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Além da farta narrativa dos fatos que corroboram para a concessã o da separaçã o de corpos,
nos ensinamento de CAHALI[1], na cautelar de separaçã o de corpos, a ú nica prova
necessá ria é a da existência do casamento:
na separação provisória de corpos, como processo cautelar, a única prova a ser examinada é a da existência do
casamento, revelando-se inoportuna e impertinente qualquer discussão sobre os fatos que devam ser apreciados e
julgados na ação de separação judicial.
Diante de todo o exposto, fica evidente que a pretensã o da requerente está amparada pela
Lei, doutrina e jurisprudência, além dos fatos narrados explicitarem a necessidade da
medida requerida.
2.1 – Da Medida Liminar
Pelo conteú do da narrativa, é facilmente verificá vel a existência do direito ameaçado e a
impossibilidade de se postergar a soluçã o da questã o ora trazida a Juízo.
Aguardar a decisã o da açã o principal de divó rcio seria prolongar o sofrimento da
requerente, além de correr-se desnecessariamente o risco de que esta seja ofendida física
ou moralmente.
A medida cautelar revela-se de suma importâ ncia no sentido de permitir o regular
andamento do processo principal, no qual se discutirá os termos em que se dará o divó rcio,
a partilha de bens, a guarda do filho menor e os alimentos deste, além de resguardar a
integridade física da requerente.
É fundado, pois, o receio da requerente de que, se esperar pela tutela definitiva, com
requerido e requerente morando sob o mesmo teto, esta possa vir a sofrer novos abusos e
maus tratos.
Atente-se que o artigo 804 do Có digo de Processo Civil de 1973, conferia ao Juiz a
possibilidade de conceder a liminar sem oitiva prévia do requerido. Apesar do novo códex
não trazer dispositivo semelhante, nã o pode ser outra a soluçã o adotada por este MM. Juízo,
visto que a citaçã o do réu certamente tornará ineficaz a pró pria medida pretendida, razã o
pela qual se requer, liminarmente, o afastamento do requerido do lar conjugal.
Ora, a proteçã o do Estado deve ser completa, inclusive no que tange à preservaçã o da vida
dos jurisdicionados, a exemplo da medida cautelar de separaçã o de corpos, que é deferida
à queles que se uniram pela instituiçã o do matrimô nio e se tornarã o litigantes, quando
presentes o periculum in mora e o fumus boni iuris.
O periculum in mora no caso em tela é patente, pois caso nã o seja concedido o provimento
preventivo, a tutela jurisdicional nã o poderá ser prestada conforme o almejado pela
requerente, pois que certamente o requerido poderá concretizar as ameaças perpetradas.
Diante do comportamento agressivo do requerido, nã o há qualquer possibilidade de
manutençã o da vida em comum entre as partes, sendo perigosa a permanência dele junto
ao lar conjugal durante o processo de divó rcio.
O fumus boni iuris também é claro, já que o réu está descumprindo um dos deveres
primordiais da uniã o afetiva, que é o dever de respeito. Outrossim, o relato apresentado
pela requerente se demonstra altamente verossímil e sã o corroborados pelo boletim de
ocorrência ora apresentado.
Sobre o assunto, a doutrinadora Maria Helena Diniz[2] nos esclarece:
"O juiz concederá, com a brevidade possível, a separação de corpos, que poderá ser requerida pela parte que,
antes de mover a ação de nulidade ou de anulabilidade do casamento, de separação judicial, de divórcio direto ou
de dissolução da união estável (RJTJSP, 136:216), comprovar a necessidade de afastar o outro do lar, por ser
insuportável a convivência."
Dessa feita, vê-se que a proteçã o da mulher deve ser garantida e efetiva, de forma que o
Estado cumpra sua funçã o ontoló gica – o papel que a Constituiçã o Federal lhe incumbiu.
A plausibilidade do direito prescinde de maiores esclarecimentos, pois se trata de garantir
os direitos bá sicos da requerente, primordialmente a sua vida e integridade física.
2.2 – Da Exposição Superficial da Lide Principal
Dispõ e o artigo 303 do Có digo de Processo Civil que:
Nos casos em que a urgência for contemporâ nea à propositura da açã o, a petiçã o inicial
pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicaçã o do pedido de tutela
final, com a exposiçã o da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do
risco ao resultado ú til do processo.
Assim, no intuito de atender o retromencionado dispositivo, informa a requerente que apó s
o deferimento da tutela provisó ria pleiteada, com a consequente saída do requerido de seu
lar, irá aditar a exordial, complementando os argumentos e requerimentos e juntando os
documentos necessá rios para se requerer o divó rcio do requerido, bem como a partilha de
bens, e regulamentaçã o de guarda e alimentos de seu filho menor de idade.
Outrossim, informa que, por ora, deixa de indicar o exato valor da causa da açã o principal
porque até o presente momento nã o fora possível relacionar todos os bens em comum dos
cô njuges. Porém, o valor da causa será devidamente corrigido juntamente com o
aditamento da petiçã o inicial em que se formulará o pedido principal.
Deste modo, nos termos do § 5º, do artigo 303, do Có digo de Processo Civil, a requerente
reitera que pretende valer-se do benefício previsto no caput do mencionado dispositivo,
devendo ser intimada apó s a concessã o da medida cautelar de separaçã o de corpos, na
pessoa de seu representante legal, para aditar a petiçã o inicial.
3 – DO PEDIDO
Ante todo o exposto requer a Vossa Excelência:
a) A concessã o à requerente dos benefícios da assistência judiciá ria gratuita, nos termos da
Lei 1.060/50, por ser pessoa pobre, nã o podendo arcar com a custas do processo sem
prejuízo do sustento seu e de sua família, conforme declaraçã o em anexo;
b) Seja decretado o segredo de justiça no presente processo, nos termos do artigo 189, II,
do Có digo de Processo Civil;
c) A concessã o da tutela antecipada, inaudita altera parte, para o fim de determinar a
separaçã o de corpos, com o consequente afastamento do requerido do lar conjugal,
determinando a imediata retirada do réu da residência situada na Rua;XXXXXXXXXXXXX
d) Caso assim nã o entenda Vossa Excelência, em atençã o ao princípio da subsidiariedade,
requer seja designada audiência de justificaçã o, com a oitiva do requerido e de
testemunhas que comparecerã o espontaneamente em juízo, para deferimento do
provimento liminar;
e) A citaçã o do requerido para, caso queira, apresentar resposta dentro do prazo legal;
f) A intimaçã o do representante do Ministério Pú blico do Estado de Sã o Paulo;
g) Apó s, seja intimada a requerente para que adite a petiçã o inicial, nos termos do artigo
303, § 1º, I, do Có digo de Processo Civil.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a
prova documental e testemunhal.
Dá -se à causa o valor de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
Cidade, 12 de abril de 2017
ADVOGADO
OAB
[1] CAHALI, Yussef Said. Divó rcio e Separaçã o, 10ª ediçã o, Sã o Paulo, Revista dos Tribunais,
2002, p. 455.
[2] Có digo civil anotado. 9. Ed. Rev. E atual. Sã o Paulo: Saraiva, 2003. P. 1.055