Você está na página 1de 4

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO DA VARA

DE FAMÍLIA DA COMARCA DE RONDONÓPOLIS/MT

ANTONIA SILVA SOUZA, brasileira, divorciada, doméstica, pessoa física regularmente


inscrita no RG 0000-00 SSP/MT e no CPF 000,000,000-00, residente e domiciliada na Rua
Rio Branco, Casa 1018, Bairro Monte Libano, CEP 78710-265, vem respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, por seus procuradores subscritos, propor a presente:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM

Em face dos herdeiros de JOAQUIM OLIVEIRA MARTINS, inscrito no CPF sob n°


000.000.111-22 e RG 11111-22, falecido em 12 de janeiro de 2023, conforme certidão de
óbito anexa.

(HERDEIROS QUE COMPOEM O POLO PASSIVO)

AMARA OLIVEIRA DUARTE, inscrita no CPF sob n° 111.000.001-00, residente e


domiciliada na Rua Dom Pedro II, Casa 803, Bairro Vila Aurora.
JOÃO MARCOS OLIVEIRA DUARTE, inscrito no CPF sob n° 333.000.001-00, residente e
domiciliado na Rua Dom Pedro II, Casa 803, Bairro Vila Aurora.

PRELIMINARMENTE

I. DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA


Cumpre inicialmente destacar que a autora, não possui condições de arcar com as custas
processuais e honorários advocatícios, sem comprometer o seu orçamento familiar, conforme
declaração de hipossuficiência (doc.), razão pela qual requer os benefícios da justiça gratuita,
na forma do art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC) e do inciso LXXIV do
artigo 5° da Constituição Federal (CRFB/88).

II. DOS FATOS


A requerente e o falecido Senhor Joaquim Oliveira Martins, conviveram em União Estável
quase 8 (oito) anos, sendo referida convivência pública e contínua, estabelecida com objetivo
de constituição de família, a relação era bem aceita pelos filhos de ambos, fruto de
relacionamentos anteriores.
O casal não formalizou a união estável antes do falecimento do de cujos, entretanto, não era
questão relevante para ambos, pois tinham comprometimento, companheirismo, deveres e
obrigações que todo casal possui.
Ao longo do relacionamento, não construíram bens comuns, ambos trabalhavam, o que
somava para o sustento do casal, sendo o de cujos com renda maior e fixa.
Contudo, viviam nos moldes da família tradicional, apenas subtraída das prévias
formalidades de uma união, por este fato, requer o reconhecimento.

III. DO DIREITO
O Código Civil dispõe claramente os requisitos para o reconhecimento da União Estável:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
Conforme relatado, a Autora e o falecido conviveram pública e socialmente como se marido
e mulher fossem, desde 2015, e juntos, constituíram família, empenharam-se na
administração do lar conjugal, enquadrando-se nos termos do Código Civil em seu art. 1.723
caput, e art. 1º da Lei Federal 9.278/96.
A jurisprudência há muito já reconhece a figura da união estável a casos similares ao tecido
nesta ação:
RECURSO INOMINADO. TERCEIRA TURMA RECURSAL DA FAZENDA PÚBLICA.
PREVIMPA. PENSÃO POR MORTE. LEI COMPLEMENTAR Nº 478/2002. UNIÃO
ESTÁVEL COMPROVADA. DIREITO EVIDENCIADO. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA MANTIDA. 1. No âmbito do Município de Porto Alegre, a Lei
Complementar nº 478/02 inclui a companheira como dependente de segurado do RPPS, nos
termos do art. 25.2. No caso concreto, a união estável restou devidamente demonstrada,
sendo direito da companheira a percepção da pensão por morte.3. Sentença de procedência
mantida pelos próprios fundamentos. RECURSO INOMINADO DESPROVIDO.
UNÂNIME.
(TJ-RS - Recurso Cível: XXXXX RS, Relator: Alan Tadeu Soares Delabary Junior, Data de
Julgamento: 22/03/2021, Terceira Turma Recursal da Fazenda Pública, Data de Publicação:
25/03/2021)
Portanto, passa a demonstrar o pleno atendimento aos requisitos previstos no Código Civil,
quais sejam:
Publicidade e notoriedade da relação: A publicidade da relação fica perfeitamente
demonstrada pelas fotos nas redes sociais, fotos de eventos que o casal frequentava
conjuntamente, a participação em grupos de família no WhatsApp.
Continuidade: O casal possuía um relacionamento duradouro de quase 8 (oito) anos,
conforme provas nas redes sociais, mensagens registradas, e reconhecimento da Requerente
perante os filhos do de cujos, frutos de antigo relacionamento, como única e companheira do
pai até o fim de sua vida.
Caráter familiar - affectio materialis: O objetivo de constituição de família fica perfeitamente
demonstrada com a comunhão de vida e interesses entre o casal, afinal, além de morar no
mesmo imóvel conforme comprovante de residência (anexo), o casal constituiu planos em
comum, conforme declarações que junta em anexo.
Ou seja, trata-se de motivos suficientes a demonstrar a existência de União Estável, conforme
precedentes sobre o tema:
Por esses motivos, e por estarem presentes os requisitos legais, há que ser reconhecida a
UNIÃO ESTÁVEL, para que, em decorrência desta, surtam os efeitos legais pertinentes
diante da dissolução aqui pleiteada.
Assim, comprovada a união estável, requer de Vossa Excelência o RECONHECIMENTO
DA UNIÃO ESTÁVEL desde 2015, para que surtam os efeitos legais.

IV. DOS PEDIDOS


Por todo o exposto, REQUER:

1. Sejam concedidos os BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA em favor da autora nos


termos do art. 98 do Código de Processo Civil;

2. O DEFERIMENTO da ação para Reconhecimento da União Estável para que produza seus
efeitos jurídicos e legais;

3. A citação dos réus para responder a presente ação, querendo;


A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a testemunhal mediante
designação de audiência;

1. Seja designada audiência de conciliação, e não havendo êxito, seja designada audiência de
instrução e julgamento para a oitiva das partes e testemunhas;
2. A intimação do Ministério Público para intervir no feito, nos moldes do artigo 698, do
CPC;
3. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros previstos
no art. 85,§2º do CPC.
Dá-se a presente o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), para efeito de alçada.

Nestes Termos, Pede Deferimento.

Rondonópolis, 06 de março de 2023

ADVOGADO

OAB/MT XXXXX

Você também pode gostar