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POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - PRF

LÍNGUA PORTUGUESA
DOMÍNIO DE MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL
Carlos André

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POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - PRF
LÍNGUA PORTUGUESA
DOMÍNIO DE MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL
Carlos André

DOMÍNIO DE MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL

TEXTUALIDADE

A Linguística Textual tem como objeto particular de investigação não mais a palavra ou a frase isolada, mas o
texto, considerado a unidade básica de manifestação da linguagem, visto que o homem se comunica por meio de
textos e que existem diversos fenômenos linguísticos que só podem ser explicados no interior do texto. O texto é
muito mais que a simples soma das frases (e palavras) que o compõem: a diferença entre frase e texto não é me-
ramente de ordem quantitativa; é, sim, de ordem qualitativa.
(INGEDORE VILLAÇA KOCH)

COESÃO TEXTUAL

Trata-se da organização textual, por meio de mecanismos linguísticos.

Divide-se em dois grupos: referencial e sequencial.

COESÃO REFERENCIAL

Trata-se da organização textual, que se estabelece por meio da relação remissivo-referente.

Divide-se em dois grupos: anafórica e catafórica.

ANAFÓRICA

É aquela em que o remissivo retoma o referente

João saiu. Ele é meu primo.

Referente Remissivo

CATAFÓRICA

CATAFÓRICA
É aquela em que o remissivo projeta o referente.
CATAFÓRICA

Direi isto: que vocês são ótimos.

Remissivo Referente

MECANISMOS LINGUÍSTICOS

FIXOS

São aqueles em que o REMISSIVO deve concordar com o REFERENTE

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João saiu. Ele é meu primo.

Ref. Rem.

João saiu. Eu o vi.

Ref. Rem.

Observação: Utilização dos pronomes demonstrativos como mecanismos fixos:

ESTE - elemento de coesão anafórico e fixo. IMEDIATO.

AQUELE - elemento de coesão anafórico e fixo. MEDIATO.

ESTE e AQUELE retomam substantivos com os quais eles podem concordar, por serem fixos.

João e Lucas saíram. Este é meu primo; aquele, meu sobrinho.


Imediato Mediato
Lucas. João

Lucas saiu. Este é meu primo.

LIVRES

São aqueles em que o remissivo não concorda com o referente.

Observação: Utilização dos pronomes demonstrativos como mecanismos livres:

ISTO - elemento de coesão catafórico livre.

Direi isto: que João esteve aqui.

ISSO - elemento de coesão anafórico livre.

João esteve aqui. Isso me deixou feliz.

ISSO retoma a ideia, logo deve ser usado em períodos curtos.

ADJUNTOS

São aqueles formados por um grupo de que fazem parte um elemento de função adjetiva e um núcleo substantivo.

Observação: Utilização dos pronomes demonstrativos como mecanismos adjuntos:

ESTE + SUBSTANTIVO
elemento de coesão catafórico adjunto

ESSE + SUBSTANTIVO
elemento de coesão anafórico adjunto

Vou falar este assunto: religião.

remissivo referente

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Religião, esse assunto é polêmico.

referente remissivo

LEXICAIS

São aqueles em que o remissivo consta de um NOME e não de um PRONOME.

Dividem-se nos seguintes grupos: sinonímia, por repetição, hiperonímia e hiponímia.

Sinonímia

Ocorre quando o remissivo é sinônimo do referente.

Exemplo:

O juiz julgou procedente a ação. O magistrado entendeu que...


referente remissivo

Por repetição

Ocorre quando o remissivo é o mesmo nome de que se constitui o referente.

Exemplo:

O reclamante argumentou X. O reclamante entendeu Y.


referente remissivo

Hiperonímia

Ocorre quando o campo semântico do remissivo abrange o do referente.

O ML350 é da Mercedes. O automóvel é muito luxuoso.


referente remissivo
Hiponímia

Ocorre quando o campo semântico do remissivo é mais específico do que o do referente.

Exemplo:
Compre um automóvel: o ML350.
referente remissivo

COESÃO SEQUENCIAL

Trata-se da organização textual por meio de elementos de continuidade textual (preposição, conjunção, pontuação
etC)

Trata-se da organização textual por meio de marcadores argumentativos ou expositivos


(preposição, conjunção, pontuação etC)

Observação: a coesão sequencial possui o objetivo de clareza.


PARALELISMO

Trata-se da relação de continuidade harmônico-organizacional entre sintagmas de funções sintáticas semelhan-


tes; da relação de isonomia existente entre termos em sequência e de semelhantes funções sintáticas.

Exemplo: trabalharei das 10h às 11h.

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Observação: note que os sintagmas indicativos de tempo são formados pela mesma estrutura morfossintática.

DÊIXIS

É a propriedade que remissivos possuem de fazer referência a elementos extratextuais.

Os recursos dêiticos indicam basicamente os seguintes referentes:

 Lugar – dêitico espacial


 Tempo – dêitico temporal

DÊITICOS ESPACIAIS

Essa tipologia se tornou canônica no estudo de processos, desse fenômeno. Vejamos alguns exemplos de pe-
quenos e diferentes textos nos quais podemos verificar o uso desses tipos de dêixis.
A dêixis espacial demonstra o lugar de onde se enuncia ou sobre o que se enuncia. Esse tipo é geralmente repre-
sentado por advérbios de lugar, através dos quais o enunciador aponta para o espaço referido sem citar o seu
nome. O famoso poema romântico “Canção do exílio” é um exemplo em que a ocorrência dos dêiticos de lugar é
fundamental para a constituição de sentido do texto.

Vejamos:

Canção do exílio
(Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Nesse poema a relação entre “lá” e “cá” é muito pertinente para a sua proposta estética. Como se trata de um
poema que reflete o nacionalismo desenvolvido no início do Romantismo brasileiro, o jogo “lá” e “cá” denota a
comparação feita entre as terras brasileiras, de onde é o eu-lírico, e as terras estrangeiras, onde esse “eu” está
exilado. Se considerarmos tal contexto, sabemos que esse jogo entre os dois operadores dêiticos é importante,
pois revela a superioridade de “lá” em relação à “cá”.
O poema deixa entrever que o leitor deve conhecer os lugares que estão sendo mencionados, pois os nomes dos
espaços não são revelados, sendo substituídos por “lá” e “cá”. Mas, por estes estarem conjugados a algumas
características — a diferença entre os gorjeios das aves, o prazer e os primores que são apenas privilégios do "lá"

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e não do "cá" —, é possível compreendê-los, mesmo que seus nomes não sejam ditos. Assim, essa forma de se
referir/apontar para um espaço no momento da enunciação consiste na dêixis espacial.

OS PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Este – indica a posse ou a proximidade de quem fala.


Exemplo: este lápis é meu.

Esse – indica a posse ou a proximidade daquele a quem se fala.


Exemplo: esse lápis é seu.

Aquele – indica a posse ou a proximidade daquele de quem se fala.


Exemplo: aquele lápis é dele.

DÊITICOS TEMPORAIS

A dêixis temporal - como o próprio nome deixa antever - é uma forma de apontar o tempo. O recurso mais co-
mum são os advérbios de temporalidade. Por exemplo:

A) Ontem choveu muito;


B) Daqui a pouco vai amanhecer e eu ainda não dormi;
C) Pensei em você agora mesmo;

OS PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Este – indica o tempo presente


Exemplo: este ano de 2016 será ótimo.

Esse – indica o tempo pretérito recente


Exemplo: esse ano de 2015 foi ótimo.

Aquele – indica o tempo pretérito remoto


Exemplo: aquele ano de 1977 foi ótimo.

COERÊNCIA TEXTUAL

A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que
faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de inter-
pretabilidade, ligada à intelegibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem
para calcular o sentido deste texto. Este (SIC) sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global.

(INGEDORE VILLAÇA KOCH)

Observação 1: os elementos da coerência são a inteligibilidade e o cálculo lógico ou inferência.

Observação 2: a clareza pode ser definida como a interpretabilidade imediata por parte do interlocutor.

Observação 3: os vícios geradores de incoerência são: obscuridade e contradição.

CORREÇÃO GRAMATICAL

É a característica textual que indica obediência à gramática normativa.

Observação: Tal conceito é ligado aos aspectos de morfossintaxe, de grafia, de acentuação e de escolha lexical.

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REVISÃO DE CONTEÚDO

PRONOMES DEMONSTRATIVOS COMO ELEMENTOS DE COESÃO E COMO RECURSOS DÊITICOS

ISTO Elemento de coesão referencial catafórico e livre.


Exemplo: Direi isto: você é especial.

ISSO Elemento de coesão referencial anafórico e livre.


Exemplo: Você é especial. Disse isso ao entrar.

ESTE Elemento de coesão referencial anafórico e fixo.


(imediato)
Exemplo: João e Lucas saíram. Este é meu primo;
aquele, meu sobrinho.
Elemento de coesão referencial catafórico adjunto.
Exemplo: Vou estudar este conteúdo: coesão.
Elemento dêitico (recurso dêitico).
Exemplo: Este lápis é meu. (espacial)
Este ano de 2016 será
ótimo. (temporal)

ESSE Elemento de coesão referencial anafórico adjunto.


Exemplo: Coesão textual, esse conteúdo é bem
complexo.
Elemento dêitico (recurso dêitico).
Exemplo: Esse lápis é seu. (espacial)
Esse ano de 2015 foi ótimo.
(temporal)

AQUELE Elemento de coesão referencial anafórico


e fixo. (mediato)
Exemplo: João e Lucas saíram. Este é meu
primo; aquele, meu sobrinho.
Elemento dêitico.
Exemplo: Aquele lápis é dele. (espacial)
Aquele ano de 1977 foi ótimo.
(temporal)

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01
Sobre o período abaixo, responda a questão:

No caso do Brasil, o poderio econômico dos meios é inseparável da forma oligárquica do poder do Estado,
produzindo um dos fenômenos mais contrários à democracia, qual seja, o que Alberto Dines chamou de
“coronelismo eletrônico”, isto é, a forma privatizada das concessões públicas de canais de rádio e televisão,
concedidos a parlamentares e lobbies privados, de tal maneira que aqueles que deveriam fiscalizar as co n-
cessões públicas se tornam concessionários privados, apropriando-se de um bem público para manter privi-
légios, monopolizando a comunicação e a informação:

A) O termo isto é é um elemento remissivo que promove uma referência catafórica a poderio econômico dos
meios.
B) O termo isto é é um elemento remissivo que promove uma referência anafórica a poderio econômico dos
meios.
C) O termo isto é é um elemento remissivo que promove uma referência anafórica a coronelismo eletrônico.
D) O termo isto é é um elemento remissivo que promove uma referência catafórica a coronelismo eletrônico.
E) O termo isto é é um elemento remissivo que promove uma referência endofórica a poderio econômico dos
meios.

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QUESTÃO 02
As coisas mudaram muito em termos do que achamos necessário fazer para manter nossos filhos seguros. Um
exemplo: só 10% das crianças americanas vão para a escola sozinhas hoje em dia. Mesmo quando vão de ôni-
bus, são levadas pelos pais até a porta do veículo. Chegou a ponto de colocarem à venda vagas que dão o direito
de o pai parar o carro bem em frente à porta na hora de levar e buscar os filhos. Os pais se acham ótimos porque
gastam algumas centenas de dólares na segurança das crianças. Mas o que você realmente fez pelo seu filho?
Se o seu filho está numa cadeira de rodas, você vai querer estacionar em frente à porta. Essa é a vaga normal-
mente reservada aos portadores de deficiência. Então, você assegurou ao seu filho saudável a chance de ser
tratado como um inválido. Isso é considerado um exemplo de paternidade hoje em dia. (IstoÉ , 22/07/2009)

A palavra “isso” , na última linha do texto, retoma o fato de

A) as crianças americanas hoje não irem sozinhas à escola.


B) pais americanos tratarem seus filhos saudáveis como inválidos.
C) apenas 10% das crianças americanas irem sozinhas para a escola.
D) venderem vagas para os pais pararem o carro em frente à porta da escola.
E) os pais levarem e buscarem seus filhos até a porta do ônibus que os leva à escola.

QUESTÃO 03
Em todas as frases a seguir há um pronome pessoal sublinhado em função anafórica, ou seja, estabelece n-
do uma relação de coesão com um referente anterior.

Assinale a opção que indica a frase em que a identificação do referente foi feita adequadamente.

A)“Hipótese é uma coisa que não é, mas a gente faz de conta que é, para ver como seria se ela fosse”. / coisa
B)“A última função da razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam”. / infinidade
C)“Uma pessoa inteligente resolve um problema, um sábio o previne”. / uma pessoa inteligente
D)“Fatos são o ar dos cientistas. Sem eles o cientista nunca poderia voar”. / o ar
E)“Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los”. / proble-
mas

QUESTÃO 04
Na frase “Algumas poucas dessas instituições se preocuparam com a qualidade da alimentação das cria n-
ças e assumiram a responsabilidade de educar seus alunos também nesse quesito”, a expressão destaca-
da refere-se

A) a “poucas dessas instituições”.


B) à “qualidade da alimentação”.
C) à “responsabilidade de educar”.
D) aos “seus alunos”

QUESTÃO 05

O advérbio “Aqui” tem referência:

A) anafórica
B) catafórica.
C) dêitica.
D) elíptica.

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QUESTÃO 06

No texto III, o pronome isso, em “A partir disso” (l.11), refere-se

A) ao contexto histórico brasileiro na década de 70 do século XX.


B) a “arte transgressora” (l.8).
C) às características do grafite.
D) a “paredes da cidade” (l.9).
E) à história do surgimento do grafite no Brasil.

QUESTÃO 07

A essência da infância

Como a convivência íntima com os filhos é capaz de transformar a relação das crianças consigo mesmas e com o
mundo

Crianças permanentemente distraídas com o celular ou o tablet. Agenda cheia de tarefas e aulas depois da esco-
la. Pais que não conseguem impor limites e falar “não". Os momentos de lazer que ficaram restritos ao shopping
Center, em vez de descobertas ao ar livre. Quais as implicações desse conjunto de hábitos e comportamentos
para nossos filhos? Para o pediatra Daniel Becker, esses têm sido verdadeiros pecados cometidos à infância, que
prejudicarão as crianças até a vida adulta. Pioneiro da Pediatria Integral, prática que amplia o olhar e o cuidado
para promover o desenvolvimento pleno e o bem-estar da criança e da família, Daniel defende que devemos estar
próximos dos pequenos – esse, sim, é o melhor presente a ser oferecido. E que desenvolver intimidade com as
crianças, além de um tempo reservado ao lazer com elas, faz a diferença. Para o bem-estar delas e para toda a
família.
Revista Vida Simples. Dezembro de 2015).

No excerto: “... esses têm sido verdadeiros pecados cometidos à infância ...". O pronome em destaque ref e-
re-se a:

A)Celular e tablet.

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B) Agenda.
C) Aulas depois da escola.
D) Visitas ao shopping Center.
E) Conjunto de hábitos.

QUESTÃO 08
“Nesta semana nacional do trânsito pelo menos mil pessoas vão ter morrido nas ruas e nas estradas. Não pode-
mos mais tolerar esses números e, para que isso mude realmente, é preciso que você e cada um de nós sejamos
de fato os agentes da mudança na direção de um trânsito mais seguro. Com certeza você pode contribuir para
isso, aproveite esta semana para refletir e conversar sobre o tema com seus entes queridos e amigos, afinal,
quem morre no trânsito é amigo ou parente de alguém.Ninguém está livre disso".

Nesse parágrafo do texto 2, há um conjunto de demonstrativos empregados de forma correta. O comentário ina-
dequado sobre seu emprego é:

A) “nesta semana" / a forma “esta" se refere ao momento presente da enunciação;


B) “tolerar esses números" / a forma “esses" se refere ao número de mortos citado anteriormente;
C) “para que isso mude" / a forma “isso" se refere ao alto número de acidentes fatais;
D) “você pode contribuir para isso" / a forma “isso" se refere à mudança do número de mortos;
E) “ninguém está livre disso" / a forma “disso" se refere à possibilidade de ter um amigo ou parente morto no trân-
sito.

QUESTÃO 09
Os zigue-zagues do conforto

Hoje, a ideologia do conforto varreu nossa sociedade. É um grande motor da publicidade e do consumismo.
Contudo, o avanço não é linear, havendo atrasos técnicos e retrocessos. Em três áreas enguiçadas, o conforto e
desconforto se embaralham.
A primeira é o conforto acústico. Raras salas de aula oferecem um mínimo de condições. Padecem os profes-
sores, pois só berrando podem ser ouvidos. Uma conversa tranquila é impossível na maioria dos restaurantes. Em
muitos, não pode haver conversa de espécie alguma. O bê-á-bá do tratamento acústico é trivial. Por que temos de
ser torturados por tantos decibéis malvados?
A segunda é o conforto térmico. Quem gosta de sentir frio ou calor? Na verdade, não se trata de gostar, mas
de ser atropelado por imperativos culturais. Por não precisarem se impor pela vestimenta, oficiais britânicos usa-
vam bermudas e camisas de mangas curtas nos trópicos. Mas no Rio de Janeiro, a aristocracia do Segundo Impé-
rio não saía de casa sem terno, colete e sobrecasaca, todos de espessa casimira inglesa. E mais: gravata, camisa
de peito duro, cartola e luvas. E se assim fazia a nobreza, o povaréu tentava imitar. Até o meio século passado, as
elegantes usavam casaco de pele na capital. Hoje, a moda deu cambalhota, o chique é sentir frio. Quanto mais
importante, mais gélido será o gabinete da autoridade. Mas a maneira de conquistar esse conforto térmico tende a
ser equivocada.
Estive em um hotel do Nordeste amplamente servido pela agradável brisa do mar e cuja propaganda é ser
“ecológico”. No entanto, é ar condicionado dia e noite, pois a arquitetura não permite a circulação natural do ar.
Pior, como na maioria das nossas edificações, o isolamento é péssimo. Um minuto desligado, e quase sufocamos
de calor. Uma parede comum de alvenaria tem um décimo da resistência térmica recomendada pela Comunidade
Europeia. E do excesso de vidros, nem falar!
A terceira é uma birra pessoal, já que minha profissão me leva a falar em público. Os arquitetos não descobri-
ram que o PowerPoint requer uma sala que escureça e uma iluminação que não vaze na tela. Sem isso, ou a pro-
jeção fica esmaecida ou, se é apagada a luz, do professor só se vê o vulto. A solução é ridiculamente simples: um
spot no conferencista.
E assim vamos, aos encontrões com o desconforto, em recorrente zigue-zague.
(CASTRO, Cláudio de Moura. Veja, 11/02/2015,p.18,fragmento)
O pronome isso (5º§) é usado para

A) referir a “birra pessoal” do autor.


B) retomar a informação presente no segmento anterior.
C) estabelecer uma condição para o funcionamento eficiente do powerPoint.
D) introduzir a alternativa apontada na oração “ou a projeção fica esmaecida”.
E) substituir o termo “PowerPoint”.

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QUESTÃO 10

Acerca de aspectos linguísticos e dos sentidos do texto acima, julgue o item que se segue.

A expressão “essas coleções” (l.5) retoma, por coesão, o termo “Bibliotecas” (l.1).

QUESTÃO 11
Violência e favelas

O crescimento dos índices de violência e a dramática transformação do crime manifestados nas grandes me-
trópoles são alarmantes, sobretudo, na cidade do Rio de Janeiro, sendo as favelas as mais afetadas nesse pro-
cesso.
“A violência está o cúmulo do absurdo. É geral, não é? É geral, não tem, não está distinguindo raça, cor, di-
nheiro, com dinheiro, sem dinheiro, tá de pessoa para pessoa, não interessa se eu te conheço ou se eu não te
conheço. Me irritou na rua eu te dou um tiro. É assim mesmo que está, e é irritante, o ser humano está em um
estado de nervos que ele não está mais se controlando, aí junta a falta de dinheiro, junta falta de tudo, e quem
tem mais tá querendo mais, e quem tem menos tá querendo alguma coisa e vai descontar em cima de quem tem
mais, e tá uma rivalidade, uma violência que não tem mais tamanho, tá uma coisa insuportável.” (moradora da
RocinhA)
A recente escalada da violência no país está relacionada ao processo de globalização que se verifica, inclusi-
ve, ao nível das redes de criminalidade. A comunicação entre as redes internacionais ligadas ao crime organizado
são realizadas para negociar armas e drogas. Por outro lado, verifica-se hoje, com as CPIs (Comissão Parlamen-
tar de Inquérito) instaladas, ligações entre atores presentes em instituições estatais e redes do narcotráfico.
Nesse contexto, as camadas populares e seus bairros/favelas são crescentemente objeto de estigmatização,
percebidos como causa da desordem social o que contribui para aprofundar a segregação nesses espaços. No
outro polo, verifica-se um crescimento da autossegregação, especialmente por parte das elites que se encastelam
nos enclaves fortificados na tentativa de se proteger da violência.
(Maria de Fátima Cabral Marques Gomes, Scripta NovA)

“Nesse contexto, as camadas populares e seus bairros/favelas são crescentemente objeto de estigmatização,
percebidos como causa da desordem social o que contribui para aprofundar a segregação nesses espaços”.

Nesse segmento do texto 2, o componente textual que NÃO se refere ou substitui um elemento anterior do texto
é:

A) Nesse contexto;
B) seus;
C) desordem social;
D) que;
E) nesses espaços.

QUESTÃO 12

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No primeiro quadrinho, o termo aqui representa uma das categorias da enunciação que indica espaço:

A) exterior à enunciação de primeira pessoa.


B) de enunciação de segunda pessoa.
C) de enunciação de terceira pessoa.
D) de enunciação de primeira pessoa.
E) exterior à enunciação de terceira pessoa.

QUESTÃO 13
Leia o texto abaixo:
“Boas coisas acontecem para quem espera. As melhores coisas acontecem para quem se levanta e faz.”
(Domínio público)

Considerando o texto acima e a maneira como ele é estruturado, podemos afirmar que:

A) O uso encadeado de “Boas coisas” e “As melhores coisas” possibilita a valorização do primeiro enunciado e a
desvalorização do segundo.
B) A repetição do termo “coisas” garante que “boas coisas” e as “melhores coisas” remetem ao mesmo referente.
C) Entre as expressões “para quem espera” e “para quem se levanta e faz” estabelece uma relação de temporali-
dade.
D) A sequenciação desse texto ocorre por meio da recorrência de expressões e de estruturas sintáticas.

TEXTO PARA QUESTÃO 14

Por que é tão difícil entender? A crise que o país atravessa desde a eclosão dos primeiros protestos contra o
aumento das passagens de ônibus têm três componentes articulados:
1 – A sociedade quer transporte, saúde e educação de qualidade, pois ela paga caro por isso, por meio de
impostos, e não recebe em troca serviços públicos à altura. Simples assim. A sociedade não pediu nas ruas re-
forma política, nem plebiscito para eliminar suplente de senador.
2 – A sociedade quer o fim da impunidade, pois está cansada de ver corruptos soltos debochando de quem é
honesto, mesmo depois de condenados. Acrescentar o adjetivo hediondo à corrupção de pouco adianta se depu-
tados e ministros continuam usando aviões da FAB para passear e se criminosos estão soltos, alguns até ocu-
pando cargos de liderança ou participando de comissões no Congresso.
3 – A sociedade quer estabilidade econômica: para a percepção do cidadão comum, os 20 centavos pesaram
como mais um sinal de que a economia está saindo do controle. A percepção do aumento da inflação é crescente
em todas as classes sociais; em última análise, este será o fator determinante dos rumos da crise a médio prazo,
já que não há discurso ou propaganda que camufle a corrosão do poder de compra das pessoas, sobretudo da-
quelas recentemente incorporadas à economia formal.
Esses problemas não são de agora, nem responsabilidade exclusiva dos últimos governos. Mas o que se espera
de quem está no poder é que compreenda que a melhor maneira de reconquistar o apoio perdido é dar respostas
concretas e rápidas às demandas feitas nas ruas (e não às questões que ninguém fez).
(Adaptado. Luciano Trigo, O Globo, 11‐7‐2013)

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QUESTÃO 14
“ A sociedade quer transporte, saúde e educação de qualidade, pois ela paga caro por isso...”; “em última análise,
este será o fator determinante dos rumos da crise o médio prazo...”. Observando o emprego dos demonstrativos
sublinhados, podemos constatar, segundo o emprego no texto, que

a) isso e empregado em referência a termos anteriores e este em referência a termos seguintes.


b) isso e este são empregados em relação a termos anteriormente citados.
c) isso tem valor depreciativo.
d) este se refere a um entre dois termos citados anteriormente, de preferência o mais próximo.
e) isso se prende a um tempo distante, enquanto este se liga ao tempo presente.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 15

Entrevistador: Segundo seu livro, a “storyteling” (narração de históriA) passou a ser adotada do marketing de
produtos à comunicação política. Por que a política hoje se volta para a emoção mais do que pra o intelecto ou a
razão?
Christian Salmon: Apresentadas sob a forma de um enredo fácil de compreender, as implicações da política mo-
bilizam emoções como o medo, a solidão, a necessidade de proteção. Os cidadãos são jogados em um universo
narrativo (a cruzada contra o eixo do Mal etc,) e convidados a escolher entre os “bons” e os “maus”.
Entrevistador: O senhor escreve que à realidade de uma concorrência cada vez mais feroz o neogerenciamento
opõe a ficção de que , no trabalho em equipe moderno, os empregados não estão verdadeiramente em concor-
rência uns com os outros. A essa ficção soma-se outra, ainda mais importante, a saber, que os operários e os
portões não são antagônicos. O padrão gera apenas um processo de grupo. Isso seria um novo modelo de capi-
talismo e de controle?
Cristian Salmon: No livro Vigia e Punir, Michel Foucault mencionava a constituição de um “poder de escrita”
como uma peça essencial no encadeamento da disciplina militar, sanitária, escolar etc. Pode-se ver no triunfo da
“storyteling” o nascimento de um “poder de narrativa” capaz de assegurar o controle de indivíduos, uma “máquina
de contar” e formatar bem mais eficaz que todas as imagens orwelianas da sociedade totalitária.
O assunto dessa nova ordem narrativa não é nem o consumidor alienado, nem o trabalhador explorado, nem
mesmo o cidadão doutrinado, mas um individuo enfeitiçado, imerso num universo, preso a uma rede narrativa que
filtra as percepções, estimula os efeitos e conduz as condutas.
Entrevista de Christian Salmon a Leneide Duan-Pion Internet.

QUESTÃO 15
Na linha 18, a palavra “Isso” retoma o significado de “um processo de grupo” e poderia de modo igualmente correto
ter sido grifado Isto.

QUESTÃO 16

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QUESTÃO 17
“Nas unidades de internação de menores infratores reproduzem-se as mesmas mazelas dos presídios para adul-
tos”; a frase abaixo em que se repete o mesmo sentido do vocábulo sublinhado é:

A) Os menores têm mesmo que pagar por seus crimes. (B) Os crimes são punidos pela mesma lei de antigamen-
te.
C) É mesmo verdade que as leis irão mudar?
D) Os dois presídios têm as mesmas condições.
E) As celas são abertas pela mesma chave.

QUESTÃO 18
“Esta é uma questão que precisa ser tratada no âmbito de uma reforma geral da política penitenciária, aí incluída
a melhoria das condições socioeducativas para os menores de idade”. A afirmação correta sobre o termo “aí” é:

A) indica o local da reforma geral onde deve ser incluída a melhoria pretendida;
B) refere-se ao termo “reforma geral da política penitenciária”, de forma a retomá-lo na frase seguinte;
C) é um termo anafórico, substituindo o termo “questão”, citado anteriormente no mesmo segmento;
D) funciona como um conectivo de forma coloquial, correspondendo à conjunção aditiva E;
E) mostra uma indicação de tempo, referindo-se ao momento da produção da reforma geral.

TEXTO PARA QUESTÃO 19

BEM TRATADA, FAZ BEM

O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória: “O carro é o cigarro do futuro.” Quem poderia
imaginar a reversão cultural que se deu no consumo do tabaco?
Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. Este jornal, em uma série de reportagens, nestes
dias, mostrou o privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo ao transporte coletivo. Surpr e-
endentemente, houve entrevistado que opinou favoravelmente, valorizando Los Angeles – um caso típico de
cidade rodoviária e dispersa.
Ainda nestes dias, a ONU reafirmou o compromisso desta geração com o futuro da humanidade e contra o
aquecimento global – para o qual a emissão de CO2 do rodoviarismo é agente básico. (A USP acaba de
divulgar estudo advertindo que a poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito .)
O transporte também esteve no centro dos protestos de junho de 2013. Lembremos: ele está interrelaci o-
nado com a moradia, o emprego, o lazer. Como se vê, não faltam razões para o debate do tema.
Sérgio Magalhães, O Globo

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QUESTÃO 19

Observe o emprego do demonstrativo “este” nos segmentos a seguir:


I – “O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória”;
II – “Este jornal, em uma série de reportagens,...”;
III – “... nestes dias, mostrou o privilégio que os governos dão ao uso do carro e o despr ezo ao transporte
coletivo”;
IV – “a ONU reafirmou o compromisso desta geração com o futuro da humanidade”.

As frases acima que apresentam exatamente o mesmo motivo da utilização desse demonstrativo são:

A) I - II;
B) I - III;
C) II - IV;
D) III - IV;
E) II - III - IV.

TEXTO PARA A QUESTÃO 20

UMA HISTÓRIA EM COMUM

Os povos indígenas que hoje habitam a faixa de terras que vai do Amapá ao norte do Pará possuem uma
história comum de relações comerciais, políticas, matrimoniais e rituais que remonta a pelo menos três sé-
culos. Essas relações até hoje não deixaram de existir nem se deixaram restringir aos limites das fronteiras
nacionais, estendendo-se à Guiana-Francesa e ao Suriname.
Essa amplitude das redes de relações regionais faz da históri a desses povos uma história rica em ga-
nhos e não em perdas culturais, como muitas vezes divulgam os livros didáticos que retratam a história dos
índios no Brasil. No caso específico desta região do Amapá e norte do Pará, são séculos de acúmulo de
experiências de contato entre si que redundaram em inúmeros processos, ora de separação, ora de fusão
grupal, ora de substituição, ora de aquisição de novos itens culturais. Processos estes que se somam às
diferentes experiências de contato vividas pelos distintos grupos indígenas com cada um dos agentes e
agências que entre eles chegaram, dos quais existem registros a partir do século XVII.
É assim que, enquanto pressupomos que nós descobrimos os índios e achamos que, por esse motivo,
eles dependem de nosso apoio para sobreviver, com um pouco mais de conhecimento sobre a história da
região podemos constatar que os povos indígenas dessa parte da Amazônia nunca viveram isolados entre
si. E, também, que o avanço de frentes de colonização em suas terras não result a necessariamente num
processo de submissão crescente aos novos conhecimentos, tecnologias e bens a que passaram a ter
acesso, como à primeira vista pode nos parecer. Ao contrário disso, tudo o que esses povos aprenderam e
adquiriram em suas novas experiências de relacionamento com os não-índios insere-se num processo de
ampliação de suas redes de intercâmbio, que não apaga - apenas redefine - a importância das relações que
esses povos mantêm entre si, há muitos séculos, “apesar” de nossa interferência.
(Adaptado de: GALLOIS, Dominique Tilkin; GRUPIONI, Denise Fajardo. Povos indígenas no Amapá e Norte
do Pará: quem são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam? São Paulo: Iepé, 2003, p.8 -9)

QUESTÃO 20
Os pronomes destacados no último parágrafo - nós, nosso, nos, nossa - fazem referência:

A) aos povos indígenas da Amazônia.


B) a todos os indígenas brasileiros.
C) às redes de intercâmbio indígenas.
D) aos representantes da cultura hegemônica.
E) a todos os habitantes das zonas urbanas do Brasil.

TEXTO PARA A QUESTÃO 21

DEPOIMENTO
Fernando Morais (jornalistA)

O que mais me surpreendia, na Ouro Preto da infância, não era o ouro dos altares das igrejas. Nem o c a-
sario português recortado contra a montanha. Isso eu tinha de sobra na minha própria cid ade, Mariana, a

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uma légua dali. O espantoso em Ouro Preto era o Grande Hotel - um prédio limpo, reto, liso, um monólito
branco que contrastava com o barroco sem violentá-lo. Era “o Hotel do Niemeyer”, diziam. Deslumbrado
com a construção, eu acreditava que seu criador (que supunha chamar-se “Nei Maia”) fosse mineiro - um
marianense, quem sabe?
A suspeita aumentou quando, ainda de calças curtas, mudei-me para Belo Horizonte. Era tanto Niemeyer
que ele só podia mesmo ser mineiro. No bairro de Santo Antônio ficava o Colégio Estadual (a caixa d’água
era o lápis, o prédio das classes tinha a forma de uma régua, o auditório era um mata - borrão). Numa das
pontas da vetusta Praça da Liberdade, Niemeyer fez pousar suavemente uma escultura de vinte andares de
discos brancos superpostos, um edifício de apartamentos cujo nome não me vem à memória. E, claro, tinha
a Pampulha: o cassino, a casa do baile, mas principalmente a igreja.
Com o tempo cresceram as calças e a barba, e saí batendo perna pelo mundo. E não parei de ver Nieme-
yer. Vi na França, na Itália, em Israel, na Argélia, nos Estados Unidos, na Alemanha. Tanto Niemeyer esp a-
lhado pelo planeta aumentou minha confusão sobre sua verdadeira origem. E hoje, quase meio século de-
pois do alumbramento produzido pela visão do “Hotel do Nei Maia”, continuo sem saber onde ele nasceu.
Mesmo tendo visto um papel que prova que foi na Rua Passos Manuel número 26, no Rio de Janeiro, estou
convencido de que lá pode ter nascido o corpo dele. A alma de Oscar Niemeyer, não tenham dúvi das, é
mineira.
(Adaptado de: MORAIS, Fernando. Depoimento. In: SCHARLACH, Cecília (coord.). Niemeyer 90 anos: po-
emas testemunhos cartas. São Paulo: Fundação Memorial da América Latina, 1998. p. 29)

No contexto do texto, o autor utiliza os pronomes seu ( no primeiro parágrafo) e sua (no último) para se ref e-
rir, respectivamente, a:

A) Nei Maia e Oscar Niemeyer.


B) Grande Hotel e Oscar Niemeyer.
C) Ouro Preto e Hotel do Nei Maia.
D) Mariana e Rua Passos Manuel.
E) Hotel do Niemeyer e Rio de Janeiro.

TEXTO PARA QUESTÕES 22 E 23

QUESTÃO 22
Com base na análise das falas do quadrinho, a lógica do peixe se perdeu

A) no primeiro quadrinho.
B) no terceiro quadrinho.
C) no quinto quadrinho.
D) no quarto quadrinho.
E) no segundo quadrinho.

QUESTÃO 23
No segundo quadrinho, o pronome essa tem valor

A) anafórico.
B) catafórico.
C) dêitico.
D) relativo.
E) expletivo.

TEXTO PARA QUESTÃO 24

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Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora à feição da antiga Grécia. O surto
marítimo que enche sua história do século XV não resultara do extravasamento de nenhum excesso de popula-
ção, mas fora apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e que não encontrava no redu-
zido território pátrio satisfação à sua desmedida ambição. A ascensão do fundador da Casa de Avis ao trono por-
tuguês trouxe esta burguesia para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça castelhana e do
poder da nobreza, representado pela Rainha Leonor Teles, cingira o Mestre de Avis com a coroa lusitana. Era ela,
portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atenções. Esgotadas as possibilidades do reino com
as pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão externa para contentar os insaciáveis compa-
nheiros de D. João I.
Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.

QUESTÃO 24
O pronome "ela" da frase "Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atenções", refere-
se a

A) “desmedida ambição”.
B) “Casa de Avis”.
C) “esta burguesia”.
D) “ameaça castelhana”.
E) “Rainha Leonor Teles”.

TEXTO PARA QUESTÃO 25

O roteiro tem se repetido com variações pontuais: das redes sociais emerge um movimento que, quase imper-
ceptível a princípio, ganha corpo, invade as ruas, monopoliza a mídia e assusta os governos. Um frenesi de reuni-
ões de emergência e de medidas mais ou menos improvisadas e seguem, ao mesmo tempo que se multiplicam as
avaliações de que agora, de fato, o País acordou. Passada a efervescência, entretanto, a impressão que fica é de
que a energia da manifestação coletiva se dispersou antes de amadurecer e de frutificar em mudanças capazes
de fazer jus à esperança que geraram. Por meio de promessas e paliativos, o ímpeto inicial é incorporado ao sis-
tema antigo, e, pouco a pouco, a vida volta à rotina, até que a manifestação seguinte faça lembrar as anteriores e
reinstale a ideia de um novo ciclo.
José G. Ghirardi, O Estado de S. Paulo, 19/01/2014.

QUESTÃO 25
A palavra “País” encontrasse grafada com inicial maiúscula em virtude de

A) substituir nome próprio.


B) exigência legal (constitucional)
C) manifestar patriotismo.
D) referir-se à totalidade do território nacional.
E) retomar termo anterior.

TEXTO PARA QUESTÃO 26

Políticas Públicas de Segurança no Brasil Parece que uma das razões do fracasso e da inexistência de políticas
nessa área reside num plano puramente cognitivo. A proposição de políticas públicas de segurança, no Brasil,
consiste num movimento pendular, oscilando entre a reforma social e a dissuasão individual. A ideia da reforma
decorre da crença de que o crime resulta de fatores socioeconômicos que bloqueiam o acesso a meios legítimos
de se ganhar a vida. Esta deterioração das condições de vida traduz-se no acesso restrito de alguns setores da
população a oportunidades no mercado de trabalho e de bens e serviços, assim como na má socialização a que
são submetidos nos âmbitos familiar, escolar e na convivência com subgrupos desviantes. Consequentemente,
propostas de controle da criminalidade passam inevitavelmente tanto por reformas sociais de profundidade como
por reformas individuais voltadas a reeducar e ressocializar criminosos para o convívio em sociedade. A par das
políticas convencionais de geração de empregos e combate à fome e à miséria, ações de cunho assistencialista
visariam minimizar os efeitos mais imediatos da carência, além de incutir em jovens candidatos potenciais ao cri-
me novos valores através da educação, da prática de esportes, do ensino profissionalizante e do aprendizado de
artes e na convivência pacífica e harmoniosa com seus semelhantes. Quando isto já não é mais possível, que se

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reformem então aqueles indivíduos que caíram no mundo do crime através do trabalho e da reeducação nas pri-
sões.
(Cláudio C. Beato Filho)

QUESTÃO 26
As frases a seguir mostram alguns elementos sublinhados, com a identificação de seus referentes no texto.

I. “Parece que uma das razões do fracasso e da inexistência de


políticas nessa área...” – área das políticas públicas de segurança.
II. “ Esta deterioração das condições de vida traduz-se no acesso restrito de alguns setores da população a opor-
tunidades no mercado de trabalho e de bens e serviços...” – bloqueio do acesso a meios legítimos de se ganhar a
vida.
III. “...que se reformem então aqueles indivíduos...” – jovens candidatos potenciais ao crime.

Assinale:

A) se apenas as frases I e II estiverem corretas.


B) se apenas as frases I e III estiverem corretas.
C) se apenas as frases II e III estiverem corretas.
D) se apenas a frase II estiver correta.
E) se todas as frases estiverem corretas.

TEXTO PARA QUESTÕES 27

QUESTÃO 27
Que mecanismo de sequenciarão do tema predomina na composição textual?

A) A ambiguidade, como se observa na frase “Milton ainda não começou a viver”.


B) A oposição, configurada no contraste positivo/negativo.
C) A sinonímia, presente em pares como esposa e companheira.
D) A metonímia, base da descrição do concorrente e de Milton.

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QUESTÃO 28

A referência espacial sugerida no título é recuperada com base

A) na posição enunciativa do leitor.


B) nas informações não-verbais.
C) no conteúdo do texto.
D) nas expressões indicadoras de lugar.
E) no espaço de circulação do texto.

QUESTÃO 29
O pronome (n)este, no primeiro parágrafo (l.2), e o pronome (n)esse, no sétimo parágrafo (l.48), exercem, respec-
tivamente, papel

“ Em dois continentes de importância para o mundo desdobram-se neste momento crises virtualmente existenciais
no que diz respeito a seus modelos econômico-sociais.

Na Europa, supostamente mais organizado, falhou a regulamentação financeira, o que convergiu com a crise de
2008 nos EUA para dar origem à presente situação. Nesse erro se encontram o capitalismo neoliberal americano
e a “economia social de mercado” dos alemães.
Roberto Abdonur e o futuro da história.

A) Anafórico e catafórico
B) Catafórico e anafórico
C) Dêitico e catafórico
D) Catafórico e dêitico.
E) Dêitico e anafórico.
TEXTO PARA QUESTÕES DE 30 A 31
Cafezinho

Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia
inteiro tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que
uma das
delícias do gênio carioca é exatamente esta frase: – Ele foi tomar café.
A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de dizer: – Bem, cavalheiro, eu me retiro.
Naturalmente o Sr. Bonifácio morreu afogado no cafezinho. Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezi-
nho. Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.

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Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e perguntar:
– Ele está? – alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a morte
vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho...
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi
tomar um café. Com certeza volta logo. O chapéu dele está aí...
Ah! Fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
Vamos, vamos tomar um cafezinho.
Rio, 1939.
(Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7)

QUESTÃO 30
Com base no texto e em pressupostos linguísticos, pode-se afirmar que a sentença “este recado simples e vago”:

A) É anafórica e representa ideia contida no 1° parágrafo


B) É catafórica, formada por mecanismo pronominal fixo e remissivo ao referente: – Ele saiu para tomar um café e
disse que volta já.
C) É catafórica, formada por mecanismo pronominal adjunto e remissivo ao referente: – Ele saiu para tomar um
café e disse que volta já.
D) É catafórica, formada por mecanismo pronominal livre e remissivo ao referente: – Ele saiu para tomar um café
e disse que volta já.
E) É catafórica, formada por mecanismo pronominal pró-verbal e remissivo ao referente: – Ele saiu para tomar um
café e disse que volta já.

QUESTÃO 31
Com base no texto e em pressupostos linguísticos, pode-se afirmar que na a sentença “Ele esperou longamente”,
o pronome ele comporta-se textualmente como:

A) anafórico
B) dêitico discursivo
C) catafórico
D) dêitico pessoal
E) expletivo

QUESTÃO 32
Coesão Referencial:

Píndaro nos preveniu de que o futuro é muralha espessa, além da qual podemos vislumbrar um só segundo. O poe-
ta tanto admirava a força, a agilidade e a coragem de seus contemporâneos nas competições dos estádios quando
compreendia a fragilidade dos seres humanos no curto instante de vida. Dele é a constatação de que o homem é ape-
nas o sonho de uma sombra. Apesar de tudo, ele se consolará no mesmo poema: e como a vida é bela!
O século XX, que para alguns foi curto, para outros foi dilatado em seu sofrimento. Foi o século da mais renhida luta
entre a opressão totalitária e a dignidade dos seres humanos. É provável que nele não tenha havido um só dia sem
algum confronto bélico. Mas em que século os seres humanos conheceram a paz?
Todos os tempos são opressivos, mas o nosso tempo é o mais pesado de todos, e não só porque nele nos toca vi-
ver. A tecnologia nunca serviu tanto à tortura, ao vilipêndio e à morte quando serve hoje. Não há mais liberdade em
nenhum lugar do mundo: os satélites nos ouvem e nos seguem pelas câmeras de televisão pelo telefone celular, pelo
uso de cartão de crédito, pelo desenho de nossos olhos. Podemos morrer, ao atender a uma chamada telefônica, e
grilhões explosíveis por controle remoto impedem aos prisioneiros um direito sempre reconhecido, o de buscar a pró-
pria liberdade.

As expressões “O poeta” (L.2), “Dele” (L..6) e “ele” (L.7) constituem uma cadeia anafórica, relativa a um mesmo refe-
rente “Píndaro” (L.1).

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GABARITO
1. D
2. B
3. E
4. B
5. B
6. E
7. E
8. D
9. B
10. CERTO
11. C
12. D
13. C
14. B
15. em sala
16. em sala
17. D
18. B
19. D
20. D
21. B
22. D
23. C
24. C
25. A
26. A
27. em sala
28. em sala
29. E
30. C
31. A
32. CERTO

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