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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
VICE- REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E PÓS
GRADUAÇÃO- VRE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE COLETIVA
FORTALEZA
2021
1
FORTALEZA
2021
2
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________
Prof.ª Drª. Raimunda Magalhães da Silva (Orientadora)
Universidade de Fortaleza - UNIFOR
_________________________________________________________________
Prof.ª Drª. Herla Maria Furtado Jorge Membro Efetivo
Universidade Federal do Piauí – UFPI
_________________________________________________________________
Prof.ª Drª Aline Rodrigues Feitoza (Membro Efetivo)
Universidade de Fortaleza - UNIFOR
4
AGRADECIMENTOS
Aos professores do Mestrado em Saúde Coletiva, pelos valiosos ensinamentos, e por todo
incentivo e colaboração durante essa trajetória.
Aos profissionais que participaram deste estudo, pela atenção dispensada.
À todos os que contribuíram de forma direta ou indireta, para a realização deste trabalho,
minha eterna gratidão.
7
RESUMO
A abordagem do cuidado perpassa por diversas mudanças, sendo estas construídas com base
em observações, relatos, experiências que necessitam de mudanças com foco na assistência
livre de danos ao paciente. A gestão do cuidado tem foco tanto em uma unidade de atendimento
como na trajetória do usuário/paciente. Deparamo-nos com questões que demandam
planejamento de recursos físicos, materiais, de organização da força de trabalho, adoção de
dispositivos, ferramentas e regulamentos, avaliação da qualidade das ações empreendidas e, por
fim, correção das insuficiências, com formulação de novos planos e propostas. Ao ampliarmos
o campo de ações na gestão do cuidado, não podemos deixar de vislumbrar a importância da
Segurança do Paciente (SP) no cotidiano das maternidades, haja vista que os estudos trazem
informações relacionadas ao elevado índice de eventos adversos que poderiam ser evitados
através da implementação eficaz de ações e condutas a fim de reduzir ao mínimo o número de
eventos adversos. Objetivou-se analisar a gestão do cuidado de enfermeiras no pré-parto, parto
normal e puerpério em uma maternidade pública de alto risco. Trata-se de uma pesquisa de
abordagem qualitativa com 32 enfermeiras que trabalhavam na instituição de saúde nos setores
de classificação de risco, sala de parto I e II e alojamento conjunto. Os dados foram coletados
com entrevistas do tipo semiestruturada nos meses de junho e julho. Para a organização dos
dados foi adotada a análise de conteúdo na modalidade temática e a interpretação fundamentada
nas políticas públicas e literatura. Com os resultados surgiram temáticas relacionadas: O papel
do enfermeiro na gestão do cuidado; Protocolos de segurança do paciente relacionados aos
riscos assistenciais no pré-parto, parto e puerpério; Contribuições das políticas públicas de
saúde e protocolos institucionais para segurança do binômio em maternidade Pública; Fatores
que interferem para proceder um cuidado seguro as parturientes e puérperas. Percebeu-se que a
gestão do cuidado perpassa por todos os cenários, iniciando na emergência obstétrica, até a alta
da puérpera. Observou-se uma preocupação quanto a extensão desse cuidado também no
puerpério tardio já que essas mães recebem orientações verbais e escritas para a continuidade
do cuidado no puerpério tardio. Essa investigação possibilitou perceber que as participantes
conheciam e sabiam identificar a importância de uma gestão amparada na prática de protocolos
assistenciais seguros bem definidos e alguns são postos em prática. Porém, identificamos que
há muitos fatores que distanciam as evidências expressas nas políticas de saúde, programas e
protocolos da realidade apresentada de fato. Acreditamos que essas limitações reforçam a
continuidade de uma assistência ineficaz, propícia ao surgimento de erros incidentes e agravos
à saúde, repercutindo negativamente para quem oferta e recebe os cuidados na maternidade.
Concluiu-se que as enfermeiras reconhecem que independente das suas habilidades,
conhecimento e competência técnica os fatores relacionados à estrutura, recursos materiais e
recursos humanos impedem que realmente se desenvolva um cuidado seguro tornando a
assistência limitada. Os resultados apontados neste estudo permitem recomendações para as
instituições de ensino superior, gestores, profissionais de saúde e a sociedade, quanto à
importância para o desenvolvimento de novas pesquisas e projetos de extensão e a uma atuação
mais efetiva da educação permanente no âmbito da maternidade que abordem a temática
Segurança do paciente em todos os seguimentos do cuidado.
ABSTRACT
The approach to care goes through several changes, which are built based on observations,
reports, experiences that need changes with a focus on harm-free care for the patient. Care
management focuses both on a service unit and on the user/patient trajectory. We are faced with
issues that demand planning of physical and material resources, the organization of the
workforce, adoption of devices, tools and regulations, assessment of the quality of actions
undertaken and, finally, correction of insufficiencies, with the formulation of new plans and
proposals. As we expand the field of actions in care management, we cannot fail to glimpse the
importance of Patient Safety (PS) in the daily life of maternity hospitals, given that the studies
provide information related to the high rate of adverse events that could be avoided through
effective implementation of actions and behaviors in order to minimize the number of adverse
events. An attempt was made to analyze the management of nurses' care in pre-partum, normal
and postpartum delivery in a public maternity hospital in the city of Fortaleza. This is a research
with a qualitative approach with 32 nurses who worked at the health institution in the risk
classification sectors, delivery room I and II and rooming-in. Data were collected through semi-
structured interviews in June and July. For the organization of data, content analysis was
adopted in thematic modality and interpretation based on public policies and literature. Related
themes emerged with the results: The role of nurses in care management; Patient safety
protocols related to care risks in pre-partum, delivery and puerperium; Contributions of public
health policies and institutional protocols for the safety of the binomial in Public maternity
hospitals; Factors that interfere in providing safe care to parturients and postpartum women. It
was noticed that care management permeates all scenarios, starting with the obstetric
emergency, until the puerperal woman's discharge. There was a concern about the extension of
this care also in the late postpartum period, as these mothers receive verbal and written guidance
for the continuity of care in the late postpartum period. This investigation made it possible to
realize that the participants knew and knew how to identify the importance of a management
supported in the practice of well-defined safe care protocols and some are put into practice.
However, we identified that there are many factors that distance the evidence expressed in
health policies, programs and protocols from the reality actually presented. We believe that
these limitations reinforce the continuation of ineffective care, conducive to the emergence of
incident errors and health problems, with negative repercussions for those who offer and receive
care in the maternity hospital. It was concluded that nurses recognize that, regardless of their
skills, knowledge and technical competence, factors related to structure, material resources and
human resources prevent them from actually developing safe care, making assistance limited.
The results pointed out in this study allow recommendations for higher education institutions,
managers, health professionals and society, regarding the importance for the development of
new research and extension projects and for a more effective performance of permanent
education in the context of maternity hospitals. address the subject of Patient safety in all care
segments.
AC Alojamento Conjunto
ACCR Acolhimento com Classificação de Risco
ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar
CEAP Centro de Estudo Aperfeiçoamento e Pesquisa
CGBP Casa da Gestante Bebê e Puérpera
CNS Conselho Nacional de Saúde
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
CPN Centro de Parto Normal
CPSI Canation Patlient Safety Instetute
CR Classificação de Risco
EPI Equipamento de Proteção Individual
EUA Estados Unidos da América
EVA Escala Visual Analógica
GRM Gestão de Recursos Materiais
HAC Hospital Amigo da Criança
HGCC Hospital Geral César Cals
HIAE Hospital Israelita Albert Einstein
HIV Vírus da imunodeficiência Humana
HPP Hemorragia Pós-Parto
IHI Instituto For Healthcare Improveniente
IST Infecção Sexualmente Transmissível
LVPS Lista de Verificação para Partos Seguros
MEC Ministério da Educação
NR Norma Regulamentadora
ODM Objetivo de Desenvolvimento do Milênio
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização Pan Americana de Saúde
PH Parto Humanizado
PHPN Programa de Humanização no Pré-Natal
PID Programa de Internação Domiciliar
PN Parto Normal
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 13
1.1 Aproximação do Pesquisador com o Objeto............................................ 13
1.2 Contextualização do Objeto....................................................................... 15
2 OBJETIVOS................................................................................................ 19
2.1 Objetivo Geral............................................................................................. 19
2.2 Objetivos Específicos.................................................................................. 19
3 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 20
3.1 Políticas Públicas de Saúde Materno-Infantil, Humanização e Rede
Cegonha....................................................................................................... 20
3.2 Gestão do Cuidado no parto normal......................................................... 31
3.3 Segurança no parto normal........................................................................ 36
4 MÉTODO.................................................................................................... 42
4.1 Tipo de estudo.............................................................................................. 42
4.2 Local do estudo............................................................................................ 42
4.3 Participantes da pesquisa........................................................................... 45
4.4 Período e coleta de dados............................................................................ 45
4.5 Organização e análise dos resultados......................................................... 47
4.6 Aspectos Éticos e Legais da pesquisa......................................................... 48
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 49
5.1 Características das participantes............................................................... 49
5.2 O papel do enfermeiro na gestão do cuidado............................................ 51
5.2.1 O papel do enfermeiro obstetra no acolhimento com classificação de risco 51
5.3 Protocolos de segurança do paciente relacionados aos riscos
assistenciais no pré-parto, parto e puerpério............................................ 59
5.3.1 Orientações das enfermeiras quanto o protagonismo no parto e puerpério 68
6 CONTRIBUIÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E
PROTOCOLOS INSTITUCIONAIS PARA SEGURANÇA DO
BINÔMIO EM MATERNIDADE PÚBLICA.......................................... 80
7 FATORES QUE INTERFEREM PARA PROCEDER UM CUIDADO
SEGURO AS PARTURIENTES E PUÉRPERAS.................................... 88
7.1 Percepção sobre a estrutura física para um cuidado seguro................... 88
12
1 INTRODUÇÃO
O compromisso com o cuidado seguro sempre fez parte da minha caminhada profissional.
No ano de 2010, recém graduada em enfermagem no desejo de iniciar a carreira, fui desafiada
pela necessidade de mudar de uma cidade do interior do Ceará para a capital Pernambucana,
considerada como um dos pólos médicos de maior referência no Nordeste. Foram muitos os
desafios após aprovação em um processo de seleção em um hospital de extremo porte,
conhecido como referência em excelência no cuidado.
Nesse mesmo ano, iniciava o processo de acreditação hospitalar dessa instituição a qual
já desenvolvia os cuidados pautados em protocolos de organizações nacionais, o objetivo seria
implantar processos que se equiparavam às grandes instituições norte-americanas, através da
acreditação internacional Join Comission Association (JCI). O empenho era intenso, pois tudo
era novo, em especial por ser uma instituição que disponha de um aparato tecnológico moderno,
um corpo clínico de profissionais com anos de experiência associado a pacientes que tinham
um nível elevado de grau de instrução capaz de reconhecer e cobrar todos os seus direitos e
exigir excelência no processo de cuidado.
A temática segurança do Paciente (SP), estava atrelada ao cotidiano do trabalho da
admissão do cliente até a alta. Seguíamos as metas internacionais antes mesmo da implantação
do Programa Nacional de Segurança do Paciente que só iniciaria no ano de 2013.
A dedicação era intensa. Tínhamos o apoio da educação continuada, estudávamos os
protocolos e processos para a implantação de acordo com as seis metas internacionais: 1.
identificação segura do paciente; 2. Comunicação entre os profissionais de saúde; 3. Melhorar
a segurança dos medicamentos; 4. Garantir o local, procedimento e cirurgia correta no paciente
correto; 5. Reduzir o risco de infecção associado aos cuidados; 6. Reduzir os riscos de danos
aos pacientes resultantes de quedas.
Foram muitas as vivências nesse complexo hospitalar, com atuação assistencial em vários
setores: clínica médica, cirúrgica, e por último a maternidade, setor em que atuei por um período
de 04 anos.
As experiências em cada setor eram únicas. Na maternidade, sentia que a
responsabilidade aumentava, pois estava diante de outro segmento. Agora, seriam duas vidas
que dependiam dos nossos cuidados, binômio mãe e filho. A cada dia novo aprendizado, sempre
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na certeza que teria que reduzir ao mínimo possível os riscos de incidentes ou danos, associados
a novos aprendizados, dessa vez voltado para saúde da mulher e da criança.
Durante a estadia das gestantes, parturientes e puérperas, trabalhávamos com a inserção
dessas clientes no processo de cuidar, explicávamos os protocolos, riscos assistenciais, bem
como, utilizávamos a escuta qualificada diante dos anseios e dúvidas das mães para a
continuidade do puerpério após a alta hospitalar.
Em 2014, iniciava outro trabalho em outra instituição hospitalar. Assim como ocorre na
vida de muitos profissionais enfermeiras, a necessidade, por vezes, nos faz conciliar a jornada
de trabalho em mais de um trabalho. Dessa vez, em uma instituição também privada, mas em
caráter complementar ao SUS. Por dois anos prestei assistência a uma unidade de transplante
hepático. Recebíamos pacientes das cidades do interior pernambucano e de outros estados do
Brasil. Cada um com sua cultura, alguns com pouco grau de instrução. Utilizávamos o
letramento funcional com a utilização de linguagem acessível para esse público.
As instituições se diferenciavam. Essa unidade com referência em transplante ainda
caminhava a passos lentos no processo de SP. A resistência de alguns profissionais às mudanças
era bem presentes, mas aos poucos foram apresentadas as metas de segurança para a equipe
multiprofissional. Nesse período fui convidada para formação de enfermeiras para educação
continuada, foi uma satisfação, pois iria contribuir com a oferta de capacitações e treinamentos
para os profissionais daquela instituição.
Ao longo dos anos, tive a oportunidade de conviver com duas realidades diferentes, uma
vez que os próprios colegas viam a implantação do núcleo de segurança como algo negativo na
profissão, aumento da burocracia e consequentemente sobrecarga de trabalho.
Após oito anos trabalhando como enfermeira assistencial e fazendo parte da educação
continuada, tomei a decisão de voltar para o interior do meu estado. Nesse período tive a
oportunidade de atuar na docência em cursos técnicos em enfermagem e preceptoria de uma
faculdade privada. Sempre mantendo a forte ligação e preocupação em orientar os alunos para
o desenvolvimento de um cuidado seguro durante a formação e continuidade na vida
profissional.
Durante os anos que acompanhei os estudantes nas práticas em unidades de atenção
primária e terciária deparei-me com algumas situações em que percebia que o cuidado seguro
era algo muito distante daquela realidade, porém entendia que não estava ali para julgar e sim
para contribuir com o conhecimento que carregava das experiências anteriores.
A partir dessas vivências, alguns questionamentos me inquietavam: Os profissionais têm
conhecimento acerca da temática SP? As instituições de saúde oferecem educação continuada
15
para seus colaboradores? Quais são os fatores que contribuem para a não adesão dos protocolos
de segurança?
Com essa problemática que transitava em minha mente e com a intenção de poder
contribuir de alguma forma, percebi que necessitava me ingressar no campo da pesquisa, um
sonho que não tive oportunidade de iniciar ainda na graduação, por isso busquei o Mestrado em
Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), para a qual me candidatei
inicialmente o Projeto intitulado: Segurança do Paciente na Estratégia Saúde da Família:
Percepções de enfermeiras assistenciais e gestores. Inicialmente pensei em pesquisar sobre a
temática na atenção primária, pois a problemática também se estendia para esse segmento.
Objetivando ingressar no mestrado, apresentei essa sugestão, pois representava para mim
a possibilidade de respostas às minhas indagações. Porém, fui convidada a revisitar e ajustar o
meu projeto, foi assim que reportando-me aos meus interesses em outras temáticas em especial
a relação parturiente e puérpera, com as quais atuei por alguns anos. Foi sugerido pela minha
orientadora que eu direcionasse a pesquisa para a gestão do cuidado de enfermeiras na
segurança do parto.
A abordagem do cuidado perpassa por diversas mudanças, sendo estas construídas com
base em observações, relatos e experiências que necessitam de mudanças com foco na
assistência livre de danos ao paciente (AZEVEDO, 2016).
O processo de cuidar é amplo e essencial à condição humana, podendo ser definido na
comunicação de duas ou mais pessoas com o mesmo objetivo de amenizar o sofrimento do
outro por meio de práticas de saúde humanizadas e pautadas no indivíduo. Para obtenção de um
cuidado adequado, equânime, que contemple o ser de forma holística, é necessário a introdução
de ferramentas pautadas no planejamento e na evidência cotidiana no âmbito dos serviços de
saúde, especialmente na gestão (SOUSA et al., 2019).
A gestão do cuidado tem foco tanto em uma unidade de atendimento como na trajetória
do usuário/paciente. Deparamo-nos com questões que demandam planejamento de recursos
(físicos, materiais, de organização da força de trabalho), adoção de dispositivos, ferramentas e
regulamentos, avaliação da qualidade das ações empreendidas e, por fim, correção das
insuficiências, com formulação de novos planos e propostas (MORORO et al., 2017).
16
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO DE LITERATURA
Abordaremos neste capítulo a relevância das Políticas Públicas de Saúde voltadas para
saúde da mulher com ênfase para a saúde materna – infantil com vistas à redução da
morbimortalidade materna e neonatal ancorada na humanização e desenvolvimento do cuidado
seguro. Tomando como base os modelos de Programas e Políticas Públicas voltados para a
saúde materno infantil. Traçaremos um panorama histórico a fim de conhecermos essas
políticas.
Com a implementação e a implantação de um conjunto de ações, visando ampliar a
cobertura e melhorar o padrão da assistência prestada ao grupo materno-infantil, espera este
Ministério obter a elevação do nível de saúde do grupo considerado. Tomando como base o
processo biológico de formação, crescimento e desenvolvimento do ser humano, são
consideradas prioritárias, na política de saúde materno-infantil, a mulher no decurso da
gestação, parto e puerpério e a criança menor de 5 anos, para as ações integradas de saúde
(BRASIL, 1975).
O objetivo central do Programa de Saúde Materno-Infantil na década foi contribuir para
a redução da morbidade e da mortalidade do grupo materno-infantil. A assistência pré-natal
deve ser precoce, contínua e regular, devendo incluir a supervisão médica, obstétrica e dentária,
a promoção de hábitos higiênicos, particularmente a orientação alimentar, a orientação
psicossocial e a proteção econômica e trabalhista, a fim de preservar a saúde da mãe e do feto
e prevenir eventuais complicações no parto e pós-parto. Dever-se-á promover, quando
necessária, a suplementação alimentar da gestante, tendo em vista que a subnutrição materna
pode contribuir, significativamente, para a lactação insuficiente e a ocorrência de prematuridade
ou nascimento de crianças de baixo peso (BRASIL, 1975).
Deve ser realizado preferencialmente em hospitais. Em localidades que registram alto
índice de parto não hospitalar, as unidades de saúde devem estar organizadas de maneira a
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inadequado a restrição hídrica e alimentar, o controle da dor por analgesia peridural, a correção
da dinâmica uterina com utilização da ocitocina e exames vaginais, como toque vaginal
rotineiramente(OMS, 1996).
Com a finalidade de assegurar a qualidade no momento da gestação, parto e puerpério,
foi instituído no ano 2000, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O programa preconiza a adoção de práticas
humanizadas e seguras que implicam na organização das rotinas, procedimentos e da estrutura
física, assim como, a incorporação de condutas acolhedoras e não-intervencionistas (BRASIL,
2000).
A criação do programa estabeleceu alguns princípios. Dentre esses, destacamos: direito
à gestante ao acesso ao atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e
puerpério. Cobertura e qualidade ao acompanhamento pré-natal, bem como o direito assegurado
à maternidade a qual será atendida no momento do parto, com garantia do recebimento de uma
assistência humanizada e segura ao parto e puerpério (BRASIL, 2000).
De acordo com o PHPN (2000), a humanização abrange o acolhimento digno à tríade
mulher-bebê-família a partir de condutas éticas e solidárias. Para tanto, é necessária a
organização da instituição com um ambiente acolhedor em que prevaleçam práticas que
rompem com o tradicional isolamento imposto à mulher. Também estabelece a incorporação
de práticas e procedimentos que possam contribuir para o acompanhamento e a evolução do
parto e do nascimento, abandonando condutas despersonificadas e intervencionistas, que
acarretam riscos à saúde materno-infantil (BRASIL, 2002).
No ano de 2002, foi publicado o manual do Programa Nacional de Humanização da
Assistência Hospitalar (PNHAH), destinado a promover práticas humanizadas nos serviços
hospitalares, de modo a satisfazer e estimular as mulheres a conhecerem seus direitos a uma
assistência com dignidade, respeito, informações sobre os estágios do Trabalho de Parto (TP)
(SANTOS et al, 2013).
O PHPN trouxe inúmeras recomendações de práticas clínicas e abordagens terapêuticas
com base em evidências científicas. Dentre essas se destacam a inserção de um acompanhante
de livre escolha da mulher, a qualificação das relações interpessoais entre profissionais e
parturientes, a produção de espaços de construção de saberes e informações, a participação,
autonomia e maior controle decisório da mulher sobre o seu corpo, durante a evolução dos
estágios do PN (VELHO et al., 2012).
No ano de 2004, o MS, seguindo a linha do PAISM, elaborou em parceria com o
movimento de mulheres, do movimento negro, de trabalhadoras rurais, de sociedades
24
parto, deambulação, ambiente aconchegante, dentre outros. Por meio das práticas comprovadas
cientificamente, essas medidas irão proporcionar benefícios para a puérpera e o RN. Outras
práticas são implementadas como o aleitamento na primeira hora de vida, o contato pele a pele
precoce e o clampeamento de cordão após cessar a pulsação, de acordo com as evidências, todas
essas têm seus benefícios (BRASIL ,2015).
Considera-se que os cuidados de enfermagem humanizados, podem estar inseridos em
medidas que, vão desde uma simples informação, até manejos mais complexos, que venham
proporcionar à mulher um sentimento de confiança e tranquilidade durante o parto. Além de
melhorar as condições de nascimento, reduzir o número de cesarianas e partos complicados,
promover o respeito pela mulher (fator primordial) atrelado a um suporte emocional, a instrução
e a informação a parturiente a respeito da evolução do TP (ANDRADE et al., 2017).
Um estudo realizado no Brasil com 45 gestantes no último trimestre da gravidez buscou
compreender as representações sociais femininas sobre o protagonismo da mulher na decisão
quanto à parturição. Os resultados apontaram que o processo de nascimento está intimamente
relacionado ao saber técnico científico em detrimento do fisiológico, reforçando a assimetria
do poder de decisão entre médico e gestante. Ainda, o estudo acima destacou que as mulheres
não conhecem o processo de parturição, bem como seus significados e impactos na sua saúde
e a do seu bebê (PEREIRA; FRANCO; BALDIN, 2011).
Os estudos permitiram reconhecer que ainda é preciso persistir na busca pela
humanização do processo de parturição. O parto continua alvo de ações padronizadas,
intervenções tecnológicas que desconsideram a mulher como protagonista nesse processo. É
necessário reconhecer que as condutas no âmbito das maternidades divergem das condutas
apresentadas nos programas de valorização da saúde da mulher (ESCOBAL et al., 2018).
Diante dessa conjuntura, considerando a necessidade de adotar medidas destinadas a
assegurar a melhoria do acesso, humanização no cuidado, cobertura e qualidade do
acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério e da assistência à criança, é
instituído no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), através da Portaria de N° 1.459 de 24
de Junho de 2011, a Rede Cegonha, a qual visa assegurar à mulher o direito ao planejamento
reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, e à criança o direito
ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011).
A Rede Cegonha apresenta seus princípios básicos, pautados no respeito, proteção e a
realização dos direitos humanos, o respeito à diversidade cultural, étnica e racial, promoção da
equidade e enfoque de gênero. À garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de
mulheres, homens, jovens e adolescentes, a participação e a mobilização social, e a
26
mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos, dentre outras
(BRASIL, 2017).
A análise gerada pela perspectiva do programa revela que as estratégias da Rede Cegonha,
ainda são pouco compreendidas pelas usuárias. Alguns procedimentos estão arraigados à rotina
dos profissionais envolvidos com a obstetrícia. Procedimentos conhecidamente desnecessários
tornam-se rotineiros gerando danos físicos, traumas, constrangimentos e gastos, sem eficácia
comprovada. Como consequência, essas mulheres sofrem violência por não conhecerem seus
direitos (RODRIGUES et al., 2017).
O desconhecimento contribui para que assumam uma postura passiva sem o devido senso
crítico sobre o conteúdo de outras fontes de informações, como telenovelas, histórias de outras
mulheres construídas pelo meio social e a própria experiência em partos anteriores, o que difere
das estratégias estabelecidas no programa Rede Cegonha. Fatores que contribuem para a
formação de um comportamento de dúvidas e apreensões (SILVA et al., 2020).
Em dezembro de 2011, foi realizada a 3ª Conferência Nacional de Política para as
Mulheres que contou com 200 mil participantes em todo o país e 2.125 delegadas na etapa
nacional. O resultado das resoluções desta Conferência é o Plano Nacional de Políticas para as
Mulheres, para o período 2013-2015 (BRASIL, 2013).
O PNPM reafirma os princípios orientadores da Política Nacional para as Mulheres:
Autonomia das mulheres em todas as dimensões da vida; Busca da igualdade efetiva entre
mulheres e homens, em todos os âmbitos; Respeito à diversidade e combate a todas as formas
de discriminação; Caráter laico do Estado; Universalidade dos serviços e benefícios ofertados
pelo Estado; Participação ativa das mulheres em todas as fases das políticas públicas; e
Transversalidade como princípio orientador de todas as políticas públicas(BRASIL,2013).
Sob esse olhar, um fato marcante dessa política de saúde fez-se perceptível no campo do
debate social, sobretudo, quando se observa as definições que ocorreram na 4ª Conferência
Nacional de Políticas para Mulheres em 2016, que abarcam as dimensões de raça/etnia,
orientação sexual e identidade de gênero, mulheres em situação de vulnerabilidade e com
deficiências. Com isso, considera-se a questão de gênero, a intersetorialidade e a equidade no
SUS como conquistas e direitos do público feminino (BRASIL, 2017).
A melhoria da saúde das gestantes foi elencada como um dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) no ano 2000, com o apoio de 191 nações. As metas estabelecidas para serem alcançadas
até o ano de 2015 melhoraram indicadores relacionados à saúde em muitos países, inclusive das
gestantes, puérperas e neonatos (OMS, 2020).
28
um avanço para redução desses abusos ainda tão notórios na assistência puerperal
(APOLINÁRIO et al, 2016).
Em detrimento a esse modelo tecnocrático estabelecido, há uma constante busca pela
humanização no cuidado no momento do parto e puerpério, que surge como um movimento de
reação aos excessos da tecnocracia e cujas crenças se baseiam na conexão corpo e mente,
considerando que a dor e as emoções são manifestações naturais e que influenciam no trabalho
de parto. Diante dessa premissa, os defensores da política de humanização do cuidado,
acreditam que o suporte emocional, é essencial, através do afeto e vínculo, produzindo uma
nova intersubjetividade não contemplada pelo padrão estabelecido (AGUIAR; D´OLIVEIRA,
2011).
Além do modelo tecnocrático, outras problemáticas são existentes a nível de Brasil e
mundo. Nesse cenário, as mulheres tendem a peregrinar entre os serviços de saúde, quando
iniciam o TP. Ainda é prática rotineira a gestante parir em uma maternidade a qual nunca visitou
e com uma equipe de saúde com a qual não tem vínculo. Nesse local, os processos de trabalho
passam a se estabelecer de modo hierarquizado e a comunicação de forma verticalizada. A
mulher e sua família tendem a ser afastados do protagonismo na produção do cuidado. A mulher
é vista como ser passivo no pré-parto, parto e puerpério. As intervenções e decisões da equipe
de saúde são impostos sem ouvir as queixas e dúvidas dessa parcela da população (ROMAO,
2018).
Em 2014, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert
Einstein (HIAE) e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da
Saúde, desenvolveram um projeto, chamado Projeto Parto Adequado (PPA), que tem por
objetivo identificar modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, que
valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas sem indicação. A expectativa é
de que, até 2020, todas as mulheres brasileiras tenham acesso a maternidades que ofereçam
atenção ao parto com base em evidências científicas e como uma experiência positiva (ANS,
2016).
O objetivo definido para o Projeto Parto Adequado foi, em conjunto com o grupo de
hospitais participantes, elaborar, testar, avaliar e disseminar um modelo de atenção ao parto e
nascimento que favoreça a qualidade nos serviços, valorize o parto normal e contribua para a
redução de cesarianas desnecessárias e dos riscos delas decorrentes (ANS, 2015).
Políticas Públicas bem conduzidas podem mudar o cenário da atenção ao parto e
nascimento, promovendo a redução de cesarianas desnecessárias e de desfechos maternos e
neonatais negativos. Além disso, é provável que haja um aumento na satisfação das mulheres
31
com a atenção recebida no parto. O processo de mudança da atenção ao parto e nascimento está
em pleno desenvolvimento no Brasil (LEAL et al., 2019).
Considerando o exposto, verificou-se que a política de atenção integral à saúde da mulher
ao longo dos anos, adquire efetividade em suas ações quando desenvolvida por meio de práticas
gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe. Para
isso, a mulher deve ser considerada, em sua singularidade, complexidade e inserção
sociocultural, refletindo o compromisso de garantir os direitos civis, políticos e sociais das
mulheres e redução das principais causas de morbimortalidade no público feminino. Em se
tratando do ambiente das maternidades, faz se necessário o cuidado pautado em uma gestão que
agregue conhecimento, competências, habilidades que ofereça um cuidado seguro e equânime.
para um novo modelo de atenção, o papel desse profissional assume grande importância e pode
contribuir para qualificar a assistência de enfermagem em saúde (COPELLI et al., 2017).
A gestão no âmbito das maternidades centra-se no cuidado ao binômio mãe-filho e
acompanhante, vendo-os como parte integrante de uma família, respeitando o protagonismo da
mulher e a participação do homem no papel de pai. As políticas incentivam o empoderamento
da mulher e do casal com informações pertinentes e úteis, para viabilizar um cuidado seguro,
oportuno e humano, utilizando tecnologias apropriadas para um parto livre de danos (BACKES
et al., 2017).
Na maternidade, o enfermeiro gerencia o cuidado de modo a facilitar a assistência de
enfermagem oferecida à parturiente, ao bebê e aos familiares. Tanto nesse contexto como nas
demais unidades de cuidado, utilizam-se ferramentas gerenciais que são capazes de auxiliar na
organização, planejamento, coordenação, delegação ou prestação dos cuidados, supervisão,
previsão e provisão de recursos, capacitação da equipe, desenvolvimento de medidas educativas
com a família, interação com outros profissionais, além de ocupar espaços de articulação e
negociação, permitindo a implementação de melhorias do cuidado (MAZIERO et al., 2014).
Consideramos que há problemáticas existentes que interferem no cuidado por parte dos
profissionais de enfermagem. Dentre esses, barreiras pessoais e institucionais, a inexistência de
protocolos baseados nas melhores práticas para a aplicação do modelo de cuidado humanizado
e centrado na mulher, havendo um distanciamento entre os modelos de cuidados estabelecidos
nas políticas de saúde (NARCHI, 2010).
A qualidade do cuidado se configura quando os resultados são alcançados. O componente
resultado expressa a capacidade do serviço em atingir seus objetivos, propiciando a melhoria
das condições de saúde, mudanças no conhecimento e comportamento dos pacientes. São
exemplos deste componente: estabelecer e executar protocolos, comunicação simples, direta e
efetiva. Tomada de decisão para resolução de problemas também se configuram processos para
se obter a desejada qualidade nos serviços de saúde (DONABEDIAN, 1988).
Diante de uma busca pela melhoria da qualidade na assistência, observa-se no Brasil um
avanço nas últimas décadas no enfrentamento dos óbitos maternos. De acordo com dados
publicados pelo MS, a morte de mulheres durante a gravidez, o parto ou o puerpério tem
reduzido de forma acentuada. Dos 141 óbitos por 100 mil nascidos vivos em 1990, a taxa em
2011 ficou em menos de 64 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Compreende-se que essa redução
é importante não apenas pelo número de vidas poupadas nesse período, mas também indica
progressos significativos na garantia do cuidado (BRASIL, 2017).
33
Para a realização de avaliações nos sistemas de saúde materna infantil, são utilizados
índices de avaliação da qualidade na assistência. Destacamos o índice de Bologna que é um
instrumento utilizado para avaliar a assistência ao parto e através da utilização de indicadores
como porcentagem de mulheres em trabalho de parto induzido ou submetidas à cesariana,
presença de um acompanhante no parto. Uso do partograma, ausência de estimulação do
trabalho de parto (uso de ocitocina, fórceps, manobra de Kristeller). Parto na posição não
supina; contato pele a pele entre mãe e filho, nos primeiros 30 minutos na primeira hora após o
nascimento. (CARVALHO, 2016).
Para uma efetiva gestão da qualidade no trabalho de parto é necessário que sejam seguidos
protocolos alinhados pelos profissionais no âmbito das maternidades, sustentadas por uma
comunicação de alta qualidade. Protocolos e caminhos para apoiar a gestão do trabalho devem
ser compartilhados e discutidos com as mulheres e seus acompanhantes durante a gravidez. As
influências da equipe obstétrica, médicos e enfermeiras na tomada de decisão nas condutas
exigem mais aprofundamento, assim como o uso de intervenções que podem reduzir a
ansiedade no início do trabalho de parto. (SARAH et al., 2018).
O ambiente e o contexto da assistência à maternidade em dois estudos realizados nos
centros na Síria e no Reino Unido, relataram que o trabalho de parto e parto ocorreram em
grande parte em hospitais superlotados. As mulheres não tinham permissão para serem
acompanhadas por parentes durante o parto e o nascimento. O contato olho-no-olho não era
aceitável entre a mulher e seu médico, se este fosse um homem. Isso sugere que é necessário
considerar o contexto e as especificidades culturais, as informações sobre os processos de
parturição não aconteciam, havendo falhas no processo de comunicação efetiva, dilema
recorrente nesses países (BASHOUR et al., 2013).
A comunicação efetiva está no centro das recentes orientações internacionais e nacionais
para melhorar os resultados no cenário do parto. A estrutura recentemente publicada pela OMS
para melhorar a qualidade do atendimento de mães e recém-nascidos reconhece componentes
importantes do atendimento com destaque para a qualidade da prestação de cuidados
vivenciados pelas mulheres e suas famílias (OMS, 2016).
A importância da comunicação eficaz na área da saúde é reconhecida há muito tempo e
há uma extensa literatura sobre isso na área da saúde. A comunicação está diretamente
associada à tomada de decisão a depender da maneira como essa está sendo dimensionada,
podendo influenciar de maneira positiva ou negativa no processo de gestão do cuidado. Bem
como as experiências dos pacientes podem impactar na segurança clínica e na efetividade dos
resultados (AMES; GLENTON; LEWIN, 2017).
34
guia com as competências de segurança do Canadian Patient Safety Institute (CPSI) o qual
define seis domínios para as competências: contribuir para uma cultura de segurança do
paciente; trabalhar em equipe; comunicar eficazmente; gerenciar os riscos ; otimizar fatores
humanos e o meio ambiente; reconhecer, responder e divulgar eventos adversos, com o objetivo
de implementar ações que visem a redução desses eventos (BRASIL, 2014).
A segurança materna e neonatal é de fundamental importância tendo em vista o elevado
número de pacientes envolvidos e o potencial de eventos adversos que podem surgir no
processo assistencial. De acordo com a OMS, dos 130 milhões de nascimentos que ocorrem
todos os anos, cerca de 303 mil resultam na morte da mãe, 2,6 milhões são natimortos e outros
2,7 milhões de recém-nascidos morrem nos primeiros 28 dias após o nascimento. Segundo esses
dados, as mulheres e crianças morrem no parto por causas evitáveis, muitas vezes ligados à má
qualidade dos cuidados durante a assistência hospitalar (OMS, 2016).
No Brasil, acontecem aproximadamente 3 milhões de nascimentos a cada ano,
significando quase 6 milhões de pacientes, ou seja, as parturientes e os seus filhos. Deste total,
cerca de 98% dos partos acontecem em estabelecimentos hospitalares públicos ou privados,
onde os procedimentos obstétricos são destacados como a terceira causa de internação
hospitalar no SUS (BRASIL, 2011).
A segurança e a qualidade obstétrica são tópicos emergentes e importantes no cenário de
saúde atual. Para além da pressão e expectativa dos pacientes e familiares por resultados
positivos, os gestores dos serviços de saúde também estão preocupados com a assistência sem
danos e melhores desfechos nos cuidados prestados à população (PETTKER et al., 2015).
Diante do cenário, vale ressaltar que além da morte materna e situações ameaçadoras da
vida near miss materno, incidente que não causou danos ao paciente, estão rotineiramente
presentes na realidade da assistência ao parto. No entanto, quando surge qualquer intercorrência
obstétrica durante o TP e o parto, é importante o reconhecimento de sinais de perigo, e o
fornecimento de cuidados adequados em tempo oportuno são fundamentais, a fim de evitar
eventos adversos que prejudiquem a saúde, sobretudo o mais grave de todos: o evento sentinela,
que é óbito propriamente dito (MENDES; SOUSA, 2019).
A variedade de práticas pode colocar em risco a segurança das parturientes e do recém-
nascido (RN)por não receber assistência adequada às suas necessidades. Em outros casos
também, podem estar sendo submetidas a práticas, diagnósticos ou terapêuticas com potencial
de provocar danos, causando problemas, esses originados da aplicação inadequada do
conhecimento, bem como, ausência de práticas mais eficazes para lidar com situações
específicas (BRASIL, 2017).
38
baseadas em evidências, que visa reduzir as principais causas de morte materna, de natimortos
por causas intraparto e mortes neonatais que ocorrem em todo o mundo. Cada item que compõe
a Lista de Verificação é uma ação crítica que, se não for cumprida, poderá provocar sérios danos
a parturiente, puérpera e RN (OMS, 2017).
A experiência com outros instrumentos de segurança para os doentes, incluindo a Lista
de Verificação da OMS para a Cirurgia Segura, mostra que inserir simplesmente essa
ferramenta a um profissional de saúde ou pedir que uma unidade ou sistema usem um
instrumento de segurança não resulta num uso generalizado e consistente de verificação ou do
instrumento, se essa estratégia não for colocada em prática cotidiana do cuidado (OLIVEIRA,
2019).
Diante da preocupação mundial, guias e protocolos foram elaborados para ajudar os
profissionais que trabalham em maternidades ou casas de partos, médicos obstetras, enfermeiras
e parteiras a usarem corretamente essa ferramenta para a busca de realização de procedimentos
seguros. Gestores e profissionais inspiraram-se nas lições aprendidas por uma grande variedade
de profissionais de diversos países, que testaram, usaram e defenderam a Lista de Verificação
em todo o mundo (OMS, 2017).
A experiência com outros instrumentos de segurança, incluindo a Lista de Verificação da
OMS para a Cirurgia Segura, mostra que as estratégias devem ser colocadas em prática no
cotidiano do cuidado. Diante da preocupação mundial, guias e protocolos foram elaborados
para ajudar os profissionais que trabalham em maternidades ou casas de partos, médicos
obstetras, enfermeiras e parteiras a usarem corretamente essa ferramenta para a busca de
realização de procedimentos seguros. Gestores e profissionais inspiraram-se nas lições
aprendidas por uma grande variedade de profissionais de diversos países, que testaram, usaram
e defenderam a Lista de Verificação em todo o mundo (OMS, 2017).
Na elaboração da Lista de Verificação, foi considerada a sequência de rotina dos eventos
e as práticas essenciais ao parto foram agrupadas em quatro seções, ou pontos de pausa. São
pontos específicos no tempo em que a equipe de enfermagem deve verificar se aplicaram todas
as práticas essenciais ao parto. Estes pontos de pausa permitem à equipe de enfermagem fazer
as suas observações nos momentos em que podem proteger a mãe e o bebê de complicações
perigosas. Os pontos de pausa são: na admissão, antes da expulsão, logo após o parto, até 01
hora antes da alta (BRASIL, 2019).
A adoção de práticas efetivas para o manejo do parto, são essenciais para proporcionar
um cuidado de qualidade e uma experiência positiva, contribuindo positivamente para a tomada
de decisão e acesso aos cuidados obstétricos. O tempo de acesso ao cuidado obstétrico apresenta
41
4 MÉTODO
a gestantes com gravidez de alto risco, neonatologia, cirurgia geral e da obesidade, o que
confirma o seu pioneirismo nesses serviços (HGCC, 2020).
A maternidade é a unidade de saúde mais antiga da rede estadual de saúde, com mais de
80 anos. Dedica-se ao ensino e à assistência à saúde. A maternidade é terciária de alta
complexidade e de ensino, reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC)/Ministério da
Saúde (MS), de referência no Ceará, nas áreas de Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia e
Neonatologia e Clínica Médica (HGCC, 2020)
Os serviços da maternidade contemplam variadas áreas da saúde por meio de 27
especialidades médicas e 4 não médicas, com destaque para o Banco de Leite Humano, que é
um Centro de Referência Estadual para implementação e realização das ações de aleitamento
materno; Centro de Estudos, Aperfeiçoamento e Pesquisa (CEAP), órgão integrante da estrutura
organizacional da maternidade, de cunho científico, criado com objetivo de promover o
desenvolvimento científico e cultural dos funcionários, para atuar na assistência à saúde da
população, assim como de outras entidades a ele relacionadas.
Também pensando em manifestar apoio a sociedade, o Hospital se destaca por oferecer
serviços sociais como o Posto Avançado de Registro Civil, onde toda criança que nascer na
maternidade do Hospital já pode sair com o registro de nascimento, sem nenhum custo para a
família; Programa de Internação Domiciliar (PID); Método Canguru, no qual as mães
contribuem de forma intensiva para a recuperação dos bebês prematuros, com a permanência
deles junto ao peito. A instituição conta com o apoio da Casa da Gestante, onde 10 mães
recebem tratamento específico, com acompanhamento médico, assistencial, ocupacional e
psicológico (HGCC, 2020).
A maternidade se destaca no Estado pelos seus números de atendimento e atualmente, são
realizados cerca de 400 partos por mês, quase 2000 exames, 5000 consultas ambulatoriais, 350
cirurgias e cerca de 1000 internações. Ao todo são 276 leitos, 12 leitos de UTI adulto, 36 leitos
médio risco e 20 leitos de UTI neonatal. Dispõe de 1705 funcionários.
Para esse estudo escolhemos a instituição de saúde de alta complexidade com referência
na assistência ao parto e por compor um elevado número de profissionais enfermeiras que irão
compor a amostra da pesquisa.
A maternidade oferece o serviço emergência- obstétrico que atende diariamente uma
elevada demanda de mulheres da capital, cidades metropolitanas e cidades do interior do Estado
referenciadas através do fluxo de redes de atenção à saúde. Essa é caracterizada como uma das
maiores maternidades do estado com referência em gestação e parto de alto risco.
44
enfermaria com 04 leitos, e 02 enfermarias com 02 leitos destinados às mães que perderam seus
filhos por óbito fetal que necessitam de acompanhamento psicológico. Elas são alocadas em
quartos fora do alojamento conjunto para minimizar o sofrimento emocional e psíquico. Ainda
na Unidade, há dois banheiros para as puérperas e um local reservado para fraldário, onde a
mãe realiza o autocuidado do recém-nascido como banho e troca de fraldas. Os primeiros
cuidados são orientados e supervisionados pelos cuidados da equipe de enfermagem
Os dados foram coletados no período de junho e julho 2021, por meio de uma entrevista
do tipo semiestruturada, a qual abordou aspectos relacionados a características
sociodemográficas e profissional das enfermeiras que atuavam nos setores de classificação de
risco, de pré-parto, parto normal e puerpério imediato no alojamento conjunto, em busca da
compreensão do cuidado seguro às mulheres parturientes e puérperas. Verificou-se através das
46
entrevistas o reconhecimento das enfermeiras quanto aos procedimentos para o parto seguro,
as contribuições das políticas públicas no que tange o cuidado integral e seguro às parturientes
e puérperas, bem como a identificação de fatores que interferem no cuidado seguro as mulheres
parturientes e puérperas.
As entrevistas semiestruturadas seguiram um roteiro para direcionamento das perguntas,
a fim de garantir a flexibilidade e a liberdade no discurso, os quais contemplaram os temas
essenciais para atingir os objetivos deste estudo.
Essa modalidade possibilita um apoio claro na sequência das questões, nos auxiliando
sobretudo aos investigadores menos experientes, e que suas hipóteses ou seus pressupostos
foram cobertos na conversa (MINAYO, 2014).
Na entrevista semiestruturada, há o momento das perguntas anteriormente determinadas,
nas quais as respostas podem ser relativamente livres. Caso haja a necessidade, o pesquisador
pode acrescentar uma questão que não estava prevista, dependendo das respostas dos
respondentes, uma vez que permite não somente a realização de perguntas que são necessárias
à pesquisa e não podem ser deixadas de lado, mas também a relativização dessas perguntas,
dando liberdade ao entrevistado e a possibilidade de surgir novos questionamentos não
previstos pelo pesquisador, o que poderá ocasionar uma melhor compreensão do objeto em
questão (OLIVEIRA, 2008).
As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora. O primeiro contato foi através de uma
conversa formal e individual em ambiente reservado com três coordenadoras de enfermagem
responsáveis pelos seguintes setores: Classificação de Risco, Sala de Parto I, Sala de Parto II e
coordenadora do Alojamento Conjunto a fim de explicar o objetivo da pesquisa para as
coordenadoras e posteriormente para cada enfermeira participante, respeitando a
disponibilidade individual de cada profissional dentro do horário adequado que não interferisse
no desenvolver das suas atividades assistenciais.
Antes de iniciar a entrevista, reservava alguns minutos para uma conversa informal para
descontração dos entrevistados e o entrevistador, porém de forma rápida, uma vez que todas as
participantes se encontram sobrecarregadas com muitas atribuições, e quando uma profissional
necessita sair do setor, sobrecarrega as demais colegas. Por isso, o início da entrevista começava
quase sempre de imediato.
As entrevistas foram gravadas como meio de garantir a fidedignidade das respostas, e, em
seguida, transcritas na íntegra, assegurando o anonimato dos participantes. As falas foram
identificadas utilizando-se as abreviações ECR (Enfermeira Classificação de Risco) ESP
(Enfermeira sala de parto) e EAC (Enfermeira Alojamento Conjunto), de acordo com o setor
47
O registro produzido com suporte nas transcrições das entrevistas foi analisado utilizando
a técnica de Análise de Conteúdo, na modalidade temática, segundo Gomes (2009), articulando
esse material aos propósitos da pesquisa e a sua fundamentação teórica. Trata-se de uma
adaptação da tradicional técnica baseada na obra de Laurence Bardin (2011), que surgiu no
âmbito da pesquisa quantitativa e hoje é amplamente aplicada em pesquisa qualitativa.
Para Bardin (2011), a análise de conteúdo, como método, é um conjunto de técnicas de
análise de comunicação, visando a obter, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos
de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção e recepção destas mensagens. Após leitura
minuciosa das entrevistas com vistas a encontrar subsídios que contemplem e respondam ao
objeto de estudo, iniciamos o percurso metodológico.
O caminho percorrido foi mediado pelas seguintes etapas: no primeiro momento, as
entrevistas foram transcritas na íntegra. Realizamos a leitura exaustiva do material, procurando
ter uma visão do conjunto das falas do material a serem analisadas. Em seguida, as falas foram
classificadas compondo as temáticas. Para isso, identificamos os trechos com maiores
significados nos relatos das entrevistadas e na sequência, as ideias associadas a cada trecho
apontadas por meio de inferências (através de interpretações que surgiram nas entrelinhas).
Procedemos com a quantificação e análise dessas ideias, buscando as temáticas mais
amplas ou eixos em torno dos quais podem ser discutidas as partes dos textos analisados,
emergindo os núcleos de sentidos. Surgiram, contudo, as temáticas: O papel do enfermeiro na
gestão do cuidado; Protocolos de segurança do paciente relacionados aos riscos assistenciais no
pré-parto, parto e puerpério; Contribuições das políticas públicas de saúde e protocolos
institucionais para segurança do binômio em maternidade Pública; Fatores que interferem para
proceder um cuidado seguro às parturientes e puérperas As inferências e interpretações
fundamentaram-se nos constructos teóricos e conceituais das Políticas públicas relacionadas à
saúde da mulher Rede Cegonha, Programa Nacional de Segurança do Paciente, Protocolos de
48
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
49
Tabela 1 – Dados sociodemográficos e profissional das enfermeiras de um hospital maternidade. Fortaleza, Ceará.
2021. (N = 32)
__________________________________________________________________________
50
Variáveis nº %
Idade
25 a 29 anos 10 31,25
30 a 34 anos 14 43,75
35 a 39 anos 06 18,75
40 a 45 anos 02 6,25
Sexo
Feminino 32 100
Situação conjugal
Casada 14 43,75
solteira 13 40,625
União estável 05 15,625
Orientação religiosa
Católica 19 59,375
Evangélica 10 31, 25
Outro/espírita 03 9,375
Setor de atuação
Alojamento conjunto 16 50
Sala de parto I 05 15,625
Sala de parto II 06 18,75
Classificação 05 15, 625
Formação
Especialização obstétrica 32 100
Residência 03 9, 375
Mais de uma especialização 04 12,5
Tempo de formação/graduação
Até 05 anos 14 43,75
Até 10 anos 13 40,625
11 anos ou mais 05 15,625
Tempo de formação/pós-graduação
Até 05 anos 20 62,5
Até 10 anos 08 25,0
11 anos ou mais 04 12, 5
Qualificação profissional
Cursos 11 34,375
Capacitação 13 40,625
Congressos 08 25
Vínculo empregatício
Contrato 28 87,5
Efetivo 04 12,5
Fonte: elaborada pela autora
51
Nós temos autonomia para receber a paciente, fazer a admissão e prestar toda a
assistência (ECR 1)
De acordo com Alves et al (2020), as escalas de avaliação da dor também são utilizadas
nas emergências obstétricas. A escala numérica verbal, uma das mais utilizadas, em que o
paciente atribui uma nota de zero a dez, sendo zero a ausência de dor e dez dor extremamente
55
forte, a escala visual analógica (EVA), linha reta, com descritores de ausência de dor e dor
insuportável, em que o paciente pode identificar sua dor quanto a intensidade, e a escala verbal
de dor, onde o paciente relata sua dor classificando-a conforme sua intensidade.
Para Ohara; Melo e Laus (2020), O ACCR de risco, é uma ferramenta necessária que
deve ser inserida como método de gestão para melhor priorizar e reorganizar o fluxo dos
pacientes.
De acordo com Oliveira et al (2017), o enfermeiro, a partir da entrevista, realiza o registro,
exame físico, realizado com ênfase na observação do comportamento, expressão verbal e não
verbal de dor, postura e sinais clínicos, determina-se a classificação da prioridade do
atendimento. O autor ainda cita três habilidades do enfermeiro no ACCR, avaliação,
conhecimento e intuição desenvolvido a partir da experiência, sensibilidade e o uso da
observação qualificada.
A paciente entra com a pulseira de identificação. Cada uma delas a gente afere os
sinais vitais, ver os riscos. Se sangramento, se está tendo perdas vaginais (ECR 4)
A partir das queixas dos sinais e sintomas, e alteração dos sinais vitais, dispneia
grave, sangramento intenso, classificamos como vermelho (ECR 2)
Fazemos ausculta dos batimentos cardiofetais, e se tiver alterações ela já vai de
imediato para a sala de parto II (ECR 3)
Quando o binômio está em sofrimento fetal a gestante é medicada e preparada para
cesariana (ECR 5)
Na recepção é colocada uma pulseira branca no braço dela, com nome, data de
nascimento e nome da mãe (ESC -2)
Quando a paciente chega no leito, as técnicas também fazem uma plaquinha com as
informações, para não ter erro, troca nos procedimentos medicações (ECR 3)
Evitamos que a mesma técnica cuide de duas pacientes com mesmo nome para evitar
erros (ECR 1)
56
São unânimes as respostas que evidenciam que o modelo de classificação contribui tanto
para organizar o fluxo de atendimento, agilizar o processo, avaliar e tomar decisões em relação
ao nível de complexidade dessa gestante que procura a emergência obstétrica, atrelado a uma
preocupação com o cuidado seguro, são utilizados protocolos que servem para atenuar as
possíveis falhas na assistência que comprometam a segurança da parturiente.
Na CR, as queixas, sinais e sintomas são bem variadas, porém, de acordo com o relato da
ECR 3, há um número de gestantes que dão entrada na unidade com sangramento e alterações
de sinais vitais. A enfermeira investiga história prévia de comorbidades, avaliação de número
de consultas no pré-natal. Outro protocolo institucional é a escala analógica para avaliação da
intensidade da dor.
Iniciamos avaliando os sinais vitais dando prioridade para pressão arterial e glicemia,
recebemos muitas gestantes com diabetes gestacional, avaliamos perda de líquido vaginal,
sinais de sangramento, queixas urinárias (ECR 5)
Quando elas relatam a falta de movimentação fetal fazemos a ausculta fetal, o obstetra
solicita a ultrassonografia de urgência, muitas ficam internadas até o bebê nascer (ECR 4).
Fazemos o toque vaginal para avaliar a progressão da dilatação (ECR 2)
A partir das queixas, sinais e sintomas, classificamos em vermelho, uma dispneia grave,
sangramento intenso, fazemos ausculta para avaliar se tem sofrimento fetal (ECR 2)
Se o bebê tem uma bradicardia, ela já vai de imediato para a sala de parto II, para ser
medicada e preparada para cesariana (ECR 3)
A partir do momento que elas entram, a gente já colhe os testes, de HIV e de Sífilis,
em todas as gestantes (ECR 1)
Se a paciente for detectada com alguma doença, infecção por IST, já inicia o
tratamento na sala de parto (ECR 3)
Aqui na classificação utilizamos o manual da Rede Cegonha, para nossa orientação
quando os testes sorológicos de HIV e Sífilis são positivos (ECR 2).
Muitas vêm com sífilis. São os casos mais elevados. Muitas não fazem o pré-natal
correto e desistem do tratamento (ECR 1).
Brasil (2017), a falta de tratamento adequado da sífilis pode gerar inúmeras consequências
para a saúde pública, com internações hospitalares, gastos públicos e aumento do índice da
sífilis congênita no Brasil. Define-se que todos os casos de mulheres diagnosticadas com sífilis
durante o pré-natal, parto e/ou puerpério devem ser notificados como sífilis em gestantes e não
como sífilis.
Lafetá et al (2016), aponta que apesar da sífilis apresentar recursos diagnósticos e
terapêuticos simples, seu controle na gestação mostra-se um desafio para profissionais de saúde
e gestores. Este fato ocorre devido aos entraves para a realização do seu diagnóstico e
tratamento, ainda na atenção primária, dificuldade de abordagem das Infecções sexualmente
transmissíveis (IST), parceiros sexuais que não são diagnosticados ou não fazem o tratamento
correto, desconhecimento da magnitude desse agravo e dos danos que podem causar à saúde da
mulher e do bebê.
De acordo com Zuzarte et al (2020), o MS preconiza que na triagem seja realizado o teste
rápido, para desfecho do diagnóstico e orientações à gestante e seu parceiro. A Sociedade
Brasileira de Pediatria preconiza que o tratamento seja iniciado com a penicilina. O mais rápido
possível, as mães devem ser orientadas a não ofertar leite materno.
59
Para Magalhães et al (2011), os exames estabelecidos para detecção das IST, sejam
realizados em todas as gestantes para realização de partos com nascidos vivos ou natimortos, e
puérperas que realizaram procedimento de curetagem.
É importante ressaltar que o acolhimento em emergência obstétrica deve possuir algumas
peculiaridades devido às necessidades relacionadas ao processo gravídico-puerperal.
A ansiedade, que permeia a gestação, o parto e o nascimento levam à insegurança e à
preocupação da mulher e seus familiares. Isso se deve principalmente à falta de informação
durante o pré-natal, que se torna um dos fatores da busca aos serviços de urgência das
maternidades com frequência. As enfermeiras que acolhem a mulher e o acompanhante, têm a
função de favorecer o protagonismo das gestantes, com informações claras sobre os estágios
que seguem o trabalho de pré-parto, parto e puerpério.
A OMS (2017), recomenda a utilização da lista de verificação para parto seguro, guia que
serve para melhorar a qualidade da assistência, no parto e puerpério imediato. Um dos critérios
para essa segurança é avaliar os níveis pressóricos da puérpera antes da alta hospitalar,
certificando-se de que os valores estão normais. Atentar-se para sinais de pré-eclâmpsia, após
o nascimento, pois um terço das convulsões apresentadas na eclâmpsia aparecem durante o
período pós-parto.
As enfermeiras que atuam na sala de parto com risco habitual e alojamento conjunto,
informam que seguem os protocolos para segurança da parturiente, puérpera e RN através da
identificação correta. Relatam orientar os acompanhantes sobre esses protocolos, através de
esclarecimentos de forma didática e clara para facilitar a compreensão. Como mostram as falas:
Temos o cuidado na identificação correta da mãe e do bebê, cuidado para não ter queda. A
gente orienta o acompanhante também (ESP 3)
Alguns têm muita dificuldade de compreender por serem pessoas com pouca informação.
Tenho o cuidado de falar com uma linguagem acessível, assim, os acompanhantes acabam
ajudando (ESP 2).
O cuidado aqui no alojamento conjunto começa com a identificação, da mãe e do bebê. A
pulseira do bebê fica no pezinho, da mãe fica no braço (EAC 1)
Eu oriento que no momento da amamentação, procurem uma posição adequada. Sentar-se
num lugar mais seguro, para que o bebê não caia do braço delas, da cama, ou da cadeira
(EAC 2)
A gente informa que sempre quando elas forem se levantar nunca sair da cama com o bebê
no colo, tem que colocar primeiro o bebê no bercinho ao lado do leito, para depois elas
saírem da cama (EAC 3)
Nossa maior preocupação é não ter quedas com o bebê, também no momento do
banho (EAC 6)
Quando a gente vai orientar em relação a amamentação, a gente pergunta se elas
estão sonolentas, para o bebê não cair dos braços dela (EAC 1)
organização do cuidado, fazendo com que o foco da atenção dos profissionais, sobretudo da
enfermagem, seja ampliado para incluir os acompanhantes.
A gente orienta que se a mãe estiver com sono, o acompanhante tem que observar o
bebê (EAC 9)
É importante o acompanhante, porque ele ajuda também nos cuidados da mãe e do
bebê (EAC 7)
Elas têm medo de colocar o bebê para mamar. Se eles regurgitam, elas ficam
assustadas, achando que está asfixiado com o próprio leite (EAC 3)
As puérperas têm muitas dúvidas. Perguntam por que quando amamentam, sentem
cólicas. (EAC 9)
64
respeitando as suas opiniões e seus sentimentos, oferecer sugestões ajuda e contribui para a
formação de vínculo (Brasil, 2015).
Brasil (2017), recomenda que no momento da alta hospitalar, a paciente obtenha todas as
informações sobre a continuidade dos cuidados. É papel dos profissionais de saúde se esforçar
para fornecer informações ao paciente e ao acompanhante, têm o direito de pedir informações
e verificar se as melhores práticas estão sendo realizadas. Isso pode ajudar significativamente a
melhorar a prestação de cuidados em saúde.
Aued (2019), concorda com Brasil (2017), ao enfatizar que o período de internamento da
puérpera é considerado curto para absorver, desenvolver e consolidar habilidades transmitidas
pelas enfermeiras por isso é necessário que haja uma preparação concreta para a alta através de
formulário ou sumário de alta que contenha informações claras, para a continuidade do cuidado.
O apoio da família é imprescindível nesta fase
Em seu estudo, Gallo et al (2011), corrobora com o que foi relatado pela EAC 2 ao afirmar
que o profissional de enfermagem deve respeitar a cultura e a história de cada mulher, o que
lhe possibilitará a compreensão e o saber para diferenciar a dor, além de proporcionar à mulher
um atendimento sensível e diferenciado, respeitando seus saberes e valorização de sua cultura.
As enfermeiras que atuam nas salas de parto e AC são responsáveis por avaliar os sinais
de hemorragia puerperal. As primeiras horas do pós-parto é um período que requer muita
atenção e conhecimento sobre a involução uterina e avaliação da loquiação fisiológica, para que
intercorrências como atonia uterina não tenham desfecho negativo. Para tanto, é necessário um
olhar clínico e resolutivo das enfermeiras obstetras como descrito em suas falas:
Nós enfermeiras temos que estar capacitadas para atuar em uma hemorragia pós-
parto, síndrome hipertensiva, processo infeccioso, para saber como agir com
segurança (ESP 9)
É importante ter conhecimento sobre os partos anteriores dessa mulher (ESP 2)
Eu percebo que as pacientes que não fazem um pré-natal completo, bem
acompanhado, têm mais problemas no parto e puerpério (ESP 7)
segunda causa de morte materna, perdendo apenas para os distúrbios hipertensivos. No mundo,
ocorrem 14 milhões de casos de hemorragia pós-parto todos os anos. Desse grupo, 140 mil
mulheres morrem, o que representa uma morte a cada 4 minutos.
OPAS (2018), também enfatiza que todo profissional de saúde, que trabalha com
obstetrícia, terá contato, em algum momento da vida profissional, com casos de HPP. Por isso,
é importante que haja uma preparação e conhecimento a respeito das causas e tratamento dessa
manifestação obstétrica em tempo hábil.
O protocolo instituído pela OMS (2014) estabelece que associado ao uso da ocitocina
deve-se iniciar também o ácido tranexâmico ou transamin, medicamento antifibrinolítico. Esse
protocolo serve para qualquer tipo de hemorragia, independente da causa. De acordo com a fala
da ESP 1, medicação não é disponibilizada na instituição o que poderá dificultar o manejo
assistencial.
As falas apontam os critérios na tomada de decisão entre a equipe de enfermagem diante
de uma intercorrência na HPP, com o intuito de garantir segurança às pacientes. São necessários
fluxos assistenciais bem definidos, disponibilidade de insumos de forma oportuna e equipes
assistenciais treinadas. As falas das respondentes ESP 3 e ESP 2 divergem da proposta
apresentada pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) em associação com o
Ministério da Saúde (MS) sobre a sequência no uso de medicamentos utilizados na HPP. As
participantes relatam que o serviço não dispõe dos medicamentos conforme proposto pelos
protocolos.
De acordo com a OPAS (2018), uma paciente com atonia uterina, deve-se iniciar a
conduta com uma manobra de compressão bimanual do útero. Ela deve ser mantida enquanto
a equipe vai preparando os medicamentos. Existem diversos protocolos sobre quais medicações
ou doses devem ser utilizadas, mas o mais importante é que a maternidade adote um protocolo
para que a equipe não tenha dúvidas sobre qual medicamento utilizar.
Ainda de acordo com a OPAS (2018), O primeiro medicamento na atonia uterina é a
Ocitocina, por ter início de ação rápido. Se não há resposta com a Ocitocina, deve-se recorrer
67
Aqui recebemos muitas gestantes com vários diagnósticos de gestação de alto risco.
Então já nos preparamos para as possíveis intercorrência no pós-parto (ESP 5)
Observamos sinais de hemorragia. Tudo isso eu vejo como segurança para elas (EAC
2)
Segundo Denaley et al (2016) a HPP é classificada em dois períodos: HPP primária que
ocorre nas primeiras 24 horas pós-parto, e HPP secundária que ocorre durante as 24 horas do
pós-parto ou até 6 semanas após o nascimento do bebê. A HPP primária está relacionada, na
maioria das vezes, à atonia uterina, enquanto a causa da HPP secundária está associada com os
restos placentários. Essas são uma das maiores causas de urgência obstétrica, que requer um
cuidado seguro por parte da equipe de enfermagem, por serem profissionais oferecem o cuidado
mais próximo.
De acordo com Cassiano et al (2015) o atendimento no puerpério imediato ofertado tem
sido voltado para observação dos aspectos fisiológico, como: avaliação do estado geral,
verificação de involução uterina, sinais vitais, evolução mamária, observação de lóquios, entre
outros.
Na instituição do estudo, as puérperas seguem para o AC após uma hora do parto, esse
período é denominado puerpério imediato. As falas que seguem destacam alguns dos cuidados
oferecidos pelas enfermeiras e equipe de enfermagem:
OPAS (2018), Existem, ainda, cuidados importantes a serem realizados no período pós-
parto. Deve-se melhorar o monitoramento das pacientes. Essa é uma tarefa difícil, porque
muitas vezes, o número de pacientes é superior à capacidade da equipe assistencial. Por isso, é
necessário lançar mão de estratégias criativas para que se garanta um melhor monitoramento.
É possível solicitar apoio aos acompanhantes das pacientes. Eles podem ser úteis para a equipe,
no sentido de ajudar a identificar algo de anormal. Obviamente, não são pessoas especializadas,
mas podem ajudar nessas situações críticas.
Ao fazermos uma correlação das falas apresentadas na pesquisa com os achados da
literatura, manuais e protocolos instituídos pela OMS e MS podemos observar que a maioria
das enfermeiras seguem os protocolos assistenciais, porém algumas condutas são reorganizadas
de acordo com o sistema organizacional que o serviço oferece, principalmente o que pode
dificultar a prestação de uma assistência segura com foco na redução dos riscos assistenciais e
mortalidade materna.
Nós temos o apoio da equipe multiprofissional, psicólogos, assistente social que nos
ajudam a informar o resultado e fazer o aconselhamento (ECR 3)
Nós fazemos o teste rápido para todas as gestantes, mesmo que elas já tenham feito
durante o pré-natal (ESP 1),
Brasil (2015) destaca a importância da Rede Cegonha (RC) criada em 2011, com objetivo
de garantir à saúde da mulher, o direito ao planejamento reprodutivo, atenção humanizada na
gravidez, parto e puerpério. Assim, a criança terá direito a um nascimento seguro e crescimento
saudável.
Depois que a enfermeira faz o teste rápido para detectar HIV e sífilis, a gestante é
trazida para acomodação aqui dentro da sala de parto (ESP 2)
Antes de iniciar a administração do AZT, informamos as parturientes que o bebê
também vai fazer uso de medicações (ESP 5)
De acordo com Rosa: Delgado (2017), outro tipo de cuidado oferecido pela equipe de
enfermagem é a orientação sobre a não amamentação, mesmo que a puérpera comprove o uso
de antirretrovirais durante o período de gestação. O aleitamento materno continua
contraindicado. Uma das recomendações do MS é a inibição farmacológica da produção de leite
após o parto.
A educação em saúde torna-se necessária em todo ciclo gravídico puerperal. É importante
conhecer sobre a história de vida dessa mulher, sua cultura, grau de conhecimento, anseios e
fragilidades para traçar um plano de cuidados direcionados. É necessário envolver o
acompanhante nas orientações e esclarecimentos sobre as condutas a serem seguidas em relação
ao tratamento e adequação de uma nova rotina para puérpera, seu parceiro e RN.
Lima et al (2019), concorda com Silva et al (2019), os estudos apontam sobre o impacto
emocional das puérperas na impossibilidade de amamentar, assim como conviver com a
soropositividade. É da competência do enfermeiro e equipe multiprofissional auxiliar a mãe
nesse momento, de modo que as recomendações realizadas reduzam os riscos de transmissão
do HIV para o RN, e ao mesmo tempo, contribua para promover o conforto físico e mental
dessa puérpera.
As entrevistadas relatam algumas dificuldades ao informarem para a puérpera sobre a
inibição da lactação, pelo impacto emocional que a notícia causa naquele momento. Vejamos
os relatos:
Nós explicamos que o bebê não vai poder mamar, algumas mães ficam tristes, é bem
difícil (ESP 10)
Eu acho que é um desafio porque vai comprometer para sempre a vida dessa mulher
(ESP 4)
Algumas mães choram muito. É bem difícil. A equipe também tem que desenvolver
um preparo emocional (ESP 7)
Nós enfermeiras e a médica pediatra explicamos para as mães que o RN também vai
receber o esquema de medicação antirretrovirais (ESP 4)
Brasil (2021), informa através de nota técnica que o tratamento e o seguimento de crianças
expostas ou vivendo com HIV apresentam diversos desafios. Pelo restrito número de
medicamentos disponíveis para essa faixa etária, a escolha dos antirretrovirais deve ser
realizada de forma racional e com esquemas eficazes, poucos efeitos adversos e boa tolerância
Ainda sobre o novo esquema dos antirretrovirais para o RN, Brasil (2021), destaca as
mudanças no esquema sendo composto de três antirretrovirais: Zidovudina (AZT), Lamivudina
(3TC) e Raltegravir (RAL). Este esquema de profilaxia deverá ser administrado por 28 dias.
72
Alguns profissionais ainda querem manter a técnica das mamas enfaixadas, porém,
esse método não é mais recomendado (ESP 6)
Nós explicamos para a puérpera sobre as medicações para inibir a descida do leite,
claro falamos para elas sobre “secar o leite” (EAC 2).
Quando as puérperas são transferidas para o alojamento conjunto elas são
cadastradas no banco de leite para ficarem recebendo o leito do recém-nascido (EAC
3)
Costa et al (2009), explica que os recém-nascidos expostos à transmissão do HIV, deverão
ser alimentados com leite artificial (fórmula infantil) e alimentação complementar, preparados
de maneira adequada de acordo com a sua faixa etária, ou obtidos nos bancos de leite humano.
As falas revelam a preocupação das enfermeiras do AC ao receber o binômio, em relação
às orientações sobre a restrição e inibição da lactação, esclarecimentos sobre o seguimento do
tratamento, e o direito ao acesso do leite artificial. A parceria do banco humano de leite é
fundamental nessa etapa do aconselhamento e orientações. É importante manter uma linguagem
acessível sobre essas condutas para uma compreensão satisfatória da puérpera e acompanhante.
De acordo com Alves et al (2020), a restrição da lactação frustra as expectativas das
gestantes, no seu papel de mãe. Algumas sentem culpa, impotência e seus sonhos são desfeitos.
Associado a essas questões, ainda precisam lidar com o preconceito e discriminação da
sociedade. No entanto, não amamentar permite à mãe a chance de ser perdoada e aceita pela
sociedade, pois se pode entender que ela fez de tudo para poupar seu bebê da infecção.
Silva et al (2016), aponta que o método do enfaixamento das mamas para inibição da
lactação é considerado como doloroso e punitivo. Essa técnica deverá ser desencorajada no
puerpério, devendo ser utilizados outros métodos que favorecem o conforto. Dentre esses, a
administração de fármacos inibidores da lactação.
De acordo com o relato da ESP 6, alguns profissionais persistem em manter a técnica do
enfaixamento mamário. Observa-se que não há relatos sobre a autonomia e respeito à decisão
da puérpera em relação ao procedimento. Por esses motivos, cabe aos profissionais fazer uso
de outros métodos como apontado por Silva et al (2016).
Diante dos relatos, podemos perceber que há uma preocupação por parte de alguns
profissionais em adequar a assistência segura associada ao bem-estar das puérperas ao
73
oferecerem métodos que causem menos desconforto físico e psíquico, já que essas mães
compartilham o alojamento com outras puérperas que amamentam.
De acordo com Brasil (2002), o Projeto Nascer institui no âmbito das maternidades , os
seguintes objetivos: reduzir a transmissão vertical do HIV, reduzir a morbimortalidade
associada à sífilis congênita, garantir medidas profiláticas de transmissão vertical do HIV para
100% das parturientes e seus recém-nascidos, garantir o seguimento especializado do
tratamento, criar mecanismos para a disponibilização de fórmula infantil a todos os recém-
nascidos expostos do nascimento até o sexto mês de idade, para uma promoção adequada de
seu crescimento e desenvolvimento físico e cognitivo.
A maternidade em estudo participa do projeto nascer. Junto com o apoio do banco de
leite, oferece orientações às puérperas e acompanhantes. As mães são cadastradas, recebem
orientações, participam de palestras e recebem o leite artificial mensalmente
As falas que seguem destacam uma prática exercida pelas participantes que é a inserção
da parturiente como protagonista no TP. Vejamos:
Na minha opinião, o parto seguro é aquele que a paciente tem um certo conhecimento
sobre o trabalho de parto, em que ela tem autonomia também (ESP 2)
A gestante é protagonista do trabalho de parto quando elas conhecem os seus direitos
(ESP 4)
Deixamos a mulher à vontade, mas sempre atenta para algum sinal de intercorrência
(ESP 3)
Nos momentos em que elas não estão sentindo contrações nós vamos conversando e
explicando sobre o parto (ESP 7)
Brasil (2014), menciona o plano de parto como uma ferramenta educacional que deverá
ser utilizada pelos profissionais de saúde que atende a mulher. É necessário o conhecimento
científico para oferecer a melhor assistência possível, tornando o momento do parto
verdadeiramente seguro. Essa estratégia é garantida por lei e pode ajudar as mulheres a
adquirirem confiança, empoderamento e poder de decisão
Félix et al (2019) concorda com Brasil (2014), explicando que a equipe de enfermagem,
por estar sempre presente no convívio das unidades de saúde frequentada pelas gestantes do
pré-natal até o momento do parto, deverá utilizar estratégias que possam garantir confiança e
74
conhecimento da fase que está vivenciando a futura mãe, como utilizar-se de maneiras
educativas para o conhecimento das fases do parto.
Os autores enfatizam a necessidade do investimento em conhecimento embasado em
evidências para a construção do plano de parto, ferramenta utilizada para apoiar a mulher no
conhecimento sobre os seus direitos ao conhecimento de todo o processo do partejar.
O relato da participante ESP 2, corrobora com as ideias dos autores ao mesmo tempo que
informa que a segurança do parto está associada ao conhecimento da parturiente e inserção no
autocuidado e autonomia no poder de decisão.
Medeiros et al (2019), define que o Plano de Parto e Nascimento é um documento escrito,
de caráter legal, em que a mulher grávida, deverá receber informações sobre a gravidez e o
processo de parto considerando seus valores, desejos pessoais e necessidades além das
expectativas criadas sobre seu parto ao longo da gravidez. Esse documento deverá ser
apresentado na maternidade para continuidade da assistência amparada no respeito à decisão da
mulher.
Ao observarmos o conteúdo das falas, podemos perceber que em nenhum momento as
participantes relatam sobre o uso do plano de parto na assistência apesar de destacarem a
importância do protagonismo da mulher no reconhecimento de seus direitos.
As gestantes chegam cheia de dúvidas. Ainda mais se for o primeiro parto. (ESP 11)
Vamos informando as mudanças de acordo com a evolução do parto (ESP 3).
Algumas falam que nunca foram informadas sobre o parto durante as consultas de
pré-natal (ESP 6)
também que os anseios e medos estão mais presentes nas primíparas pelo fato de estarem
vivenciando o momento pela primeira vez.
Lima; Lucena (2019) afirmam que o medo da dor tem como base a falta de informação
sobre a fisiologia. É uma das questões mais temidas por mulheres que se deixam ser
influenciadas por culturas, mitos e crenças. Esse medo poderia ser minimizado se as gestantes
recebessem informações no pré-natal. Serviria para ajudar no manejo do parto no âmbito da
maternidade.
Firmino et al (2020), colabora com os achados de Lima; Lucena (2019), quando destaca
que os profissionais devem reconhecer os aspectos sociais e culturais de cada mulher, que
delineiam e condicionam os distintos significados sobre o parto. Intervenções para propiciar o
alívio da dor devem fazer parte das condutas, compreender os aspectos da dor por meio de um
olhar holístico voltado para um serviço humanizado e individualizado.
Os relatos deixam claro que o medo da dor é uma das queixas mais relatadas pelas
parturientes. Em virtude desses achados é primordial que a assistência seja desenvolvida de
forma holística e que os profissionais possam reconhecer as necessidades individuais de cada
mulher, sua cultura, grau de instrução e indagar sobre as informações que essas sabem sobre o
TP.
Nesse contexto, Ferreira et al (2017), informa que devido à falta de informações a respeito
da dor do parto, a mulher procura a assistência hospitalar de forma antecipada. Os autores
também concordam com Firmino et al (2020) e Lima; Lucena (2019), ao revelarem que as
informações, quando são transmitidas apenas por familiares e amigos de forma cultural, podem
gerar sentimentos de dúvida, descrença e medo.
As participantes destacam que as parturientes trazem consigo a forte influência cultural
através de informações empíricas recebidas de seus familiares, concordando com os achados
da literatura:
Elas chegam com muito medo, cheia de dúvidas, e trazem as informações do lugar
Onde moram (ESP 9)
Algumas vêm do interior e recebem os ensinamentos que a mãe ensinou (ESP 4)
76
Algumas chegam com dor, mas quando examinamos, ainda não tem dilatação (ESP7)
Quando elas são multíparas é mais fácil de conduzir, pela experiência que já têm
(ESP 11)
É importante conhecer essa paciente, perguntar sobre as suas necessidades, e sobre
o que ela entende sobre o parto (ESP 4)
Todo o processo de pré-parto, parto e o pós-parto são momentos muito íntimos na
vida da paciente (ESP 6)
Eu acho que à medida em que nós vamos conhecendo a paciente, conseguimos evitar
muitos erros (ESP 8)
A OMS (2017) Com o intuito de modificar esse cenário, ao longo dos anos, investe em
estudos a fim de promover uma gestação, parto e puerpério seguros. Foi elaborado o Guia de
Recomendações para a Assistência ao Parto Seguro, evidenciando que os cuidados relacionados
à humanização, o respeito à privacidade e individualidade das mulheres são essenciais para a
manutenção da dignidade, da liberdade e da escolha acerca do TP e parto, além dos cuidados
técnicos relacionados ao nascimento.
Vidal; Barreto; Rattner (2020), revelam que as barreiras para a implementação das
Diretrizes de Assistência ao Parto estão atreladas aos aspectos da formação e cultura
profissional, cultura social e questões políticas e de gestão, ainda são pontos críticos que devem
ser considerados na realização de intervenções futuras, no sentido de atenuar as perspectivas
negativas que as mulheres carregam sobre o parto e a maternidade.
Os relatos evidenciam que há uma preocupação por parte das profissionais para envolver
a parturiente no TP. A fala da ESP 8 desperta atenção ao informar que ao conhecer a história
pregressa da parturiente, como gestação, partos anteriores e comorbidades, será mais fácil a
condução e tomada de decisão no parto atual.
As falas nos revelam que a falta de conhecimento prévio sobre o TP, ou o conhecimento
construído com base no imaginário popular são aspectos que dificultam as ações dos
profissionais. Apesar das participantes demonstrarem que sentem a necessidade de inserir as
parturientes no autocuidado, a literatura aponta que há fragilidades e divergências nessa gestão
do cuidado.
77
O cuidado aqui é voltado para o binômio por isso demanda mais atenção e tempo na
assistência (EAC 1)
Percebemos que depois que a criança nasce, a mãe geralmente é esquecida e a
atenção se volta mais para o bebê (EAC 2)
As mães primíparas geralmente têm mais dificuldade para amamentar em livre
demanda (EAC 4)
Muitas delas quando sentem dificuldade querem desistir de amamentar (EAC 8)
Brasil (2017), aponta que o puerpério imediato é um período bastante sensível, para a
mulher que passou pelo esforço físico, mas de alegria para os acompanhantes pela chegada da
criança. Por isso, a criação do AC é importante no sentido de minimizar a separação entre mãe
e filho e oferecer atenção igualitária para os dois segmentos.
Segundo Mesquita et al (2019), esse sistema configura-se como ambiente propício aos
cuidados assistenciais. Cabe ao profissional de saúde inserir orientações para o autocuidado ao
binômio, o incentivo à amamentação e prática dos primeiros cuidados com o RN.
A literatura aponta a importância do AC para a oferta do cuidado. Nesse sentido, os
enfermeiros têm um papel importante em relação às orientações e inserção da parturiente no
reconhecimento de suas alterações fisiológicas e aprendizado sobre os primeiros cuidados com
o RN, assim como inserção do acompanhante na participação dessa assistência.
Ao verificarmos as contribuições das enfermeiras que atuam no AC, observamos que são
enfrentadas algumas dificuldades em relação à amamentação, por isso torna-se indispensável a
educação em saúde, planejamento e condutas a serem tomadas para o incentivo à amamentação.
Segundo Moura (2015), existem fatores que podem estar relacionados às dificuldades em
iniciar e continuar com a prática da amamentação, como ausência de orientação prévia sobre o
manejo e preparo das mamas na gestação, pouca habilidade no manejo quanto a pega correta,
desconforto ao desenvolver o ingurgitamento mamário, nível de escolaridade, pouca
compreensão da importância do aleitamento materno exclusivo, influência dos conhecimentos
empíricos.
Aqui a gente trabalha com a rede cegonha, por isso temos essa preocupação com o
binômio (EAC 7)
No nosso alojamento temos a enfermaria para o programa mãe canguru, que são os
recém-nascido de baixo peso (EAC 6)
A gente envolve o recém-nascido no peito da mãe para eles se sentirem mais
aquecidos e não perder calor, e ajudar no estímulo da amamentação (EAC 5)
78
Brasil (2017), afirma que é importante evitar a separação mãe-filho na primeira hora após
o nascimento para procedimentos de rotina tais como, pesar, medir e dar banho, a não ser que
os procedimentos sejam solicitados pela mulher ou sejam realmente necessários para os
cuidados imediatos do recém-nascido.
Identificamos nas falas que as enfermeiras denotam uma preocupação em manter o
vínculo mãe e RN, como estabelecido pelos protocolos do MS. A maternidade disponibiliza de
enfermarias voltadas para o projeto mãe canguru, também estabelecido pela rede cegonha, o
que aumenta o vínculo mãe e RN ao mesmo tempo que favorece o desenvolvimento dos RN
prematuros.
Brasil (2017), ainda ressalta que procedimentos, exames ou qualquer intervenção ou
tratamento do RN seja realizado após o consentimento e presença dos pais. Essas medidas
servem como amparo legal para os pais e profissionais envolvidos nos cuidados. É uma forma
segura de prestar os cuidados ao mesmo tempo que serve para envolver os pais nos atos
responsáveis dentro das maternidades.
Para a inserção da puérpera na participação dos primeiros cuidados com o RN, as
participantes afirmam que são utilizadas estratégias de educação em saúde, vejamos:
Nós temos um banheiro com fraldário para estimular as mães nos primeiros cuidados
com os recém-nascidos. (EAC 3)
O primeiro banho é realizado pela técnica de enfermagem. Os outros são realizados
pela mãe e supervisionado por nós da enfermagem (EAC 9)
Orientamos principalmente o cuidado seguro para evitar quedas com esse bebê (EAC
2)
Ensinamos para a mãe e acompanhante como fazer a higienização do coto umbilical
(EAC 5)
Orientamos quanto a observação das eliminações fisiológicas, explicamos sobre os
aspectos do mecônio (EAC 5)
A forma das organizações dos sistemas de saúde e suas práticas são criadas a partir das
necessidades apresentadas pelos usuários e profissionais. Para o cenário da pesquisa, vejamos
quais modelos são aplicados para a oferta do cuidado seguro as parturientes e puérperas:
Nós trabalhamos com a Rede Cegonha, a partir do momento que elas entram,
colhemos os testes, de HIV e de Sífilis, em todas as gestantes conforme determinado
(EAC 1)
Utilizamos o exame do teste rápido. A classificação segue o protocolo baseado no de
Manchester (ECR 3)
Trabalhamos com a rede cegonha desde a chegada da gestante, no parto, e pós-parto
(ECR 2)
O hospital faz parte do projeto amigo da criança. Então tudo isso faz parte das
Políticas de Saúde (ESP 9)
De acordo com Brasil (2018), a morte materna configura-se como um grave problema de
saúde pública. Para redução desses índices em 2011, o MS instituiu a Rede Cegonha, como
estratégia para ampliar a excelência na atenção ao pré-natal, parto e puerpério e
desenvolvimento da criança até os dois anos de idade, através da garantia de acolhimento e
classificação de risco.
Serafim et al (2020), informa que a CR quando realizada de forma adequada, contribui
para a redução dos índices de abortamento e de morte materna infantil em virtude da tomada
rápida das decisões com chances reais de oportunizar um atendimento de acordo com a
necessidade apontada pelo profissional.
Ainda sobre o componente da Rede Cegonha, o MS adequa a implantação de exames de
teste rápido de gravidez. Teste rápido para diagnóstico de sífilis e HIV são realizados no pré-
natal e na maternidade na sala de classificação de risco (BRASIL, 2011)
81
Seria bom se toda a equipe procurasse seguir o que está determinado nos protocolos
(ESP 6)
Nós estudamos sobre as boas práticas, mas às vezes ficamos com as condutas
restritas. Alguns profissionais obstetras não respeitam nossas condutas (ESP 8)
não respeitam as condutas direcionadas pelas Boas Práticas ao parto. Ainda é presente o modelo
tecnocrático, imposto às parturientes na maternidade em estudo, nos revelando que há
divergência entre as propostas das políticas e a realidade assistencial.
Sena et al (2012), relata os obstáculos enfrentados para a inserção e garantia dos direitos
pelas enfermeiras obstétricas. Relacionam-se aos recursos humanos, questões administrativas,
sobretudo, às desigualdades nas relações de poder.
Ventura et al (2021), concorda com Sena et al (2012), a falta de autonomia frente à
inserção da enfermeira obstétrica no parto e nascimento que se remete ao pouco conhecimento
das profissionais quanto ao entendimento do seu exercício profissional, pouco interesse por
parte dos gestores quanto ao reconhecimento da profissão.
Através das narrativas e posicionamento dos autores, percebemos que a autonomia das
enfermeiras ainda não se encontra completamente estabelecida ou até mesmo inexistente.
Pensando em uma forma de se contrapor ao modelo hegemônico, Pasche et al (2014),
ressalta a importância da Rede Cegonha, ao adequar mudanças que envolvem os processos de
trabalho no desenvolver de relações mais igualitárias entre gestão e assistência, categorias
profissionais e pacientes.
Possati et al (2017), concorda com Pasche et al (2014), ao discutir sobre o embate entre
os modelos assistenciais e o papel de cada profissional na assistência obstétrica. A enfermeira
realiza cuidados com base nos princípios da humanização, enquanto o médico obstetra
implementa práticas influenciadas pelo modelo tecnocrático.
Eu observo que outros profissionais não seguem o que está determinado nas políticas.
Essas mudanças dificultam um pouco o trabalho (ESP 8)
Nós temos as residentes de enfermagem. Elas estão mais atualizadas porque sempre
participam de Congressos, tem mais tempo para se dedicar (ESP 7)
A obstetrícia ainda está precisando melhorar em relação à prática evidenciada nos
protocolos. Alguns profissionais, têm muita resistência em aderir aos protocolos do
Ministério da Saúde (ESP 2)
Brasil (2011), destaca o incentivo do MS por meio da Rede Cegonha a formação e atuação
de enfermeiras obstétricas, para um atendimento mais humanizado e direcionado pelas boas
práticas para um modelo mais humanizado, qualificando as ações e serviços de saúde.
Lima (2015), aponta as fragilidades em virtude da percepção de dissociação entre a teoria
e a prática, comprometendo a formação em enfermagem obstétrica. A problemática requer que
a academia e o serviço trabalhem de forma mais integrada, em favorecimento do
reconhecimento da profissão.
86
Trabalhar de acordo com o que é determinado é bem melhor, com mais segurança
em tudo que vamos fazer (ESP 3)
Na residência, estudamos todo esse manual do parto seguro. Tentamos seguir as
condutas desde o acolhimento com classificação de risco até o alojamento conjunto
(ESP 5)
Quando a gestante é admitida, seguimos o protocolo de parto com risco habitual do
manual do Ministério da Saúde (ESP 1)
Quando precisamos trabalhar em dois empregos, fica mais difícil estudar, por falta
de tempo mesmo (ESP 6)
Eu acredito que essa maternidade tem muito o que mudar em relação à arquitetura.
Aqui a gente não tem o que é preconizado pela rede cegonha que é a suíte PPP, que
é o pré-parto, parto e pós-parto (ESP2)
Aqui as parturientes ficam em leitos. Quando estão com 7 ou 8 centímetros de
dilatação nós transferimos para o boxe (ESP 3)
É difícil porque a mulher perde um pouco a sua intimidade porque elas podem ter um
acompanhante homem, porém partejar ao lado de outros homens deixa a paciente
sem privacidade (ESP 6)
Nós tentamos de tudo para que essa paciente não se sinta constrangida. Respeitamos
a privacidade, mas a estrutura é insuficiente (ESP 8)
As parturientes não têm privacidade. Por exemplo, é somente um banheiro para todas
que estão em trabalho de parto (ESP 7)
Não temos como ofertar o banho morno, como assistência não farmacológica, mas
tentamos ofertar o melhor possível (ESP 5)
A superlotação deixa tudo mais complicado. Muitas vezes temos que deixar essas
puérperas em macas no pós-parto, correndo risco para algum incidente,
principalmente queda (ESP 9)
No pós-parto também é complicado, porque ficamos esperando surgir vaga no
alojamento conjunto. As altas ocorrem no período da tarde (ESP 6)
Precisaria ampliar o número de leitos, pois a nossa demanda é muito grande e com
a pandemia nosso hospital se tornou referência para gestantes com covid (EAC 4)
90
O que mais implica na assistência é quando temos que abrir leitos extras, porque elas
têm que ficar em macas após o parto e demanda mais estresse. Não podemos ofertar
um bom trabalho (ECR 3)
Quando elas estão em leitos extras demanda um cuidado maior, pelo risco de queda
(ESP 2)
91
Brasil (2012), define que algumas maternidades com respaldo do Ministério da Saúde
permitem alta mais precoce do binômio mãe-filho. A continuidade do cuidado é transferida para
atenção primária à saúde através das visitas no puerpério mediato pelos profissionais da unidade
básica de saúde.
Brasil (2013) diante do contexto, em dezembro de 2013, foi instituída a Política Nacional
de Atenção Hospitalar (PNHOSP), por meio de Portaria do Ministério da Saúde. De acordo
com o eixo hospitalar, o modelo de atenção contempla um conjunto de dispositivos de cuidado
que asseguram o acesso, a qualidade da assistência e a segurança do paciente.
Para organização desse segmento, foi acrescentado o gerenciamento de leitos nos
hospitais que consiste na otimização da utilização dos leitos, através de critérios técnicos, com
vistas a ampliar a rotatividade e ocupação de leitos e otimizar a utilização da capacidade
instalada, a fim de melhorar o atendimento ao usuário.
A partir dos relatos que seguem, iremos conhecer os fatores que implicam na relação entre
os recursos humanos e as condições de trabalho para os funcionários oferecerem uma
assistência segura às parturientes e puérperas. As unidades de sentido que se sobressaíram
foram: 1. Falha no dimensionamento de profissionais, 2. Problemas estruturais e condições
de trabalho 3. Carga horária exaustiva. Vejamos:
São poucas enfermeiras para a demanda. Fica uma na sala de classificação e somente
duas aqui na sala de parto (ESP 6)
Alves et al (2020), afirma que o déficit de pessoal aumenta a carga de trabalho e contribui
para a ocorrência de iatrogenias e incidentes relacionadas à assistência à saúde, com destaque
para quedas, dano assistencial que aumenta o tempo de hospitalização, com consequente
elevação dos custos totais.
Perez (2019), ressalta que a responsabilidade assistencial e as solicitações dos usuários
apresentam necessidades cada vez mais complexas, causando sobrecarga de trabalho na equipe
e afetando a qualidade dos cuidados prestados, levando a má qualidade e insatisfação do
usuário.
Ao analisarmos as respostas das participantes ESP 7, ESP 4, EAC 3, podemos
compreender que há uma preocupação com a segurança do binômio mãe e filho, durante e após
o parto. O número reduzido de recursos humanos implica negativamente na qualidade desse
cuidado, podendo levar a ocorrência de evento adverso grave, comprometendo o profissional
que assiste o parto.
Pereira et al (2011), enfoca que para garantir a segurança dos usuários e profissionais, a
equipe deve ser planejada de maneira sistemática, com avaliação do serviço prestado,
quantitativo de funcionários e sua qualidade, desenvolver ações que promovam os atendimentos
de acordo com a particularidade do serviço.
A extensa carga horária de trabalho associado à exaustão física e problemas estruturais,
também foram citados como fatores que implicam negativamente para o desenvolvimento de
um cuidado seguro ao parto e puerpério. Vejamos os depoimentos:
Salgado et al (2019), destaca que as enfermeiras que atuam na gestão ou assistência lidam
com ausências, demissões e com as demandas dos usuários. Além da capacidade do serviço, os
profissionais desenvolvem sentimento de impotência diante da falta de soluções para os
problemas.
Cofen (2017), no Brasil, a quantidade de horas de assistência para cada categoria de
cuidado foi padronizada pelo Conselho Federal de Enfermagem de acordo com o nível de
complexidade assistencial.
As falas denotam que os fatores que interferem na continuidade do cuidado seguro se
estendem também ao alojamento conjunto. Nesse setor, as dificuldades são mais acentuadas
pela complexidade assistencial voltada ao RN. Um novo ser vulnerável e totalmente dependente
de cuidados.
Dini et al (2020), aponta que há ausência de instrumentos que classifiquem o binômio
puérpera-neonato em unidades de alojamento conjunto. Pois, a classificação é realizada por
instrumentos que permitem apenas a avaliação da puérpera, desconsiderando as especificidades
dos cuidados relacionados ao neonato.
Thomas et al (2020), afirma que durante a pandemia do coronavírus, foram suspensas a
permanência do acompanhante e presença de visitas nas maternidades. A adaptação ao novo
sistema acarretou excesso de trabalho aos enfermeiros e sua equipe. Corroborando com o relato
da participante EAC 11.
Progianti et al (2018), expõe em seus achados que as enfermeiras obstetras apresentam
uma intensificação do desgaste psíquico, devido à complexidade e heterogeneidade das
atividades desenvolvidas por agregar um volume maior de trabalho, em especial aquelas que
atuam no AC.
Outros fatores que se destacam foram as condições de trabalho no tocante a problemas de
ordem estruturais e ergonômicas:
Para uma gestão eficaz e segura das parturientes e puérperas, faz-se necessário a atenção
aos recursos materiais. Para conhecimento deste segmento, identificamos nas unidades de
sentido os relatos mais significativos: 1. Adequação de medicamentos e insumos, 2. Papel
do enfermeiro na previsão e provisão de recursos materiais, 3. Oferta de equipamento de
proteção individual para os profissionais:
96
Apesar da grande demanda, aqui nós temos um bom suporte de medicações e insumos
e quando falta alguma coisa nós tentamos readequar (EAC 3)
No parto quase não usamos insumos, somente quando as parturientes apresentam
uma hipertensão ou hemorragia e precisa puncionar acesso venoso (ESP 2)
Quando falta uma determinada medicação, os obstetras tentam prescrever o que a
casa oferece, o que está disponível na farmácia (ESP 4)
Os médicos obstetras já são orientados para prescrever o que está disponível, fazendo
sempre ajustes nas prescrições (ESP 5)
Por ser um hospital público que recebe gestantes de todo o Ceará, os recursos
materiais dão para suprir as necessidades durante os plantões (ESP 7)
Aqui na sala de parto usamos poucos materiais. Temos a bola, o cavalinho que ajuda
na evolução do trabalho de parto (ESP 4)
Quando apresenta problema em algum leito, a gente passa para a coordenação,
porque foge do nosso papel da assistência (EAC 5)
Às vezes, temos problemas com a rouparia, no aspecto roupas de cama, lençol e bata
para as pacientes. São as roupas privativas com a identificação do hospital (ESP 3)
O serviço de rouparia é terceirizado. Temos problemas com a falta de roupas
privativas para nós, os profissionais (ESP 4)
Precisava melhorar no aspecto de roupas privativas para os funcionários. A
qualidade está muito ruim (ESP 6)
Aqui não aceitamos que as pacientes fiquem com as roupas trazidas de casa, para
não aumentar o risco de infecção (EAC 5)
A nossa coordenadora nos avisa o quanto de materiais podemos utilizar. Por
exemplo, o quantitativo de luvas para não faltar EPI no trabalho (EAC 7)
Eu vejo como problema a pouca quantidade de roupas para os nossos plantões. Já
teve dia em que eu sujei a roupa e não tinha outra para eu vestir (EAC 8)
Silva et al (2020), definem que os EPIs são itens utilizados para prevenir a contaminação
dos profissionais das formas química, física ou biológica. A Norma Regulamentadora NR 32
preconiza o uso do EPI para todos os profissionais dos serviços de saúde. A prevenção aos
riscos e incidentes é de responsabilidade dos profissionais e instituições de saúde.
Silva; Lopes; Maia (2019), concordam com Silva et al (2020), ao afirmarem que os EPI
fazem parte das medidas de biossegurança amplamente recomendadas para a prevenção de
riscos biológicos. Na maternidade, assim como em outras instituições, os profissionais têm
contato direto com fluidos corporais, por isso, torna-se indispensável o fornecimento de
paramentação adequada aos profissionais.
As falas nos revelam que os profissionais enfrentam problemas no quesito oferta de EPI
para proteção adequada durante os procedimentos, mesmo compreendendo que faz parte dos
direitos dos trabalhadores o recebimento dessas ferramentas de trabalho, para autoproteção e
proteção individual de cada paciente a fim de reduzir os riscos da propagação de infecção
hospitalar.
Silva et al (2020), explica que os estabelecimentos de saúde com o intuito de reduzir a
carga orgânica e de microorganismo deverão dispor de roupas privativas para as equipes de
saúde e pacientes, essas são reutilizadas após o processamento adequado de descontaminação.
Ferreira et al (2021), colabora com os achados de Silva et al (2020), ao informar que a
vestimenta da equipe de saúde pode exercer papel de reservatório de patógenos, contribuindo
para a disseminação de microrganismo, o que causa preocupação, pois podem ser disseminados
diversos fômites, dentre eles os jalecos.
99
Eu não tenho problemas com a equipe. Acredito que depende da atitude de cada
profissional (ECR 2)
Aqui os obstetras são bem acessíveis. Procuro sempre manter uma relação
harmoniosa com a equipe. O trabalho flui melhor (ESP 5)
A equipe mantém uma relação muito boa, de compromisso. As técnicas são bem
experientes, em especial, assim, na intercorrência. Todos são experientes e
preparados (ESP 4)
Em alguns plantões, têm pessoas difíceis na equipe de enfermagem, mas eu acho que
cabe a cada profissional manter uma boa convivência (EAC 7)
Estamos sempre precisando um do outro. Somos uma equipe e não dá para trabalhar
sozinha..Sem a equipe, não fazemos nada. Precisamos um do outro (EAC 3)
Costumo ouvir as pacientes e perguntar se há alguma queixa por parte da equipe de
enfermagem (EAC 1)
Aqui a gente procura trabalhar sempre com a valorização da equipe. Escutar e
respeitar as falas de cada um. Nem sempre a gente está em um bom momento. Sempre
procuro trabalhar a humanização a equipe (EAC 3)
Para Lima et al (2017), a valorização das relações interpessoais contribui para a melhora
nos resultados esperados do trabalho, portanto, os relacionamentos devem ser pautados no
respeito e na confiança e envolvem a comunicação verbal e não verbal, conflitos, recompensas
e motivação.
Pereira; Bezerra; Barros (2019), concordam com Lima et al (2017), ao citar os
relacionamentos interpessoais no trabalho são necessários ao ser humano para o
100
Tavares et al (2021), explica que a experiência a partir da rotina nos serviços de saúde
possibilita o crescimento profissional, olhar crítico, escuta ativa para um planejamento e
implementação de ações baseadas na segurança para tomada de decisões frente a situações
complexas do trabalho.
Amestoy et al (2021), ressalta que a liderança na enfermagem representa uma
competência, por meio da qual o enfermeiro busca influenciar e motivar sua equipe para o
alcance de objetivos e metas que favoreçam o atendimento com qualidade das demandas dos
usuários.
101
Lima et al (2017), define que o profissional que trabalha numa unidade obstétrica deve
possuir competências para manejar o trabalho de parto, o parto e o nascimento quanto às
situações de risco ou de complicações da mãe ou RN, favorecendo a autonomia e a tomada de
decisão no setor de trabalho.
De acordo com Benincá et al (2017), as instituições hospitalares, ensino e pesquisa, ainda
enfrentam a dicotomia existente entre o modelo tecnocrata e o modelo humanístico. Porém, é
importante rediscutir o papel de cada profissional na assistência ao parto e nascimento através
de uma comunicação efetiva que aproxime os saberes.
Baquião et al (2020), concorda com Benincá et al (2017), que uma boa comunicação
aproxima profissionais de saúde e os usuários. A junção dos saberes interprofissionais reduz a
fragmentação no processo de cuidar e colabora para suprir as necessidades do paciente.
Identificamos através dos relatos, que as participantes mantêm um vínculo com a equipe
multiprofissional, ao mesmo tempo que reconhecem sua importância para um desenvolvimento
de um cuidado seguro. Há o envolvimento de todos os membros que compõem a maternidade.
102
Aqui os treinamentos são feitos pelo grupo de estudo da CEAP. Às vezes, a gente tem
treinamento da secretaria de saúde também, mas eu acho que precisava de mais
capacitações (ECR 4)
Aqui a gente recebe capacitação da equipe de estudos do CEAP, que é o centro de
estudos aqui do hospital (ESP 2)
Em 2020 tivemos treinamento sobre classificação de risco, hemorragia intraparto e
pós-parto, tudo de forma on line (ESP 9)
Os pesquisadores do centro de estudo que tem aqui no anexo é quem trabalha com as
capacitações (EAC 8)
No CEAP tem enfermeiras, médicos, psicólogos, nutricionistas, que estudam os temas
e atualizam e repassam esses treinamentos para nós aqui das salas de parto e
alojamento conjunto (ESP 3)
Tivemos curso sobre síndrome hipertensiva. Quando recebemos essas pacientes já
sabemos o esquema de medicação que vai ser administrado (ESP 5)
saberes e promoção da saúde, tendo como finalidade atuação mais efetiva e eficaz contribuindo
para o fortalecimento do profissional da enfermagem nessa prática.
Percebemos que há uma concordância nas falas referentes a atuação do grupo da pesquisa
da instituição, quanto à oferta de capacitações e treinamentos, bem como a importância da
aplicação dos conhecimentos adquiridos na assistência.
As falas a seguir expõem os fatores que implicam na oferta de cursos de capacitações,
vejamos:
Devido à covid, não pode ter cursos. Eu sinto falta de mais treinamento. Muitos
profissionais têm ainda um despreparo por falta de treinamento para agir na hora de
uma grande intercorrência (ESP 3)
Eu sinto falta de ter mais treinamento sobre parto seguro e outras temáticas
relacionados ao parto (ESP 4)
Eu acho que as enfermeiras mais experientes poderiam fazer as capacitações (ESP
7)
Faltam treinamentos para os novatos saberem agir, por exemplo, quando uma
gestante apresenta uma hemorragia, uma hipertensão atonia uterina no puerpério
(EAC 9)
Temos que ter conhecimento, porque são duas vidas que nós cuidamos. A nossa
responsabilidade é muito grande (EAC 11)
Oliveira et al (2017) enfatiza que a busca permanente por conhecimento está relacionada
diretamente com o desenvolvimento de competências individuais e coletivas, incentivando os
profissionais ao autodesenvolvimento e responsabilidade pelo crescimento pessoal e
profissional.
Ahlert; Alves; Lohmann (2019), explicam que os profissionais ao conhecer a realidade
do seu ambiente de trabalho, estarão mais aptos a apresentar as necessidades de revisão e
redirecionamento de práticas em relação ao parto, aproximando a educação continuada em
relação a humanização do parto como rotina empregada ao ambiente hospitalar.
Torna-se evidente que as respondentes sentem a necessidade de uma educação continuada
mais efetiva. Apesar da oferta dos cursos, esses ainda são insuficientes, pois há profissionais
que não dispõe de um preparo para agir na tomada de decisão rápida como se apresenta nas
falas ESP 3 e EAC 9.
A participante ESP 4 também destaca que sente falta de mais treinamentos voltados para
algumas temáticas específicas com o parto seguro. A participante ESP 7 expõe um
questionamento, pois na sua opinião, os treinamentos deveriam também ser realizados pelas
enfermeiras obstetras que vivenciam a prática cotidiana nas salas de parto.
Quem traz mais esse conceito e explicação sobre o parto seguro são as residentes de
enfermagem. Elas conhecem todos os manuais do Ministério da Saúde (ESP 9)
Eu acho que se todos tivessem o mesmo treinamento, conseguiríamos gerenciar
melhor os plantões (ESP 9)
Eu já estou aqui há 01 ano e seis meses e acho que essa parte é falha, porque não há
tantos treinamentos, relacionados a assistência (EAC 3)
Nós que temos que nos especializar por conta própria. Buscar cursos mais específicos
(EAC 7)
Fontana; Wachekowski; Barbosa (2020), explica que a enfermagem tem sua assistência
baseada em conhecimentos técnicos científicos, sendo necessário ser atualizados
constantemente para construção de prática crítica e reflexiva e aprimoramento de suas
habilidades.
Silva et al (2021), concorda com Fontana; Wachekowski; Barbosa (2020) que é
necessário conciliar teoria e prática desde a graduação, formação e, posteriormente, por meio
de programas de educação continuada, é obrigação do enfermeiro manter-se atualizado.
Identificamos que algumas participantes sentem a necessidade de mais atenção quanto à
melhoria na oferta de cursos e treinamentos, haja vista que algumas respostas nos revelam que
muitas informações são transferidas para as equipes através do apoio das residentes que também
desenvolvem o papel na educação em saúde.
Garcia; Falcão; Bezerra (2021), explicam que o acesso à atualização das inovações em
saúde é o principal meio de transformação da atuação da enfermagem no ambiente obstétrico e
o resultado deste conjunto de ações é a satisfação da parturiente na experiência do parto, além
de contribuir para o crescimento da categoria na prática obstétrica.
Brasil (2014) no contexto da maternidade, os espaços de prática vivenciados pelos
profissionais, funcionam como estratégias pedagógicas através da residência e integra o
processo ensino-aprendizagem. As atividades práticas dos residentes estão relacionadas ao
treinamento em serviço, de acordo com as especialidades das áreas de concentração.
Leite et al (2021), explica que a falta de apoio institucional para melhor qualificação,
prejudica o trabalho e desqualifica o profissional, causando insegurança no desenvolvimento
de competências necessárias à qualificação profissional.
A participante ESP 9 relata que as enfermeiras residentes se encontram mais atualizadas
quanto às políticas de saúde, programas e portarias e que essas têm um papel significativo, pois
transferem os conhecimentos para as enfermeiras assistenciais, pacientes e acompanhantes.
105
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
aspectos e que algumas condutas não são seguidas, pois há fatores que interferem para a
promoção desse cuidado, dentre esses, a ambiência é o que mais se destaca como agravante.
As falas indicam que há fatores externos que também dificultam as ações e condutas no
momento do TP, como falta de informações por parte da parturiente em relação aos estágios do
TP, associado ao medo, insegurança e a interferência negativa do acompanhante são citados
como situações desfavoráveis para um partejar seguro.
Quanto às contribuições das Políticas Públicas de Saúde, a instituição conta com projetos
amparados em programas estabelecidos pela Rede Cegonha como: Projeto Nascer, Mãe-
canguru e Casa da gestante.
Ainda sobre as Políticas de Saúde, os relatos nos revelaram que o fator que mais dificulta
a implantação e seguimento das condutas amparadas em normas e protocolos é a resistência de
algumas categorias profissionais que desenvolvem a prática assistencial seguindo critérios que
não condizem com os modelos estabelecidos.
Um dos aspectos que divergem da proposta estabelecida pela Rede Cegonha, é quanto ao
dimensionamento de enfermeiras e técnicos de enfermagem. A superlotação é o fator que mais
interfere negativamente, causando insatisfação, desgaste físico e emocional e
consequentemente desfecho desfavorável para o binômio e acompanhante que necessita dos
cuidados diretos desses profissionais.
Outro fator associado, se refere a falta de reconhecimento do papel da enfermeira obstetra
durante o TP e a pouca autonomia e valorização do seu papel por outros profissionais. A
hegemonia médica ainda é bem presente na instituição. Fica evidente a preocupação das
participantes quanto à prestação de um cuidado seguro e humanização, porém, os fatores citados
interferem na atuação negativamente na atuação das profissionais.
Em relação aos fatores que interferem para o proceder de um cuidado seguro, observamos
que as problemáticas iniciam na admissão nas salas de parto. A partir da estrutura física
inadequada com destaque para a falta da suíte PPP (Pré-parto, parto e pós-parto), as
participantes apontam que as falhas existentes apontam uma realidade do cotidiano e que essas
profissionais tentam adequar suas condutas a estrutura que a instituição oferece, mesmo não
sendo condizente com as políticas e programas de saúde.
Os relatos expõem que em muitos momentos, as parturientes sentem-se constrangidas por
dividir seu momento com outras mulheres. A presença do acompanhante do sexo masculino
também causa constrangimento. Essa realidade é desafiadora, pois faz com que as enfermeiras
decidam por condutas que desconstroem o direito do acompanhante como preconizado por lei.
107
Identificamos que a falta de uma estrutura física adequada da sala de parto afeta
diretamente a condução da assistência, tornando-a limitada e de baixa qualidade. A geração de
leito extra também citada em muitos relatos, é uma realidade presente, pois a estrutura não
abarca a demanda, por isso as puérperas aguardam a disponibilidade de leitos no alojamento
alocadas em macas, fator preocupante que favorece o risco para incidente de quedas e outros
danos decorrentes da assistência.
No tocante aos recursos humanos e as condições de trabalho para a oferta da assistência
segura às parturientes e puérperas, identificamos que o seguimento de superlotação e sobrecarga
de trabalho é uma problemática que acompanha o cotidiano. O dimensionamento dos
profissionais não supre a demanda de forma satisfatória, esse agravante gera cansaço, exaustão
e esgotamento físico e consequente absenteísmo, essa deficiência afeta todos os cenários
obstétricos.
Identificamos que o número insuficiente de recursos humanos implica negativamente na
qualidade desse cuidado. As falas denotam que essas problemáticas se estendem ao alojamento
conjunto e nesse setor as dificuldades são mais acentuadas pela complexidade assistencial
voltada ao recém-nascido, pela vulnerabilidade e dependência total dos cuidados.
As condições de trabalho também foram citadas como inapropriadas, desconfortáveis
para o desenvolver das atividades laborais. As respondentes esclarecem em unanimidade que
seus direitos trabalhistas nem sempre são efetivados. Quanto ao intervalo para o descanso,
espaço físico inadequado, os postos de enfermagem não dispõem de climatização, o calor é
intenso, associado a ruídos constantes, ao mesmo tempo em que dividem o posto de
enfermagem com a equipe multiprofissional, acadêmicos e residentes.
Em relação aos recursos materiais, as respostas foram unânimes em revelar que não o
consideram como problema e sempre tem insumos e medicamentos disponíveis mas, quanto
aos de Equipamento de proteção Individual (EPI) e rouparia esses, apresentam falhas e em
alguns momentos não suprem a demanda de forma satisfatória.
Quanto à relação interpessoal, percebemos que há uma harmonia no ambiente de trabalho.
Algumas defendem que as relações dependem das atitudes desenvolvidas por cada enfermeira
no aspecto da liderança e resolução de conflitos e tomada de decisões e respeito entre os
membros. Há uma preocupação para que os problemas ocorridos entre os membros das equipes
não afetem diretamente a assistência.
Sobre os treinamentos voltados para o parto seguro, identificamos que há pouca atuação
do centro de estudos e pesquisas em relação à formação para a segurança do paciente, bem
como não há uma preocupação por parte da educação continuada para a capacitação dos novos
108
colaboradores, em especial para atuação rápida e eficaz nas grandes urgências obstétricas.
Constatamos que o apoio das residentes em enfermagem obstétrica se faz mais presente e
atuante por estarem atualizadas quanto às políticas de saúde, programas e portarias, também no
desenvolver de ações de educação em saúde voltadas para os pacientes e acompanhantes.
Essa investigação possibilitou perceber que as participantes conhecem e sabem identificar
a importância de uma gestão amparada na prática de protocolos assistenciais seguros, bem
definidos e alguns são postos em prática. Porém, identificamos que há muitos fatores que
distanciam as evidências expressas nas políticas de saúde, programas e protocolos da realidade
apresentada de fato.
As enfermeiras reconhecem que independente das suas habilidades, conhecimento e
competência técnica, os fatores relacionados às estruturas, recursos materiais e recursos
humanos impedem que realmente se desenvolva um cuidado seguro tornando a assistência
limitada.
Acreditamos que essas limitações reforçam a continuidade de uma assistência ineficaz,
propícia ao surgimento de erros incidentes e agravos à saúde, repercutindo negativamente para
quem oferta e recebe os cuidados na maternidade.
O estudo exprimiu como limite o fato de a entrevista ter que ser realizada no horário de
trabalho dos profissionais, deixando-os ansiosos em atender a clientela que os esperava, o que
pode ter abreviado os depoimentos.
Os resultados apontados neste estudo permitem recomendações para as instituições de
ensino superior, gestores, profissionais de saúde e a sociedade, quanto à importância para o
desenvolvimento de novas pesquisas e projetos de extensão e a uma atuação mais efetiva da
educação permanente no âmbito da maternidade que abordem a temática Segurança do paciente
em todos os seguimentos do cuidado.
Torna-se necessário a promoção de momentos de debates entre os profissionais
envolvidos direto e indiretamente na assistência, coordenadores e gestores para um maior
reconhecimento das medidas que contribuam para o desenvolver de um cuidado seguro, assim
como encorajar as profissionais a relatarem as problemáticas existentes no ambiente de trabalho
que interferem negativamente na condução dos seus trabalhos no campo da obstetrícia.
109
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APÊNDICES
131
Maternidade:
Setor:
Função que exerce no serviço:
Tempo de atuação:
Idade:
Orientação sexual: M ( ) F ( ) Outro ( ) Qual?
Situação conjugal: casado ( ) solteiro( ) viúvo ( ) União estável ( )
Orientação religiosa: católica ( ) evangélica ( ) Outro ( ) Qual?
Formação: Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) doutorado( )
Tempo de formação Graduação ____ Pós graduação ___( )
Vínculo empregatício: Contrato ( ) concurso Efetivo ( )
Qualificação profissional nos últimos 03 anos: Cursos ( ) Congressos ( )
Capacitações ( )
➢ 1. Como ocorre a gestão do cuidado do enfermeiro para as gestantes no pré parto no
parto e pós parto?
➢ 2. Como você reconhece o procedimento para o parto seguro?
➢7. Como você considera os recursos materiais para a prestação de uma assistência
segura as parturientes?
➢8. Como ocorre a relação interpessoal entre enfermeiras equipe de enfermagem e
parturiente?
➢9. Como você e a equipe recebe treinamento para o parto seguro (políticas de saúde,
parto, parto seguro e a gestão do cuidado?
133
Os dados serão coletados no período de junho e junho de 2021, por meio de uma
entrevista do tipo semiestruturada, a qual abordará aspectos relacionados a características
sociodemográficas e profissional enfermeiras que atuam nos ambientes de pré-parto, parto e
puerpério (PPP), em busca da compreensão do cuidado seguro as mulheres parturientes e
puérperas. Verificar-se-á nas falas as contribuições das políticas públicas no que tange o
cuidado integral e seguro às parturientes e puérperas, bem como a identificação de fatores que
interferem no cuidado seguro as mulheres parturientes e puérperas.
função de enfermeiras assistenciais nas salas de Pré parto, Parto e Puerpério, poderá haver risco
observacional uma vez que a pesquisadora irá também fazer observações das práticas
assistenciais.
Para que esses riscos sejam minimizados a ponto de não haver constrangimento ou risco
emocional, uma vez que essa não é a intensão da pesquisadora, inicialmente a pesquisadora irá
fazer uma breve apresentação da sua pessoa, e vida profissional, informando o objetivo da
pesquisa, em um local físico adequado, acolhedor e reservado. Para que participantes da
pesquisa, bem como a pesquisadora possam ficar á vontade para responder as perguntas, livres
sem interrupções. Antes da entrevista haverá uma conversa informal para descontração dos
entrevistados e o entrevistador, um período de reflexão e relaxamento para iniciar a entrevista
oficial da pesquisa.
As entrevistas serão realizadas pela pesquisadora, o primeiro contato será através de uma
conversa formal com as participantes, após a carta de aceite da instituição, será inicialmente
uma conversa individual em ambiente reservado a fim de explicar o objetivo da pesquisa para
as participantes, respeitando a disponibilidade individual de cada profissional dentro do horário
adequado que não interfira no desenvolver das suas atividades assistenciais. Essas serão as
medidas protetivas realizadas para minimizar os riscos, além da garantia do anonimato e do
sigilo.
de saúde. A pesquisa não demandará de gastos com os participantes uma vez que o local da
pesquisa já é seu próprio ambiente de trabalho.
Se tiver alguma dúvida a respeito da pesquisa e/ou dos métodos utilizados na mesma, pode
procurar a qualquer momento a pesquisadora responsável.
07. RESSARCIMENTO DAS DESPESAS: Sua participação no estudo não implicará custos
adicionais, todas a despesas serão custeadas pela pesquisadora. Também não terá nenhuma
forma de compensação financeira pela sua participação.
08. CONCORDÂNCIA NA PARTICIPAÇÃO: Se o (a) Sr (a). estiver de acordo em
participar, deverá preencher e assinar o Termo de Consentimento Pós-Esclarecido que se segue,
e receberá uma cópia deste Termo.
O sujeito de pesquisa ou seu representante legal, quando for o caso, deverá rubricar
todas as folhas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – apondo sua
assinatura na última página desse documento.
A pesquisadora responsável deverá, da mesma forma, rubricar todas as folhas do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – apondo sua assinatura na
última página do referido Termo.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, apondo sua assinatura na última página
do referido Termo.
10.USO DE VOZ E/OU IMAGEM Caso o(a) Senhor(a) deseje que seu nome, seu rosto, sua
voz ou o nome da sua instituição apareça nos resultados da pesquisa, sem serem anonimizados,
marque um dos itens abaixo.
____ Eu desejo que o meu nome conste do trabalho final.
____ Eu desejo que o meu rosto/face conste do trabalho final.
____ Eu desejo que a minha voz conste do trabalho final.
____ Eu desejo que o nome da minha instituição conste do trabalho final.
11. CONSENTIMENTO
________________________________ ______________________________
Assinatura do participante Ou Representante Legal
Impressão dactiloscópica
________________________________
139
Assinatura do Pesquisador
________________________________ ______________________________
Assinatura do participante Ou Representante Legal
Impressão dactiloscópica
________________________________
Assinatura do Pesquisador