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ALUNA: WANESSA OLIVEIRA DE CARVALHO

Nº MATRICULA: 26144174
TURMA: 09NTA

Ao Juízo de Direito da Vara de Família a quem está couber por distribuição

MÁRCIA SILVA, brasileira, casada, médica, CI nº 2222 (CRM-PA) e do


CPF n., e-mail sss@nassau.com.br (caso a parte não tenha e-mail, fazer referência
ao §3º do art. 319, do CPC/15, conforme abaixo), residente e domiciliado nesta
cidade (endereço completo com CEP), por um de seus advogados, ao final assinado,
consoante instrumento de mandato em anexo, VEM, perante V. Exª., com fulcro nos
art. 319 e seg. do CPC/2015 C/C os arts. 1.562 do CC/02, propor a presente AÇÃO
DE SEPARAÇÃO DE CORPOS, contra MARCELO SOUZA, brasileiro, casado,
engenheiro, portador da CI nº 2222 (CREA-PA) e do CPF n. , e-mail
mmm@nassau.com.br, residente e domiciliado nesta cidade (endereço completo com
CEP), aduzindo, para tanto, as razões que passa a expor:

I – DA INEXISTÊNCIA DE E-MAIL.

A autora informa não possuir endereço eletrônico, destarte, não há infringência


ao inciso II, na forma do § 3º do art. 319 do Código de Processo Civil/2015.

II – DA AUSÊNCIA DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS.

À luz do que dispõe o art. 976 do Código de Processo Civil/2015, vale afirmar ao
Douto Julgador que o caso em tela não se trata de uma demanda repetitiva, nem
configura um risco de ofensa à isonomia e nem à segurança jurídica.

III – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO/MEDIAÇÃO.

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O autor pleiteia, com fulcro no art. 319, inciso VII, do Diploma Adjetivo, que
seja realizada audiência de autocomposição, comprometendo-se a parte autora a
comparecer na referida assentada.

IV – DAS RAZÕES DE FATO E DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DOS


PEDIDOS (ART. 319, III, CPC/ 2015).

Inicialmente a Requerente conheceu o Requerido no ano de 2017 através de


amigos em comum em uma festa de aniversário, o requerido passava a imagem de
um bom homem, instável emocionalmente, afetuoso, inteligente e respeitoso.
Os messes se passaram e requerido decidiu consolidar o relacionamento afetivo,
com um pedido de namoro romântico, com a presença de amigos e familiares como
testemunha; depois de grande convívio, ambos decidiram oficializar judicialmente a
união com o casamento, que se deu no dia 05 de janeiro de 2018.
A união foi devidamente oficializada, tendo o casamento o número de registro
de processo 169874-05 no livro de ATA’S pág. 00487.
Posteriormente ao casamento, o casal muito apaixonado foi para lua de mel, onde
a requerente ao voltar se deparou com sintomas de gravidez, confirmando através de
exame Beta HCG positivo, a família não poderia estar mais feliz; Ao dia 17 de
setembro de 2018 a requerente concebeu o tão sonhado primogênito o qual recebeu o
nome de Matheus Silva e Souza.
Contudo, ainda no período puerpério da requerente, o requerido demostrou uma
personalidade desconhecida, tendo picos de instabilidade emocional, demostrando
agressividade, falta de responsabilidade com a paternidade, tendo ainda atitudes
machistas, caráter duvidoso e inteligência media.
Após as primeiras agressões emocionais sofridas pela requerente, que por
diversas vezes buscou fazer tratamento psicológico, ainda assim, por amor ao seu
filho e a estrutura familiar, buscou a manutenção do seu casamento, por diversas
vezes cedendo as vontades do cônjuge.
Foi então que começou o calvário da requerida, ao passar de um ano e meio,
tentando incessantemente dar continuidade a união, infelizmente a agressividade,
impaciência e instabilidade emocional do requerido foi aumentando dia a após dia.
Durante pequenas discussões do casal o requerido continuou a agredir a requerente

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deliberadamente, não demonstrando nenhum respeito pela mulher com quem se
casou; as brigas começaram a se intensificar e o requerido se exaltava cada vez mais,
bastava a requerente discordar de qualquer coisa, ainda que mais simples, chegando
até mesmo a ofender o filho do casal que ainda se trata de um menor de idade, uma
criança que não compreendia o que estava acontecendo, e não tinha a noção do
perigo que poderia sofrer.
Tratando-se a requerente de pessoa extremamente conciliadora, por cinco anos
suportou as agressões verbais, físicas, psicológicas, e atitudes inconsequentes
"neuroses" do cônjuge, especialmente para evitar que o filho viesse sofresse os
efeitos negativos da separação.
Contudo certo dia a requerente decidiu conversar calmamente com o requerido
sobre a convivência familiar, entretanto, a tentativa foi totalmente mal sucedida, pois
o requerido se exaltou e agrediu a requerente fisicamente, com vários tapas no rosto e
puxões de cabelo.
Por ainda manter uma dependência emocional do cônjuge e querer que seu filho
crescesse em um lar feliz como uma família estruturada, a requerente continuou
tentando manter o relacionamento, mas não adiantava, cada vez mais o requerido se
mostrava mais agressivo e violento, ameaçando até mesmo agredir o filho do casal.
Isto posto, não restou à requerente outra alternativa senão propor a apresente
ação de separação de corpos antes de ingressar com a Ação de Divórcio, partilha de
bens e regulamentação de guarda e alimentos.

V – DO DIREITO:

V.1-) Fundamento legal:


Conforme tudo que foi exposto, Vossa Excelência pode partir do princípio
de que são verdadeiras as alegações da requerente, mostrando-se prudente a
concessão da medida de afastamento do cônjuge do lar com a intenção de preservar a
integridade física e moral da Autora e de seu filho. A separação de corpos está
prevista no art. 7º, § 1º, da Lei nº 6.515/77, que estabelece que “A separação de
corpos poderá ser determinada como medida cautelar”. Desta forma, pode ser
revista a qualquer tempo conforme o melhor julgamento de Vossa Excelência.

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Vale ressaltar também o art. 1.562 do Código Civil-CC.
Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de
anulação, a de separação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de
união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade, a
separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.

V.2-) Fundamento doutrinário:


Sobre o assunto, a doutrinadora Maria Helena Diniz nos esclarece:
O juiz concederá, com a brevidade possível, a separação de corpos, que poderá
ser requerida pela parte que, antes de mover a ação de nulidade ou de anulabilidade
do casamento, de separação judicial, de divórcio direto ou de dissolução da união
estável, comprovar a necessidade de afastar o outro do lar, por ser insuportável a
convivência.

V.3-) Fundamento jurisprudencial:


Conforme demonstrado, Requerente e Requerido ainda coabitam, embora
durmam em quartos separados e quase não haja comunicação uma vez que a Autora
teme pela sua integridade e bem estar, e apesar de muita insistência o Réu se recusa
a sair da casa e pôr fim à união. Destacasse também entendimentos jurisprudenciais
aplicáveis ao caso em questão.
PROVISÓRIOS À EX-CÔNJUGE. RECURSO DA AUTORA/
ALIMENTANDA. ADMISSIBILIDADE. ALIMENTOS À EX-CONSORTE.
QUESTÃO NÃO CONHECIDA NA DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA
POR ESTA CORTE DE JUSTIÇA. PRECLUSÃO. ANÁLISE QUE, A DEMAIS,
CAUSARIA SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.MÉRITO. PRETENSA
SEPARAÇÃO DE CORPOS. RETIRADA DO AGRAVADO DO IMÓVEL.
ACOLHIMENTO. MERA INSUPORTABILIDADE DA VIDA COMUM QUE
JUSTIFICA A PROVIDÊNCIA PLEITEADA. MEDIDA DE CUNHO
CAUTELAR. PROPRIEDADE IRRELEVANTE NO CASO. PRESERVAÇÃO DO
SINTERESSES DA MENOR QUE ESTÁ SOB AGUARDA DA GENITORA. [...]
O mero aforamento, pela mulher, de cautelar de separação de corpos com expresso
pedido de afastamento do marido da habitação comum, revela, por si só,
ainsuportabilidade da continuidade da vida a dois, tornando desnecessária a colação

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de qualquer outra prova para a concessão da medida (TJ-SC - AI:
40239919820178240000 Timbó4023991-98.2017.8.24.0000, Relator: Rubens
Schulz, Data de Julgamento: 11/04/2019, Segunda Câmara de Direito Civil)
SEPARAÇÃO DE CORPOS. MEDIDA DE AFASTAMENTO DO MARIDO DO
LARCONJUGAL. GUARDA PROVISÓRIA DEFILHA. DECISÃO
CONFIRMADA. A propositura da medida cautelar preparatória de separação de
corpos constitui, independentemente de outras provas, a evidência mais patente do
colapso e da insuportabilidade da vida em comum do casal. Sendo assim, um dos
cônjuges deve, abem da segurança familiar, deixar o lar, cedendo-o, via de regra,
àquele que arcará com a responsabilidade da guarda provisória da prole. (TJ-SC -
AI:447584SC 2007.044758-4, Relator: Newton Janke, Data de Julgamento:
09/04/2008, Segunda Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Agravo de
Instrumento n. de Joinville)

V. DA CONCLUSÃO:
Além da farta narrativa dos fatos que colaboram para a concessão da separação
de corpos, nos ensinamento de CAHALI, na cautelar de separação de corpos, a única
prova necessária é a da existência do casamento:
Na separação provisória de corpos, com o processo cautelar, a única prova a ser
examinada é a da existência do casamento, revelando- se inoportuna e impertinente
qualquer discussão sobre os fatos que devam ser apreciados e julgados na ação de
separação judicial.
Pelo conteúdo da narrativa, verifica-se a existência do direito ameaçado e a
impossibilidade de se postergar a solução da questão ora trazida a Juízo. Aguardar a
decisão da ação principal de divórcio seria prolongar o sofrimento da Requerente,
além de correr-se desnecessariamente o risco de que esta seja ofendida física ou
moralmente. A tutela antecipada torna-se de suma importância no sentido de permitir
o regular andamento do processo principal, no qual se discutirá os termos em que se
dará o divórcio, a partilha de bens, a guarda do filho menor e os alimentos deste,
além de resguardar a integridade física da requerente. É fundado, pois, o receio da
requerente de que, se esperar pela tutela definitiva, com requerido e requerente
morando sob o mesmo teto, esta possa vir a sofrer novos abusos e maus tratos.

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Atente-se que o artigo 804 do Código de Processo Civil de 1973, conferia ao Juiz a
possibilidade de conceder a liminar sem oitiva prévia do requerido.
Diante do exposto, fica evidente que a pretensão da requerida está amparada pela
lei e pela jurisprudência, além dos fatos narrados explicitarem a necessidade da
medida requerida.

VI – DO PEDIDO:

ANTE TODO O EXPOSTO, a autora, respeitosamente, a fim de


resguardar sua integridade física assim como a do único filho das partes:
A) Requer a retirada compulsória do cônjuge do lar, razão pela qual deve ser
JULGADA PROCEDENTE esta medida de SEPARAÇÃO DE CORPOS
objetivando a propositura de futura Ação de Divórcio, devendo o cônjuge
ser condenado, ainda, ao pagamento de custas processuais e honorários de
advogados.
B) Seja concedida liminar, inaudita altera pars, expedindo-se o alvará de
separação de corpos para salvar guardar sua integridade física e moral,
determinando a imediata retirada do réu de sua residência em endereço
mencionado em epigrafo;
C) A citação do requerido, para que conteste a ação dentro do prazo legal,
advertindo-o que sem silencio, serão considerados como verdadeiros os fatos
alegados;
D) Posteriormente, seja intimada a requerente para aditar a petição inicial,
conforme o art. 342 inciso I, CPC/2015
Provas: todas admitidas em direito.

Valor da causa: R$ 1100,00 (um mil e cem reais).

Nestes termos. Pede deferimento.

Belém, PA, 07 de março de 2023.


ADVOGADO OAB Nº

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