (PDM Benguela, 2012, p.76).
Consequentemente, a nebulosidade é fraca e a precipitação reduzida; além disso, os
ventos no litoral sul são, em geral, fracos e as situações de calma frequentes. A
combinação de precipitação escassa com uma evapotranspiração potencial
geralmente elevada origina grandes taxas de deficiência hídrica que limitam
desenvolvimento agrícola da região.
Neste Município distinguem-se duas unidades geomorfológicas principais: a
Faixa Litoral e a Faixa Subplanáltica. A primeira corresponde à faixa ao longo da costa,
com altitudes médias de 150m a 250 m que atinge nalguns pontos da periferia interior
os 300 metros ou mais, descaindo suavemente para o litoral onde termina, numa
pequena parte do percurso, numa arriba marinha que marca desníveis da ordem dos
100m a 150 m. A descontinuidade da plataforma é unicamente provocada pela acção
do curso dos rios que rasgaram vales largos e profundos onde se desenham extensas
planícies fluviais.
A Faixa Subplanáltica estabelece a transição do litoral para o interior planáltico,
desenhando-se de norte a sul do território em altitudes médias que variam entre 400
e 600m, da qual se reguem frequentes formas residuais de relevo, desde montes-ilha,
plataformas salientes delimitadas por escarpas, degraus ou formas desmanteladas e
até serranias, cujos cumes atingem por vezes cotas dos 1000 m de altitude, (PDM
Benguela, 2012, p.76).
Segundo Zezerê (2007) a articulação desajustada entre a actividade humana
no território e o funcionamento dos fenómenos perigosos que nele se verificam tem-
se manifestado, dominantemente, no incremento da «vulnerabilidade passiva», por
via da expansão da população e das actividades económicas para zonas que sempre
estiveram expostas a perigos naturais. A ocupação de terrenos naturalmente
perigosos (leitos de cheia, vertentes instáveis) é particularmente sensível nas áreas
metropolitanas, onde o desconhecimento generalizado dos riscos por parte de uma
população que não tem raízes locais contribui grandemente para o incremento da
vulnerabilidade. Noutros casos, a actividade antrópica interfere, directa ou

26
indirectamente, com os processos de instabilidade natural, potenciando o seu
funcionamento.
Desta emergiu um modelo conceptual do risco (figura1.1), adoptado
internacionalmente, que integra os seguintes elementos fundamentais a Perigosidade,
entendida como a probabilidade de ocorrência de um fenómeno com uma
determinada magnitude (a que está associado um potencial de destruição), num
determinado período de tempo e numa dada área; os Elementos em Risco, ou
Elementos Vulneráveis, representados pela população, equipamentos, propriedades
e actividades económicas que se encontram expostos no território e que são
portadores de um determinado Valor.
A Vulnerabilidade, correspondente ao grau de perda de um elemento ou
conjunto de elementos vulneráveis, resultante da ocorrência de um fenómeno (natural
ou induzido pelo Homem) com determinada magnitude ou intensidade; e o Risco,
entendido como a possibilidade de ocorrência, e a respectiva quantificação em termos
de custos, de consequências gravosas, económicas ou mesmo para a segurança das
pessoas, em resultado do desencadeamento de um fenómeno natural ou induzido
pela actividade antrópica (Zezerê, 2007, p.60).
Figura1.1. Modelo Conceptual de riscos ( Adapato de Paniza, 1990)

Fonte: Zezerê, 2007, P,61 riscos e ordenamento do território

27
1.5. Princípios do Ordenamento do Território

O Ordenamento Territorial assume importância vital na organização e


desenvolvimento dos assentamentos humanos em qualquer parte do mundo. O
planeamento físico permite definir as reservas para as diferentes funções (agrícolas,
pecuário, florestal, industrial e de lazer) e asseguram uma gestão racional do processo
de ocupação do solo e reduzem, se não eliminar os conflitos existentes no uso e
aproveitamento da terra.
Segundo Moita, 2022 o ordenamento de um modo implícito ou explícito tem
como seu objecto o Espaço físico, o espaço humanizado e as correspondentes
relações. A repartição do espaço pelos seus ocupantes permite, por um lado uma
racionalização da sua utilização e por outro, a satisfação dos vários interessados e
têm como fins:
✓ Reforçar a coesão nacional, organizar o território, corrigir as assimetrias
regionais e assegurar a igualdade de oportunidades dos cidadãos.
✓ Promover a valorização integrada das diversidades do Território nacional.
✓ Assegurar o aproveitamento dos Recursos Naturais, preservar o equilíbrio
ambiental, humanizar as cidades e funcionalidades dos espaços edificados;
✓ Promover a qualidade de vida e assegurar condições favoráveis ao
Desenvolvimento das actividades económicas, sociais e culturais.
De acordo o artigo 6º da Lei do Ordenamento do território e urbanismo (LOTU),
que tem como epígrafo ‘‘Princípios Gerais e directivos’’, as bases gerais da estrutura
do Ordenamento do território assentam-se nos seguintes princípios fundamentais.
a) Soberania territorial
b) Unidade territorial e nacional
c) Respeito e efetivação dos direitos e liberdades e garantias fundamentais
d) Organização e divisão político-administrativa do território
e) Domínio público
f) Utilidade pública
g) Propriedade estatal dos recursos naturais
h) Propriedade originária da terra pelo Estado
i) Princípio da transmissibilidade do domínio privado do Estado
j) Classificação e qualificação e qualificação dos solos
k) Planeamento territorial geral e urbanístico
28
l) Defesa do território e segurança interna
m) Desenvolvimento económico e social
n) Melhoria da qualidade de vida das populações
E no seu nº 2 encontram-se previstos os princípios diretivos do ordenamento do
território tais como;
a) Defesa do ambiente, dos valores rurais paisagísticos, históricos, culturais,
urbanísticos e arquiteturais.
b) Utilização nacional dos recursos naturais assegurando através dos seus
instrumentos condições que propiciem uma utilização sustentável nos termos
regulamentares da presente lei
c) Equidade;
d) Distribuição justa dos solos e equilibrada dos espaços, reconhecimento e
respeito desse princípio;
e) Sustentabilidade e solidariedade inter-geracional;
f) Reforço da coesão nacional e entre regiões;
g) Reconversão ou recuperação das áreas urbanas degradadas ou ocupação
ilegal;
h) Expropriação por utilidade pública assegurando a transmissão as gerações
futuras de um território e de espaços corretamente ordenados;
i) Participação pública;

1.6. Tipos de Planeamento

Segundo Santos (2011, p.15) não existe uma única forma de proceder ao
planeamento, podendo distinguir- se vários tipos de planeamento que podem ser
classificados do seguinte modo:
a. Quanto ao âmbito ou nível geográfico, pode ser internacional, nacional,
regional, sub-regional/supra-local ou local;
b. Quanto à entidade que planifica, pode ser público, privado ou misto;
c. Quanto à abrangência temática, pode ser global, sectorial ou multi- sectorial;
d. Quanto ao grau de obrigatoriedade ou de coacção, pode ser imperativo (obriga
os destinatários a seguir os objectivos e metas traçadas) ou indicativo (apenas
aconselha que assiram);
e. Quanto ao grau de institucionalização, pode ser orgânico ou difuso;

29
f. Quanto ao grau de participação, pode ser directivo (quando a população não
participa do processo) ou participado (quando os interessados intervêm directa ou
indirectamente na elaboração e execução do plano);
g. Quanto ao prazo, existem três seguintes tipos de planeamento e de planos
que se estabelecem devido à existência de problemas que pela sua natureza se
tornam solucionáveis num maior ou menor espaço de tempo:
i) de curto prazo, regra geral têm como duração média um ano, e embora possam
ser trimestrais ou semestrais, são geralmente planos de acção, já que não visam a
definição de grandes linhas de orientação, mas antes permitir a actuação segundo as
orientações traçadas pelos planos de médio e longo prazo.
ii) de médio prazo, têm normalmente como duração média quatro anos, e são
planos que permitem a resolução de conflitos surgidos entre as linhas de orientação
traçadas pelos planos de longo prazo, e as características desenvolvidas pela
realidade em que se está a actuar,
iii) de longo prazo, têm-na maioria das vezes uma duração que se situa entre os
dez e os vinte anos, e aparecem ligados à definição de estratégias de
desenvolvimento que implicam mudanças de fundo na estrutura económico-social.
h. Quanto ao nível hierárquico de actuação (ou nível de decisão), Arraigada
(2002) citado por Santos (2011), refere questão 3 os tipos de planeamento
(planeamento estratégico, planeamento táctico e planeamento operacional), cujo
significado é o seguinte:
i) planeamento estratégico, que é relactivamente genérico e prende-se com o
longo prazo, incidindo sobre os temas mais vastos e duradouros que contribuem para
a sustentabilidade e desenvolvimento de uma organização ou território ao longo de
vários anos, pelo que em consonância o plano estratégico acolhe a finalidade da
organização e nele se descreve o conjunto de metas e objectivos que possibilitam
alcançar essa finalidade;
ii) planeamento táctico que é mais limitado, específico e de médio prazo, na
comparação com o planeamento estratégico, refere-se mais a assuntos relactivos à
eficiência do que à eficácia a longo prazo, e articula os processos de planificação
estratégica e da planificação operativa,
iii) planeamento operactivo, incide sobre o curto prazo, sendo mais específico e
orientado para a consecução de um objetivo determinado, convertendo os conceitos

30
gerais do plano estratégico em metas claras e passos concretos, e ainda em
objectivos avaliáveis a curto prazo, e centrando-se sobre uma aplicação de recursos
que seja eficiente e eficaz no que se refere aos custos despendidos na solução do
problema e na consecução dos objectivos estabelecidos”).

1.7. Processos e Desafios do Ordenamento do Território

A actividade do ordenamento do território realiza-se essencialmente através das


técnicas de planeamento do espaço territorial, quer rural, quer urbano. A elaboração
dos planos territoriais rege-se pelos princípios da coordenação e compatibilização dos
diversos instrumentos de planeamento territorial, económico e financeiro a nível
nacional, provincial ou local.
De acordo o artigo 28º, e seguintes da LOTU, definem os planos territoriais como
sendo aqueles que se ocupam com a ordenação, ocupação e uso dos espaços
territoriais. Sequencialmente, nas alíneas 1 e 2 do mesmo artigo referem que os
planos territoriais, podem ser classificados quanto ao seu objecto ou âmbito territorial,
ou seja, faz uma divisão dos planos quanto a sua área de incidência (Martins, 2016).
Quanto ao objecto/âmbito territorial:
a) Planos nacionais
b) Planos provinciais
c) Planos interprovinciais
d) Planos municipais
e) Planos intermunicipais

Figura 1.6. organização do sistema de ordenamento territorial criado pela LOTU

Fonte: google.com/image
31
Os planos territoriais segundo Moita (2022), em razão do objectivo específico ou
sectorial das matérias que abrangem, classificam-se em:
a) Planos especiais: os que abrangem áreas determinadas em função de fins
específicos de ordenamento do território, designadamente as áreas agrícolas, áreas
de turismo (Exemplo Praia da Binga), áreas de indústria (Urbanização Biópio
Culango), áreas ecológicas( Mangal dos flamingos-lobito) de reserva natural ( Reserva
Parcial do Búfalo), de repovoamento, de defesa e segurança, recuperação,
reconversão, requalificação (Bairro da Luz-lobito), , reabilitação de centros históricos
(Museu da Escravatura – Luanda), remodelação de infra-estruturas especiais como
portos ( Modernização Porto do Lobito) e aeroportos-(Benguela).
b) Planos sectoriais: os que designadamente abrangem sectores de
infraestruturas colectivas; como redes viárias de âmbito nacional, provincial ou
municipal, redes de transportes, de abastecimentos de água ( Conduta de água
Catumbela-Baia Farta) e energia ( Linha Lomaum –Biópio-Benguela), estações de
tratamento de fluentes ( Bacias de Oxidação Benguela e Lobito).
Os planos territoriais, em razão da natureza dos espaços, classificam-se em:
a) Planos de ordenamento rural: os que têm por objecto a ordenação dos
espaços rurais situados fora dos perímetros urbanos, incluindo os das povoações das
comunidades rurais e os das demais povoações classificadas como rurais;
b) Planos urbanísticos: os que têm por objecto os espaços dos centros urbanos
fixados pelos respectivos perímetros ou pelos forais relactivamente aos centros com
estatuto de cidade (Centralidade da Catumbela, Baia-Farta e Lobito).
Segundo Martins (2016), de forma genérica para que os obstáculos ao bom
funcionamento no Ordenamento do Território concomitantemente o planeamento
territorial sejam ultrapassados, é necessário que se tenha em conta os seguintes
pressupostos:
Reforço no sistema de planeamento em todo o território nacional nas suas
diferentes escalas, natureza e tipologia de planos, consoante o objetivo que se
pretender alcançar. De igual modo, deve haver um reforço na qualidade técnica (em
todas as fases do processo de planeamento desde a elaboração, acompanhamento e
aprovação até a execução dos planos).
É necessário também a construção de um quadro jurídico que seja abrangente
e claro, assim como a inventariação de toda legislação que se encontra em vigor (deve

32
ser feita uma análise destas mesmas legislações por forma a identificar-se as suas
contradições e desarmonias que acabam dificultando o funcionamento do sistema).
Para o desenvolvimento de um sistema de planificação de qualidade, é também
necessário que se sensibilize os destinatários do plano, incentivando assim à
concertação (comunicação e participação dos interessados). Por isso mesmo, é
importante que se trabalhe na uniformização e implementação a nível nacional dos
sistemas de elaboração, avaliação e monotorização do plano, com intuito de
estabelecer políticas urbanas que promovam a qualidade de vida da população e da
coesão social e territorial com vista ao desenvolvimento territorial sustentável.

33
CAPÍTULO II. METODOLOGIA DO TRABALHO
A perspectiva que se pretende alcançar na pesquisa sobre os aspectos
metodológicos passam por abordarmos aspectos relacionados como o tipo de
pesquisa, os procedimentos necessários a serem usados, os métodos e sobre tudo a
caracterização do universo estudado e sua forma de analise dos resultados esperados
na pesquisa.

2.1. Tipo de pesquisa

A pesquisa é do tipo Descritiva Vergara (2000) citado por Oliveira (2011, p.22)
argumenta que a pesquisa descritiva expõe as características de determinada
população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua
natureza. "Não têm o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora
sirva de base para tal explicação". Cita como exemplo a pesquisa de opinião, o
enfoque da pesquisa qualitativo com um pendor quantitativo, o que permita trabalhar
com os dados por texto, numéricos e alfanuméricos para a aquisição da informação
apresentada em tabelas e imagens.

2.2. Técnicas e Procedimentos na recolha dos dados

Para a nossa pesquisa poder alcançar os pergaminhos designados precisamos


acima de tudo trabalhar na aplicação dos instrumentos da pesquisa que se servem de
um conjunto de perguntas aberta e fechadas que possam ajudar a discussão do
problema bem como estabelecer as variáveis esperadas na pesquisa.
As técnicas de coleta de dados são um conjunto de regras ou processos
utilizados por uma ciência, ou seja, corresponde à parte prática da coleta de dados
(Lakatos & Marconi, 2001).
O inquérito apresenta-se como uma técnica e/ou estratégia de recolha de dados,
amplamente difundida nas reflexões em torno de Metodologias de Investigação:
recolha de dados no âmbito das ciências sociais e humanas (CSH) e com particular
destaque na investigação em Educação apoiadas no quadro teórico, nos objetivos e
nas hipóteses dependendo do problema, do método, da(s) questão(ões) e do(s)
objetivo(s) de investigação, esta estratégia de recolha de dados visa, por meio de um
conjunto sistematizado de questões (administração direta ou indireta), obter respostas
de uma determinada população em estudo, com o recurso a técnicas de inquirição
34
sobre determinada realidade ou fenómeno social (Patrícia, Costa & Moreira,2021,
p.16).
Quanto a análise, interpretação e apresentação da informação, podemos reiterar
que para a recolha utilizamos um questionário de perguntas fechadas (recolha de
dados quantitativos) e perguntas abertas (recolha de dados qualitativos).
Relactivamente ao instrumento, analisou-se um conjunto de questões que ajudaram
na recolha de informações pertinentes, centram-se essencialmente em quatro (4)
aspectos:
1- Introdução: onde informamos aos Intervenientes da Pesquisa; este
procedimento serve para apresentação do instrumento aplicado na pesquisa.
2- Recolha de dados: dados pessoais é feita aos Moradores do bairro da Graça
sobre tudo aos que residem nas zonas de risco e desordenadas.
3- Perguntas relacionadas com o tema: misto já que são abertas e fechadas com
múltiplas opções para respostas.
4- Estes instrumentos elaborados são apresentados a Administração Comunal da
zona F, Autoridade Tradicional e aos Moradores do bairro da Graça, que de
seguida passam as respostas das questões colocadas.

2.3. Métodos do Nível Teórico

Conjunto de regras que elegemos num determinado contexto, para se obter


dados que nos auxiliem nas explicações ou compreensões dos aspectos ou
fenómenos constituintes do mundo, assim, definimos o método (Turato, 2003, p.153),
a este nível usarei os métodos de Analise-Síntese, Pesquisa Bibliográfica,
a Abstração e a Integração.
Servimo-nos da Pesquisa Bibliográfica para obtermos informações
bibliográficas, ou seja, através deste método navegamos em pensamentos dos mais
variados autores, buscando informações pertinentes, relacionadas com o tema em
investigação, onde de forma lógica e criativa fizemos uma análise crítica e
comparações acerca do problema em estudo.
De acordo com Mascarenhas (2011), este método se baseia na busca por
fontes escritas, tais como livros, artigos científicos, teses, dissertações, monografias
(incluindo biblioteca virtual). Esta abordagem metodológica possibilitou obter
informações relacionadas com a temática em questão e cruzar com dados do campo.

35
Todas fontes consultadas estão na base de um conjunto de informações que suportam
a investigação desde o seu aprofundamento a discussão de qualquer das informações
necessárias, que referenciam autores, ano de sua publicação e as fontes, pois foi-nos
muito útil, ao favorecer a obtenção de vários pontos de vista teórico-científica de
autores que fundamentam o fenómeno em estudo dando assim autenticidade e
validez ao assunto que nos propomos investigar.
Análise-Síntese: Ramos & Naranjo (2014), referem que a análise se constitui
como sendo um procedimento de nível teórico, pois que ao possibilitar que um todo
se desdobre em partes, tornando exequível o estudo detalhado de um aspecto
complexo em todas as suas relações.
Os autores acima citados afirmam que a síntese permite a unificação entre as
partes já analisadas, revelando as suas relações essenciais e os aspectos gerais
inerentes a elas. Assim, analisamos vários conteúdos relacionados com o fenómeno
em estudo e após este procedimento, servimo-nos da síntese para de forma coerente,
sintetizada e organizada enquadrarmos os conteúdos a fundamentação, pois que, a
análise descompõe o todo em partes para melhor estudar um dado fenómeno e suas
relações, já a síntese, cultiva-se com base nos resultados da análise possibilitando
deste modo a sistematização do conhecimento.
A abstração e a Integração: (Díaz, 2017) referenciado por Gondin (2014),
abstração e integração são dois procedimentos da pesquisa teórica que também
formam um par dialético de categorias que permitem ao pesquisador a assimilação da
realidade no seu pensamento. Achamos ser necessário estes dois parâmetros já que
a realidade é diferente do desejado, ou no caso em epigrafo os pesquisadores
entendem ser necessário que se estabeleça uma ligação directa entre o normativo e
o real já que sem isso se constrói uma ideia que não é real do modo de vida dos
Moradores e aquilo que se deve padronizar no espaço.

2.4. Métodos do Nível Empírico

Para Castro (2000). O pesquisador de campo conhece a realidade, ao contrário


do pesquisador de gabinete que estabelece a realidade, outros parâmetros buscando
a construção de fantasias teóricas. Neste contexto destacamos os seguintes métodos
do nível empírico: observação, pesquisa de campo, cartográfico, inquérito por
questionário e o Matemático-estatístico.

36
Observação: Segundo Cervo & Bervian citados por Oliveira (2008, p.37),
“observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um amplo objecto, para dele
adquirir um conhecimento claro e preciso”. Para esses autores, a observação é vital
para o estudo da realidade e de suas leis. Sem ela, o estudo seria reduzido a “[...] à
simples conjetura e simples adivinhação” empregou-se para o levamento da situação
problemática, assim como na criação do problema científico da pesquisa, com vista a
alcançar o objetivo geral da investigação.
Servimo-nos por outro lado, da pesquisa de campo: Aquela utilizada com o
objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para
o qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou,
ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação
de factos e fenómenos tal como ocorrem espontaneamente, na colecta de dados a
eles referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-
los. Onde por sua vez visitamos as zonas de risco junto dos técnicos do INOTU.
Cartográfico: O método cartográfico foi útil na coleta de dados, pois permitiu a
representação visual e espacial das informações, facilitando a análise e interpretação
dos resultados. Além disso, possibilitou a identificação de padrões, relações e
tendências geográficas, enriquecendo a pesquisa, conseguimos com o método obter
dados de imagens de satélite por meio da plataforma googlearth, e posterior mente
manipuladas com os softwares de geoprocessamento gvSIG e Qgis para a produção
de mapas que são utlizados como suporte da investigação.
Inquérito por Questionário: A realização de inquéritos por questionário auxiliou o
diagnóstico da situação atual do ordenamento do território do bairro da Graça. Com
aplicação dos instrumentos conseguimos obter dados que são utilizados como
informação para suportar a nossa investigação, assim estes dados resultam de mu
conjunto de tabelas com as respostas, a sua frequência e os resultados percentuais e
posterior caracterização dos dados.
Método Estatístico-Matemático: de acordo com Gil (1999), defende que este
método se baseia na utilização da teoria estatística das probabilidades, onde suas
conclusões apresentam grandes probabilidades se serem verdadeiras, ainda que
admitem certa margem de erro. Para alguns académicos e científicos o método
matemático e estatístico é um método que vem ajudar ao pesquisador, reduzir
fenómenos complexos resultados e representações simplificadas, utilizando tabelas.

37
Com os métodos conseguimos realizar cálculos para a obtenção de valores numéricos
percentuais obtidos valorizamos a investigação pelos procedimentos usados por
cálculos aritméticos que passam pelo cálculo da amostra, em relação o valor base
percentual como também o processamento de dados obtidos através dos inquéritos
dirigidos, à Administração Comunal da zona F, as autoridades tradicionais e a
população.

2.5. Caracterização Geográfica do Município de Benguela

Benguela situa-se a oeste de Angola, sendo a capital e principal município da


província de Benguela. Sua área territorial total é de 2.335,78 km², contando com uma
população de 623.777 habitantes, segundo os dados do Instituto Nacional de
Estatística (INE) no âmbito das estimativas de 2018.
O município de benguela limita-se a norte com município da Catumbela, a leste
como município do bócio e Caimbambo, a sul com o município da baia farta e a Oeste
com o oceano Atlântico. Localmente para o seu funcionamento, foram divididas em 6
zonas a citar: Zona-A, Zona-B, Zona-C, Zona-D, Zona-E e a Zona – F. Esta última
onde se encontra o Bairro da Graça, que será o nosso objecto de estudo. vilas
municipais importantes são Corteva no sul, Gunque a norte, Ibinga no centro, as três
vilas estão a leste da cidade que domina toda faixa litorânea que domina a baia das
vacas, benguela tem vivido a mesma situação que os municípios da província de
luanda com construções mal organizadas, ruas sem saídas, valas de águas poluídas,
lixo nas ruas.
A zona – F, várias vezes denominada como Graça, tem as seguintes
características: Localiza-se á norte do município de Benguela, determinando o limite
norte da sede capital da província. Confrontações. À Norte, com o município da
Catumbela, por meio de um rio (seco) Damba; À Sul, com rio Cavaco e uma parte da
Zona-A. À Este, uma parte com o município da Catumbela e outra parte com o
município do Caimbambo. À Oeste, com o oceano Atlântico. Está constituída por nove
(9) bairros que são: Graça, Cambangela, Calomburaco, Cavaco, Chipiandâlo,
Cawango, Damba-Maria, Taka, Mina e parte da povoação do Capilongo.
O bairro recebeu o nome de “Graça” em função da primeira igreja católica que
surgiu no bairro. O mesmo começou a receber os seus habitantes por volta do ano
1973, onde dada a sua característica (propensa para caça) quando as pessoas
38
praticavam a caça ali posteriormente começaram então a instalar-se nessa zona
dando então a ocupação e expansão que se vem notando até os dias de hoje (Soba
Manuel José). O povo da Graça é constituído inicialmente com os povos vindo dos
municípios do Bocóio e da Ganda, isto na margem direita da estrada nacional 100 no
sentido Benguela-Lobito e na margem esquerda maioritariamente do município do
Chongorói.
O Bairro da Graça é constituído por áreas urbanizadas, áreas desordenadas, e
áreas por urbanizar. Como potencialidades institucionais destacam-se a níveis de
ensino Universidades (privadas); Institutos médios (estatal e privados), Escolas
primárias (estatais, comparticipadas e privadas); saúde, centro médico; Postos
médicos (estatal, comparticipado e privado); Farmácias; Laboratórios de análises
clínicas e as Económicas destacam-se as unidades hoteleiras como Hospedarias;
pensões e restaurantes como também mercados informais e mini-mercados.
O Principal constrangimento é a limitação de espaço para expansão urbana,
especialmente em áreas densamente povoadas. A falta de terrenos planos dificulta a
construção de novas infraestruturas, como escolas, hospitais e áreas de lazer, além
disso, por ter uma especificidade geomorfológica caracterizada como morro é mais
suscetível a desastres naturais, como deslizamentos de terra e incêndios florestais.

2.6. Universo, População e Amostra

Destacamos a população como sendo parte do universo esperado para a


referida pesquisa deste grupo apresentamos uma amostra não probabilística, onde os
indivíduos, tal como afirma Mattar (2001), citado por Oliveira (2011, p.30) “É um tipo
de amostragem em que existe uma dependência, pelo menos em parte, do julgamento
do pesquisador ou do entrevistador de campo para a seleção dos elementos da
população para compor a amostra.
Esta amostra não é representativa nem generalizável à população,
colocando-se problemas também de validade externa, mas é um tipo de amostra que
permitirá obter dados específicos e profundos sobre as famílias em estudo, também
devido às técnicas escolhidas. Numa pesquisa qualitativa, o objectivo não é “contar
opiniões”, mas explorar as diferentes representações do assunto (Bauer &
Gaskell,2000). O universo conhecido é de 78,318 Moradores da zona “F” o bairro da
Graça possui uma População de 32.000 habitantes, deste grupo foram inqueridos de
39
forma intencional para a mostra 320 Moradores do bairro da Graça, onde no mesmo
grupo incluímos a Autoridade tradicional e o administrador adjunto Comunal da zona
‘’F’’ o que perfaz 10% da população alvo.

40
CAPÍTULO: III. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS
Administrativamente o bairro da Graça é composto pelos seguintes actores;
Administração comunal da zona F (Administrador de zona, Administrador adjunto e
funcionários efectivos da administração municipal, Tradicional (regedor, soba e
seculos), religiosos (Padres, madres e pastores). O bairro da Graça é constituído por
áreas urbanizadas, áreas desordenadas, e áreas por urbanizar. Como potencialidades
institucionais destacam-se a níveis de ensino Universidades (privadas); Institutos
médios (estatal e privados), Escolas primárias (estatais, comparticipadas e privadas);
saúde, centro médico; Postos médicos (estatal, comparticipado e privado); Farmácias;
Laboratórios de análises clínicas e as Económicas destacam-se as unidades
hoteleiras como Hospedarias; pensões e restaurantes como também mercados
informais e mini-mercados. Com base nisso trabalhamos com as tabelas abaixo para
explicar com suporte a uma matriz de levanta com a discissão de vários elementos.
Tabela 3.1.1. Pontos fortes e fracos das instituições governamentais

Fonte: Elaboração propria

Papel da Sociedade Civil


As sociedades civis desempenham um papel importante no processo de
ordenamento do território, pois representam os interesses e necessidades da
população em relação ao uso e ocupação do espaço.

41
Algumas das principais funções das sociedades civis no ordenamento do
território são:
Participação e envolvimento da comunidade: As sociedades civis podem atuar
como intermediárias entre a população e as instituições responsáveis pelo
ordenamento do território. Elas podem organizar consultas públicas, audiências e
outros mecanismos de participação, permitindo que a comunidade contribua com suas
opiniões, sugestões e preocupações em relação ao planejamento do território.
Monitoramento e fiscalização, podem desempenhar um papel importante na
fiscalização do cumprimento das normas e regulamentos de ordenamento do território.
Elas podem monitorar as actividades de construção, ocupação e uso do solo,
denunciando irregularidades e pressionando as instituições responsáveis para que
tomem as medidas adequadas.
Defesa de interesses e direitos, devem atuar como defensoras dos interesses
da população em relação ao ordenamento do território. Elas podem se organizar para
defender áreas de preservação ambiental, lutar por melhores condições de habitação,
promover a inclusão social e garantir o acesso equitativo aos recursos e serviços do
território. Promoção de projetos e iniciativas locais: As sociedades civis podem
desenvolver projetos e iniciativas que contribuam para o ordenamento do território de
forma sustentável e inclusiva. Isso pode incluir a promoção de práticas de agricultura
urbana, a criação de espaços públicos, a revitalização de áreas degradadas, entre
outros.
Tabela 3.1.2. Pontos Fracos e fortes da sociedade civil

Fonte: Elaboração própria


Fonte: Elaboração propria 42
Tabela 3.1.3. Análise S.W.O.T (S-forças, W-fraquezas, O-oportunidades, T-
Ameaças) do Bairro da Graça

Fonte: Elaboração própria


Fonte: Elaboração própria
Tabela 3.1.4. Tipos de Riscos e Catástrofes

43
Tabela 3.1.5. Tabela de Identificação dos tipos de Riscos

Fonte: Elaboração própria

Tabela 3.1.6. Tabela de tipos de riscos Gravidade, grau e probabilidade

Fonte: Elaboração própria

44
Figura 3.1.7. Mapa de localização dos fenómenos perigosos e
grau de risco

Figura 3 Localização, tipo de riscos/catástrofes e Gravidade.


Risco elevado e extremo Risco médio Risco Leve
Formas de dispersão espacial
Fonte:
Figura Google earth/
3.1.8. Mapa Autor:Carlos Cassongo-2023
do ordenamento do território do bairro da graça

Figura 4 Mapa do Ordenamento do território da Graça

Fonte:Elaboração própria/gvSIG

45
3.2. Proposta Para o ordenamento do território do Bairro da
Graça

Como proposta para o ordenamento do território do bairro da Graça, em função


do estado precário que o bairro se encontra, sua localização a zonas de riscos falta
de planeamento urbanístico pleno, elaborou-se uma planta urbanística como proposta
de requalificação do bairro, onde contempla um zoneamento adequado a tipicidade
territorial do mesmo e definição das vias de acesso e uma hierarquia viária, assim
como construção do muro de contenção devido ao risco de erosão e deslizamento de
terra influenciado pela geomorfologia planáltica do bairro, e identificação de uma zona
para o realojamento populacional e expansão do bairro, no processo de requalificação
urbana da zona assente actualmente.

Figura 3.2.1. Planta Proposta para requalificação urbana do bairro da graça

Fonte: Elaboração própria/Autocad civil3D

Figura 2.2.1. Planta Proposta para Requalificação urbana


Fonte: Elaboração Própria/ Autocad Civil3D

46
Figura 3.2.2. Planta proposta para hierarquia das vias

Fonte: Elaboração própria/Autocad civil3D


Figura 3.2.2 Planta proposta para hierarquia das vias

Figura 3.2.3. Perfis viários do bairro

Fonte: Elaboração própria/Autocad civil3D

47
Figura 3.2.4. zoneamento

Fonte: Elaboração própria/Autocad

Figura 3.2.5. Zona Proposta para Expansão e Realojamento

Fonte: Elaboração própria/ Google earth + Autocad

48
Figura 3.2.6. Muro de Contensão do Bairro

Fonte: Elaboração Própria/ google earth+ Qgis + Autocad civil3D

3.3. Apresentação dos Resultados de Inquérito Aplicado aos


Moradores, Autoridade Tradicional e o Administrador adjunto
da zona ‘’F’’

Os dados caracterizados da população dos Moradores do bairro da Graça é


feita com base ao género, idade, nível académico e tempo de residência no bairro.
Para o género trabalhamos com 230 do sexo masculino e 90 feminino, os integrantes
possuem idades que variam dos 21 aos 51 anos de idade, elemento necessários para
abordagem do tema já que é um grupo idóneo e com maturidade para responder as
questões colocadas, quanto ao grau académico entre os inqueridos possuem desde
o nível de ensino primário ao superior, em relação ao tempo de residência no bairro
eles residem entre os de 1 aos mais de 30 anos, com estes dados achamos pertinente
o seguimento das respostas como vemos nas tabelas abaixo.

49
Tabela 3.3.1. Conhece o território Administrativo da Graça?
Respostas Frequência Resultados (%)
Sim 93 29,0%
Não 227 71,0%
Total 320 100%
Fonte: Elaboração Própria

Analisados os dados da tabela 3.1, vemos que a maior parte dos residentes não
conhecem o território administrativo do bairro, já que 71% dos Moradores afirmaram
de forma Negativa, o que nos leva a entender que o desconhecimento desta, leva com
que a sua dispersão e localização das actividades se efective de forma
contraproducente.

Tabela 3.3.2 Sabe se o seu bairro está ordenado?


Respostas Frequência Resultados (%)
Sim 30 9,4%
Não 290 90,6%
Total 320 100%
Fonte: Elaboração Própria

A maioria dos Moradores 90,6% correspondentes a 290 inqueridos num total


de 320 disseram que não sabem se o bairro se encontra ordenado, o que de certa
forma demonstra o quão desinformados os moradores estão quanto ao conhecimento
pleno do bairro.

Tabela 3.3.3. quais são os reais desafios na gestão do território do Bairro da


Graça?
Respostas Frequência Resultados (%)
Ordenamento 193 60,3%
Planeamento 98 30,6%
Gestão 29 9,1%
Total 320 100%
Fonte: Elaboração Própria

Analisados os dados da tabela 3.3, vemos que os desafios reais na gestão do


território do bairro da graça, assentam-se no ordenamento de acordo a resposta dos
Moradores com 60,3%, entendo que a falta de planeamento como respondido por
30,6%, quer dizer que não há um cumprimento rigoroso daquilo que os pressupostos
legais estabelecem quanto a este quesito, 9,1% a Gestão, entendido que a área não
foi delimitada reunindo as características propícias existentes ao critério adoptado.

50
Tabela 3.3.4. Sabe da lei do ordenamento do território e Urbanismo?
Respostas Frequência Resultados (%)
Sim 33 10,3%
Não 287 89,7%
Total 320 100%
Fonte: Elaboração Própria

Analisados os dados da tabela 3.4, vemos que 89,7% dos moradores


desconhecem a Lei do ordenamento do Território, facto este que pode se considerar
preocupante, porque o desconhecimento da lei e as suas implicações, reflete-se na
ocupação e utilização do espaço de forma desordenada, o que contribui para o
crescimento caótico do bairro e falta de responsabilização em questões de
representatividade.

Tabela 3.3.5. Um bairro ordenado possui?


Respostas Frequência Resultados (%)
Serviços 0 0%
Ruas com dimensão real 0 0%
Bolcos e quarteirões 0 0%
Seguranças e iluminação 0 0%
Esgotos e passeio 0 0%
Todos elementos 320 100%
Total 320 100%
Elaboração própria

100% dos moradores inqueridos concomitantemente a autoridade Tradicional,


responderam que um bairro ordenado possui todos elementos expresso na tabela, o
que nos dá uma luz, do conhecimento que eles possuem sobre ordenamento do
bairro.

Tabela 3.3.6. Considera se tem sido bem feito o Ordenamento do seu bairro?
Respostas Frequência Resultados (%)
Sim 68 27,0%
Não 252 78,8%
Total 320 100%
Fonte: Elaboração Própria

78% dos Moradores inqueridos consideram que não tem sido bem feito o
ordenamento do território do seu bairro, e se pode observar isto conforme a situação
se apresenta e também quanto a sua expansão, implicando desta que há necessidade
de se ordenar o território, para que haja evidências claras na prossecução do mesmo.

51
Tabela 3.3.7. Qual é o nível do ordenamento do seu bairro?
Respostas Frequência Resultados (%)
Excelente 0 0%
Médio 15 4,7%
Baixo 305 95,3%
Total 320 100%
Fonte: Elaboração Própria

Como se pode ver no gráfico, os moradores, classificam um nível baixo do


ordenamento do território do bairro 95,3% correspondente a 305 moradores, a este
facto entendemos que há necessidade de se ordenar o bairro de forma que as
evidencias reais daquilo que o ordenamento do território propõe se verifique, e que
haja maior comodidade para os moradores.

Tabela 3.3.8. Aceita que o seu bairro seja reordenado?


Respostas Frequência Resultados (%)
SIM 283 88,4%
Não 0 0%
É necessário 34 10,6%
Não preocupa 0 0%
Preserva a História 3 0,9%
Total 320 100%
Fonte: Elaboração Própria

88,4% dos Moradores Manifestaram categoricamente uma aceitação quanto ao


reordenamento do seu bairro, 10,6% acharam necessário e 0,9% para se preservar a
história, e de forma sustentável e garantir um desenvolvimento territorial equilibrado.

Q1. Qual é o estado atual do ordenamento do território do bairro da Graça? R: o


estado do ordenamento, não é ordenado têm muito lixo e muita poeira, para o Soba
actualmente o bairro melhorou um pouco há hospital, não há iluminação publica e
segurança publica, falta de escolas, estradas asfaltadas, serviços públicos falta meio
ambiente e o administrador adjunto da zona considerou como razoável. Estas são as
respostas dos Moradores, da autoridade máxima do bairro e o administrador adjunto,
entendemos que invocam assuntos resultantes da efetivação de projectos que
permitem o ordenamento no território não pelas condições sociográficas existentes.

Q2. Sabe da Lei do ordenamento do território? Se sim, para que serve e se não,
o que espera que seja feito? R: sim, serve para regular as actividades do
ordenamento do território, desta forma respondeu um munícipe assim como o

52
representante da administração da zona ‘’F’’ e para o soba a resposta foi não, e espera
que haja mais construções para o desenvolvimento do bairro.

Q3. Aceita a proposta para o ordenamento do território? R: de forma consolidada,


tanto os moradores, quanto a autoridade tradicional e o Administrador Adjunto da zona
‘‘F’’ responderam, sim aceito!

3.4. Analise e Discussão dos Resultados

As respostas dos inquéritos demonstraram que existe uma perceção por parte
das populações sobre a situação do ordenamento do bairro onde vivem a par de uma
vontade expressa e da necessidade de procurarem alternativas. Contudo, tudo isso
vai depender muito das políticas publicas a nível nacional ou local a serem
implementadas.

Com este estudo foi possível traçar uma proposta de requalificação do bairro,
realojamento e construção do muro de contenção, englobados na proposta do
ordenamento do bairro da Graça, que foi aprovado pela população, autoridade
tradicional e a Administração local, para poder ordenar o bairro e garantir melhores
condições e mais segurança. O contacto directo com os locais e o envolvimento das
populações, e respectivas autoridades permitirá uma maior eficácia da implementação
do plano, nomeadamente através de uma ação mais interventiva e activa junto dos
moradores, a serem realojado para a zona indicada na proposta do ordenamento do
território do bairro.

53
CONCLUSÕES

Após trabalhos efectuados in loco, e mediante a interação efectuada com os


três principais actores no processo de ordenamento do território, utilizando uma
metodologia que permitiu recolhermos informações junto das autoridades locais,
trabalho de campo, articulação entre sectores e a consulta de várias e diversas fontes
bibliográficas que abordam sobre o ordenamento do território, está acção envolveu
uma complexa interação entre a administração pública, a autoridade tradicional e a
população local.
Os instrumentos de gestão do território (IGT’s) são indispensáveis para
operacionalidade e promoção do correcto ordenamento do território, com suporte a
analise das variáveis conseguimos trabalhar na promoção de modelos de
planeamento, a transformação do espaço territorial em projectos, a gestão urbanística
do território ao cumprimento da legislação jurídica como o Plano Nacional de
Ordenamento do Território (PNOT) e a Lei do Ordenamento do Território e Urbanismo
(LOTU).
A implementação de todas ferramentas legais, com o devido acompanhamento,
apresenta melhoria gradual da qualidade de vida, com isso entendemos que as
instituições do Estado devem ser as primeiras a assegurar a ocupação legal e
ordenada do território para inviabilizar a especulação, a desordem e a ocupação dos
terrenos para a sua construção de forma desordenada, sendo a responsabilidade da
autoridade tradicional, desempenha um papel de gestor do território.
Por tanto é necessário que se perceba que o facto de hoje termos parte do
bairro, cidadãos que construíram em zonas de risco é resultado da falta de um
processo de fiscalização e a falta de instituições capazes de dar solução a vários
problemas, aqui invocamos outros factores não muito importantes, mas que
favoreceram como os conflitos e liberdade de as autoridades tradicionais permitirem
a construção ou ocupação dos espaços para construção.

54
SUGESTÕES

Para validar a nossa investigação deixamos as seguintes sugestões para a


Administração local:
1. Que a Administração da zona possa buscar juntos dos Moradores informações
sobre a forma de aquisição dos terrenos para a sua legalização;
2. Que todos os Moradores que vivem na zona de risco sejam realojados para
uma zona segura, ordenada e com condições de habitabilidade;
3. Que a se faça uma investigação mais profunda para uma área especifica do
bairro onde segundo consta muita mordedura de animais como escorpiões, serpentes
e outros sendo estas as mais comuns;
4. Que as autoridades tradicionais deixem da fazer o trabalho da Administração
na cedência de terrenos;
5. Promover a participação da população no processo de ordenamento do
território, a administração local deve realizar consultas públicas, audiências e reuniões
comunitárias para ouvir as preocupações, sugestões e necessidades da comunidade
Isso ajuda a garantir que as decisões tomadas reflitam as expectativas da população.
6. Colaborar com líderes tradicionais, envolvendo-os nas discussões e decisões
relacionadas ao ordenamento do território. Isso preserva a cultura e o conhecimento
local.
7. Que este trabalho ajuda mitigar o problema do ordenamento no bairro da
Graças e permitir a inclusão de outros sectores para a sua efectivação.
8. Que este trabalho sirva de fonte consulta para toda a comunidade académica,
para os Funcionários da Administração municipal, a académicos, pesquisadores e
interessados.

55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Cartográfica Internacional (ICA) - Conselho Internacional de Ciência.


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56
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áreas da saúde e humanas. Petrópolis: Vozes.

57
LEGISLAÇÃO:
“Lei Nº 3/04, de 25 de Junho, Lei de Ordenamento do Território e urbanismo em
Angola, consultada para a pesquisa aos 10.07.2023, extraído os artigos
subsequentes”.
Plano Director de Benguela 2012

58
APÊNDICE
BOLETIM DE INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS MORADORES,
AUTORIDADE TRADICIONAL & COORDENADOR DO BAIRRO.

O presente instrumento foi concebido com objectivo de obter informações relactivas


ao estudo dos: Proposta de Ordenamento do Território do Bairro da Graça no
Município de Benguela. Os Dados referentes ao inquérito, são para validar a
investigação. Por favor, agradecia a máxima colaboração, marca com um X em frente
a cada uma das questões.

1-Dados

A. 1 Género A. 2. Idade A.3 Nível Académico A. 4 Tempo Reside

Masculino ( ) 1. 20 a 25 anos 1.Ensino Básico Menos de 1ano


1à 5 anos

Feminino ( ) 2. 26 a 30 anos 2. Ensino médio 6 à 10 anos

3. 31 a 35 anos 3. Bacharelado 11 à 15 anos

4. 36 a 40 anos 4. Licenciado 16 à 20 anos


5. 41 a 45 5. Mestrado 21 à 25 Anos
6. 46 a 50 anos 6. Doutorado 26 à 30 anos
7. 51ª 55 anos Mais de 30 anos
2. Conhece o Território Administrativo da Graça?
Sim Não
3. Sabe se o seu bairro esta Ordenado?
Sim Não
4. Quais são os reais desafios na gestão do território no bairro da Graça?
Ordenamento Planeamento Gestão
6. Sabe da Lei do Ordenamento do Território?
Sim Não
Se sim para que serve e se não o que espera que seja feito:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7. Um bairro ordenado possui:
Serviços
Ruas com dimensão real
Blocos ou Quarteirões
Segurança e Iluminação
Esgotos e Passeio
Todos Elementos

9. Considera que têm sido bem feito Ordenamento do seu bairro?


Sim Não

10. Qual é o nível de Ordenamento do seu bairro?


Excelente
Médio
Baixo

11. Aceita que o seu bairro seja reordenado?


Sim
Não
É necessário
Não Preocupa
Preserva a história
12. Qual é o estado actual do Ordenamento do Território do bairro da Graça?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
13. Aceita a propostas para o Ordenamento do território do bairro da Graça?
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Muito obrigado pela colaboração


ANEXOS
Anexos 1. Em casa do Soba do bairro da Graça

Fonte: Produção Própria

Anexo 2. Carta da divisão administrativa do Município de Benguela

Fonte: Instituto Nacional do Ordenamento do território e Urbanismo (INOTU-


Benguela)
Anexos 3. Administração Comunal da zona “F”-Graça

Fonte: Produção Própria

Anexos 4. Contro Juvenil do bairro da Graça

Fonte: Produção Própria


Anexos 5. Vista Parcial frontal do da Igreja Nª Srª da Graça

Fonte: Produção Própria

Anexos 6. Vala de drenagem no bairro da Graça

Fonte: Produção Própria


Anexos 7. Seguimento da vala de drenagem no bairro da Graça e Construção
Anárquica

Fonte: Produção Própria

Anexos 8. Visita com o técnico do INOTU ao bairro da Graça

Fonte: Produção Própria

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