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DOUTO JUÍZO DE UMA DAS VARAS DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE

DUARTINA ESTADO DE SÃO PAULO

INÁCIO RICARDO FILHO, brasileiro, viúvo, portador da cédula de identidade


RG 13.910.986 e do CPF 484.343.618-68, com endereço à Rua Irineo
Zaninotto, n° 16F, Parque Residencial Santa Luzia, na idade de Duartina, CEP
17470-086 por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 1.723 do Código Civil,
ajuizar a presente: AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL
(PÓS-MORTE) em face de MARIA ANGELA PIMENTEL pessoa física, portadora
da cédula de identidade (nº desconhecida) e inscrita no CPF nº, residente e
domiciliada na Rua Irineo Zaninotto n° 16, Parque Residencial Santa Luzia, na
cidade de Duartina/SP, CEP 17470-086.

em razão do falecimento da Sr. Irany Marcelina de Jesus Junqueira,


brasileira, profissão, convivente em união estável, à Rua Irineo Zaninotto, n°
16F, Parque Residencial Santa Luzia, na idade de Duartina, CEP 17470-086,
CPF sob o nº 126.992.308-04, falecida em 03/12/2020, conforme certidão de
óbito anexa.

DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente, declara, com fundamento no artigo 5º, inciso LXXIV, da


Constituição Federal e na Lei nº 1.060/50, que não possui condições
financeiras para arcar com as custas judiciais e demais despesas
processuais, sem que isto acarrete sérios prejuízos a seu sustento e de sua
família, conforme Certidão de Hipossuficiência anexa, razão pela qual
requer a Vossa Excelência o deferimento da gratuidade judiciária.

DA FALECIDA

Irany Marcelina de Jesus Junqueira, brasileira, portadora da cédula de


identidade RG nº 5.038.533-SSP-SP, inscrita no CPF/MF sob nº 126.992.308-04,
convivia em união estável, falecida em 03 de dezembro de 2020, conforme
certidão de óbito anexa.

BREVE SÍNTESE DOS FATOS

O autor conviveu maritalmente com a senhora Irany Marcelina de Jesus


Junqueira no período compreendido de janeiro de 2004 a dezembro de
2020, ocasião em que veio a Sr. Irany a falecer. Desse modo, por mais de 16
(dezesseis) anos conviveram sob o ângulo jurídico de união estável, período
esse que colaborou firmemente na formação do patrimônio do casal.

O rompimento da união se deu unicamente em decorrência do falecimento


da citada senhora.

Durante o matrimônio, sempre mantiveram um convívio de união estável,


como se casados fossem, com afetividade mútua, demonstrando
estabilidade no relacionamento e com propósito de uma vida em comum,
sendo a referida convivência pública e contínua, estabelecida com objetivo
de constituição de família e era conhecida de todos os seus familiares,
vizinhos e amigos, conforme documentos em anexo.

União esta, que pode ser comprovada através de testemunhas, bem como
dos documentos, demonstrando a todo tempo do convívio que a
afetividade era mútua, concretizando a estabilidade no relacionamento.

Vejamos Excelência algumas fotos do casal nessas quase duas décadas de


convivência:
O casal não formalizou a união antes do falecimento da de cujus. Porém,
viviam, imprimindo à sociedade de que constituíam uma nítida família
conjugal, pois organizada nos moldes do casamento tradicional, apenas
que subtraída da prévia formalidade de sua pública celebração.

Por fim, a referida união persistiu até o falecimento de sua companheira, em


03/12/2020.

Diante de todo o exposto, o requerente pleiteia o reconhecimento de sua


união estável para que produza todos os efeitos legais.

DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL

Embora, não fossem casados, os mesmos viviam a mais de 16 (dezesseis)


anos no regime de união estável, sendo que durante esse período,
adquiriram bens, que hoje devem ser adjudicados, sendo resguardado o
direito do Autor.

Sobre a União Estável cumpre anotar o disposto no artigo 1º, da Lei nº


9.278/96:

Art. 1º. “É reconhecida como entidade familiar a


convivência duradoura, pública e contínua, de um
homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de
constituição de família."

A Constituição federal no artigo 226 protege a união estável, consignado


que:

"Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial


proteção do Estado.

(...)

§ 3º. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a


união estável entre o homem e a mulher como entidade
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento.

(...)

O código civil dispõe claramente os requisitos para o reconhecimento de


união estável:

Art. 1.723: “é reconhecida como entidade familiar a união


estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública contínua e duradora estabelecida
com o objetivo de constituição de família.”

Conforme narrado nos fatos, o autor e o falecida conviveram pública e


socialmente com se marido e mulher fossem, desde 2004, enquadrando-se
nos moldes do art. 1723 do CC.

Isto é, era uma relação, baseado no afeto, companheirismo, onde ambos se


tratavam como marido e mulher, durante (período da relação) residiam
juntos, tinham uma convivência pública, fato comprovado pelas fotos
postadas nas redes sociais, assim como, relação continua e duradoura.

Ou seja, trata-se de motivos suficientes para demonstrar a existência de


união estável, conforme precedentes sobre o tema:

“APELAÇÃO. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL


POST MORTEM. RECONHECIDA. I - Da conjunção dos artigos 226,
§ 3º da Constituição Federal e 1.723 do Código Civil, extrai-se
que a união estável é a relação afetivo-amorosa entre duas
pessoas não impedidas de casar entre si, com estabilidade e
durabilidade, vivendo sob o mesmo teto ou não, com a
intenção de constituir uma família, sem o vínculo matrimonial. II -
No caso em apreço conclui-se que houve união estável entre as
partes, durante os anos de 2009 a 2015, restando presentes
todos os requisitos necessários para tanto. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.(TJ-GO - APL:
02896600520158090152, Relator: CARLOS ROBERTO FAVARO,
Data de Julgamento: 03/04/2019, 1ª Câmara Cível, Data de
Publicação: DJ de 03/04/2019.”

“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E


DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. CONVIVÊNCIA
PÚBLICA, CONTINUA E DURADOURA COM O OBJETIVO DE
CONSTITUIR FAMÍLIA. COMPROVADA. UNIÃO ESTÁVEL
RECONHECIDA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Para que seja
reconhecida a existência de união estável, imperiosa se faz a
comprovação da convivência pública, contínua e duradoura,
com o objetivo de constituição de família, na forma exigida
pelo artigo 1.723 do Código Civil. 2. Constatado, do acervo
probatório constante dos autos, que houve efetiva
demonstração da affectio maritalis, caracterizada pela
convivência pública e duradoura dos conviventes, como se
fossem marido e mulher, inclusive com prole em comum, deve
ser reconhecida a existência de união estável post mortem. 3.
Recurso de Apelação conhecido e não provido. (TJ-DF
00070162520178070006 - Segredo de Justiça
0007016-25.2017.8.07.0006, Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA, Data de
Julgamento: 20/05/2020, 8ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE: 03/06/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.”

Assim, a união estável ocorreu entre o Autor e a falecida, na forma livre em


relacionamento público, duradouro e contínuo com o objetivo de
constituição de família. Deve ter aparência de casamento e revestida de
estabilidade. Exige-se dos companheiros, tal como no casamento, lealdade
e fidelidade. Este é o espírito da lei 9.278/96, aplicável ao caso.

Ora, é inegável que a situação em análise subsume-se perfeitamente ao


que foi apresentado, eis que os conviventes mantêm relacionamento com
“animus” de família, há mais de 16 (dezesseis) anos.

Excelência, desde de o início da aquisição dos aludidos bens pelo casal,


quem ajudou arcar com as despesas foi o próprio Autor, inclusive com o
pagamento de impostos, taxas, conta de água, conta de força e telefonia.

Ademais, os documentos juntados, e os que serão posteriormente anexados,


bem como, os depoimento das testemunhas futuramente arroladas
comprovará a existência da entidade familiar entre os conviventes.

DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer:

i. Seja julgada procedente a presente ação, sendo declarado o


reconhecimento da união estável do Autor com a falecida Sr. Irany
Marcelina de Jesus Junqueira, com termo inicial na data de 03/01/2004 e
termo final em 03/12/2020 (data da morte), para que produza seus jurídicos
e legais efeitos;

ii. A intimação do ilustre representante do Ministério Público para que


acompanhe o feito;

iii. A citação da única herdeira, do “de cujus”, que no caso é sua sobrinha,
para que caso queira, apresente no prazo de 15 dias, a contestação;

iv. Finalmente, requer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, vez


que o autor se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme
declaração anexa;

v. Protesta por todos os meios de prova em Direito admitidos, inclusive


juntada de documentos aos autos do processo, depoimento pessoal do
autor, oitiva de testemunhas abaixo arroladas e todas as provas que
venham a se fazer necessárias no curso do processo.

Requer que as futuras publicações sejam realizadas em nome de ambos os


advogados LEANDRO GOMES DE MELO OAB/SP nº 263.937 e
CAROLINE OLIVEIRA SOARES OAB/SP nº 463.409 o qual substabeleço com
iguais reserva de poderes no momento, sob pena de nulidade.

Dá-se ao pleito o valor de R$ 1.100,00 (mil e cem reais), para fins meramente
fiscais.

ROL DE TESTEMUNHA

1. Natalina Aparecida de Souza CPF:265992098/23, end: Rua Ambrad


Chames n° 201, Duartina/SP CEP 17470-000.
2. João Gouveia Filho CPF: 959328288/20, end: Celço Cardio n° 336 , Villa
Macillio, Duartina/SP CEP 17470-000.

Termos em que,
Pede deferimento.

Fernão/SP, 02 de maio de 2023

LEANDRO GOMES DE MELO CAROLINE OLIVEIRA SOARES


OAB/SP nº 263.937 OAB/SP nº 463.409

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