Você está na página 1de 20

DIREITO CIVIL V - DOCENTE: Camila Ferreira Borges

Direito de  Bacharel em Direito pela UniAtenas-


Paracatu/MG;

Família  Pós-Graduada em Direito de Família e


Sucessório pela Faculdade Damásio;
 Advogada em Cristalina/GO.
O QUE É UNIÃO ESTÁVEL?
O QUE É FAMÍLIA?

CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITO, ELEMENTOS


CARACTERIZADORES, E DIFERENÇA ENTRE UNIÃO
ESTÁVEL, CASAMENTO E NAMORO
NORMAS PATRIARCAIS CONTIDAS
NO CÓDIGO CIVIL DE 1916
 A mulher casada era considerada relativamente incapaz (art.6º, inciso II).

 Art. 229. Criando a família legítima, O CASAMENTO LEGITIMA OS FILHOS


COMUNS, antes dele nascidos ou concebidos. espúrio/bastardo/sacrílego.

 Obs: Ilegítimos – naturais e espúrio (adulterino e incestuosos).


 Os filhos naturais (somente eles) poderiam ser legitimados pelo casamento
posterior.
 Art.355 do Código Civil de 1916.
 Art.358 do Código Civil de 1916.
 O filho ilegítimo não tinha nenhum direito reconhecido.
NORMAS PATRIARCAIS CONTIDAS
NO CÓDIGO CIVIL DE 1916

 Discriminação das pessoas unidas sem o casamento.


ANTES DA CF/88, A UNIÃO ESTÁVEL ERA
RECONHECIDA NO BRASIL?
 Antes da CF/88 o termo utilizado para a união estável era
considerado concubinato e não era reconhecido como
entidade familiar.

 Concubinato Puro: Pessoas que viviam junto como marido


e mulher, mas não casavam por opção, visto não possuir
nenhum impedimento legal.
 Concubinato Impuro: Pessoas que viviam junto, porém
eram impedidas de casar. Esse impedimento pode ser em
razão de parentesco (incestuoso) ou adulterino, ou em
virtude da hipótese do art.1521, inciso VII do CC.

 DÉCADA DE 60: SÚMULA 380 E 382 DO STF.


EM 1988, A PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO VEIOS ROMPER COM O
PRECONCEITO LEGAL, INSTAURANDO NO TEXTO JURÍDICO
UMA NOVA CONCEPÇÃO DE FAMÍLIA. (ROSA, 2021,
PÁG.128.

 O TEMA PASSOU A SER TRATADO COMO UNIÃO ESTÁVEL.


 Passou a ser reconhecida como família de maneira expressa na
Constituição Federal.

 Caso uma das partes já tenha um casamento ou outra união


estável, surgiu o que nós chamamos de família paralela ou
simultânea.
 Porém, o Código Civil em seu art.1727 ainda utiliza o termo
concubinato. Trata-se de uma “ressureição’ do termo pelo Código
Civil – vez que anteriormente estava em desuso – após a
Constituição Federal de 1988.
CONCEITO

 É a relação afetivo-amorosa entre duas pessoas, “não adulterina” e


não incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo sob o
mesmo teto, ou não, constituindo família sem o vínculo civil.
(Pereira, pág.772)
CARACTERÍSITCAS/REQUISITOS:
 A Lei nº 9.278/96 trouxe alguns requisitos para a configuração da união estável:
 a) convivência duradoura;
 b) Publicidade;
 c) contínua (durabilidade e estabilidade).

 OBS: lei 8.971/1994.

 ARTIGO 1723 DO CÓDIGO CIVIL

 Publicidade:
 Dizer popular: “QUEM NÃO É VISTO NÃO É LEMBRADO”.
 Assim, para o Direito, quem não é visto não é família.
 Atualmente: Postagem e marcações nas redes sociais (lavrar ata notarial – art.384 do
Código de Processo Civil).
 Durabilidade:
 Necessidade de que o relacionamento seja estável;
 Não existe tempo mínimo;
 Tudo vai depender das circunstâncias do caso concreto.
 Julgado da 8ª Câmara Cível do TJRS deixou de reconhecer como união estável
que perdurou por apenas três dias em razão do falecimento do convivente.
 A Quarta Turma do STJ, em julgamento sob a relatoria do Ministro Luis Felipe
Salomão, entendeu que a convivência deve ser duradoura, “permitindo que se
dividam as alegrias e tristezas, que se compartilhem dificuldades e projetos
de vida, sendo necessários um tempo razoável de relacionamento.” Por essas
razões o colegiado negou o reconhecimento de uma união estável post
mortem em um relacionamento de apenas duas semanas de coabitação,
precedidos de dois meses de namoro.
 Continuidade:
 A vida comum tem que ser contínua, sem interrupções que lhe retirem a
característica da permanência. O vai e vem de encontros e desencontros denota
instabilidade da união, a ser aferida, caso a caso, na pendenciado tempo e das
condições que tenha ocorrido a temporária separação dos conviventes. (Madaleno,
2017, pág. 448).
 OBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA:
 O propósito de constituição de família exterioriza-se exatamente na vida em
comum, sob o mesmo teto ou não, aos olhos públicos e com afeição
recíproca, como se casados fossem, em mútua colaboração econômica,
parcerias em negócios e conjunto de esforços.
 Como se fossem casados.
 Tratamento recíprocos como esposos.

 Provas de tal situação: Dependência em clubes, imposto de renda e planos de


saúde ou, até mesmo, a inserção como beneficiário em seguro de vida.

 Outrossim, a divisão do mesmo plano de celular em empresa de telefonia e,


até mesmo, da conta de Netflix pode ser indicativos que a relação ultrapassa
um simples namoro.
 OBS: Hoje em dia temos a figura do namoro qualificado.
 Precedente julgado pelo STJ, em março de 2015, entendeu existir um
“namoro qualificado” entre um casal no período anterior a celebração do
casamento.
 -CONTINGÊNCIA E INTERESSES PARTICULARES.
 (RESP 1454643)
 DESNECESSIDADE DE COABITAÇÃO:
 A coabitação é um forte indício da existência de uma união estável mas, por
outro lado, não é requisito essencial.
 Súmula 382 STJ.
ADI (AÇÃO DIRETA DE
INSCONTITUCIONALIDADE) Nº4277
 A POLÊMICA DA (IN)CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1790
 • STF – No sistema constitucional vigente é inconstitucional a distinção de regimes
sucessórios entre os cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado em ambos os
casos o regime estabelecido no artigo 1829 do CC/02 (Tese fixada pelo STF – Rex
878.694 e 646.721)

 STJ – Res 1.332.773-MS. Rel. Min. Villas Bôas Cueva – Reconhece a igualdade dos
regimes de bens do casamento/união estável.

 COMPANHEIRO (A) – HERDEIRO(A) NECESSÁRIO (A)?


 “Na sucessão, a liberdade patrimonial dos conviventes já é assegurada com o não
reconhecimento do companheiro como herdeiro necessário, podendo-se afastar os
efeitos sucessórios por testamento. Prestigiar a maior liberdade na conjugalidade
informal não é atribuir, a priori, menos direitos ou diretos diferentes do casamento,
mas, sim, oferecer a possibilidade de, voluntariamente, excluir os efeitos.

 Não há presunção de paternidade.


 CONTRATO DE UNIÃO ESTÁVEL:
 Contrato particular de casamento ou contrato de convivência?
 Tem efeito retroativo?
 Particular ou escritura pública?
 Facultativo – Art. 1º Provimento 37 CNJ

 PROVIMENTO 37 CNJ DE 07/07/2014


 Art. 5º. O registro de união estável decorrente de escritura pública de
reconhecimento ou extinção produzirá efeitos patrimoniais entre os
companheiros, não prejudicando terceiros que não tiverem participado da
escritura pública.
 Art. 7º. Não é exigível o prévio registro da união estável para que seja
registrada a sua dissolução, devendo, nessa hipótese, constar do registro
somente a data da escritura pública de dissolução.
 RETROATIVIDADE (…) Tratando-se de união estável é possível a qualquer
tempo, alterar as disposições de caráter patrimonial, inclusive com efeitos
retroativos, em homenagem ao princípio da autonomia da vontade (TJDF
07300769820178070001 – Rel. Mário Zam Belmiro – publ. 13/02/2019.)

 NÃO RETROATIVIDADE (…) Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso


de apelação a fim de reconhecer a validade do contrato particular de
declaração de união estável, afastando, porém a retroatividade do regime de
bens adotado (…) (STJ Aresp 1292908-RS – Rel. Min. Nancy Andrighi – Publ.
24/10/18
REGIME DE BENS: Comunhão Parcial.

Você também pode gostar