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Da Família Convivencial

Arts. 1.723 a 1.727 C

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 1


“Ora, seja o casamento, seja a união estável, seja
qualquer outro modelo de família, é certo que toda e
qualquer entidade familiar está, sempre, fundada na
mesma base sólida: o afeto. E não se justifica, por
certo, discriminar realidades idênticas – todas
lastreadas no amor e na solidariedade recíproca, com
Cristiano Chaves de Farias vistas à realização plena dos seus componentes....
& Nelson Rosenvald
... agora dizei-me: que é que vedes quando vedes um
Direito Civil. Famílias. 4ª. homem e uma mulher, reunidos sob o mesmo teto, em
Edição, Ed. Jus Podium, torno de um pequenino ser, que é o fruto de seu
2012, p. 495 amor? Vereis uma família? Que importa isso? O
acidente convencional não tem força para apagar o
fato natural. A família é um fato natural, o
casamento é uma convenção social.”

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“ Podemos conceituar a união estável como
uma relação afetiva de convivência pública e
duradoura entre duas pessoas, do mesmo
sexo ou não, com o objetivo imediato de
constituição de família.”

1. Conceito Gagliano, Pablo Stolze. Novo Curso de direito


civil, volume VI: Direito de Família – As
famílias em perspectiva constitucional/ Pablo
Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho. São
Paulo: Saraiva, 2016, 6ª. edição, p.422

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Casamento e União Estável não são
a mesma coisa e não querem ser. Casamento e União estável
Todavia, ambas as entidades distinguem-se na forma de
familiares dispõem da mesma constituição e na prova de sua
proteção, eis que a família, base da existência, mas jamais quanto aos
sociedade, tem especial proteção do efeitos protetivos em relação aos
Estado, como reza o caput do art. seus componentes;
226 da CF;

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2.1. CC/16:

2.1.1 Concubinato

2. 2.1.1.1 concubinato puro (desimpedidos de casar): O Dec.-lei 7.036/44, reconheceu a


companheira como beneficiária de indenização por acidente de trabalho de que foi
vítima o companheiro. O STF, também reconheceu através da edição da Súmula 380,

HISTÓRICO o direito à partilha dos bens adquiridos pelo esforço comum (03/04/64)

2.1.1.2. concubinato impuro

2.2 CF/88, § 3º., art. 226: Utilizada a expressão união estável, tendo sido abolida a
expressão “concubinato puro”, reconhecendo este estado fático como entidade
familiar

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2.3 Lei 8.971/94: estabeleceu os direitos dos companheiros
à sucessão e aos alimentos. No entanto, impunha
uma restrição ao limitar o reconhecimento de união
estável apenas àquela cuja convivência durasse, no
mínimo cinco anos, ou do qual houvesse nascido
filhos.
2.4 Lei 9.278/96: Dispensou o prazo mínimo de convivência,
elencou os chamados ‘direitos e deveres iguais dos
conviventes’, instaurou a aplicação de condomínio
sobre os bens adquiridos onerosamente na
constância da convivência, estabelecendo regra
similiar a do regime de comunhão parcial de bens,
estabeleceu o direito real de habitação sobre o
imóvel destinado à residência da família, e encerrou o
debate acerca da competência, fixando a das varas de
família, para toda a matéria referente à união estável.
2.5 CC/2002: Dedicou um título do livro de Direito de
Família à união estável, trazendo as regras básicas
referentes aos seus efeitos pessoais e patrimoniais.
2.6 Em 2011, o STF deu mais um passo na disciplina jurídica
da união estável, reconhecendo como tal a união
homoafetiva. Portanto, todas as regras relativas à
união estável, aplicam-se por analogia e sem exceção
à união homoafetiva.

• Com a CF\88, aplicou-se uma nova terminologia: União


Estável (retira a expressão concubinato que enseja uma
dupla conotação);
• O concubinato puro é simplesmente a União Estável /
Concubinato impuro é o concubinato(se mantém dentro
dos direitos das obrigações);
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“AO REVÉS DO SEU ANTECESSOR, O CÓDIGO CIVIL DE 2002
DEDICOU UM LIVRO ESPECÍFICO À UNIÃO ESTÁVEL,
NOTADAMENTE EM SEUS ARTIGOS 1.723 A 1.727. EM
LINHAS GERAIS, A LEGISLAÇÃO CODIFICADA ABSORVE
ALGUMAS DAS ORIENTAÇÕES JÁ CONSAGRADAS EM SEDE
DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL, ALÉM DE CONSAGRAR
OUTRAS REGRAS JÁ ESTAMPADAS NAS LEIS 8.971\94 E
9.278\96, QUE, ANTERIORMENTE, CUIDAVAM DA MATÉRIA.”

CHAVES, OB. CIT. P. 493

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IMPORTANTE LEMBRAR:

3.
PRESSUPOSTOS ART. 226§3º. CF\88: UNIÃO ESTÁVEL ENTRE HOMEM E A MULHER
DE
CONFIGURAÇÃO
DA UNIÃO
ESTÁVEL:
ESTE CRITÉRIO FOI SUPERADO NO PLANO JUDICIAL COM O JULGAMENTO
CONJUNTO PELO STF, DA ADPF 132\RJ E A ADIN 4277\DF, EXCLUINDO DA
INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL QUALQUER
SIGNIFICADO QUE IMPEÇA O RECONHECIMENTO DA UNIÃO ENTRE PESSOAS
DO MESMO SEXO, COMO ENTIDADE FAMILIAR, RECONHECENDO A ADOÇÃO
DO POLIFORMISMO FAMILIAR, EM QUE ARRANJOS AFETIVOS SÃO APTOS A
CONSTITUIR FAMÍLIA E RECEBER IGUALITÁRIO TRATAMENTO DO ESTADO.

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• 3.1 Estabilidade
• Configura-se pela pela convivência prolongada no tempo,
tendo esta relação afetiva uma feição não acidental, não
momentânea. (não há prazo mínimo de convivência)
• “ Confere-se, então, ao intérprete, causisticamente, a
tarefa de verificar se a união perdura por tempo
suficiente para a estabilidade familiar. E perceba-se que o
traço caracterizador da estabilidade é a convivência
prolongada no tempo, durante bons e maus momentos, a
repartição das alegrias e tristezas experimentadas
reciprocamente, a expectativa criada entre ambos de
alcançar projetos futuros comuns...”
• CHAVES, ob. Cit. P. 523
• 3.2 Continuidade

• Não se fala no sentido de perpetuidade, mas de solidez do


vínculo. Está atrelada ao sentido de estabilidade.
• “ Assim, a continuidade que se exige para caracterizar a
união estável é subjetiva, anímica. É a intenção das partes de
imprimir continuidade ao relacionamento, não se tratando
de uma mera relação transitória, independendo de tempo.
Até mesmo porque o amor não precisa de tempo...”
• CHAVES, ob. Cit. p. 524
• A instabilidade que pode dificultar a configuração da relação
afetiva como união estável é a fruto de rupturas constantes,
da quebra da vida em comum, tornando-se regra nesta
relação, retirando, assim, a intenção de viver como casados e
afetar os interesses de terceiros.
• 3.3 Publicidade
• “Para que exista união estável é necessário que a relação
afetiva seja pública.”
• CHAVES, ob.cit. P. 525
• Configura-se pelo comportamento notório, apresentando-se
aos olhos de todos como se casados fossem (nas reuniões
familiares, no meio social, sendo reconhecido por estes
como família). Sendo assim, relações furtivas, secretas,
misteriosas e clandestinas comprometem o ânimo de viver
em estado familiar.
• “Dessa maneira, não há que se erigir a publicidade a um
requisito mortal, excessivamente rigoroso. Os companheiros
podem manter uma vida discreta, apesar de sua união
estável não ser clandestina. Até porque não estão obrigados
a declarar em instrumento, público ou privado, ou mesmo
perante terceiros, a sua convivência afetiva.”
• 3.4 Ausência de impedimentos matrimoniais.
art.1.723, §1º.CC)
• Em regra, só pode ser caracterizada como união
estável a relação que puder ser convertida em
casamento. A exceção está no caso do separado
de fato (mitigação da aplicabilidade dos
impedimentos).
• Uma pessoa casada, porém já separada de fato,
passa a manter relação afetiva estável, é
possível configurar uma nova entidade familiar,
fazendo cessar os efeitos da união anterior.
• ATENÇÃO: As causas suspensivas não são óbice
à caracterização da união estável (art.1.723,
§2º.CC)
• 3.5 Affectio maritalis - intuito familiae
ou animus familiae
“ A união estável a merecer a proteção do
Estado é aquela moldada à semelhança
do casamento, na qual os conviventes
têm a indubitável intenção de constituir
família. “
MADALENO, Rolf. Ob.cit. P. 1102

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• Para que um relacionamento amoroso se
caracterize como união estável, não basta ser
duradouro e público, ainda que o casal venha,
circunstancialmente, a habitar a mesma
STJ: residência; é fundamental, para essa
caracterização, que haja a vontade ou o
compromisso pessoal e mútuo de constituir
família. - STJ
O intuito familiae (ânimo de constituir família)

- Elemento subjetivo;

Requisito principal para caracterização da união estável;

Firme intenção de viver como se casados fossem;

Também chamado de affectio maritalis, é o que distingue a união estável de outras figuras afins,
como o namoro, por exemplo;

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- Algumas hipóteses de meio de prova: soma de
projetos afetivos, pessoais e patrimoniais, de
empreendimentos financeiros com esforço
comum, de contas conjuntas bancárias,
declarações de dependência em imposto de
renda, em planos de saúde e em entidades
previdenciárias, a frequência em eventos sociais
e familiares...
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“Não se enquadra no modelo de entidade familiar
a convivência de homem e mulher, mesmo
mantendo relacionamento íntimo, mas que
Importante coabitem em função de interesses econômico,
dividindo uma residência ou uma república de
1: União estudantes, ou partilhem um escritório por
estável objetivos profissionais.”

versus OLIVEIRA, Euclides de. União estável, do


concubinato ao casamento, antes e depois do
namoro novo Código Civil. 6ª. Ed. Método, 2003, p.133.
qualificado

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• RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO DE
UNIÃO ESTÁVEL - IMPROCEDÊNCIA - RELAÇÃO DE NAMORO QUE NÃO
SE TRANSMUDOU EM UNIÃO ESTÁVEL EM RAZÃO DA DEDICAÇÃO E
SOLIDARIEDADE PRESTADA PELA RECORRENTE AO NAMORADO,
DURANTE O TRATAMENTO DA DOENÇA QUE ACARRETOU SUA MORTE -
AUSÊNCIA DO INTUITO DE CONSTITUIR FAMÍLIA - MODIFICAÇÃO DOS
ELEMENTOS FÁTICOS-PROBATÓRIOS - IMPOSSIBILIDADE - INCIDÊNCIA
DO ENUNCIADO N. 7/STJ - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - Na
hipótese dos autos, as Instâncias ordinárias, com esteio nos elementos fáticos-
probatórios, concluíram, de forma uníssona, que o relacionamento vivido entre a
ora recorrente, F. F., e o de cujus, L., não consubstanciou entidade familiar, na
modalidade união estável, não ultrapassando, na verdade, do estágio de
namoro, que se estreitou, tão-somente, em razão da doença que acometeu L.; II
- Efetivamente, no tocante ao período compreendido entre 1998 e final de 1999,
não se infere do comportamento destes, tal como delineado pelas Instâncias
ordinárias, qualquer projeção no meio social de que a relação por eles vivida
conservava contornos (sequer resquícios, na verdade), de uma entidade familiar.
Não se pode compreender como entidade familiar uma relação em que não se
denota posse do estado de casado, qualquer comunhão de esforços,
solidariedade, lealdade (conceito que abrange "franqueza, consideração,
sinceridade, informação e, sem dúvida, fidelidade", ut REsp 1157273/RN,
Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJe 07/06/2010), além do exíguo tempo, o
qual também não se pode reputar de duradouro, tampouco, de contínuo;
• III - Após o conhecimento da doença (final de 1999 e julho de 2001), L. e F. F. passaram a
residir, em São Paulo, na casa do pai de L., sem que a relação transmudasse para uma união
estável, já que ausente, ainda, a intenção de constituir família. Na verdade, ainda que a
habitação comum revele um indício caracterizador da affectio maritalis, sua ausência ou
presença não consubstancia fator decisivo ao reconhecimento da citada entidade familiar,
devendo encontrar-se presentes, necessariamente, outros relevantes elementos que denotem o
imprescindível intuito de constituir uma família; IV - No ponto, segundo as razões veiculadas no
presente recurso especial, o plano de constituir família encontrar-se-ia evidenciado na prova
testemunhal, bem como pelo armazenamento de sêmen com a finalidade única de, com a
recorrente, procriar. Entretanto, tal assertiva não encontrou qualquer respaldo na prova
produzida nos autos, tomada em seu conjunto, sendo certo, inclusive, conforme deixaram
assente as Instâncias ordinárias, de forma uníssona, que tal procedimento (armazenamento de
sêmen) é inerente ao tratamento daqueles que se submetem à quimioterapia, ante o risco
subseqüente da infertilidade. Não houve, portanto, qualquer declaração por parte de L. ou
indicação (ou mesmo indícios) de que tal material fosse, em alguma oportunidade, destinado à
inseminação da ora recorrente, como sugere em suas razões. Bem de ver, assim, que as
razões recursais, em confronto com a fundamentação do acórdão recorrido, prendem-se a uma
perspectiva de reexame de matéria de fato e prova, providência inadmissível na via eleita, a
teor do enunciado 7 da Súmula desta Corte; V - Efetivamente, a dedicação e a solidariedade
prestadas pela ora recorrente ao namorado L., ponto incontroverso nos autos, por si só, não
tem o condão de transmudar a relação de namoro para a de união estável, assim compreendida
como unidade familiar. Revela-se imprescindível, para tanto, a presença inequívoca do intuito
de constituir uma família, de ambas as partes, desiderato, contudo, que não se infere das
condutas e dos comportamentos exteriorizados por L., bem como pela própria recorrente,
devidamente delineados pelas Instâncias ordinárias; VI - Recurso Especial improvido.
• DIREITO CIVIL. DEFINIÇÃO DE PROPÓSITO DE CONSTITUIR FAMÍLIA PARA
EFEITO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL.
O fato de namorados projetarem constituir família no futuro não
caracteriza união estável, ainda que haja coabitação. Isso porque essas
circunstâncias não bastam à verificação da affectio maritalis. O propósito de
constituir família, alçado pela lei de regência como requisito essencial à
constituição da união estável – a distinguir, inclusive, esta entidade familiar
do denominado “namoro qualificado” –, não consubstancia mera
proclamação, para o futuro, da intenção de constituir uma família. É mais
abrangente. Deve se afigurar presente durante toda a convivência, a partir
do efetivo compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e material
entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato, estar constituída.
Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável
(ainda que possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício). A
coabitação entre namorados, a propósito, afigura-se absolutamente usual
nos tempos atuais, impondo-se ao Direito, longe das críticas e dos estigmas,
adequar-se à realidade social. Por oportuno, convém ressaltar que existe
precedente do STJ no qual, a despeito da coabitação entre os namorados,
por contingências da vida, inclusive com o consequente fortalecimento da
relação, reconheceu-se inexistente a união estável, justamente em virtude da
não configuração do animus maritalis (REsp 1.257.819-SP, Terceira Turma,
DJe 15/12/2011).REsp 1.454.643-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 3/3/2015, DJe 10/3/2015.
• “ A só existência de um filho comum não significa o
reconhecimento automático da vontade de formar
uma família, porque a prole pode ter vindo por
descuido dos namorados ou ficantes, ou pelo desejo
parental de um dos parceiros. Lembra Victor Reina
que a simples cópula não é objeto do pacto de
constituição de uma família, seja ela matrimonial ou
Importante 2: de fato, já que o objeto formal do consentimento de
querer formar uma entidade familiar é típica relação
intersubjetiva, externada pela comunidade de vida,
da qual derivam e da qual são inerentes todos os
direitos e obrigações próprios de um vínculo real de
entidade familiar.”
• MADALENO, ob. Cit. P. 1103
• Súm 382 STF: “a vida em comum sob o
mesmo teto, ‘more uxorio’, não é
Importante: indispensável à caracterização do
concubinato”.

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• Se o casal, aduz Zeno Veloso, “mesmo morando
em locais diferente, assumiu uma relação
afetiva, se o homem e a mulher estão imbuídos
no ânimo firme de constituir família, se estão na
Importante3: posse do estado de casados, e se o círculo social
daquele par, pelo comportamento e atitudes
que os dois adotam, reconhece ali uma situação
com aparência de casamento, tem-se de admitir
a existência da união estável.”
“Realmente,como um fato social, a união estável é tão exposta ao
público como o casamento, em que os companheiros são conhecidos, no
local em que vivem, nos meios sociais, principalmente de sua
comunidade, junto aos fornecedores de produtos e serviços,
apresentando-se, enfim, como se casados fossem. Diz o povo, em sua
linguagem autêntica, que só falta aos companheiros ‘o papel passado’.
Essa convivência, como no casamento, existe com continuidade; os
companheiros não só se visitam, mas vivem juntos, participam um da
vida do outro, sem termo marcado para se separarem.”

Álvaro Villaça de Azevedo

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“Trata-se de um negócio celebrado por
duas pessoas que mantêm
relacionamento amoroso – namoro, na
linguagem comum – e que pretendem,
8. Contrato de por meio da assinatura de um
documento, a ser arquivado em cartório
Namoro afastar os efeitos da união estável.”
Stolze, ob.cit., p. 431
É válido esta espécie de negócio jurídico
(contrato de namoro)????

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IMPORTANTE:
Pois bem, conquanto seja absolutamente possível a celebração de um contrato de namoro (porque a
lei não exige forma prescrita em lei e porque o objeto não é ilícito), não conseguirão as partes
impedir eventual caracterização de uma união estável, cuja configuração decorre de elementos
fáticos, não podendo ser bloqueada por um negócio jurídico.
Significa dizer: a avença (contrato de namoro) não consegue garantir o escopo almejado, que seria
impedir a caracterização da união estável. Enfim, é válido, mas inidôneo, para o fim alvitrado.
(FARIAS, 2016, p. 505-506)

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Sem prejuízo da diferenciação em relação ao
namoro, a união estável, por igual fundamento,
não se confunde com o noivado. [...] na união
estável a família é presente; no noivado a família
União é futura, havendo planejamento para sua
concretização em posterior momento.
Estável
versus (TARTUCE, 2014, p. 295)
Noivado

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4. Concubinato
art.1.727, CC
• Comunhão de leito
• Cum (com) cubare(dormir)
• Concubinatus, significando a
companhia da cama
• Conceito: Concubinato é a
relação não familiar, entre
pessoas que não podem
casar, em razão de algum
impedimento matrimonial.

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Ao concubinato não confere efeitos jurídicos
familiares, como o direito aos alimentos, à
herança, à habitação, dentre outros.
Restrição aos efeitos patrimoniais;

Único efeito a favor da concubina é o direito a


partilha do patrimônio adquirido, desde que
provado o esforço comum.
As questões se resolve em sede de direito
obrigacional (sociedade de fato)

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4. UNIÃO ESTÁVEL versus CONCUBINATO
4.1 CONCUBINATO PURO: O concubinato puro, é o que hoje denominado união estável, por força do
termo utilizado pela Carta Constitucional, trata-se de entidade familiar constituída entre
companheiros solteiros, viúvos, divorciados, separados (judicial ou extrajudicialmente, antes da
EC/66, 2010), e os separados de fato.
4.2 CONCUBINATO IMPURO: É a convivência estabelecida entre pessoas que são impedidas de casar
(art.1.521, CC), salvo o separado de fato. É como está disposto no art. 1.727 do CC, ao prever que
relações não eventuais entre impedidos de casar, constitui concubinato. Não é reconhecido como
entidade familiar, mas mera sociedade de fato. A competência para apreciar as questões envolvendo
o concubinato (ex: Ação de reconhecimento ou dissolução de sociedade de fato) é da Vara Cível.
Aplica-se a Súmula 380 do STF, onde determina que o concubino terá participação nos bens
adquiridos por esforço comum. Por óbvio, não tem direito à alimentos, à sucessão, e nem meação.

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UNIÃO ESTÁVEL CONCUBINATO
Constitui uma entidade familiar Não constitui entidade familiar, mas uma mera sociedade
(art. 226, § 3º, da CF/88). de fato.

Pode ser constituída por pessoas solteiras, viúvas, Será constituída entre pessoas casadas não separadas de
divorciadas ou separadas de fato, judicialmente ou fato, ou havendo impedimento matrimonial decorrente
extrajudicialmente. de parentesco ou crime.

As partes são denominadas companheiros ou As partes são chamadas de concubinos.


conviventes.

Há direito a meação patrimonial, direito a alimentos e Há direito à participação patrimonial em relação aos
direitos sucessórios. bens adquiridos pelo esforço comum(súm 380 STF).

Cabe eventual ação de reconhecimento e dissolução da Cabe ação de reconhecimento e dissolução de sociedade
união estável que corre na vara de família. de fato, que corre na vara cível.

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• IMPORTANTE: Os Tribunais Superiores,
STJ e STF, já tem se manifestado acerca
da concomitância do casamento, com
convivência conjugal, e de uma união
Casamento afetiva, (“estável”??), tem prevalecido
versus União o entendimento de não se admitir esta
relação concomitante, sendo
Estável ? caracterizada a união livre como
concubinato, não sendo estendido à
ela, os efeitos da união estável.

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É possível a convivência em união
estável simultânea, também
denominada de plúrima, paralela ,
múltipla ou desleal?
5. UNIÕES ESTÁVEIS
PLÚRIMAS OU
PARALELAS

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Processo REsp 1157273 / RN
RECURSO ESPECIAL
2009/0189223-0
• Direito Civil. Família. Paralelismo de uniões afetivas. Recurso especial. Ações de reconhecimento de uniões
estáveis concomitantes. Casamento válido dissolvido. Peculiaridades. - Sob a tônica dos arts. 1.723 e 1.724 do
CC/02, para a configuração da união estável como entidade familiar, devem estar presentes, na relação afetiva, os
seguintes requisitos: (i) dualidade de sexos; (ii) publicidade; (iii) continuidade; (iv) durabilidade; (v) objetivo de
constituição de família; (vi) ausência de impedimentos para o casamento, ressalvadas as hipóteses de separação de fato
ou judicial; (vii) observância dos deveres de lealdade, respeito e assistência, bem como de guarda, sustento e educação
dos filhos. - A análise dos requisitos ínsitos à união estável deve centrar-se na conjunção de fatores presente em cada
hipótese, como a affectio societatis familiar, a participação de esforços, a posse do estado de casado, a continuidade da
união, a fidelidade, entre outros. - A despeito do reconhecimento ? na dicção do acórdão recorrido ? da ?união estável?
entre o falecido e sua ex-mulher, em concomitância com união estável preexistente, por ele mantida com a recorrente,
certo é que já havia se operado ? entre os ex-cônjuges ? a dissolução do casamento válido pelo divórcio, nos termos do
art. 1.571, § 1º, do CC/02, rompendo-se, em definitivo, os laços matrimoniais outrora existentes entre ambos. A
continuidade da relação, sob a roupagem de união estável, não se enquadra nos moldes da norma civil vigente ? art.
1.724 do CC/02 ?, porquanto esse relacionamento encontra obstáculo intransponível no dever de lealdade a ser
observado entre os companheiros. - O dever de lealdade ?implica franqueza, consideração, sinceridade, informação e,
sem dúvida, fidelidade. Numa relação afetiva entre homem e mulher, necessariamente monogâmica, constitutiva de
família, além de um dever jurídico, a fidelidade é requisito natural? (Veloso, Zeno apud Ponzoni, Laura de Toledo.
Famílias simultâneas: união estável e concubinato. Disponível em http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=461. Acesso
em abril de 2010).

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40 • - Uma sociedade que apresenta como elemento estrutural a monogamia não pode
atenuar o dever de fidelidade ? que integra o conceito de lealdade ? para o fim de inserir
no âmbito do Direito de Família relações afetivas paralelas e, por consequência,
desleais, sem descurar que o núcleo familiar contemporâneo tem como escopo a busca
da realização de seus integrantes, vale dizer, a busca da felicidade. - As uniões afetivas
plúrimas, múltiplas, simultâneas e paralelas têm ornado o cenário fático dos processos
de família, com os mais inusitados arranjos, entre eles, aqueles em que um sujeito
direciona seu afeto para um, dois, ou mais outros sujeitos, formando núcleos distintos e
concomitantes, muitas vezes colidentes em seus interesses. - Ao analisar as lides que
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apresentam paralelismo afetivo, deve o juiz, atento às peculiaridades multifacetadas


apresentadas em cada caso, decidir com base na dignidade da pessoa humana, na
solidariedade, na afetividade, na busca da felicidade, na liberdade, na igualdade, bem
assim, com redobrada atenção ao primado da monogamia, com os pés fincados no
princípio da eticidade. - Emprestar aos novos arranjos familiares, de uma forma linear, os
efeitos jurídicos inerentes à união estável, implicaria julgar contra o que dispõe a lei; isso
porque o art. 1.727 do CC/02 regulou, em sua esfera de abrangência, as relações
afetivas não eventuais em que se fazem presentes impedimentos para casar, de forma
que só podem constituir concubinato os relacionamentos paralelos a casamento ou
união estável pré e coexistente. Recurso especial provido.
• A fidelidade é parte do dever de respeito e
lealdade entre os companheiros, ainda que não
http://www.conjur.com.br/2014-mai- seja requisito expresso na legislação para
22/stj-nega-reconhecimento-uniao-
estavel-falta-fidelidade configuração da união estável. A conclusão é da 3ª
Turma do Superior Tribunal de Justiça, que negou o
reconhecimento de união estável porque o homem
mantinha outro relacionamento.

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“Como também ocorre nas uniões
conjugais, o vínculo entre os
companheiros deve ser único, em face do
caráter monogâmico da relação. Não se
admite que a pessoa casada, não Carlos Roberto Gonçalves
separada de fato, venha a constituir
união estável, nem que aquela que
convive com um companheiro venha
constituir outra união estável. ”

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 42


43 • A Turma, ao prosseguir o julgamento, deu provimento ao recurso especial e
estabeleceu ser impossível, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio, conferir
proteção jurídica a uniões estáveis paralelas. Segundo o Min. Relator, o art. 226 da
CF/1988, ao enumerar as diversas formas de entidade familiar, traça um rol
exemplificativo, adotando uma pluralidade meramente qualitativa, e não quantitativa,
deixando a cargo do legislador ordinário a disciplina conceitual de cada instituto – a da
união estável encontra-se nos arts. 1.723 e 1.727 do CC/2002. Nesse contexto,
asseverou que o requisito da exclusividade de relacionamento sólido é condição de
existência jurídica da união estável nos termos da parte final do § 1º do art. 1.723 do
Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto

mesmo código. Consignou que o maior óbice ao reconhecimento desse instituto não
é a existência de matrimônio, mas a concomitância de outra relação afetiva fática
duradoura (convivência de fato) – até porque, havendo separação de fato, nem
mesmo o casamento constituiria impedimento à caracterização da união estável –, daí
a inviabilidade de declarar o referido paralelismo. Precedentes citados: REsp 789.293-
RJ, DJ 20/3/2006, e REsp 1.157.273-RN, DJe 7/6/2010. REsp 912.926-RS, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 22/2/2011.
6. UNIÃO POLIAFETIVA ( ou POLIAMORISMO)

O Poliamorismo ou poliamor é o
termo que advém de uma teoria
psicológica que admite a
possibilidade de coexistirem duas ou
mais relações afetivas paralelas, em
que os partícipes se conhecem e se
aceitam uma aos outros, é uma
relação múltipla e aberta.

 VER: https://www.cnj.jus.br/cartorios-sao-
proibidos-de-fazer-escrituras-publicas-de-
relacoes-poliafetivas/

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7.1 ART.1.724, CC: Deveres dos companheiros (ou conviventes)
 Não existe a obrigação de conviverem sob o mesmo teto, está é
dispensável, sendo aplicada a Súmula 382, do STF.
7.2 ART. 1.595, CC: gera o parentesco por afinidade
7.3 ART.1.725,CC: Direitos patrimoniais: Na ausência de um contrato
7. EFEITOS escrito (contrato de convivência- pacto firmado entre os
companheiros, por meio do qual são disciplinados os efeitos
patrimoniais da união, a exemplo da adoção de regime de bens
PESSOAIS E diverso daquele estabelecido por lei ) a disciplinar o patrimônio,
aplica-se à união estável o regime da comunhão parcial de bens,
tendo nesta hipótese o legislador também criado um regime legal
PATRIMONIAIS ou supletivo à união estável, assim como fez com o casamento.
ATENÇÃO: A lei não exige que o contrato de convivência tenha que
DA UNIÃO ser feito através de instrumento público, sendo assim para operar
efeitos entre as partes (conviventes) pode ser feito por
instrumento particular, porém, para ter efeito erga omnes precisa
ESTÁVEL revestir-se da forma pública
Contrato de Convivência

• “ Pela via do contrato de convivência, os integrantes de uma união estável


promovem a autorregulação do seu relacionamento, no plano econômico
e existencial, e a contratação escrita do relacionamento de união estável
não representa a validade indiscutível da convivência estável, porque o
documento escrito pelos conviventes está condicionado à correspondência
fática da entidade familiar e dos pressupostos de reconhecimento (CC,
art.1.521), porque não pode constituir uma união estável quem não pode
casar, com as ressalvas do § 1º. do artigo 1.723 do Código Civil.
• Inegável, contudo, a utilidade do contrato de convivência como
instrumento de prova da união estável, atestado por testemunhas se
realizado por instrumento particular, e dispensadas as testemunhas se
formalizado por instrumento público, podendo o contrato ser levado a
registro no Cartório de Títulos e Documentos, para conhecimento de
terceiros (art. 127 da Lei 6.015\1973)” (MADALENO, p. 1119)

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 46


Em outras palavras, o denominado
contrato de convivência traduz
GAGLIANO, Pablo Stolze. Manual de
verdadeiro pacto firmado entre os
Direito Civil; volume único/Pablo
companheiros, por meio do qual são
Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona
disciplinados os efeitos patrimoniais
Filho – São Paulo: Saraiva, 2017. p.
da união, a exemplo da adoção de
1301
regime de bens diverso daquele
estabelecido por lei.

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 47


Importante:

“O contrato de convivência não tem força


para criar a união estável, e, assim, tem a sua
eficácia condicionada à caracterização, pelas
circunstâncias fáticas, da entidade familiar em
CAHALI, apud GAGLIANO, Manual de Direito
razão do comportamento das partes. Vale
Civil
dizer, a união estável apresenta-se como
condition juris ao pacto, de tal sorte que, se
aquela inexistir, a convenção não produz os
efeitos nela projetados.”

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 48


Quem vive em união estável precisa, ou
não, de consentimento do companheiro
para a prática daqueles atos previstos em
lei (CC, art. 1.647)?

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 49


1- bem particular: A norma do art. 1.647, é restritiva de
direitos, portanto só é aplicável ao casamento.
2 – bem comum: Por força do art. 1.725, do CC, o bem
adquirido à título oneroso por um dos companheiros, na
constância da união estável, trata-se de bem comum,
portanto a alienação ou hipoteca deste dependerá da
vontade de ambos, sob pena de invalidade do ato. O
negócio realizado sem autorização do companheiro será
válido se o terceiro estava de boa-fé (não tinha
conhecimento da união estável), neste caso o
companheiro preterido poderá reclamar a sua meação,
do seu comunheiro/alienante (em ação própria, ou no
momento da dissolução). Ficando, assim, assegurado ao
companheiro prejudicado o direito de regresso contra o
outro que dilapidou o patrimônio comum.
**C.R. Gonçalves e Zeno Veloso defendem que a
necessidade de anuência do convivente existe em
relação a qualquer bem.
• A invalidação da alienação de imóvel comum, fundada na falta de
consentimento do companheiro, dependerá da publicidade conferida
51 à união estável, mediante a averbação de contrato de convivência ou
da decisão declaratória da existência de união estável no Ofício do
Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da
demonstração de má-fé do adquirente. [...] Todavia, levando-se em
consideração os interesses de terceiros de boa-fé, bem como a
segurança jurídica necessária para o fomento do comércio jurídico, os
Informativo 0554/STJ - efeitos da inobservância da autorização conjugal em sede de união
estável dependerão, para a sua produção (ou seja, para a eventual
DIREITO CIVIL. anulação da alienação do imóvel que integra o patrimônio comum) da
existência de uma prévia e ampla notoriedade dessa união
ALIENAÇÃO, SEM estável.[...] Em outras palavras, nas hipóteses em que os conviventes
tornem pública e notória a sua relação, mediante averbação, no registro
de imóveis em que cadastrados os bens comuns, do contrato de
CONSENTIMENTO DO convivência ou da decisão declaratória da existência da união
estável, não se poderá considerar o terceiro adquirente do bem como
COMPANHEIRO, DE de boa-fé, assim como não seria considerado caso se estivesse diante
da venda de bem imóvel no curso do casamento. Contrariamente, não
BEM IMÓVEL havendo o referido registro da relação na matrícula dos imóveis
comuns, ou não se demonstrando a má-fé do adquirente, deve-se
ADQUIRIDO NA presumir a sua boa-fé, não sendo possível a invalidação do negócio que,
à aparência, foi higidamente celebrado. Por fim, não se olvide que o
CONSTÂNCIA direito do companheiro prejudicado pela alienação de bem que
integrava o patrimônio comum remanesce sobre o valor obtido com a
DA UNIÃO ESTÁVEL. alienação, o que deverá ser objeto de análise em ação própria em que
se discuta acerca da partilha do patrimônio do casal. REsp 1.424.275-
MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/12/2014, DJe
16/12/2014.
A imposição do art.1.641, do CC, ao casamento
também é estendida à união estável?

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 52


• Na União Estável não incide o regime de separação
obrigatória de bens, pois não incidem as causas
suspensivas na relação convivencial (art.1.523, CC)
• Porém, o STJ, vem firmando entendimento de que é
aplicável o regime da separação obrigatória em caso
de idade, assim como ocorre no casamento,
estendendo às uniões estáveis, as mesmas restrições
impostas ao casamento, por força do art. 1.641, do
CC. (vide Informativo n.459, STJ, 07/12/2010; Resp
646.259\RS, Resp 1.090.722\SP, Resp 736.627\PR e
Resp 1.171.820\PR)
• Não há unanimidade na doutrina.
• Contrários à aplicação do art. 1.641: Stolze, Tartuce,
Chaves
• Concordam com a aplicação: Gonçalves, Zeno
Veloso.
• O julgado é aplicado aos casos de união estável
de pessoas maiores de 70 anos que se casassem
A Segunda Seção do STJ estariam submetidas por lei ao regime da
firmou entendimento no separação, ressalte-se que aos conviventes o STJ
sentido de que na dissolução entendeu que não se aplica os efeitos da Súmula
de união estável mantida sob 377 do STF, sendo assim a partilha sobre bens só
ocorrerá provado o esforço comum.
o regime de separação
obrigatória de bens – isto é, • O relator, Ministro Raul Araújo, citando precedente
por imposição legal (artigo da Quarta Turma do STJ, esclareceu que deve ser
observada à idade dos companheiros para
1.641 do Código Civil) – a considerar qual o regime de bens adotado, do
divisão do que foi adquirido mesmo modo que ocorre no casamento. Desse
onerosamente na constância modo, considerou que a presunção legal do
da relação dependerá de esforço comum, prevista na Lei 9.278/96, que
prova do esforço comum.. regulamentou a união estável, não pode ser
aplicada sem observância da exceção relacionada
à convivência de pessoas maiores de 70 anos (na
vigência do Código Civil de 2002) e de homens
com mais de 60 anos e mulheres com mais de 50
anos (na vigência do Código Civil de 1916.

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 54


http://www.ibdfam.org.br/noticias/6108/CPC+2015%3A+
estado+civil+de+convivente%3F

Estado civil de
convivente?
(novo CPC)
Outorga convivencial: art.73, §3º. , NCPC.

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9. . Objetivo: simplificar a celebração de casamento das pessoas
CONVERSÃO DA que já vivem em união estável

UNIÃO ESTÁVEL
EM
CASAMENTO
(art.226, § 3º. Inconstitucionalidade do art. 1.726, CC: a norma
constitucional manda facilitar a conversão da união estável
CF, art.1.726, em casamento, porém o CC tornou o procedimento mais
complexo e difícil, pois exige requerimento ao juiz, presença
CC) de advogado e pagamento de custas processuais e
honorários advocatícios.

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 56


• Procedimento: Pedido judicial (a procedência
dependerá da comprovação de inexistência de
impedimentos matrimoniais) formulado por
ambos os companheiros, o juiz dispensará a
cerimônia de celebração.
• Efeitos pessoais: retrooperantes, devendo ser
considerado casamento desde o início da
convivência
• Efeitos patrimoniais: ex nunc, mantendo-se os
efeitos patrimoniais da união estável até a data
da celebração do casamento.
• Ceará: ver Provimento 06/2010, TJCE
“Por ser uma união informal, finda-se
naturalmente, sem ter nenhum ato
jurídico a dissolver: ‘sua causa é
11. Da objetiva, fundada exclusivamente na
dissolução separação de fato’”.
da união Maluf, Carlos Alberto Dabus. Curso de Direito de
Família. Carlos Alberto Dabus\Adriana Caldas do
estável Rego Freitas Dabus Maluf. São Paulo. Saraiva,
2013. p. 400

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• A união estável pode ser dissolvida por acordo
entre as partes; por decisão judicial, dispondo a
respeito da partilha dos bens comuns, dos
alimentos, da guarda dos filhos, ou, ainda, pela
morte de um dos companheiros.

Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 59


• A dissolução (em vida) da união estável pode
ser:
• a) amigável, pode ser escrita, ou não (a união
estável se concretiza e se desfaz no plano dos
fatos)
• b) litigiosa: necessariamente requer ação
ordinária para declarar o término da união
estável, caso em que o juiz decidirá sobre a
guarda dos filhos, o valor da pensão alimentícia,
e a divisão dos bens comuns, tendo em vista as
normas legais do regime da comunhão parcial
ou do pacto avençado entre as partes.
Direito de Família - Semestre 2020.1 Profa. Osvânia Pinto 61
• A coabitação não é elemento indispensável à
62 caracterização da união estável.
• A vara de família é a competente para apreciar e julgar
pedido de reconhecimento e dissolução de união estável
homoafetiva.
• Não é possível o reconhecimento de uniões estáveis
simultâneas.
• A existência de casamento válido não obsta o
reconhecimento da união estável, desde que haja
Jurisprudência •
separação de fato ou judicial entre os casados.
Na união estável de pessoa maior de setenta anos (artigo
em tese 1.641, II, do CC/02), impõe-se o regime da separação
obrigatória, sendo possível a partilha de bens adquiridos na

STJ constância da relação, desde que comprovado o esforço


comum (não se aplica Sumula 377, STF).
• São incomunicáveis os bens particulares adquiridos
anteriormente à união estável ou ao casamento sob o
regime de comunhão parcial, ainda que a transcrição no
registro imobiliário ocorra na constância da relação.

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