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SOLEDADE/RS - 09/2023
1. TEMÁTICA: O PRINCÍPIO DA MONOGAMIA E A DECISÃO PROFERIDA
PELA 2ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES EM SENTENÇA QUE
RECONHECEU A UNIÃO POLIAMOROSA EM 29/08/2023.
“O que se reconhece aqui é uma única união amorosa entre três pessoas: um homem
e duas mulheres, revestidas de publicidade, continuidade, afetividade e com o
objetivo de constituir uma família e de se buscar a felicidade”. Com esse entendimento
o Juiz da 2ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de Novo Hamburgo, Gustavo
Borsa Antonello, reconheceu a união estável poliafetiva de um homem e duas
mulheres entendendo que, mesmo não sendo uma família composta nos modelos
tradicionais, não deve ficar à mercê da proteção do Estado. Uma das mulheres está
grávida e foi concedido que, após o nascimento do filho, conste o nome dos três no
registro de nascimento.
Sentença
Ao proferir a decisão, o magistrado determinou que fica reconhecida a união
poliamorosa, a contar de 1º/10/13, entre os autores do processo. Após, transitada em
julgado a decisão, será expedido mandado ao Registro Civil de Pessoas Naturais para
a averbação da sentença de divórcio e também do reconhecimento da união
poliamorosa. Foi determinado, após nascimento do filho, que o registro de nascimento
deverá constar o nome das duas mães e do pai, além dos ascendentes, valendo como
documento hábil ao exercício de direito.
3. POSICIONAMENTO DOUTRINÁRIO
Os tribunais superiores, o STF e o STJ, entendem que pessoas que praticam poliamor
estão praticando concubinato (relação entre homens e mulheres impedidos de casar),
ou seja, dois casamentos. Por isso, não geraria direitos. Segundo tribunais
superiores, a Constituição conferiu proteção jurídica ao casamento e à união estável,
e a legislação civil só ressalva duas hipóteses para o reconhecimento jurídico do
concubinato: quando há separação de fato ou quando a pessoa se envolve de boa-
fé, sem saber que o outro era casado.
Ainda está muito no começo, as decisões que analisaram o poliamor, mesmo sendo
concedida ou negada no primeiro grau, recorrendo se tem o desprovimento em
relação, ou seja o Tribunal Superior não esta concedendo essa união, até o presente
momento. Agora cabe analizar essa decisão proverida no âmbito do Estado do Rio
Grande do Sul, para verificar quais serão os novos pensamentos sobre a temática.
4. ANÁLISE
No tocante da decisão que concedeu o poliamor no Rio Grande do Sul, cabe analisar
que não é reconhecido pelo sistema jurídico como parte do Direito Civil. Os efeitos
jurídicos patrimoniais são normais para qualquer relacionamento, seja no casamento
ou na união estável.
A decisão que concedeu o poliamor no Rio Grande do Sul, foi proverido pelo juiz
Gustavo Borsa Antonello, que se baseado no reconhecimento de uma única união
amorosa entre três pessoas: um homem e duas mulheres, revestida de publicidade,
continuidade, afetividade e com o objetivo de constituir uma família e de se buscar a
felicidade", como proveriu na sua decisão.
Em um primeiro momento, eles tentaram o registro em cartório sem a judicialização,
mas o pedido foi recusado pelo tabelionato. O homem e a mulher que já estavam
casados precisaram se divorciar para fazer esse pedido. Agora, com a decisão
judicial, os cartórios devem ser obrigados a aceitar o registro. Assim, os três estarão
casados.
Por fim, conclui-se que a decisão acompanha o mesmo pensamento que levou a
legalização das uniões homoafetivas como entidade familiar, e que se trata de ponta
pé inicial para mudança do ordenamento jurídico, no que tange a criação de um novo
instituto familiar e a sua tutela jurídica.
O ministro ressaltou que o Código Civil (artigo 1.723) impede a concretização de união
estável com pessoa já casada, sob pena de se configurar a bigamia (casamentos
simultâneos), tipificada como crime no artigo 235 do Código Penal. Assinalou, ainda,
que o artigo 226, parágrafo 3º, da Constituição Federal se esteia no princípio de
exclusividade ou de monogamia como requisito para o reconhecimento jurídico desse
tipo de relação afetiva.
REFERÊNCIAS