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Conteúdo

DAS DISPOSIÇÕ ES GERAIS....................................................................................................................................... 2


DA PROMESSA DE CASAMENTO............................................................................................................................ 3
DAS ESPÉ CIES DE CASAMENTO............................................................................................................................. 5
DA CAPACIDADE PARA O CASAMENT0.............................................................................................................. 8
DOS IMPEDIMENTOS: ABSOLUTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS................................................................10
DA HABILITAÇÃ O E DA OPOSIÇÃ O.................................................................................................................... 11
DA CELEBRAÇÃ O DO CASAMENTO: FORMALIDADES E PROVA...........................................................12
DA INVALIDADE DO CASAMENTO..................................................................................................................... 14
DA EFICÁ CIA JURÍDICA DO CASAMENTO........................................................................................................ 23
DA UNIÃ O ESTÁ VEL................................................................................................................................................. 29
DIREITO DE FAMÍLIA
LIVRO IV - Do Direito de Família || Arts. 1.511 a 1.783

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

EFEITOS IMEDIATOS

a. estado civil: de cô njuges ou casados;


b. relação matrimonial: instituída, a implicar comunhã o de afetos;
c. afasta a prescrição entre os cô njuges: art. 1.571, causa impeditiva da prescriçã o
enquanto perdura o matrimô nio;

Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:


I - pela morte de um dos cô njuges;
II - pela nulidade ou anulaçã o do casamento;
III - pela separaçã o judicial;
IV - pelo divó rcio.
§ 1º O casamento vá lido só se dissolve pela morte de um dos cô njuges ou pelo divó rcio, aplicando-se a
presunçã o estabelecida neste Có digo quanto ao ausente.

REsp 1202691/MG: DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS
FRAUDULENTOS. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. CARACTERIZAÇÃO. CAUSA IMPEDITIVA DE PRESCRIÇÃO.
CONSTÂNCIA DO CASAMENTO. SEPARAÇÃO JUDICIAL. SUBSISTÊNCIA DA CAUSA.
2. O que faz com que entre os cô njuges nã o corra o prazo prescricional é a natureza da relaçã o que os liga entre si.
Enquanto esse vínculo perdura, subsiste igualmente a causa impeditiva da prescriçã o. Na hipó tese dos autos, o curso
do prazo sequer teve início, porque o ato jurídico - outorga de procuraçã o - levado a efeito com eiva de
consentimento, deu-se na constâ ncia do casamento, por meio do qual se valeu o ex-marido para esvaziar o
patrimô nio comum, mediante transferência fraudulenta de bens.
3. Conquanto tenham as partes posto fim à sociedade conjugal mediante a separação judicial, ao não
postularem sua conversão em divórcio, permitiram que remanescesse íntegro o casamento válido, que
"somente se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio".
4. A razã o legal da subsistência da causa de impedimento da prescriçã o, enquanto nã o dissolvido o vínculo conjugal,
reside na possibilidade reconciliató ria do casal, que restaria minada ante o dilema do cô njuge detentor de um
direito subjetivo patrimonial em face do outro. 5. Recurso especial nã o provido.

§ 2º Dissolvido o casamento pelo divó rcio direto ou por conversã o, o cô njuge poderá manter o nome de
casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrá rio a sentença de separaçã o judicial.

d. gera vínculo conjugal e de parentesco por afinidade: sogros e parentes até o 2º grau,
como o cunhado;
Art. 1.521. Nã o podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

e. perda da titularidade exclusiva do patrimônio: passa a ser coproprietá rio dos pró prios
bens, ainda que em seu nome (conforme o regime);
f. pacto antenupcial: os noivos podem escolher o regime antes do casamento, e o mesmo
pode ser alterado na constâ ncia;

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que
lhes aprouver.
...
§ 2º É admissível alteraçã o do regime de bens, mediante autorizaçã o judicial em pedido motivado de
ambos os cô njuges, apurada a procedência das razõ es invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

g. doações em favor do cônjuge: qualquer que seja o regime de bens, a implicar


adiantamento de legítima – art. 544 c/c 2003;
Art. 544. A doaçã o de ascendentes a descendentes, ou de um cô njuge a outro, importa adiantamento do que
lhes cabe por herança.

A liberdade para testar nã o é plena, pois a lei impõ e restriçõ es no caso de o testador possuir herdeiros
necessá rios, uma vez que estes por determinaçã o do art. 1846 do Có digo Civil possuem metade dos bens do
testador. Quota disponível é a outra metade dos bens e esta pode ser deixada livremente para quem desejar.

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessá rios, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo
a legítima.

Legítima é a quota indisponível na herança caso haja herdeiros necessários, equivale a 50% do
patrimô nio do testador, garantido em prol de determinados sucessores legítimos. Assim sendo, toda
herança onde haja herdeiros necessários haverá uma quota indisponível, ou seja, a legítima, parte da
herança gravada com cláusula de indisponibilidade. O testador apenas desfrutará da plena liberdade de
testar caso nã o possua descendentes, ascendentes ou cô njuge, podendo nesta situaçã o, testar todo o seu
patrimô nio a quem desejar.

h. identificação do estado civil: dar publicidade à condiçã o pessoal e patrimonial, de modo


a conferir segurança a terceiros.

NATUREZA JURÍDICA: Divergência doutriná ria estéril e inú til sobre o enquadramento como de direito pú blico
ou privado, sendo um instituto a extrapolar a teoria dos atos jurídicos, típico de um ato complexo, mais no campo
do domínio dos sentimentos do que da vontade, sem negar esta e o interesse pú blico imposto (efeitos e formas).

DEFINIÇÃO DE CASAMENTO

Uniã o entre homem e mulher, nos termos da lei, a fim de prestarem mú tua assistência e cuidados com a prole em
igualdade de direitos e obrigaçõ es – art. 226, §§ 4º e 5º, CF/88 c/c arts. 1.511 e 1.514.

Art. 1.511. O casamento estabelece comunhã o plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres
dos cô njuges.

Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz,
a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.

DA PROMESSA DE CASAMENTO

"Ficada": forma de uniã o sumá ria, passageira, de cunho afetivo ou meramente sexual, sem
natureza propriamente sexual, mas com reflexos no direito das famílias:

REsp 557365/RO. Direito civil. Recurso especial. Açã o de investigaçã o de paternidade. Exame pericial (teste de
DNA). Recusa. Inversã o do ô nus da prova. Relacionamento amoroso e relacionamento casual.Paternidade
reconhecida. 1) A recusa do investigado em se submeter ao teste de DNA implica a inversã o do ô nus da prova e
consequente presunçã o de veracidade dos fatos alegados pelo autor; 2) Verificada a recusa, o reconhecimento da
paternidade decorrerá de outras provas, estas suficientes a demonstrar ou a existência de relacionamento
amoroso à época da concepçã o ou, ao menos, a existência de relacionamento casual, há bito hodierno que parte
do simples 'ficar', relaçã o fugaz, de apenas um encontro, mas que pode garantir a concepçã o, dada a forte
dissoluçã o que opera entre o envolvimento amoroso e o contato sexual. Recurso especial provido.

Namoro: extravasa o mero envolvimento sexual em prol do comprometimento afetivo, mas


nã o confere roupagem jurídica familiar.

TJ/RS APELAÇÃ O CÍVEL 70008220634: INEXISTÊ NCIA DE UNIÃ O ESTÁ VEL. 1. UNIÃ O ESTÁ VEL. DISSOLUÇÃ O.
PARTILHA DE BENS. INDENIZAÇÃ O. DANO MATERIAL. DANO MORAL. CUMULAÇÃ O DE PEDIDOS. 2. AÇÃ O
DECLARATÓ RIA. SOCIEDADE DE FATO. RECONHECIMENTO. 3. INDENIZAÇÃ O. DANO MORAL. ROMPIMENTO DE
RELAÇÃ O AFETIVA. DESCABIMENTO. RESSARCIMENTO ECONÔ MICO. DESCABIMENTO. 4. NAMORO
PROLONGADO. SEQUELAS JURIDICAS. DURANTE OU APÓ S. RECEPÇÃ O PELA LEGISLAÇÃ O CIVIL.
INOCORRÊ NCIA. 5. PROMESSA DE CASAMENTO. ROMPIMENTO INJUSTIFICADO. DOR MORAL.
Na inicial a autora afirmou que manteve com o demandado namoro que perdurou por dez anos. Os namoros,
mesmo prolongados e privando as partes de vida íntima como soe ocorrer atualmente, sã o fatos da vida nã o
recepcionados pela legislaçã o civil e, por isso, nã o ensejam efeitos jurídicos, seja durante ou apó s o fim do
relacionamento. Somente as relações jurídicas que surgem pelo casamento ou pela constituição de uma
união estável asseguram direitos pessoais e patrimoniais. SOCIEDADE DE FATO. Não caracterizada
também qualquer contribuição para a formação do patrimônio, descabida indenização sob tal
fundamento. IMPOSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DO ROMPIMENTO DA
RELAÇÃO. Os sentimentos que aproximam e vinculam homem e mulher por vezes se transformam e até mesmo
acabam, nem sempre havendo um "justo motivo" para explicar seu fim. A dor da ruptura das relaçõ es pessoais, a
má goa, a sensaçã o de perda e abandono, entre outros sentimentos, sã o custos da seara do humano. Fazendo
parte da existência pessoal nã o constituem suporte fá tico a autorizar a incidência de normas que dispõ e sobre a
reparaçã o pecuniá ria. Possibilidade de indenizaçã o somente surgiria se restasse caracterizado um ato ilícito de
extrema gravidade, cuja indenizabilidade seria cabível independentemente do contexto da relaçã o afetiva
entretida pelas partes. A simples dor moral resultante da ruptura, entretanto, nã o é indenizá vel. Ao fim, nã o
estando caracterizado qualquer instituto jurídico reconhecido pelas normas de direito de família, o pedido
indenizató rio para recomposiçã o patrimonial de eventuais gastos feitos pela autora deverá ser analisado em
açã o pró pria, a partir das regras e princípios gerais da Teoria da Responsabilidade Civil. NEGARAM
PROVIMENTO, À UNANIMIDADE.

Esponsais ou noivado

Denominamos esponsais o compromisso matrimonial contraído por um homem ou uma


mulher, geralmente entendido como noivado. Trata-se, na realidade, de promessa de
contratar. O termo provém de sponsalia, do Direito Romano, relativo à promessa que o
sponsor (promitente, esposo) fazia à sponsa (esposa, prometida). Trata-se, em síntese, da
promessa de casamento, de um negócio preliminar. O negócio jurídico do casamento
somente é concluído no momento da celebração. Até lá, existe mera promessa.

Toda promessa de contratar frustrada gera, em princípio, efeitos na hipó tese de inexecuçã o
culposa. A quebra da promessa séria de casamento por culpa, aquela em que a noiva ou o
noivo fizeram os préstimos e preparativos para o ato e para a futura vida em comum, é fato
gerador, sem dúvida, do dever de indenizar com base nos princípios gerais da
responsabilidade civil subjetiva, traduzida na regra geral do art. 186. Leve-se em conta, ainda,
que a quebra da promessa de casamento pode ocasionar distú rbios psicoló gicos que
desá guam nos danos morais, o que deve ser examinado no caso concreto.

Evidentemente, a promessa de casamento não pertence ao campo obrigacional, não


tendo cunho patrimonial. Em se tratando de ato pessoal de direito de família, nã o é possível
a execuçã o específica da promessa de emissã o de vontade e adesã o à instituiçã o do
matrimô nio, porque essa ideia conflita com a liberdade individual. Como tal, a frustração
culposa da promessa de concluir esse negócio deve ser indenizada na medida do que
dispõe o ordenamento a respeito dos lucros cessantes e dos danos emergentes: o que
efetivamente se perdeu e o que razoavelmente se deixou de lucrar (art. 402).

No entanto, a possibilidade de esse inadimplemento gerar indenização por “lucros”


cessantes deve ser vista com restrições, pois qualquer conotação de ganho ou vantagem
deve ser afastada da noção e compreensão de casamento, o qual assenta suas bases na
afetividade. Por outro lado, no cô mputo da indenizaçã o desse jaez, é forte o conteú do
emocional a possibilitar a indenizaçã o por danos morais. A Constituiçã o de 1988 admitiu
expressamente a indenizaçã o por dano moral (art. 5o, X), no que foi seguida pelo art. 186 do
atual Có digo. O mais dependerá do caso concreto.

Afora isso, os préstimos para o casamento ( despesas com preparativos, compras de imó vel
e pertenças para o futuro lar; abandono de emprego, mudança de domicílio etc. ) são
questões que podem ser computadas no valor dos danos. Nã o esqueçamos, porém, que
estamos no campo da responsabilidade subjetiva. É imperioso provar a culpa ou dolo do
noivo ou da noiva que se recusou a ingressar no estado de casado. Situações de caso
fortuito e força maior e culpa do outro nubente, em obediência à regra geral, afastam o
dever de indenizar.

Tratando-se de aplicaçã o da responsabilidade subjetiva, sã o requisitos a serem provados


nessa açã o: a existência da promessa de casamento; a recusa injustificada de contraí-lo e a
existência do dano além do nexo causal. Nã o há necessidade, como em outras legislaçõ es, de
prova escrita da promessa, que pode ser evidenciada pelos meios ordiná rios. A promessa
deve provir do nubente, não sendo idônea para a pretensão aquela emanada de seus
pais ou de outros parentes e interessados.

Existindo óbices e impedimentos legais para o casamento, a promessa pode ser


considerada nula por ausência de objeto idôneo. A omissão do proponente em declinar
uma causa de impedimento por ele conhecida, porém desconhecida da outra parte, por
outro lado, pode agravar a conduta dolosa do agente.

Há compromisso de casamento (campo extracontratual), mas indenização moral ou


material (inclusive lucro cessante) em situações especiais em que não se cogita simples
fim da afetividade, mas ruptura inesperada e sem fundamento (constituindo abuso de
direito e quebra de boa-fé objetiva pré-contratual), restando sempre o direito de desistir:
 noivo que deixa sua pretendente, humilhada, no altar, sem razã o ou aviso;
 desistência operada pouco antes do casamento, com despesas do bufê, enxoval e aprestos;
 anú ncio constrangedor do fim da relaçã o em plena festa de noivado ou chá de cozinha;
 noivo que deixa o emprego para casar.

DAS ESPÉCIES DE CASAMENTO

Civil: realizado perante o oficial do Cartó rio do Registro Civil, em ato solene, na presença de
testemunhas, seja nas dependências do cartó rio ou em outro local;
 gratuidade do casamento: ordem prevista no art. 226, § 1º, CF/88;
 extensã o da gratuidade: habilitaçã o, registro do casamento e primeira certidã o quando
pobreza declarada – art. 1.512;

Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebraçã o.


Pará grafo ú nico. A habilitaçã o para o casamento, o registro e a primeira certidã o serã o isentos de selos,
emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.

 só heterossexual: (alegam seus defensores) arts. 1.511, 1.514 e 1.565;

Art. 1.511. O casamento estabelece comunhã o plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos
cô njuges.

Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a
sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condiçã o de consortes,
companheiros e responsá veis pelos encargos da família.

Religioso com efeitos civis: CF/88, art. 226, § 2º, admite efeitos civis para o ato, desde que
atendidos os requisitos legais – art. 1.515 e 1.516, variando quando é feito o registro.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento
civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da
data de sua celebração.

Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o
casamento civil.
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de 90 dias de sua realizaçã o,
mediante comunicaçã o do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado,
desde que haja sido homologada previamente a habilitaçã o regulada neste Có digo. Apó s o referido
prazo, o registro dependerá de nova habilitaçã o.
§ 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos
civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante
prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.

“qualquer tempo”: procedida a habilitaçã o e o registro, ainda que tardio, os efeitos civis retroagem à
data da solenidade religiosa;
“prévia habilitação” ao religioso: prazo de 90 dias para registro;

§ 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver
contraído com outrem casamento civil.

sem prévia habilitaçã o: qualquer prazo desde que promovida nova habilitaçã o.
atos de invalidaçã o: só pela lei civil, com a ressalva do art. 1.516, § 3º;

Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o
casamento civil.
...
§ 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver
contraído com outrem casamento civil.

credo: qualquer um, por força do art. 5º, VI, CF/88 (país é laico).

Por procuração: outorgado por instrumento pú blico com poderes especiais e pelo prazo de
90 dias, sendo que sua revogaçã o demanda instrumento pú blico – art. 1.542;

Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuraçã o, por instrumento pú blico, com poderes
especiais.
§ 1º A revogaçã o do mandato nã o necessita chegar ao conhecimento do mandatá rio; mas, celebrado o
casamento sem que o mandatá rio ou o outro contraente tivessem ciência da revogaçã o, responderá o
mandante por perdas e danos.
§ 2 o O nubente que nã o estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento
nuncupativo.
§ 3 o A eficá cia do mandato não ultrapassará 90 dias.
§ 4 o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.

efeito da revogaçã o: deveria ser nulo, mas o art. 1.550, V prevê anulabilidade;

Art. 1.550. É anulá vel o casamento:


...
V - realizado pelo mandatá rio, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogaçã o do mandato, e
nã o sobrevindo coabitaçã o entre os cô njuges;

validade mesmo com a revogação: caso venha a surgir a coabitaçã o entre os cô njuges
(consumaçã o na noite de nú pcias – contato sexual empresta validade ao casamento);
incentivo ao casamento: nada é dito sobre sair do casamento por meio de procuração (só
por meio do divó rcio – art. 1.582), mas o CNJ admitiu o mandato por escritura pública,
com poderes especiais, para o divórcio consensual (prazo de 30 dias).

CNJ, Resoluçã o 35/07 - Art. 36. O comparecimento pessoal das partes é dispensá vel à lavratura de
escritura pú blica de separaçã o e divó rcio consensuais, sendo admissível ao(s) separando(s) ou ao(s)
divorciando(s) se fazer representar por mandatário constituído, desde que por instrumento
público com poderes especiais, descrição das cláusulas essenciais e prazo de validade de 30 dias.

Art. 1.582. O pedido de divó rcio somente competirá aos cô njuges.


Pará grafo ú nico. Se o cô njuge for incapaz para propor a açã o ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o
ascendente ou o irmã o.

Nuncupativo ou in extremis: quando um dos nubentes está em iminente risco de vida, sem
juiz de paz, mas com 6 testemunhas, sem parentesco, com efeitos retroativos.

Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, nã o obtendo a presença da
autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado
na presença de 6 testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na
colateral, até segundo grau.

O casamento nuncupativo é uma hipótese prevista no art. 1.540 do CC/2002 com relação a
possibilidade de realização de um casamento nos casos em que uma das partes estiver em iminente
risco de vida, não podendo realizar o casamento pelas vias tradicionais. O Código Civil não impõe
um regime de bens obrigatório no caso de casamento nuncupativo. Sendo assim, aplica-se a
regra que dispõe que não havendo pacto antenupcial, o regime de bens será o da comunhão
parcial de bens.

Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais
pró xima, dentro em 10 dias, pedindo que lhes tome por termo a declaraçã o de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e
mulher.
§ 1 o Autuado o pedido e tomadas as declaraçõ es, o juiz procederá à s diligências necessá rias para
verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordiná ria, ouvidos os interessados que o
requererem, dentro em quinze dias.
§ 2 o Verificada a idoneidade dos cô njuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente,
com recurso voluntá rio à s partes.
§ 3 o Se da decisã o nã o se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o
juiz mandará registrá -la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4 o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cô njuges, à data
da celebraçã o.
§ 5 o Serã o dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder
ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.

Putativo: nulo ou anulá vel, contraído de boa-fé por um ou ambos, mas com efeito somente em
favor do de boa-fé – art. 1.561:

Art. 1.561. Embora anulá vel ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cô njuges, o casamento,
em relaçã o a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulató ria.
§ 1 o Se um dos cô njuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos
filhos aproveitarã o.
§ 2 o Se ambos os cô njuges estavam de má -fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarã o.

efeito ex nunc da sentença: não retroage nem à data do casamento, nem à data da sentença
anulató ria para o de boa-fé, a valer só do trâ nsito em julgado (casamento existente nesse
período) – art. 1.563;
efeito ex tunc da sentença: retroage à data do casamento para o de má -fé (casamento nã o
mais existe);
efeito perante terceiros: protegidos – art. 1.563;
efeito perante aos filhos: protegidos – art. 1.563.

Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebraçã o, sem
prejudicar a aquisiçã o de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença
transitada em julgado.

Homossexual: nã o há restriçõ es constitucionais ou infra, tampouco impedimento, mas


somente preconceito afastado de vez pelo conceito de família trazido pela Lei Maria da Penha
Lei 11.340/06, e na esteira do julgado do STF, ADI 4277 e ADPF 132, o qual igualou os direitos
entre homossexuais e companheiros.

Consular: realizado no estrangeiro, perante a autoridade consular, mas submetido a registro,


no prazo de 180 dias, a contar do retorno de um ao país, sendo feito no cartó rio do domicílio
dos nubentes – art. 1.544.

Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os


cô nsules brasileiros, deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cô njuges
ao Brasil, no cartó rio do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que
passarem a residir.

Estrangeiros: a LINDB, art. 7º, estabelece que a legislaçã o do país onde está domiciliada a
pessoa determina as regras gerais sobre direito das famílias, razã o pela qual o casal de
estrangeiros com residência no país tem que promover o registro da certidã o de casamento,
com a traduçã o e autenticaçã o pelo agente consular brasileiro.

casamento realizado no estrangeiro não registrado no Brasil: produz efeito.

Conversão da união estável em casamento: assegurado no art. 226, § 3º, CF/88, mas
submetido ao crivo do juiz/processo judicial pelo art. 1.726, exigência nã o poupada de críticas
(contrataçã o de advogado, pagamento de custas, provas, etc).

Art. 1.726. A uniã o está vel poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao
juiz e assento no Registro Civil.

julgado de 10/05/2017 do STF: equiparaçã o entre casamento e uniã o está vel no direito
sucessó rio (= para casais do mesmo sexo, conforme julgado de 2011) – repercussã o geral e
inconstitucionalidade do art. 1.790;
RE 878.694 (equiparaçã o entre cô njuges e companheiros);
RE 646.721 (uniõ es está veis entre homossexuais e heterossexuais).

DA CAPACIDADE PARA O CASAMENT0

Quem pode casar: maiores de 18, e os entre 16 e 18 anos podem com autorizaçã o dos pais
(relativamente incapazes – art. 4º). Na prá tica: menores de 16 anos acabam vivendo em uniã o
está vel, em situaçã o de vulnerabilidade;

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorizaçã o de ambos os
pais, ou de seus representantes legais, enquanto nã o atingida a maioridade civil.
Pará grafo ú nico. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no pará grafo ú nico do art.
1.631.
Art. 1.631. Durante o casamento e a uniã o está vel, compete o poder familiar aos pais; na falta ou
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Pará grafo ú nico. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles
recorrer ao juiz para soluçã o do desacordo.

Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situaçã o conjugal, o pleno exercício do
poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
...
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

suprimento judicial do consentimento: arts. 1.517, pará grafo ú nico, 1.519 e 1.631, pará grafo
ú nico, com imposiçã o do regime da separaçã o legal de bens – art. 1.641, III;

Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.

Art. 1.631. Durante o casamento e a uniã o está vel, compete o poder familiar aos pais; na falta ou
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Pará grafo ú nico. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles
recorrer ao juiz para soluçã o do desacordo.

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:


...
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

ausência de consentimento dos pais torna o casamento anulá vel: art. 1.550, sendo que o
consentimento pode ser revogado até a data das nú pcias – art. 1.518, cessando a menoridade
com o casamento (art 5º, pará grafo ú nico).

Art. 1.550. É anulável o casamento:


I - de quem nã o completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatá rio, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogaçã o do mandato, e
nã o sobrevindo coabitaçã o entre os cô njuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
§ 1º Equipara-se à revogaçã o a invalidade do mandato judicialmente decretada.
§ 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade nú bia poderá contrair matrimô nio,
expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsá vel ou curador.

Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.

extinçã o da punibilidade pelo casamento: derrogaçã o do art. 1.520 em razã o da revogaçã o das
causas de extinçã o da punibilidade nos delitos contra os costumes – arts. 107, VII e VIII, CP
(revogados);
casamento de menor de 16 anos em decorrência de gravidez: absurdo, sendo que os filhos
fora de um casamento nã o sã o ilegítimos;
casamento de pessoas com deficiência leve: art. 104, I: exige capacidade para a validade dos
negó cios jurídicos; art. 1.548, I: implicava nulidade para o casamento realizado por “...enfermo
mental sem o necessá rio discernimento para os atos da vida civil” – revogado pelo art. 6º, I, da
Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

Da tomada da decisão apoiada

Art. 1.783-A. A tomada de decisã o apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo
menos 2 pessoas idô neas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-
lhe apoio na tomada de decisã o sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informaçõ es
necessá rios para que possa exercer sua capacidade.

DOS IMPEDIMENTOS: ABSOLUTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS

Trata-se da impossibilidade de alguém casar com determinada pessoa.

1. Impedimento absoluto: casamento nulo, pois desatende a ordem “nã o podem casar”,
com enquadramento do inciso VI (“as pessoas casadas”) como incapacidade absoluta e
nã o impedimento (os demais referentes ao parentesco ou de puro conteú do moral)

Art. 1.521. Nã o podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cô njuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmã os, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cô njuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu
consorte.

Art. 1.595. Cada cô njuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmã os do cô njuge
ou companheiro.
§ 2º Na linha reta, a afinidade nã o se extingue com a dissoluçã o do casamento ou da uniã o está vel.

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:


...
II - por infringência de impedimento.

2. Impedimento relativo ou causas suspensivas: nã o torna o casamento anulá vel,


mesmo que desatenda a recomendaçã o “nã o devem casar”, mas é imposta sanção de
natureza patrimonial: o regime da separação de bens;

Art. 1.523. Nã o devem casar:


I - o viú vo ou a viú va que tiver filho do cô njuge falecido, enquanto nã o fizer inventá rio dos bens do casal
e der partilha aos herdeiros;
II - a viú va, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois
do começo da viuvez, ou da dissoluçã o da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto nã o houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmã os, cunhados ou sobrinhos, com a
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto nã o cessar a tutela ou curatela, e nã o estiverem saldadas as
respectivas contas.
Pará grafo ú nico. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que nã o lhes sejam aplicadas as causas
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cô njuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do
inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Art. 1.641. É obrigató rio o regime da separaçã o de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservâ ncia das causas suspensivas da celebraçã o do casamento;

Art. 1.489. A lei confere hipoteca:


...
II - aos filhos, sobre os imó veis do pai ou da mã e que passar a outras nú pcias, antes de fazer o inventá rio
do casal anterior;
III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imó veis do delinquente, para satisfaçã o do dano
causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais;
IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhã o ou torna da partilha, sobre o imó vel adjudicado ao
herdeiro reponente;
V - ao credor sobre o imó vel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da
arremataçã o.

tipos de incapacidade para o casamento: é a inaptidã o genérica frente a qualquer pessoa.


incapacidade absoluta para o casamento: conduz a nulidade – art.1.548 e art. 1.521, VI;

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:


II - por infringência de impedimento.

Art. 1.521. Nã o podem casar:


VI - as pessoas casadas;

incapacidade relativa para o casamento: conduz a anulaçã o pelo art. 1.550, III e IV.

Art. 1.550. É anulá vel o casamento:


III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;

forma de postulaçã o: por qualquer pessoa até a celebraçã o do casamento, e apó s somente os
interessados ou MP – art. 1.529 e 1.549.

Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serã o opostos em declaraçã o escrita e
assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicaçã o do lugar onde possam ser obtidas.

Art. 1.549. A decretaçã o de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode
ser promovida mediante açã o direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Pú blico.

DA HABILITAÇÃO E DA OPOSIÇÃO

Procedibilidade: nã o foi delegado à lei registral, ocupando-se o CC/02 da matéria, contendo as


seguintes etapas:
instauraçã o do procedimento administrativo: perante o cartó rio do registro civil do domicílio
de um ou ambos os noivos – art. 1.525 a 1532;

Art. 1.525. O requerimento de habilitaçã o para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de
pró prio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidã o de nascimento ou documento equivalente;
II - autorizaçã o por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaraçã o de duas testemunhas maiores, parentes ou nã o, que atestem conhecê-los e afirmem nã o
existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaraçã o do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem
conhecidos;
V - certidã o de ó bito do cô njuge falecido, de sentença declarató ria de nulidade ou de anulaçã o de
casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divó rcio.

Art. 1.526. A habilitaçã o será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do
Ministério Pú blico.
Pará grafo ú nico. Caso haja impugnaçã o do oficial, do Ministério Pú blico ou de terceiro, a habilitaçã o será
submetida ao juiz.

Art. 1.527. Estando em ordem a documentaçã o, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze
dias nas circunscriçõ es do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na
imprensa local, se houver.
Pará grafo ú nico. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicaçã o.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem
ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.

Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serã o opostos em declaraçã o escrita e
assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicaçã o do lugar onde possam ser obtidas.

Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposiçã o, indicando
os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Pará grafo ú nico. Podem os nubentes requerer prazo razoá vel para fazer prova contrá ria aos fatos
alegados, e promover as açõ es civis e criminais contra o oponente de má -fé.

Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato
obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitaçã o.

Art. 1.532. A eficá cia da habilitaçã o será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o
certificado.

LRP 67 a 69;

requerimento da habilitaçã o: pessoalmente ou por procurador com poderes especiais – arts.


1.526 e 1.525;
formato do requerimento e documentos anexos: formulá rio pró prio acompanhado dos itens
listados nos incisos do art. 1.525 (dos quais falta citar o pacto antenupcial ou termo de opçã o
pelo regime de comunhã o parcial – arts. 1.653 e 1.640, pará grafo ú nico;

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se nã o for feito por escritura pú blica, e ineficaz se nã o lhe seguir o
casamento.

Art. 1.640. Nã o havendo convençã o, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará , quanto aos bens entre os
cô njuges, o regime da comunhã o parcial.
Pará grafo ú nico. Poderã o os nubentes, no processo de habilitaçã o, optar por qualquer dos regimes que
este có digo regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opçã o pela comunhã o parcial, fazendo-se o
pacto antenupcial por escritura pú blica, nas demais escolhas.

edital para proclamas: tendo sido atendido os requisitos acima, bem como inexistir algum
impedimento, sendo publicado no local de residência – art. 1.527, podendo haver dispensa no
caso de urgência – art. 1.527, pará grafo ú nico;
oposiçã o ou denú ncia de impedimentos ou causas suspensivas: art. 1.529, 1.530 e 1.522,
cabendo açã o civil ou criminal contra o denunciante de má -fé;

Art. 1.532. A eficá cia da habilitaçã o será de 90 dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.

intervençã o do MP: nã o mais, havendo apenas remessa ao juiz (de paz ou de direito? – a
depender da organizaçã o judicial do estado-membro) no caso de impugnaçã o do oficial, MP ou
terceiro – art. 1.526, pará grafo ú nico.

Art. 1.526. A habilitaçã o será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do
Ministério Pú blico.
Pará grafo ú nico. Caso haja impugnaçã o do oficial, do Ministério Pú blico ou de terceiro, a habilitaçã o será
submetida ao juiz.

DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO: FORMALIDADES E PROVA

ato solene e formal: nubentes previamente habilitados e realizado por juiz de paz – art. 1.533
e art. 98, II, CF/88;
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que
houver de presidir o ato, mediante petiçã o dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidã o
do art. 1.531.

local: no cartó rio de registro civil ou em outro lugar , mediante autorizaçã o do celebrante, com
portas abertas – art. 1.534;

Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartó rio, com toda publicidade, a portas abertas,
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou nã o dos contraentes, ou, querendo as partes e
consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício pú blico ou particular.
§ 1 o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2 o Serã o quatro as testemunhas na hipó tese do pará grafo anterior e se algum dos contraentes nã o
souber ou nã o puder escrever.

presentes: autoridade, noivos ou procurador especial (art. 1.542), oficial do registro civil e
duas testemunhas, parentes ou nã o (quatro caso algum dos nubentes nã o saber ou poder
assinar – art. 1.542, § 2º);

Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuraçã o, por instrumento pú blico, com poderes
especiais.
§ 1 o A revogaçã o do mandato nã o necessita chegar ao conhecimento do mandatá rio; mas, celebrado o
casamento sem que o mandatá rio ou o outro contraente tivessem ciência da revogaçã o, responderá o
mandante por perdas e danos.
§ 2 o O nubente que nã o estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento
nuncupativo.
§ 3 o A eficá cia do mandato nã o ultrapassará noventa dias.
§ 4 o Só por instrumento pú blico se poderá revogar o mandato.

pergunta: se os nubentes pretendem se casar por livre e espontâ nea vontade – art. 1.535;
resposta: “sim!”- art. 1.535 (um dentre os dois requisitos para constituiçã o);
declaraçã o de encerramento: declarando casados e efetuado o casamento – art. 1.535, texto
(segundo requisito);

Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as
testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmaçã o de que
pretendem casar por livre e espontâ nea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De
acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e
mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."

lavratura no assento do livro de registro civil das pessoas naturais: apó s a celebraçã o – art.
1.536 (devem constar qualificaçã o dos casados, pais e testemunhas, bem como dados da
habilitaçã o e regime de bens eleito, sem esquecer do nome que adotam – art. 1.565, § 1º);

Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No
assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cô njuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serã o
exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissã o, domicílio e residência atual dos cô njuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais;
III - o prenome e sobrenome do cô njuge precedente e a data da dissoluçã o do casamento anterior;
IV - a data da publicaçã o dos proclamas e da celebraçã o do casamento;
V - a relaçã o dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissã o, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaraçã o da data e do cartó rio em cujas notas foi lavrada a
escritura antenupcial, quando o regime nã o for o da comunhã o parcial, ou o obrigatoriamente
estabelecido.

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condiçã o de consortes,
companheiros e responsá veis pelos encargos da família.
§ 1 o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.

certidã o do registro: serve como prova da celebraçã o – art. 1.543, sendo admitido na sua falta
(perda do livro e nã o da certidã o em si) qualquer outro meio de prova;

Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidã o do registro.


Pará grafo ú nico. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de
prova.

reconhecimento de filho: havia expressa vedaçã o, nã o recepcionada no CC/02.

DA INVALIDADE DO CASAMENTO

1. Das regras próprias para invalidação do casamento

• tipificaçã o: nulidade, anulabilidade, casamento putativo.


• inserçã o pela doutrina: existência, nulidade, anulabilidade e putativo.
• nomenclatura: teoria dos elementos existenciais do negó cio jurídico (com absurda migraçã o
da teoria para o Livro III, da Parte Geral, do CC/2002).
• finalidade: preservaçã o do casamento, o que também ocorre no CC/02, contendo este um
sistema especial, com normas específicas dentro de um regime fechado – arts. 1.548 a 1.564
• três posiçõ es doutriná rias distintas:
(1ª) clá ssica: fatos, atos e negó cios jurídicos pela Parte Geral do CC/02:
capacidade civil: arts. 3º a 5º.
validade: arts. 104 a 114.
defeitos: arts. 138 a 165.
invalidade dos atos jurídicos: arts. 166 a 184.
(2ª) aplicaçã o conjunta com a Parte Geral (Livro III): fatos, atos e negó cios jurídicos do CC/02
aplicam-se em conjunto com o sistema especial.
(3ª) aplicaçã o exclusiva do regime fechado: Caio Má rio vai além para afirmar que só se aplica
o regime fechado, de modo a restarem desprezados os institutos clá ssicos do CC/02 para o
casamento (aqui nã o há invalidaçã o sem tipificaçã o rígida).

Princípios para mantença e higidez do casamento

a) da aparência: confere relevâ ncia jurídica ao estado de casado, quando ocorre a


convivência ostensiva na condiçã o de casados, a servir de presunçã o para o casamento e
de elemento saneador de algum defeito ocorrido quando da sua celebraçã o, a afastar
qualquer vício existente.
b) in dubio pro matrimoni: dogma com origem no direito canô nico, empresta validade ao
casamento com julgamento a favor do matrimô nio quando na dú vida sobre a sua
celebraçã o – art. 1.547 (das provas do casamento).

Art. 1.547. Na dú vida entre as provas favorá veis e contrá rias, julgar-se-á pelo casamento, se os cô njuges,
cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.

dispositivos para a mantença e higidez do casamento (exemplos):

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebraçã o do casamento, por
qualquer pessoa capaz.
Pará grafo ú nico. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum
impedimento, será obrigado a declará -lo.
Art. 1.549. A decretaçã o de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode
ser promovida mediante açã o direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Pú blico.

Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.

Art. 1.552. A anulaçã o do casamento dos menores de 16 anos será requerida:


I - pelo pró prio cô njuge menor;
II - por seus representantes legais;
III - por seus ascendentes.

Art. 1.553. O menor que nã o atingiu a idade nú bil poderá , depois de completá -la, confirmar seu
casamento, com a autorizaçã o de seus representantes legais, se necessá ria, ou com suprimento judicial.

2. Do descolamento da teoria para com a realidade

modificaçã o do panorama: o divó rcio sem prazos (EC 66/10) faz perder significado a toda
essa discussã o, afinal agora é muito fá cil a dissoluçã o matrimonial (antes, o caminho era
buscar a invalidaçã o e nã o o divó rcio – hoje, o juiz acaba transformando a açã o e decretando o
divó rcio). Nova redaçã o para o art. 226, § 6º, CF/88, sendo:

diferentes efeitos da desconstituiçã o do casamento:


§ 6.º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divó rcio.
nulidade ou anulabilidade: efeito retroativo (dissoluçã o desde sua celebraçã o – art. 1.563);

Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebraçã o,
sem prejudicar a aquisiçã o de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de
sentença transitada em julgado.

casamento putativo: só aos de boa-fé permanecem os efeitos do casamento até a data do


trâ nsito em julgado da sentença de nulidade ou anulató ria – art. 1.561.

Art. 1.561. Embora anulá vel ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cô njuges, o casamento,
em relaçã o a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulató ria.
§ 1 o Se um dos cô njuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos
filhos aproveitarã o.
§ 2 o Se ambos os cô njuges estavam de má -fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarã o.

divórcio: produz efeitos somente do trânsito em julgado da sentença.

3. Da teoria dos elementos existenciais do negócio jurídico

• dos planos conforme o regime especial fechado:

plano da existência: exige elementos existenciais do negó cio jurídico, sendo:


 diversidade de sexo.
 declaraçã o de vontade.
 celebraçã o por autoridade materialmente competente.
efeito: aqui o casamento nã o existe!

plano da validade: com duas possibilidades (nulidade ou anulabilidade):


 nulidade: vício insaná vel (imprescritível).
 anulabilidade: vício saná vel (decadencial).
 efeitos: nos dois casos o casamento existe, apenas diferenciando-se pela gravidade do vício
envolvido!

plano da eficácia: depende do registro pú blico, que resulta nos:


 efeitos pessoais.
 efeitos matrimoniais.
 deveres conjugais.

Crítica à teoria dos elementos existenciais do negócio jurídico


dificuldade: fazer a real distinçã o no plano teó rico entre o nulo e o inexistente, nã o havendo
consenso na identificaçã o dos elementos.
opçã o: afastamento da teoria, até mesmo pela sua irrelevâ ncia prá tica.
Venosa: ato nulo ou inexistente é a mesma coisa!

Casamento inexistente: existe faticamente, mas sem relevâ ncia jurídica, sem produçã o de
efeito jurídico.
origem: como a lei anterior nã o elencava algumas causas de nulidade de casamento
(diversidade de sexo, ausência de celebraçã o e de manifestaçã o de vontade), e em matéria de
casamento nã o há nulidade sem tipificaçã o, a doutrina passou a enquadrar os casos nã o
tipificados como de ausência de elemento essencial.

pressupostos do casamento inexistente:


diversidade de sexo: em desuso (decisã o do STF, ADI 4277 e ADPF 132, de 2011, e a
Resoluçã o n. 175, de 2013, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
autoridade sem competência: prejudicada a coleta do consentimento dos noivos, reconhece-se
o casamento quando putativo, de boa-fé, pela posse de estado de casado ou pela presunçã o do
casamento, a contornar a ilegitimidade do celebrante (hoje fato tipificado no art. 1.550, VI -
anulabilidade).

Art. 1.550. É anulá vel o casamento:


VI - por incompetência da autoridade celebrante.
§ 1 o . Equipara-se à revogaçã o a invalidade do mandato judicialmente decretada.
§ 2 o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade nú bia poderá contrair matrimô nio,
expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsá vel ou curador.

Casamento transexual: previsto como erro essencial da pessoa – art. 1.557, I.

Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cô njuge:


I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;

Autoridades: juiz de paz (art. 98, II, CF/88) ou presidente do ato (art. 1.535), ministro da
religiã o (ar. 1.515), autoridade consular (art. 1.544) ou qualquer pessoa no nuncupativo (art.
1.540).

Art. 1.515. O casamento religioso, que atender à s exigências da lei para a validade do casamento civil,
equipara-se a este, desde que registrado no registro pró prio, produzindo efeitos a partir da data de sua
celebraçã o.

Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as
testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmaçã o de que
pretendem casar por livre e espontâ nea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De
acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e
mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, nã o obtendo a presença da
autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na
presença de seis testemunhas, que com os nubentes nã o tenham parentesco em linha reta, ou, na
colateral, até segundo grau.

O casamento nuncupativo, previsto neste artigo, refere-se à possibilidade de realização de um


casamento nos casos em que uma das partes estiver em iminente risco de vida, não podendo
realizar o casamento pelas vias tradicionais. O Código Civil não impõe um regime de bens
obrigatório no caso de casamento nuncupativo. Sendo assim, aplica-se a regra que dispõe que não
havendo pacto antenupcial, o regime de bens será o da comunhão parcial de bens.

Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os


cô nsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos
os cô njuges ao Brasil, no cartó rio do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do
Estado em que passarem a residir.

CASAMENTO INEXISTENTE

ausência de declaraçã o de vontade: meramente acadêmico, quando o noivo(a) disse nã o, ficou


em silêncio ou outra pessoa respondeu por ele, sem que tenha percebido – o mais adequado
seria considerar como vício da vontade, a permitir anulaçã o por coaçã o e nã o casamento
inexistente – art. 1.550, III, 1.558, 1.559, 1ª parte e 1.560, IV.

Art. 1.550. É anulá vel o casamento:


III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes,
ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.

Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cô njuge:


I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento
ulterior torne insuportá vel a vida em comum ao cô njuge enganado;
II - a ignorâ ncia de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportá vel a vida
conjugal;
III - a ignorâ ncia, anterior ao casamento, de defeito físico irremediá vel que nã o caracterize deficiência ou
de moléstia grave e transmissível, por contá gio ou por herança, capaz de pô r em risco a saú de do outro
cô njuge ou de sua descendência;

Art. 1.558. É anulá vel o casamento em virtude de coaçã o, quando o consentimento de um ou de ambos os
cô njuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerá vel e iminente para a vida, a
saú de e a honra, sua ou de seus familiares.

Art. 1.559. Somente o cô njuge que incidiu em erro, ou sofreu coaçã o, pode demandar a anulaçã o do
casamento; mas a coabitaçã o, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipó teses dos incisos
III e IV do art. 1.557.

Art. 1.560. O prazo para ser intentada a açã o de anulaçã o do casamento, a contar da data da celebraçã o, é
de:
IV - quatro anos, se houver coaçã o.

Críticas à teoria dos elementos existenciais do negó cio jurídico:


 a tentativa de transformar o casamento em ato invisível por boa parte da doutrina apenas
demonstra a inexistência do pró prio casamento inexistente.
 a afirmaçã o de uma declaraçã o da inexistência, de ofício pelo juiz, é descabida.
 resistência ao casamento homoafetivo nos dias de hoje ?!
 autoridade incompetente está tipificada como caso de anulabilidade.
 ausência de declaraçã o de vontade deve ser enquadrada como situaçã o de coaçã o e,
portanto, de anulabilidade.

4. Do casamento nulo ( Art. 1548, I )

• modificaçõ es relativas à capacidade face à Lei nº 13.146/2015:

Art. 3o Sã o absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os


menores de 16 (dezesseis) anos.
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, nã o tiverem o necessá rio
discernimento para a prá tica desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, nã o puderem exprimir sua vontade.

Art. 4o Sã o incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:


I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tó xicos, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido;
II - os ébrios habituais e os viciados em tó xico;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, nã o puderem exprimir sua vontade;
[...]

• antes: ausência de capacidade para casar em razã o de doença mental a retirar o


discernimento para os atos da vida civil – art. 3º, II e III (redaçã o anterior) e 166, I
• agora: uma possibilidade legal!

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:


I - pelo enfermo mental sem o necessá rio discernimento para os atos da vida civil;
(revogado)
II - por infringência de impedimento. >>> AMEAÇA À ORDEM PÚBLICA

Art. 1.521. Nã o podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
independente do grau de parentesco: homem e sua mã e ou filha, neta ou bisneta; mulher com
seu pai, avô , bisavô , filho ou neto, etc.

II - os afins em linha reta;


mesmo depois de dissolvido o casamento, afinal esse parentesco por afinidade em linha reta nã o
se desfaz (sogro e nora ou genro e sogra) – art. 1.595, caput e §§ 1º e 2º.

III - o adotante com quem foi cô njuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
V - o adotado com o filho do adotante;
dupla ordem de impedimentos – art. 1.521, I, II e IV (parentesco consanguíneo) ou art. 1.521, III
e V (parentesco civil).

IV - os irmã os, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
laudo médico para casamento entre tio(a) e sobrinho(a): Jornada I DirCiv STJ 98, “O CC 1521 IV
dever ser interpretado à luz do DL 3200/41 no que se refere à possibilidade de casamento entre
colaterais de terceiro grau.” (nã o, na visã o de Paulo Lô bo, em virtude da ab-rogaçã o do DL
3.200/41 c/c art. 2º da LINDB). primos: nã o há impedimento (parentes colaterais de 4º).

VI - as pessoas casadas;
com a correçã o doutriná ria reclassificando para caso de incapacidade para o casamento
(inaptidã o genérica frente à qualquer pessoa e nã o caso de impedimento). MBD: mesmo na
ocorrência de bigamia, sendo que tal ato nã o pode gerar o enriquecimento ilícito e por isso
impositivo reconhecer a existência de uma uniã o está vel paralela.
VII - o cô njuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu
consorte.
de natureza ética, a desestimular o crime passional.

5. Do casamento anulável

anulá vel, pois não há ameaça à ordem pública, apenas recomendação pelo não
casamento:

Art. 1.550. É anulá vel o casamento:


I - de quem nã o completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade nú bil, quando nã o autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatá rio, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogaçã o do mandato, e
nã o sobrevindo coabitaçã o entre os cô njuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
§ 1 o . Equipara-se à revogaçã o a invalidade do mandato judicialmente decretada.
§ 2 o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade nú bia poderá contrair matrimô nio,
expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsá vel ou curador.

art. 1.550, II (menoridade): entre 16 anos e 18 nã o completos (idade nú bil), a requerer


autorizaçã o dos (2) pais – art. 1.517 c/c arts. 3º e 166, I, sendo que:

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorizaçã o de ambos os
pais, ou de seus representantes legais, enquanto nã o atingida a maioridade civil.
Pará grafo ú nico. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no pará grafo ú nico do art.
1.631.

emancipaçã o: o matrimô nio conduz a maioridade do noivo menor – art. 5º, inc. II (sem perdê-
la no caso de anulaçã o, divó rcio ou viuvez);
prazo da açã o anulató ria: 6 meses, a contar da celebraçã o, com legitimidade em favor dos pais
e MP (concorrente) – art. 1.555, caput e § 1º;

Art. 1.555. O casamento do menor em idade nú bil, quando nã o autorizado por seu representante legal, só
poderá ser anulado se a açã o for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de
sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessá rios.
§ 1 o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro
caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.

convalidaçã o do casamento: quando quem deveria dar autorizaçã o, e nã o o faz, comparece à


solenidade – art. 1.555, § 2º.

Art. 1.555. O casamento do menor em idade nú bil, quando nã o autorizado por seu representante legal, só
poderá ser anulado se a açã o for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de
sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessá rios.
§ 2 o Nã o se anulará o casamento quando à sua celebraçã o houverem assistido os representantes legais
do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovaçã o.

art. 1.550, III (vício da vontade pelo art. 1.556 – erro essencial): casos taxados no art. 1.557 +
prazo de 3 anos, a contar da celebraçã o, pelo art. 1.560, III, com 3 requisitos:
 circunstâ ncia ignorada preexistente ao casamento.
 descoberta subsequente ao casamento.
 vida em comum intolerá vel.
 desvirginamento, incapacidade nas relaçõ es sexuais e procriativa, débito sexual: “D”.
art. 1.550, III (vício da vontade pelo art. 1.558 – coaçã o): mais restrito que a descrita no art.
151, aqui com fundado temor à sua vida e familiares (nã o incluindo a do outro cô njuge
motivador) – art. 1.558.

coabitaçã o: ló gica absurda a contornar a anulaçã o do casamento com a ideia da prá tica sexual.
prazo decadencial: 4 anos, a contar da celebraçã o – art. 1.560, IV;

Art. 1.560. O prazo para ser intentada a açã o de anulaçã o do casamento, a contar da data da celebraçã o, é
de:
IV - quatro anos, se houver coaçã o.

art. 1.550, IV (incapacidade de consentimento ou de manifestaçã o do consentimento): trata-se


de uma limitaçã o (incapacidade) transitó ria e relativa (instantâ nea e circunstancial) vivida
pelo nubente. crítica: deveria ser caso de nulidade e nã o anulabilidade, com prazo de 180 dias
para a açã o – art. 1560, I.

art. 1.550, V (revogaçã o de procuraçã o): sem conhecimento do mandatá rio e contraente,
desde que nã o tenha ocorrido a convivência do casal e com isto gerado a posse do estado de
casados, com prazo de 180 dias para a açã o de anulató ria – art. 1.560, § 2º (o arrependimento
gera perdas e danos – art. 1.542, § 1º).

art. 1.550, VI (incompetência do celebrante): convalidada a anulabilidade caso realizado por


quem publicamente exercia as funçõ es de juiz de paz (art. 238, do CP), com prazo de 2 anos
para açã o anulató ria – art. 1.560, II.

6. Das distinções entre nulidade e anulabilidade no casamento

Com afastamento da teoria da inexistência

A. 1º esclarecimento – diferença entre validade e eficá cia:


existência e validade: requer procedimento prévio e cerimô nia pú blica (nos termos da lei),
manifestaçã o da vontade dos noivos e a declaraçã o do celebrante de que estã o casados.
eficá cia: depende do registro pú blico.

B. 2º distinçã o – natureza do vício que macula:


vício insanável: gera nulidade absoluta (proibiçã o do incesto e a monogamia), devendo
ser desconstituído em razã o do interesse pú blico.
vício sanável: gera nulidade relativa, podendo ser desconstituído, a depender do
interesse da parte.
em ambos os casos o casamento existe, foi celebrado e produziu efeitos jurídicos:
mas ambos os casos (nulo e anulá vel) dependem de chancela judicial e nã o sendo proposta
uma açã o continuam existindo e produzindo efeitos (no caso do vício saná vel, nã o buscada
a anulaçã o dentro dos prazos de lei, o casamento torna-se hígido e as má culas
desaparecem).

C. 3º distinçã o – instituto da prescriçã o (com efeito retroativo):


nulidade absoluta do casamento: imprescritível;
nulidade relativa do casamento: sujeita a prazo decadencial (crítica da doutrina) e
nã o prescriçã o conforme descrita em lei – art. 1.560.

Art. 1.560. O prazo para ser intentada a açã o de anulaçã o do casamento, a contar da data da celebraçã o, é de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV - quatro anos, se houver coaçã o.
§ 1 o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos,
contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus
representantes legais ou ascendentes.
§ 2 o Na hipó tese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulaçã o do casamento é de cento e oitenta dias, a
partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebraçã o.

7. Dos efeitos

• efeitos advindos do casamento anulado por culpa:


1ª sançã o: vantagens perdidas na condiçã o de cô njuge inocente – art. 1.564, I;

Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cô njuges, este incorrerá :
I - na perda de todas as vantagens havidas do cô njuge inocente;

2ª sançã o: obrigaçã o de cumprimento imediato de todas as promessas previstas no contrato


antenupcial – art. 1.564, II.

Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cô njuges, este incorrerá :
II - na obrigaçã o de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.

efeitos aos filhos: sempre preservados, pois em relaçã o a estes o casamento produz todos os
efeitos, independentemente de ser considerado putativo (art. 1.561) ou nã o (art. 1.617);

Art. 1.561. Embora anulá vel ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cô njuges, o casamento,
em relaçã o a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulató ria.
§ 1 o Se um dos cô njuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos
filhos aproveitarã o.
§ 2 o Se ambos os cô njuges estavam de má -fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarã o.

Art. 1.617. A filiaçã o materna ou paterna pode resultar de casamento declarado nulo, ainda mesmo sem
as condiçõ es do putativo.

o divó rcio, outra forma de dissoluçã o do casamento, nã o modifica direitos e deveres filiais.

Art. 1.579. O divó rcio nã o modificará os direitos e deveres dos pais em relaçã o aos filhos.
Pará grafo ú nico. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, nã o poderá importar restriçõ es aos
direitos e deveres previstos neste artigo.

casamento putativo: mesmo que declarado nulo, ao contrá rio do que ocorre com os atos ou
negó cios nulos (arts. 166/167), serã o preservados seus efeitos até o dia da sentença
anulató ria – arts. 1.561 e 1.563

Art. 1.561. Embora anulá vel ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cô njuges, o casamento,
em relaçã o a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulató ria.
§ 1 o Se um dos cô njuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos
filhos aproveitarã o.
§ 2 o Se ambos os cô njuges estavam de má -fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarã o.

Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebraçã o, sem
prejudicar a aquisiçã o de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença
transitada em julgado.
doaçã o feita por 3ºs aos noivos em casamento putativo: sem efeito caso anulado o casamento
– art. 546 (subtraçã o do efeito da doaçã o).

Art. 546. A doaçã o feita em contemplaçã o de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer
pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem
um do outro, nã o pode ser impugnada por falta de aceitaçã o, e só ficará sem efeito se o casamento não
se realizar.

exceçã o em favor do donatá rio/cô njuge de boa-fé: a doaçã o é vá lida ao cô njuge de boa-fé,
independentemente do â nimo do doador.
perda da aplicaçã o prá tica pela teoria das nulidades do casamento: em virtude da consagraçã o
constitucional da uniã o está vel, pois mesmo que seja desconstituído o matrimô nio, e
persistindo nesse ínterim a convivência marital, tem-se que reconhecer a uniã o está vel – art.
1.723, caput, §§ 1º e 2º.

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a uniã o está vel entre o homem e a mulher, configurada
na convivência pú blica, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituiçã o de família.
§ 1 o A uniã o está vel nã o se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; nã o se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 nã o impedirã o a caracterizaçã o da uniã o está vel.

8. Das particularidades nas ações de nulidade e anulabilidade

• aplicaçã o das regras gerais das nulidades dos negó cios jurídicos (art. 168): nã o pode ser
invocada regra fora do direito de família (teoria da inexistência).

Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo
Ministério Pú blico, quando lhe couber intervir.
Pará grafo ú nico. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negó cio jurídico
ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, nã o lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes.

• invalidade do casamento exige sentença: incabível a decretaçã o ex officio.


• carga eficacial na sentença de nulidade: declaratória, afinal o casamento sequer chegou
a se constituir por infringência a uma proibiçã o legal.
• carga eficacial na sentença anulatória: constitutiva negativa, pois é a sentença que
dissolve o casamento.
• prazos:
açã o de nulidade: imprescritível
anulató ria: prazos do art. 1.560, mas decadencial e nã o prescricional.

Art. 1.560. O prazo para ser intentada a açã o de anulaçã o do casamento, a contar da data da celebraçã o, é
de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV - quatro anos, se houver coaçã o.
§ 1 o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis
anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus
representantes legais ou ascendentes.
§ 2 o Na hipó tese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulaçã o do casamento é de cento e oitenta dias,
a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebraçã o.

• MP: por interesse de menor – art. 178, II, CPC/15


• legitimidade: arts. 1.552 e 1.549.
Art. 1.549. A decretaçã o de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode
ser promovida mediante açã o direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Pú blico.

Art. 1.552. A anulaçã o do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:
I - pelo pró prio cô njuge menor;
II - por seus representantes legais;
III - por seus ascendentes.

• foro privilegiado: a do guardiã o do incapaz – art. 53, CPC/15.


• trâ mite: segredo de justiça – art. 189, II
• tutela de urgência: guarda dos filhos, afastamento do lar, sequestro de bens: arts. 1.562, CC e
art. 214, I e II, CPC/15, respectivamente.

Art. 1.562. Antes de mover a açã o de nulidade do casamento, a de anulaçã o, a de separaçã o judicial, a de
divó rcio direto ou a de dissoluçã o de uniã o está vel, poderá requerer a parte, comprovando sua
necessidade, a separaçã o de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.

• sentença: eficácia erga omnes, averbada no registro civil e registro de imó veis caso
existirem bens – respectivamente art. 506, CPC/15; 10, I, CC e 29, § 1º, a, LRP; 167, II, LRP).

• alimentos: enquanto nã o anulado o casamento persistem deveres e direitos, bem como de


mú tua assistência, a transformar-se em obrigaçã o alimentar quando cessada a vida em
comum (possibilidade de cumulaçã o da açã o de nulidade/anulaçã o com alimentos).
• partilha dos bens: adquiridos na constâ ncia, ainda que venha a ser anulado.

DA EFICÁCIA JURÍDICA DO CASAMENTO

• legislaçõ es anteriores:
CC/1916: família hierarquizada, patriarcal, machista e de finalidade procriativa, com a
mulher numa inferioridade jurídica e social – arts. 233 a 239 (marido) e 240 a 255 (mulher)
do CC/1916:
representaçã o legal da família: pelo homem (chefe da sociedade conjugal);
divergência entre genitores no pá trio poder: prevalecia o do homem, sendo que a mulher
podia tentar se socorrer do juiz;
fixaçã o do domicílio conjugal: pelo homem;
manutençã o da família: do homem;
obrigatoriedade da adoçã o do sobrenome: do homem;
perda da plena capacidade civil: pela mulher ao casar;
trabalho: exigia autorizaçã o do homem;
viú va: ao casar novamente, perdia guarda dos filhos menores;
desvirginamento da esposa antes do casamento: sendo desconhecido pelo marido, ensejava a
anulaçã o do casamento.
Estatuto da Mulher Casada – Lei nº 4.121/1962: conferiu a plena capacidade à mulher:
administraçã o da sociedade conjugal: a mulher passa a ser colaboradora do marido;
plena capacidade civil: para a mulher;
trabalho: nã o mais exigia autorizaçã o do homem;
guarda dos filhos menores à mulher: no caso de ambos serem culpados pela separaçã o.

Constituiçã o de 1988: impô s a igualdade do homem e da mulher, inclusive aos direitos e


deveres do casamento – art. 226, § 5º, CF/88.
• implicaçõ es:
eficá cia erga omnes: família constituída pelo casamento, nos seus efeitos, vai além dos
cô njuges e se impõ e perante à sociedade, de modo a irradiar efeitos sociais, pessoais e
patrimoniais (vantagens na esfera previdenciá ria, tributá ria, etc., mas também impõ em
restriçõ es).
intervençã o do ente pú blico: nã o se restringe a chancelar o casamento e sua dissoluçã o, e, ao
assumir o encargo de proteger a família, impõ e responsabilidades e regras ao casal:
o sim na solenidade do casamento: também significa a concordâ ncia de ambos os nubentes
para com aquilo que o ente pú blico estabelece de forma rígida os deveres dos cô njuges
(casamento com o Estado e o significado da palavra cô njuge);
direitos e deveres exercidos em igualdade: referentes à sociedade conjugal, por força
constitucional, sã o exercidos em pé de igualdade pelo homem e a pela mulher – art. 226, § 5º;
deveres conjugais de um para com o outro no CC/2002: o art. 1.566 é meramente
exemplificativo, a destacar os mais importantes (ú ltimo tó pico);
efeitos pessoais e patrimoniais: a seguir.

1. Dos efeitos pessoais ( DIREITOS E DEVERES ENTRE OS CÔNJUGES )

nova condiçã o: de consortes, companheiros, com novo estado civil como um atributo da
personalidade, de modo a qualificar a pessoa perante a sociedade – art. 1.565, caput;

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condiçã o de consortes,
companheiros e responsá veis pelos encargos da família.

adoçã o do nome do outro: pode a noiva(o) adotar sobrenome do outro/ou inversã o dos
sobrenomes – art. 1.565, §1º;

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condiçã o de consortes,
companheiros e responsá veis pelos encargos da família.
§ 1 o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.

planejamento familiar: o CC reproduz mandamento constitucional, sendo delegado ao casal –


arts. 226, § 7º, CF/88 c/c 1.565, § 2º e Lei nº 9.263/1996, sendo:

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condiçã o de consortes,
companheiros e responsá veis pelos encargos da família.
§ 2 o O planejamento familiar é de livre decisã o do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerçã o por parte de
instituiçõ es privadas ou pú blicas.

art. 2º: definiçã o de planejamento familiar;


art. 5º: dá competência ao ente pú blico para propiciar recursos educacionais e científicos
para o exercício do direito do planejamento familiar;
art. 9º: tentativa tímida de restringir a fertilizaçã o assistida;
art. 10: restriçã o à esterilizaçã o voluntá ria;
art. 10, § 5º: exige concordâ ncia expressa do marido para a mulher sofrer esterilizaçã o (o que
nã o ocorre na uniã o está vel, sendo uma limitaçã o ao direito da mulher na sua
autodeterminaçã o, tema francamente discutível);
art. 15: crime a esterilizaçã o cirú rgica fora dos permissivos legais.
presunçã o de filiaçã o: dos filhos do casal – art. 1.597;

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constâ ncia do casamento os filhos:


I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissoluçã o da sociedade conjugal, por morte, separaçã o
judicial, nulidade e anulaçã o do casamento;
III - havidos por fecundaçã o artificial homó loga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriõ es excedentá rios, decorrentes de concepçã o
artificial homó loga;
V - havidos por inseminaçã o artificial heteró loga, desde que tenha prévia autorizaçã o do marido.

encargos da família: parte final do art. 1.565, de forma a delegar aos pais o dever de assegurar
os direitos das crianças e adolescentes – art. 227, CF/88 (ente pú blico como responsá vel
subsidiá rio);

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condiçã o de consortes,
companheiros e responsá veis pelos encargos da família.

direçã o do casamento: em colaboraçã o do casal, a visar o interesse de ambos e filhos;


divergência entre cô njuges: juiz decide;

Art. 1.567. A direçã o da sociedade conjugal será exercida, em colaboraçã o, pelo marido e pela mulher,
sempre no interesse do casal e dos filhos.
Pará grafo ú nico. Havendo divergência, qualquer dos cô njuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá
tendo em consideraçã o aqueles interesses.

manutençã o da família: obrigaçã o concorrente – art. 1.568;

Art. 1.568. Os cô njuges sã o obrigados a concorrer, na proporçã o de seus bens e dos rendimentos do
trabalho, para o sustento da família e a educaçã o dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial.

escolha do domicílio do casal: por ambos (relevâ ncia do dispositivo frente ao art. 1.240A e o
usucapiã o familiar) – art. 1.569;

Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cô njuges, mas um e outro podem ausentar-
se do domicílio conjugal para atender a encargos pú blicos, ao exercício de sua profissã o, ou a interesses
particulares relevantes.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente e sem oposiçã o, posse direta, com
exclusividade, sobre imó vel urbano de até 250m² cuja propriedade divida com ex-cô njuge ou ex-
companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio integral, desde que nã o seja proprietá rio de outro imó vel urbano ou rural.
§ 1 o O direito previsto no caput nã o será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

débito conjugal: é extremamente discutível, sendo considerado invasiva a presença do ente


pú blico, quem acaba na cama com o casal, a ponderar:
condiçã o de mantença do casal: vínculo afeto e nã o norma jurídica;
consequências do débito conjugal: nã o afeta a existência, validade ou eficá cia do casamento,
seu adimplemento em juízo é inviá vel e o fator culpa caiu, sendo o divó rcio admitido sem
causas e motivos – art. 1.580, §1º c/c EC 66/10.

Art. 1.580. Decorrido um ano do trâ nsito em julgado da sentença que houver decretado a separaçã o
judicial, ou da decisã o concessiva da medida cautelar de separaçã o de corpos, qualquer das partes
poderá requerer sua conversã o em divó rcio.
§ 1 o A conversã o em divó rcio da separaçã o judicial dos cô njuges será decretada por sentença, da qual
não constará referência à causa que a determinou.

indissolubilidade do vínculo de afinidade: de um cô njuge com os parentes do outro , mesmo


depois de extinto o casamento – art. 1.595, § 2º.

Art. 1.595. Cada cô njuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 2 o Na linha reta, a afinidade nã o se extingue com a dissoluçã o do casamento ou da uniã o está vel.
2. Dos deveres conjugais de um para com o outro

Previsã o legal ( rol exemplificativo, com os mais importantes ):

Art. 1.566. Sã o deveres de ambos os cô njuges:


I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mú tua assistência;
IV - sustento, guarda e educaçã o dos filhos;
V - respeito e consideraçã o mú tuos.

fidelidade recíproca: natural expressã o da monogamia, de interesse da sociedade (norma


social, estrutural e moral, mas sua transgressã o nã o mais admite puniçã o, sequer perfila como
motivo para rompimento do casamento – sem culpa), com normas e temas satélites:
crime de bigamia: só se consuma quando a pessoa casar no cartó rio estando ainda casado com
outra – art. 235, CP (a conduzir a nulidade do casamento – art. 1.548, II);

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:


II - por infringência de impedimento.

de impedimento (específico) para caso de nulidade (genérico):

Art. 1.521. Nã o podem casar:


VI - as pessoas casadas;

doaçã o de cô njuge adú ltero a seu cú mplice: anulá vel a doaçã o – arts. 550 c/c 1.642, V;

Art. 550. A doaçã o do cô njuge adú ltero ao seu cú mplice pode ser anulada pelo outro cô njuge, ou por
seus herdeiros necessá rios, até 2 anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
I - praticar todos os atos de disposiçã o e de administraçã o necessá rios ao desempenho de sua profissã o,
com as limitaçõ es estabelecida no inciso I do art. 1.647;
II - administrar os bens pró prios;
III - desobrigar ou reivindicar os imó veis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu
consentimento ou sem suprimento judicial;
IV - demandar a rescisã o dos contratos de fiança e doaçã o, ou a invalidaçã o do aval, realizados pelo outro
cô njuge com infraçã o do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
V - reivindicar os bens comuns, mó veis ou imó veis, doados ou transferidos pelo outro cô njuge ao
concubino, desde que provado que os bens nã o foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal
estiver separado de fato por mais de cinco anos;
VI - praticar todos os atos que nã o lhes forem vedados expressamente.

como exigir adimplemento? nã o dá para executar esta obrigaçã o de nã o fazer (pagamento por
cada traiçã o?);
a fidelidade e a EC 66/10: nã o é um direito exequível, e nã o mais serve como fator de culpa
para a separaçã o, sendo inú til a previsã o legal;
famílias paralelas: chamado de concubinato – art. 1.727, com ampla resistência da lei e
jurisprudência, mas com novos e recentes julgados:

Art. 1.727. As relaçõ es nã o eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato.

Uniã o dú plice. Uniã o está vel. Prova. Meaçã o. “Triaçã o”. Sucessã o. Prova do período de uniã o está vel e
uniã o dú plice. A prova dos autos é robusta e firme a demonstrar a existência de uniã o entre a autora e o
de cujus em período concomitante ao casamento do falecido. Reconhecimento de uniã o dú plice paralela
ao casamento. Precedentes jurisprudenciais. Meaçã o (triaçã o). Os bens adquiridos na constâ ncia da
uniã o dú plice sã o partilhados entre as companheiras e o de cujus. Meaçã o que se transmuda em
“triaçã o”, pela duplicidade de vínculos familiares. Negaram provimento ao primeiro apelo e deram
parcial provimento ao segundo (TJRS, AC 70027512763, 8ª Câ m. Civ., rel. Des. Rui Portanova, j.
14.05.2009).

infidelidade virtual: com a comunicaçã o em momento real permitido pela internet, gerou uma
nova forma de socializaçã o, e a correspondência virtual presta-se à fuga da realidade
frustrante, daí novos encontros, confidências e intimidades, inclusive protegido pelo
anonimato, a caracterizar uma infidelidade virtual, mas que ainda é mero devaneio, fantasia
(cuidado, temos o direito à inviolabilidade do sigilo da correspondência – arts. 5º, XII c/c X e
LVI, CF/88.

vida em comum no domicílio: desmedido considerar que a ausência de contato físico


(sexual) seja reconhecida como inadimplemento de dever conjugal (chancela da
violência doméstica), sem dano moral.
domicílio conjugal: descabido impor um lar comum, pois a família pode ter mais de um
domicílio – art. 71;

mú tua assistência, consideraçã o e respeito: casamento estabelece comunhã o plena da vida –


art. 1.511, traz vínculo de solidariedade a ponto de transbordar os limites da vida em comum
e se consolida em obrigaçã o alimentar para além da dissoluçã o do casamento, sendo os
alimentos irrenunciá veis – arts. 1.707 e 1.704;

Art. 1.707. Pode o credor nã o exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o
respectivo crédito insuscetível de cessã o, compensaçã o ou penhora.

Art. 1.704. Se um dos cô njuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro
obrigado a prestá -los mediante pensã o a ser fixada pelo juiz, caso nã o tenha sido declarado culpado na
açã o de separaçã o judicial.
Pará grafo ú nico. Se o cô njuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e nã o tiver parentes em
condiçõ es de prestá -los, nem aptidã o para o trabalho, o outro cô njuge será obrigado a assegurá -los,
fixando o juiz o valor indispensá vel à sobrevivência.

sustento, guarda e educaçã o dos filhos: responsabilidade divisível entre os pais (e nã o


cô njuges).
poder familiar: durante o casamento – art. 1.631, caput;

Art. 1.631. Durante o casamento e a uniã o está vel, compete o poder familiar aos pais; na falta ou
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Pará grafo ú nico. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles
recorrer ao juiz para soluçã o do desacordo.

manutençã o dos deveres apó s casamento: nã o se modificam –art. 1.579, caput e seu
pará grafo ú nico;

Art. 1.579. O divó rcio nã o modificará os direitos e deveres dos pais em relaçã o aos filhos.
Pará grafo ú nico. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, nã o poderá importar restriçõ es aos
direitos e deveres previstos neste artigo.

abandono material: delito previsto no art. 244, CP;

transmissã o do encargo: nã o se dá ao outro genitor, mas aos parentes do devedor.

Art. 1.696. O direito à prestaçã o de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigaçã o nos mais pró ximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, nã o estiver em condiçõ es de suportar
totalmente o encargo, serã o chamados a concorrer os de grau imediato; sendo vá rias as pessoas
obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporçã o dos respectivos recursos, e,
intentada açã o contra uma delas, poderã o as demais ser chamadas a integrar a lide.

Art. 1.700. A obrigaçã o de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art.
1.694.

3. Dos efeitos patrimoniais ( REGIMES DE BENS E OUTRAS NORMAS )

Nã o apenas restritos aos cô njuges, mas alcançam terceiros, sendo:


outorga uxó ria: o cô njuge necessita da autorizaçã o do outro para vender ou gravar os bens
imó veis, prestar fiança e aval e fazer doaçõ es – art. 1.647;

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
I - alienar ou gravar de ô nus real os bens imó veis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doaçã o, nã o sendo remunerató ria, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meaçã o.
Pará grafo ú nico. Sã o vá lidas as doaçõ es nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.

OUTORGA UXÓ RIA: Para ser eficaz, a fiança prestada por um dos cô njuges deve ter o
consentimento expresso (escrito) do outro cô njuge. A outorga uxó ria é utilizada como forma
de impedir a dilapidaçã o do patrimô nio do casal por um dos cô njuges. Por isso, a fiança
prestada sem a anuência do cô njuge do fiador é nula.

STJ - Sú mula 332: Fiança prestada sem autorizaçã o de um dos cô njuges implica a ineficá cia total da
garantia.

Entretanto, o STJ tem admitido que nã o é necessá ria a outorga uxó ria, em caso de uniã o
está vel.

alimentos: do art. 1.694 a 1.710;

administraçã o dos bens comuns no impedimento do outro: art. 1.570;

Art. 1.570. Se qualquer dos cô njuges estiver em lugar remoto ou nã o sabido, encarcerado por mais de
cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude de
enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a direçã o da família, cabendo-lhe a
administraçã o dos bens.

curador do cô njuge: art. 1.775;

Art. 1.775. O cô njuge ou companheiro, nã o separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do


outro, quando interdito.
§1 o Na falta do cô njuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mã e; na falta destes, o
descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais pró ximos precedem aos mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.

direitos sucessó rios ao cô njuge sobrevivente: herdeiro necessá rio e na terceira classe da
ordem vocacional – arts. 1.845 c/c 1.829, III;
Art. 1.845. Sã o herdeiros necessá rios os descendentes, os ascendentes e o cô njuge.

Art. 1.829. A sucessã o legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordiná rio nº 646.721)
(Vide Recurso Extraordiná rio nº 878.694)
III - ao cô njuge sobrevivente;

direito de concorrência: com os descendentes (conforme o regime de casamento) e


ascendentes (sempre) – art. 1.829, I e II;

Art. 1.829. A sucessã o legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordiná rio nº 646.721)
(Vide Recurso Extraordiná rio nº 878.694)
I - aos descendentes, em concorrência com o cô njuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido
no regime da comunhã o universal, ou no da separaçã o obrigató ria de bens (art. 1.640, pará grafo ú nico);
ou se, no regime da comunhã o parcial, o autor da herança nã o houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cô njuge;

direito real de habitaçã o: referente ao imó vel destinado à residência – art. 1.831;

Art. 1.831. Ao cô njuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo
da participaçã o que lhe caiba na herança, o direito real de habitaçã o relativamente ao imó vel destinado à
residência da família, desde que seja o ú nico daquela natureza a inventariar.

quota mínima sucessó ria: ¼ - art. 1.832.

Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cô njuge quinhã o igual
ao dos que sucederem por cabeça, nã o podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for
ascendente dos herdeiros com que concorrer.

pensã o no casamento e uniã o está vel na Lei nº 8.213/1997:


Art. 77.
§ 2o O direito à percepçã o de cada cota individual cessará :
V - para cô njuge ou companheiro:
a) se invá lido ou com deficiência, pela cessaçã o da invalidez ou pelo afastamento da deficiência,
respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicaçã o das alíneas “b” e “c”;
b) em 4 (quatro) meses, se o ó bito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuiçõ es
mensais ou se o casamento ou a uniã o está vel tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do
ó bito do segurado;
c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiá rio na data de
ó bito do segurado, se o ó bito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuiçõ es mensais e pelo
menos 2 (dois) anos apó s o início do casamento ou da uniã o está vel:
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. (Grifo nosso).

DA UNIÃO ESTÁVEL

1. Do conceito

• uniã o está vel no passado recente:


CC/16: identificava como concubinato, punido-as:
vedava doaçõ es;
vedava a instituiçã o de seguro em favor da concubina;
vedava o direito sucessó rio via testamento.
primeiros julgados: da década de 60, conferindo, de forma camuflada, alimentos sob o ró tulo
de indenizaçã o por serviços domésticos (mulher sem atividade remunerada e sem outra fonte
de renda, com o intuito de evitar o enriquecimento ilícito).
segunda leva de julgados: reconhecimento de uma sociedade de fato, mediante prova da
efetiva contribuiçã o de cada convivente em prol do patrimô nio, a resultar em sú mula:

Súmula 380 do STF: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua
dissoluçã o judicial, com a partilha do patrimô nio adquirido pelo esforço comum.

CF/88: alarga o conceito de família para além do instituto do casamento, a emprestar


juridicidade aos enlaces extramatrimoniais, agora chamada de uniã o está vel, de forma a
equiparar as entidades familiares.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteçã o do Estado.


§ 3.º Para efeito da proteçã o do Estado, é reconhecida a uniã o está vel entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversã o em casamento.

resistência a CF/88: pelos julgados, com raras exceçõ es:


tratamento dispensado: pelo direito das obrigaçõ es;
Sú mula 380: ainda aplicada;
trâ mite: nas varas cíveis;
sucessã o: sem evoluçã o;
direito real de habitação: negado;
usufruto de parte dos bens: negado.

Lei nº 8.971/1994: em que pese ter restringido a aplicaçã o da uniã o está vel, a valer só para
pessoas solteiras, judicialmente separadas, divorciadas ou viú vas, mas nã o os separados de
fato, a exigir 5 anos ou prole, teceu novos direitos:
alimentos;
sucessã o do companheiro;
usufruto sobre parte dos bens deixados pelo de cujus;
incluído na ordem de vocaçã o hereditá ria como herdeiro legítimo.
Lei nº 9.278/1996: conferiu maior abrangência:
afastou prazo de convivência;
incluiu as pessoas separadas de fato;
fixou competência das varas de família;
reconheceu o direito real de habitaçã o;
gerou presunçã o absoluta quanto aos bens adquiridos onerosamente na constâ ncia como
fruto do esforço comum.

2. Dos elementos

CC/02: nã o traz conceito, mas definiçã o e reconhecimento no art. 1.723 – conceito de família
Lei nº 11.340/2006 (Maria da Penha), a requerer relaçã o íntima de afeto – com os seguintes
elementos essenciais:
convivência duradoura - estabilidade;
pú blica;
contínua;
de um homem e uma mulher (STF: ADI 4277 e ADPF 132, de 2011, a reconhecer as uniõ es de
pessoas do mesmo sexo como uniã o está vel);
objetivo de constituiçã o de família.
elementos acidentais: apenas facilitam a demonstraçã o judicial da uniã o está vel, sem
constituir critérios obrigató rios:
tempo;
prole;
coabitaçã o (Sú mula 382, STF).
normas: 4 escassos – arts. 1.723 a 1.726 e outras esparsas;

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a uniã o está vel entre o homem e a mulher, configurada
na convivência pú blica, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituiçã o de família.
§ 1 o A uniã o está vel nã o se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; nã o se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 nã o impedirã o a caracterizaçã o da uniã o está vel.

Art. 1.724. As relaçõ es pessoais entre os companheiros obedecerã o aos deveres de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda, sustento e educaçã o dos filhos.

Art. 1.725. Na uniã o está vel, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se à s relaçõ es
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhã o parcial de bens.

Art. 1.726. A uniã o está vel poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao
juiz e assento no Registro Civil.

CPC/15: igualdade entre o companheiro e o cô njuge!


paradoxo normativo: de uniã o livre na sua origem vem tornando-se uma uniã o vinculada à s
regras estatais – aspiraçã o de menor intervençã o estatal versus interferência estatal a conferir
legitimidade e proteçã o.
tratamento interpretativo do sistema do direito das famílias: pela equiparaçã o dos diversos
tipos de famílias em que pese o retró gado e equivocado tratamento diferenciado ao
matrimô nio no CC/02 – princípio da proibiçã o de retrocesso social.
Assim:
leitura do CC/02: em todo o texto em que é citado prerrogativa ao cô njuge é necessá rio ler-se
cô njuge ou companheiro (MBD); ou,
inversã o constitucional interpretativa: lê-se o CC/02 no seu formato posto.
vedaçã o à sua constituiçã o: art. 1.723, § 1º e os impedimentos absolutos do art. 1.521, exceto
o inciso VI, pessoa casada, condiçã o objeto de crítica porque a uniã o está vel nã o tem o efeito
da nulidade, como se nunca existisse (o que fazer: MB e a uniã o está vel putativa? Art. 1.561 e a
boa-fé).

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a uniã o está vel entre o homem e a mulher, configurada
na convivência pú blica, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituiçã o de família.
§ 1 o A uniã o está vel nã o se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; nã o se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

Art. 1.521. Nã o podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cô njuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmã os, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cô njuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu
consorte.

Art. 1.561. Embora anulá vel ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cô njuges, o casamento,
em relaçã o a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulató ria.
§ 1 o Se um dos cô njuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos
filhos aproveitarã o.
§ 2 o Se ambos os cô njuges estavam de má -fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarã o.

3. Das espécies

• terminologia e designaçõ es:


companheiro: Lei nº 8.971/1994, CC/02 e CF/88;
convivente: Lei nº 9.278/1996;
concubino: art. 1.727.

Art. 1.727. As relaçõ es nã o eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato.

• puniçã o ao concubinato adulterino (puro): distinçã o deficiente na redaçã o do art. 1.727


(combinar com a leitura do §§ 1º e 2º do art. 1.723.

Art. 1.727. As relaçõ es nã o eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato.

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a uniã o está vel entre o homem e a mulher, configurada
na convivência pú blica, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituiçã o de família.
§ 1 o A uniã o está vel nã o se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; nã o se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 nã o impedirã o a caracterizaçã o da uniã o está vel.

invisibilidade legal: sem proteçã o;


enriquecimento ilícito: de um dos parceiros (homem);
anulaçã o das doaçõ es: arts. 550 (2 anos) e 1.642, V (5 anos);

Art. 550. A doaçã o do cô njuge adú ltero ao seu cú mplice pode ser anulada pelo outro cô njuge, ou por seus
herdeiros necessá rios, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
V - reivindicar os bens comuns, mó veis ou imó veis, doados ou transferidos pelo outro cô njuge ao
concubino, desde que provado que os bens nã o foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal
estiver separado de fato por mais de cinco anos;

suspensã o do encargo alimentar: art. 1.708 (nova relaçã o do credor, inclusive pelo
concubinato);

Art. 1.708. Com o casamento, a uniã o está vel ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar
alimentos.
Pará grafo ú nico. Com relaçã o ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento
indigno em relaçã o ao devedor.

vedaçã o do direito hereditá rio testamentá rio: art. 1.801, III (regra que se impõ e até 5 anos da
separaçã o de fato).

Art. 1.801. Nã o podem ser nomeados herdeiros nem legatá rios:


III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cô njuge há
mais de cinco anos;

4. Dos efeitos jurídicos

• efeitos pessoais:
lealdade, respeito e assistência: art. 1.724, 1ª parte;
guarda, sustento e educaçã o dos filhos: art. 1.724, 2ª parte;

Art. 1.724. As relaçõ es pessoais entre os companheiros obedecerã o aos deveres de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda, sustento e educaçã o dos filhos.

vínculo de afinidade: art. 1.595;

Art. 1.595. Cada cô njuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.

poder familiar: art. 1.631;

Art. 1.631. Durante o casamento e a uniã o está vel, compete o poder familiar aos pais; na falta ou
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Pará grafo ú nico. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles
recorrer ao juiz para soluçã o do desacordo.

mantença das relaçõ es entre pais e filhos na dissoluçã o: art. 1.632;

Art. 1.632. A separaçã o judicial, o divó rcio e a dissoluçã o da uniã o está vel nã o alteram as relaçõ es entre
pais e filhos senã o quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos.

direito à curatela do outro: art. 1.775;

Art. 1.775. O cô njuge ou companheiro, nã o separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do


outro, quando interdito.
§1 o Na falta do cô njuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mã e; na falta destes, o
descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais pró ximos precedem aos mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.

adoçã o: sim, mas condicionado à prova da estabilidade da família – ECA, arts. 42, § 2º e 197-A,
III;
nome: princípio da igualdade ao casamento – art. 1.565, § 1º;

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condiçã o de consortes,
companheiros e responsá veis pelos encargos da família.
§ 1 o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.

presunçã o legal de filiaçã o: princípio da igualdade aplicado ao art. 1.597.

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constâ ncia do casamento os filhos:


I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissoluçã o da sociedade conjugal, por morte, separaçã o
judicial, nulidade e anulaçã o do casamento;
III - havidos por fecundaçã o artificial homó loga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriõ es excedentá rios, decorrentes de concepçã o
artificial homó loga;
V - havidos por inseminaçã o artificial heteró loga, desde que tenha prévia autorizaçã o do marido.

• efeitos patrimoniais:
regime de bens: comunhã o parcial no silêncio, modificado pelo contrato de convivência com
faculdade para escolha do regime – art. 1.725;
Art. 1.725. Na uniã o está vel, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se à s relaçõ es
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhã o parcial de bens.

contrato de convivência: como o regime condominial gera a presunçã o da comunhã o de


esforços à sua constituiçã o, há a possibilidade a qualquer tempo de regular, com efeito
retroativo;
estado civil: os bens amealhados durante o relacionamento nã o sã o de propriedade exclusiva
do adquirente, e sim em condomínio (mancomunhã o) – presunçã o da comunicabilidade;
perda da disponibilidade dos bens adquiridos: para a alienaçã o de bem do condomínio requer
a concordâ ncia do companheiro, do contrá rio nulidade e resguarda da meaçã o do parceiro –
art. 1.647 (outorga uxó ria em razã o do regime de bens);

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
I - alienar ou gravar de ô nus real os bens imó veis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doaçã o, nã o sendo remunerató ria, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meaçã o.
Pará grafo ú nico. Sã o vá lidas as doaçõ es nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.

registro dos bens em nome de ambos os companheiros:


nã o há qualquer determinaçã o neste sentido, sendo que uma escritura pode estar apenas no
nome de um dos conviventes, sem qualquer vício – problema prá tico com duas possíveis
vítimas:
companheiro fora do registro e terceiro de boa-fé;
imposiçã o do regime da separaçã o obrigató ria de bens na uniã o está vel: nã o cabe
interpretaçã o analó gica para restriçã o de direitos, sem aplicaçã o na uniã o está vel, mas com
julgado contrá rio – STJ, Resp, 1.090.722/SP, rel. Min. Massami Uyeda, j. 02.03.2010;
penhora: em bem imó vel ou indivisível, necessá ria a intimaçã o do companheiro do executado
– art. 854, CPC/15;
dívidas particulares do companheiro: a meaçã o responde, ainda que o bem esteja em nome
do outro;
finalizaçã o dos efeitos patrimoniais: com a cessaçã o da vida em comum (nã o só coabitaçã o),
sem chancela judicial;
meaçã o dos bens adquiridos na constâ ncia: metade dos bens para cada um;
alimentos: art. 1.694;
instituiçã o de bem de família: art. 1.711;
sucessã o: julgado de 10/05/2017 do STF: equiparaçã o entre casamento e uniã o está vel no
direito sucessó rio (= para casais do mesmo sexo, conforme julgado de 2011) – repercussã o
geral e inconstitucionalidade do art. 1.790;
RE 878.694 (equiparaçã o entre cô njuges e companheiros);
RE 646.721 (uniõ es está veis entre homossexuais e heterossexuais).
direito real de habitaçã o: pela Lei nº 9.278/1996, nã o revogada expressamente pelo CC/02 –
art. 2º, §§ 1º e 2º, LINDB;
usufruto: pela Lei nº 8.971/1994, nã o revogada expressamente pelo CC/02 – art. 2º, §§ 1º e
2º, LINDB (MB, contrá ria da doutrina e jurisprudência);
previdência social: art. 201, V, CF/88;
• descumprimento: nã o gera dissoluçã o ou nã o reconhecimento.
• conversã o em casamento: ordem constitucional – art. 226, § 3º, CF/88 – nã o observada pelo
CC/02, quem exigiu pedido ao juiz e registro civil – art. 1.726, havendo as possíveis soluçõ es:
firmar contrato de convivência;
casar (afinal gratuito, art. 226, § 1º, CF/88).
• açã o de reconhecimento: carga declarató ria.
• foro privilegiado da mulher: modificado pelo CPC/15, art. 53, com uso do termo “casal”
(antes, art. 100, I, CPC/75).

DO REGIME DE BENS
1. Do conceito, princípios e espécies;

• origem:
CC/16: por ocasiã o da sua ediçã o tínhamos os seguintes regimes:
comunhã o universal de bens: mancomunhã o, propriedade a duas mã os, num condomínio de
todos os bens, nã o importando origem e época de aquisiçã o do patrimô nio;
dotal: bens da mulher entregues ao marido, que os administrava, sendo seus rendimentos
destinados aos encargos do lar.
Estatuto da Mulher Casada – Lei nº 4.121/62: instituiu os bens reservados, bens adquiridos
com o fruto do trabalho da mulher, incomunicá veis com os demais do condomínio – encontra
revogaçã o frente ao princípio constitucional da isonomia.
Lei do Divó rcio – Lei nº 6.515/77: traz duas substanciais alteraçõ es:
comunhã o parcial de bens: novo regime padrã o, com o regramento abaixo:
bens particulares antes do casamento: afasta a comunicaçã o com o aquesto (bens adquiridos
no período da vida em comum);
heranças, legados e doaçõ es percebidas a qualquer tempo: nã o se comunicam (condomínio
somente dos aquestos);
CC/02: três alteraçõ es:
regime dotal: exclusã o;
regime final nos aquestos: introduzido;
alteraçã o do regime de bens na constâ ncia do casamento:
possibilidade.

conceito:
tendo a família como base da sociedade (art. 226, CF/88), a comunhã o de vida conduz
deveres e obrigaçõ es recíprocos, bem como solidariedade aos envolvidos no enlace familiar
(arts. 1.511 e 1.565), num entrelaçamento de patrimô nios, de modo a provocar tomada de
decisã o quanto ao regramento quanto aos domínio e posse do acervo, seja por modelos
previamente estabelecidos na lei, seja na sua mescla ou criaçã o de novo – regime de bens é
uma dentre as consequências jurídicas do casamento (sem esquecer dos demais tipos de
famílias).

• particularidades:
meaçã o: quando da dissoluçã o do casamento pelo divó rcio ou morte, é preciso identificar o
patrimô nio (quando existir ou cabível) a ser dividido ao meio, daí meaçã o;
características da meaçã o: irrenunciá vel, nã o cessível ou penhorá vel, sendo nula clá usula em
pacto antenupcial a dispor em contrá rio.
a meaçã o e os regimes: 5 situaçõ es, sendo:
comunhã o universal: todo o acervo integra a meaçã o – bens particulares e os adquiridos, a
qualquer título, na constâ ncia;
comunhã o parcial: meaçã o somente sobre os aquestos – patrimô nio adquirido na constâ ncia;
separaçã o obrigató ria: por força da Sú mula 377 do STF, há meaçã o dos bens adquiridos na
constâ ncia – “No regime da separaçã o legal de bens comunicam-se os adquiridos na
constâ ncia do casamento”;
participaçã o final nos aquestos: meaçã o somente sobre os bens amealhados em comum na
constâ ncia – os adquiridos em nome pró prio, na vigência, sujeitam-se à compensaçã o e nã o
divisã o;
separaçã o convencional: é o ú nico regime, salvo prova da contribuiçã o na formaçã o do acervo
(jurisprudência), que nã o há meaçã o.
doaçã o:
doaçã o entre cô njuges e o regime de bens: nã o há qualquer vedaçã o legal, apenas a implicar
adiantamento da legítima – art. 544.

Art. 544. A doaçã o de ascendentes a descendentes, ou de um cô njuge a outro, importa adiantamento do


que lhes cabe por herança.

doaçã o em comum aos cô njuges: por ocasiã o do falecimento de um, transmite-se


integralmente ao outro, independente do regime de bens – art. 551, pará grafo ú nico.

Art. 551. Salvo declaraçã o em contrá rio, a doaçã o em comum a mais de uma pessoa entende-se
distribuída entre elas por igual.
Pará grafo ú nico. Se os donatá rios, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doaçã o
para o cô njuge sobrevivo.

doaçã o do cô njuge para concubino: em relacionamento paralelo, com previsã o de anulaçã o da


doaçã o ou transferência dos bens, havendo tratamento distinto pela lei quanto ao tipo de
enquadramento factual.
dissoluçã o da sociedade conjugal pela morte, anulaçã o e divó rcio: até 2 anos, a contar da
dissoluçã o, pelo cô njuge prejudicado ou seus herdeiros – art. 550;

Art. 550. A doaçã o do cô njuge adú ltero ao seu cú mplice pode ser anulada pelo outro cô njuge, ou por seus
herdeiros necessá rios, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

separaçã o de fato por mais de 5 anos: produçã o de prova pelo cô njuge prejudicado de que
o(s) bem(ns) objeto de doaçã o nã o foram adquiridos pelo esforço comum dos concubinos –
até os 5 anos é dispensá vel a prova, apenas da doaçã o ou transferência – art. 1.642, V.

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
V - reivindicar os bens comuns, mó veis ou imó veis, doados ou transferidos pelo outro cô njuge ao
concubino, desde que provado que os bens nã o foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal
estiver separado de fato por mais de cinco anos;

doaçã o do cô njuge para terceiro: há vedaçã o legal para o ato unilateral, a exigir autorizaçã o do
outro – art. 1.647, IV.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
IV - fazer doaçã o, nã o sendo remunerató ria, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meaçã o.

administraçã o dos bens: sempre haverá expressa exigência legal quando se tem como
indispensá vel a atuaçã o conjunta dos cô njuges (regra).
casos de participaçã o conjunta:
emancipaçã o: art. 5º, pará grafo ú nico, I;
autorizaçã o para o casamento do filho adolescente: art. 1.517;
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorizaçã o de ambos os
pais, ou de seus representantes legais, enquanto nã o atingida a maioridade civil.
Pará grafo ú nico. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no pará grafo ú nico do art.
1.631.

administraçã o do bem de família: art. 1.720;

Art. 1.720. Salvo disposiçã o em contrá rio do ato de instituiçã o, a administraçã o do bem de família
compete a ambos os cô njuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.
Pará grafo ú nico. Com o falecimento de ambos os cô njuges, a administraçã o passará ao filho mais velho,
se for maior, e, do contrá rio, a seu tutor.

proteçã o dos bens contra determinados atos isolados: casos descritos nos incisos do art.
1.647, com exceçã o do regime da separaçã o absoluta (obrigató ria e convencional, com a
ressalva da Sú mula 377, STF), com regramento até o art. 1.652.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
I - alienar ou gravar de ô nus real os bens imó veis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doaçã o, nã o sendo remunerató ria, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meaçã o.
Pará grafo ú nico. Sã o vá lidas as doaçõ es nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.

casos de relativa autonomia:


administraçã o dos bens comuns: art. 1.663 – locaçã o do imó vel residencial, a figurar no
contrato apenas um dos dois, com o prosseguimento com o outro no caso de morte, Lei nº
8.245/1991, art. 11, I;

Art. 1.663. A administraçã o do patrimô nio comum compete a qualquer dos cô njuges.
§ 1 o As dívidas contraídas no exercício da administraçã o obrigam os bens comuns e particulares do
cô njuge que os administra, e os do outro na razã o do proveito que houver auferido.
§ 2 o A anuência de ambos os cô njuges é necessá ria para os atos, a título gratuito, que impliquem cessã o
do uso ou gozo dos bens comuns.
§ 3 o Em caso de malversaçã o dos bens, o juiz poderá atribuir a administraçã o a apenas um dos cô njuges.

Art. 11. Morrendo o locatá rio, ficarã o sub - rogados nos seus direitos e obrigaçõ es:
I - nas locaçõ es com finalidade residencial, o cô njuge sobrevivente ou o companheiro e, sucessivamente,
os herdeiros necessá rios e as pessoas que viviam na dependência econô mica do de cujus , desde que
residentes no imó vel;

administraçã o dos bens pró prios: por seu proprietá rio – art. 1.642, II;
os relativos à sua profissã o: art. 1.642, I;

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
I - praticar todos os atos de disposiçã o e de administraçã o necessá rios ao desempenho de sua profissã o,
com as limitaçõ es estabelecida no inciso I do art. 1.647;
II - administrar os bens pró prios;

os relativos à economia doméstica: arts. 1.643 e 1.644 – o prejudicado pode contestar em


juízo a dívida e o respeito à meaçã o, com o ô nus de provar nã o ter havido benefício comum.

Art. 1.643. Podem os cô njuges, independentemente de autorizaçã o um do outro:


I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessá rias à economia doméstica;
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisiçã o dessas coisas possa exigir.
Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os
cô njuges.

atuaçã o conjunta:
vedaçõ es nos bens imó veis: comuns ou particulares, há vedaçã o para qualquer do par vender
ou dar em hipoteca bens imó veis – art. 1.647, I (vênia conjugal que pode ser suprimida
judicialmente – art. 1.648, CC/02 c/c art. 74 do CPC/15), com as seguintes exceçõ es:

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
I - alienar ou gravar de ô nus real os bens imó veis;

Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cô njuges a
denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.

regime de participaçã o final nos aquestos: art. 1.656;

Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participaçã o final nos aqü estos, poder-se-á
convencionar a livre disposiçã o dos bens imó veis, desde que particulares.

empresá rio casado e a livre disposiçã o dos bens da empresa:


art. 978, brecha legal a contemplar o disregard.

Art. 978. O empresá rio casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de
bens, alienar os imó veis que integrem o patrimô nio da empresa ou gravá -los de ô nus real.

locaçã o de bem comum por prazo superior a 10 anos: Lei nº 8.245/91, art. 3º;

açõ es reais imobiliá rias: propostas por ambos e também citados – art. 1.647, II e art. 73, caput
e § 1º, CPC/15 (litisconsó rcio necessá rio – art. 114, CPC/15);

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

penhora de bem imó vel pertencente ao casal: intimado o cô njuge do executado – art. 842,
CPC/15 (defesa da meaçã o por embargos de terceiro – art. 674, CPC/15);
pedido de substituiçã o da penhora de bem imó vel: anuência do cô njuge – art. 848, § 3º e 843,
ambos do CPC/15;
proibiçã o temporá ria: de compra, venda e locaçã o de propriedade comum, em medida
protetiva de urgência – Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/06;
• atuaçã o conjunta quando bens imó veis: CPC, Arts. 73 a 74
• atuaçã o conjunta em açõ es reais imobiliá rias: litisconsó rcio necessá rio. Art. 114
• embargos de terceiro em penhora de bem imó vel pertencente ao casal: Art. 674 e 842
• pedido de substituiçã o da penhora de bem imó vel: anuência do cô njuge. Art. 843 e 848
aval e fiança: nenhum dos cô njuges pode prestar aval ou fiança sem o consentimento do
outro, sendo ato passível de anulaçã o – art. 1.647, III e 1.649 (inclusive para o regime da
separaçã o convencional – STJ, Resp 1.163.074-PB, rel. Min. Massami Uyed, j.15.12.2009).
Sú mula 332, STJ: “A fiança prestada sem autorizaçã o de um dos cô njuges implica a ineficá cia
total da garantia.”;
legitimidade para a invalidaçã o: só do consorte – art. 1.650;
Art. 1.650. A decretaçã o de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou sem
suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cô njuge a quem cabia concedê-la, ou por seus
herdeiros.

dívida em geral revertida em benefício da família: possível a cobrança e penhora da meaçã o


do outro.

• princípios:
da liberdade: pela escolha do regime de bens.
regra: noivos podem deliberar o que quiserem e da forma que melhor lhes aprouver sobre
seus bens – art. 1.639;

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que
lhes aprouver.
§ 1 o O regime de bens entre os cô njuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§ 2 o É admissível alteraçã o do regime de bens, mediante autorizaçã o judicial em pedido motivado de
ambos os cô njuges, apurada a procedência das razõ es invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

exceçã o: incisos taxativos do art. 1.641, e a crítica como inconstitucionais (MBD);

Art. 1.641. É obrigató rio o regime da separaçã o de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservâ ncia das causas suspensivas da celebraçã o do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

interpretaçã o do art. 1.640, pará grafo ú nico: nã o há imposiçã o obrigató ria de escolha dentre
um dos regimes disponibilizados pelo legislador – leitura atrelada ao caput do art. 1.639 e
forte doutrina (MBD ou SR).

Art. 1.640. Nã o havendo convençã o, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará , quanto aos bens entre os
cô njuges, o regime da comunhã o parcial.
Pará grafo ú nico. Poderã o os nubentes, no processo de habilitaçã o, optar por qualquer dos regimes que
este có digo regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opçã o pela comunhã o parcial, fazendo-se o
pacto antenupcial por escritura pú blica, nas demais escolhas.

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que
lhes aprouver.
§ 1 o O regime de bens entre os cô njuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§ 2 o É admissível alteraçã o do regime de bens, mediante autorizaçã o judicial em pedido motivado de
ambos os cô njuges, apurada a procedência das razõ es invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

opçõ es dos nubentes: ampla liberdade, com limite na ética e afronta à disposiçã o absoluta em
lei – art. 1.655

Art. 1.655. É nula a convençã o ou clá usula dela que contravenha disposiçã o absoluta de lei.

1. ficarem em silêncio, adotando o regime da comunhã o parcial de bens – art. 1.640;

Art. 1.640. Nã o havendo convençã o, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará , quanto aos bens entre os
cô njuges, o regime da comunhã o parcial.
Pará grafo ú nico. Poderã o os nubentes, no processo de habilitaçã o, optar por qualquer dos regimes que
este có digo regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opçã o pela comunhã o parcial, fazendo-se o
pacto antenupcial por escritura pú blica, nas demais escolhas.

2. escolherem um dentre os regimes previamente estabelecidos pelo legislador;


3. criarem, por pacto antenupcial, o(s) regime(s) que lhes aprouver(em) no passado, presente
e futuro – autoregulamentaçã o com ou sem mescla;
da comunicabilidade: do patrimô nio amealhado depois das nú pcias.
justificativas do princípio:
comunhã o de vidas: art. 1.511;
dever de mú tua assistência entre os cô njuges: art. 1.566, III;
ambos responsá veis pelos encargos da família: art. 1.565.
natureza do princípio: de conotaçã o ética, de modo a evitar o enriquecimento sem causa de
um dos cô njuges frente ao outro.
hipó teses de afastamento: pelo pacto antenupcial, alteraçã o do regime de bens durante o
casamento ou nas hipó teses de exceçõ es colacionadas pela pró pria lei (discussã o sobre vício
inconstitucional).
livros e instrumentos da profissã o: presunçã o absoluta da lei de que tais bens foram
adquiridos exclusivamente pelo cô njuge que deles faz uso para atividade profissional, como o
consultó rio dentá rios, tratores, caminhõ es, etc – arts. 1.668, V e 1.659, V
(inconstitucionalidade: o uso nã o pode alterar o domínio);

Art. 1.668. Sã o excluídos da comunhã o:


I - os bens doados ou herdados com a clá usula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissá rio, antes de realizada a
condiçã o suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
IV - as doaçõ es antenupciais feitas por um dos cô njuges ao outro com a clá usula de incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhã o:


V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

proventos do trabalho pessoal de cada cô njuge, pensõ es, meios-soldos, montepios e outras
rendas: ganho profissional – arts. 1.668, V e 1.659, VI e VII

Art. 1.659. Excluem-se da comunhã o:


VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

(inconstitucionalidade: premiar o cô njuge que se esquiva da aquisiçã o do patrimô nio familiar;


trabalho doméstico desempenhado pela mulher sem remuneraçã o, mas de valor econô mico;
transforma na prá tica o regime da separaçã o total de bens quando família sobrevive dos
frutos do trabalho, alterado pelo STJ, REsp 895344/RS, 3ª T., rel. Min. Nancy Andrighi, j.
18.12.2007).

• espécies:
tipos:
comunhã o universal;
comunhã o parcial;
separaçã o obrigató ria;
participaçã o final nos aquestos;
separaçã o convencional.

diferenças entre os regimes: sob a ó tica do nú mero de conjuntos:


comunhã o universal: 1 conjunto de bens (preexistente e os adquiridos na vigência);
separaçã o total: 2 conjuntos de bens (um, do marido; dois, da mulher);
comunhã o parcial: 3 conjuntos de bens (um, particulares do marido; dois, particulares da
mulher; três, aquestos, adquiridos apó s o enlace matrimonial);
participaçã o final nos aquestos: 5 conjuntos de bens (um, particulares do marido; dois,
particulares da mulher; três, o patrimô nio pró prio do marido adquirido durante o casamento,
sujeito à compensaçã o; quatro, o patrimô nio pró prio da mulher adquirido durante o
casamento, sujeito à compensaçã o; cinco, bens comuns adquiridos apó s o enlace
matrimonial).

2. Do pacto antenupcial;

• previsã o legal: norma geral de autorizaçã o: art. 1.639;

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que
lhes aprouver.
§ 1 o O regime de bens entre os cô njuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§ 2 o É admissível alteraçã o do regime de bens, mediante autorizaçã o judicial em pedido motivado de
ambos os cô njuges, apurada a procedência das razõ es invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

normas de regulaçã o: arts. 1.653 a 1.657.

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se nã o for feito por escritura pú blica, e ineficaz se nã o lhe seguir o
casamento.

Art. 1.654. A eficá cia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovaçã o de seu
representante legal, salvo as hipó teses de regime obrigató rio de separaçã o de bens.

Art. 1.655. É nula a convençã o ou clá usula dela que contravenha disposiçã o absoluta de lei.

Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participaçã o final nos aqü estos, poder-se-á
convencionar a livre disposiçã o dos bens imó veis, desde que particulares.

Art. 1.657. As convençõ es antenupciais nã o terã o efeito perante terceiros senã o depois de registradas,
em livro especial, pelo oficial do Registro de Imó veis do domicílio dos cô njuges.

• momento, alcance, natureza e eficá cia jurídica:


durante o processo de habilitaçã o: arts. 1.525 a 1.532;

Art. 1.525. O requerimento de habilitaçã o para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de
pró prio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidã o de nascimento ou documento equivalente;
II - autorizaçã o por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaraçã o de duas testemunhas maiores, parentes ou nã o, que atestem conhecê-los e afirmem nã o
existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaraçã o do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem
conhecidos;
V - certidã o de ó bito do cô njuge falecido, de sentença declarató ria de nulidade ou de anulaçã o de
casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divó rcio.

Art. 1.526.  A habilitaçã o será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do
Ministério Pú blico.
Pará grafo ú nico.  Caso haja impugnaçã o do oficial, do Ministério Pú blico ou de terceiro, a habilitaçã o será
submetida ao juiz.

Art. 1.527. Estando em ordem a documentaçã o, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze
dias nas circunscriçõ es do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na
imprensa local, se houver.
Pará grafo ú nico. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicaçã o.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem
ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.

Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serã o opostos em declaraçã o escrita e
assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicaçã o do lugar onde possam ser obtidas.

Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposiçã o, indicando
os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Pará grafo ú nico. Podem os nubentes requerer prazo razoá vel para fazer prova contrá ria aos fatos
alegados, e promover as açõ es civis e criminais contra o oponente de má -fé.

Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato
obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitaçã o.
Art. 1.532. A eficá cia da habilitaçã o será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o
certificado.

autonomia de vontade dos nubentes: em estipular o que quiserem sobre o regime de bens,
apenas nã o sendo absoluta em virtude da imposiçã o do regime obrigató rio de separaçã o de
bens nos casos do art. 1.641 (crítica pela inconstitucionalidade) – art. 1.640, pará grafo ú nico
c/c 1.639;

Art. 1.641. É obrigató rio o regime da separaçã o de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservâ ncia das causas suspensivas da celebraçã o do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Art. 1.640. Nã o havendo convençã o, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará , quanto aos bens entre os
cô njuges, o regime da comunhã o parcial.
Pará grafo ú nico. Poderã o os nubentes, no processo de habilitaçã o, optar por qualquer dos regimes que
este có digo regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opçã o pela comunhã o parcial, fazendo-se o
pacto antenupcial por escritura pú blica, nas demais escolhas.

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que
lhes aprouver.
§ 1 o O regime de bens entre os cô njuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§ 2 o É admissível alteraçã o do regime de bens, mediante autorizaçã o judicial em pedido motivado de
ambos os cô njuges, apurada a procedência das razõ es invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

natureza jurídica do ato: divergência entre contrato ou negó cio jurídico (independentemente
disso, é chamado de contrato matrimonial);
eficá cia jurídica: sujeita a condiçã o suspensiva, a valer somente a partir do casamento – art.
1.639, § 1º e 1.653, 2ª parte.

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que
lhes aprouver.
§ 1 o O regime de bens entre os cô njuges começa a vigorar desde a data do casamento.

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se nã o for feito por escritura pú blica, e ineficaz se não lhe seguir
o casamento.

prazo de validade: sem previsã o legal: tampouco sujeito ao prazo de eficá cia da habilitaçã o
(90 dias).

outros usos:
sucessó rio: permite o planejamento sucessó rio, em trato distinto ao do Livro V, do CC/02;
doaçõ es recíprocas: atrelado, quando no regime da comunhã o universal, à clá usula de
incomunicabilidade (bem reservado) – art. 1.668, IV;
Art. 1.668. Sã o excluídos da comunhã o:
IV - as doaçõ es antenupciais feitas por um dos cô njuges ao outro com a clá usula de incomunicabilidade;

doaçõ es provenientes de terceiro(s): no pacto mesmo, com eficá cia condicionada à


celebraçã o do matrimô nio – art. 546;

Art. 546. A doaçã o feita em contemplaçã o de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer
pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem
um do outro, nã o pode ser impugnada por falta de aceitaçã o, e só ficará sem efeito se o casamento nã o se
realizar.

questõ es nã o patrimoniais: das mais variadas, inclusive de ordem doméstica (de todo tipo),
mas sem força de execuçã o;
indenizaçã o: extremamente controversa, com pactuaçõ es em decorrência do fim do
casamento ou traiçã o, com, inclusive, indenizaçõ es progressivas.
• clá usulas nulas ou permitidas:
nulas: a que priva a mã e do poder familiar; altere vocaçã o hereditá ria; renuncia alimentos,
direito real de habitaçã o ou usufruto legal dos bens dos filhos;
permitidas: reconhecimento de filho.
• nubentes menores:
nã o há impedimento: impreterível constar na escritura pú blica a transcriçã o do instrumento
de autorizaçã o para o casamento, a bastar apenas um – art. 1.537 e 1.654 (como o regime de
separaçã o obrigató ria é imposto, cabe pouca deliberaçã o aos jovens nubentes);

Art. 1.537. O instrumento da autorizaçã o para casar transcrever-se-á integralmente na escritura


antenupcial.

Art. 1.654. A eficá cia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovaçã o de seu
representante legal, salvo as hipó teses de regime obrigató rio de separaçã o de bens.

• itens obrigató rios no pacto e providências:


regime de bens: adotado ou criado;
dados referentes ao contrato antenupcial: art. 1.536, VII;

Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No
assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cô njuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serã o
exarados:
VII - o regime do casamento, com a declaraçã o da data e do cartó rio em cujas notas foi lavrada a
escritura antenupcial, quando o regime nã o for o da comunhã o parcial, ou o obrigatoriamente
estabelecido.

efeito perante terceiros: registro no livro nº 3 do Cartó rio Civil do domicílio conjugal (LRP, art.
244) e no Cartó rio do Registro de Imó veis (LRP, arts. 167, I, 12) do domicílio dos cô njuges –
art. 1.657 (ato praticado apó s a celebraçã o do casamento);

Art. 1.657. As convençõ es antenupciais nã o terã o efeito perante terceiros senã o depois de registradas,
em livro especial, pelo oficial do Registro de Imó veis do domicílio dos cô njuges.

efeito perante terceiros: averbado no registro de todos os bens imó veis particulares do casal e
no registro de imó veis que forem adquiridos durante o casamento (LRP, art. 167, II, 1).

3. Do regime da comunhão parcial de bens;


Art. 1.658. No regime de comunhã o parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na
constâ ncia do casamento, com as exceçõ es dos artigos seguintes.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhã o:


I - os bens que cada cô njuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constâ ncia do casamento, por
doaçã o ou sucessã o, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cô njuges em sub-rogaçã o dos
bens particulares;
III - as obrigaçõ es anteriores ao casamento;
IV - as obrigaçõ es provenientes de atos ilícitos, salvo reversã o em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissã o;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cô njuge;
VII - as pensõ es, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Art. 1.660. Entram na comunhã o:


I - os bens adquiridos na constâ ncia do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos
cô njuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doaçã o, herança ou legado, em favor de ambos os cô njuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cô njuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cô njuge, percebidos na constâ ncia do
casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhã o.

Art. 1.661. Sã o incomunicá veis os bens cuja aquisiçã o tiver por título uma causa anterior ao casamento.

Art. 1.662. No regime da comunhã o parcial, presumem-se adquiridos na constâ ncia do casamento os
bens mó veis, quando nã o se provar que o foram em data anterior.

Art. 1.663. A administraçã o do patrimô nio comum compete a qualquer dos cô njuges.
§ 1 o As dívidas contraídas no exercício da administraçã o obrigam os bens comuns e particulares do
cô njuge que os administra, e os do outro na razã o do proveito que houver auferido.
§ 2 o A anuência de ambos os cô njuges é necessá ria para os atos, a título gratuito, que impliquem cessã o
do uso ou gozo dos bens comuns.
§ 3 o Em caso de malversaçã o dos bens, o juiz poderá atribuir a administraçã o a apenas um dos cô njuges.

Art. 1.664. Os bens da comunhã o respondem pelas obrigaçõ es contraídas pelo marido ou pela mulher
para atender aos encargos da família, às despesas de administraçã o e às decorrentes de imposiçã o legal.

Art. 1.665. A administraçã o e a disposiçã o dos bens constitutivos do patrimô nio particular competem ao
cô njuge proprietá rio, salvo convençã o diversa em pacto antenupcial.

Art. 1.666. As dívidas, contraídas por qualquer dos cô njuges na administraçã o de seus bens particulares
e em benefício destes, nã o obrigam os bens comuns.

• conjunto de bens:
3 conjuntos de bens: um, particulares do marido; dois, particulares da mulher; três, aquestos,
adquiridos apó s o enlace matrimonial.

explicaçã o: os bens adquiridos por qualquer dos cô njuges enquanto solteiros sã o particulares,
inclusive os recebidos por doaçã o, herança ou subrogados em seu lugar na vigência do
casamento, sendo enquadrado como comum somente o que for adquirido onerosamente na
constâ ncia, na metade para cada um, com presunçã o do esforço comum para adquiri-los – art.
1.658, 1.660 e 1.662.

bens fora do acervo comum: casos do art. 1.659 e regra do art. 1.661, mas nã o seus frutos (art.
1.660, V).

silêncio ou prejudicado o pacto: art. 1.640 (regime legal) ou 1.653 (nulo ou ineficaz).
meaçã o: sim, metade dos aquestos.

Art. 1.640. Nã o havendo convençã o, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará , quanto aos bens entre os
cô njuges, o regime da comunhã o parcial.
Pará grafo ú nico. Poderã o os nubentes, no processo de habilitaçã o, optar por qualquer dos regimes que
este có digo regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opçã o pela comunhã o parcial, fazendo-se o
pacto antenupcial por escritura pú blica, nas demais escolhas.

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se nã o for feito por escritura pú blica, e ineficaz se nã o lhe seguir o
casamento.

administraçã o dos bens: por qualquer dos cô njuges – art. 1.663, 1.664 e 1.665 (particulares e
o pacto antenupcial, com ressalva do art. 1.647, I), e incidência do art. 1.642 a 1.650.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
I - alienar ou gravar de ô nus real os bens imó veis;

dívidas advindas dos bens particulares: nã o obrigam os comuns – art. 1.666.

compra e venda entre cô njuges: lícita em relaçã o aos bens excluídos da comunhã o – art. 499
(lícita a doaçã o , a importar adiantamento).

Art. 499. É lícita a compra e venda entre cô njuges, com relaçã o a bens excluídos da comunhã o.

4. Do regime da comunhão universal de bens;


Art. 1.667. O regime de comunhã o universal importa a comunicaçã o de todos os bens presentes e futuros
dos cô njuges e suas dívidas passivas, com as exceçõ es do artigo seguinte.

Art. 1.668. Sã o excluídos da comunhã o:


I - os bens doados ou herdados com a clá usula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissá rio, antes de realizada a
condiçã o suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
IV - as doaçõ es antenupciais feitas por um dos cô njuges ao outro com a clá usula de incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente nã o se estende aos frutos,
quando se percebam ou vençam durante o casamento.

Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunhã o universal o disposto no Capítulo antecedente, quanto à
administraçã o dos bens.

Art. 1.671. Extinta a comunhã o, e efetuada a divisã o do ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de
cada um dos cô njuges para com os credores do outro.

• conjunto de bens:
1 conjunto de bens: os bens preexistentes e os adquiridos na vigência.
explicaçã o: todos os bens pertencem a ambos, inclusive os particulares existentes antes do
casamento e os recebidos por doaçã o ou herança por qualquer dos cô njuges e os respectivos
frutos, inclusive dívidas adquiridas na constâ ncia – art. 1.667.
bens fora do acervo comum: casos do art. 1.668, mas nã o seus frutos – art. 1.669.
obrigaçõ es provenientes de ato ilícito: mesmo quando revertido em
proveito do casal, nã o sã o excluídas por nã o constar no rol do art. 1.668
(diferente do regime da comunhã o parcial);

vedaçã o de constituiçã o de sociedade: art. 977 (art. 2.031).

Art. 977. Faculta-se aos cô njuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que nã o tenham
casado no regime da comunhã o universal de bens, ou no da separaçã o obrigató ria.

Art. 2.031. As associaçõ es, sociedades e fundaçõ es, constituídas na forma das leis anteriores, bem como
os empresá rios, deverã o se adaptar à s disposiçõ es deste Có digo até 11 de janeiro de 2007.
Pará grafo ú nico. O disposto neste artigo nã o se aplica à s organizaçõ es religiosas nem aos partidos
políticos.

meaçã o: sim, sobre todo o patrimô nio (mancomunhã o – propriedade em mã o comum).


administraçã o dos bens: idêntico ao regime da comunhã o parcial de bens – art. 1.670 (apenas
o arts. 1.663 e 1.664 + 1.642 a 1.650).
cessaçã o da responsabilidade do cô njuge para com os credores do outro: com a extinçã o da
comunhã o (separaçã o de fato rompe o estado condominal) – art. 1.671.

5. Do regime de participação final nos aquestos

Art. 1.672. No regime de participaçã o final nos aqü estos, cada cô njuge possui patrimô nio pró prio, consoante
disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissoluçã o da sociedade conjugal, direito à metade dos
bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constâ ncia do casamento.

Art. 1.673. Integram o patrimô nio pró prio os bens que cada cô njuge possuía ao casar e os por ele adquiridos,
a qualquer título, na constâ ncia do casamento.
Pará grafo ú nico. A administraçã o desses bens é exclusiva de cada cô njuge, que os poderá livremente alienar,
se forem mó veis.

Art. 1.674. Sobrevindo a dissoluçã o da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aqü estos, excluindo-
se da soma dos patrimô nios pró prios:
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;
II - os que sobrevieram a cada cô njuge por sucessã o ou liberalidade;
III - as dívidas relativas a esses bens.
Pará grafo ú nico. Salvo prova em contrá rio, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens mó veis.

Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aqü estos, computar-se-á o valor das doaçõ es feitas por um dos
cô njuges, sem a necessá ria autorizaçã o do outro; nesse caso, o bem poderá ser reivindicado pelo cô njuge
prejudicado ou por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhá vel, por valor equivalente ao da época da
dissoluçã o.

Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meaçã o, se nã o houver
preferência do cô njuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.

Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cô njuges, somente este
responderá , salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro.

Art. 1.678. Se um dos cô njuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimô nio, o valor do
pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissoluçã o, à meaçã o do outro cô njuge.

Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, terá cada um dos cô njuges uma quota igual no
condomínio ou no crédito por aquele modo estabelecido.

Art. 1.680. As coisas mó veis, em face de terceiros, presumem-se do domínio do cô njuge devedor, salvo se o
bem for de uso pessoal do outro.
Art. 1.681. Os bens imó veis sã o de propriedade do cô njuge cujo nome constar no registro.
Pará grafo ú nico. Impugnada a titularidade, caberá ao cô njuge proprietá rio provar a aquisiçã o regular dos
bens.

Art. 1.682. O direito à meaçã o nã o é renunciá vel, cessível ou penhorá vel na vigência do regime matrimonial.

Art. 1.683. Na dissoluçã o do regime de bens por separaçã o judicial ou por divó rcio, verificar-se-á o montante
dos aqü estos à data em que cessou a convivência.

Art. 1.684. Se nã o for possível nem conveniente a divisã o de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor
de alguns ou de todos para reposiçã o em dinheiro ao cô njuge nã o-proprietá rio.
Pará grafo ú nico. Nã o se podendo realizar a reposiçã o em dinheiro, serã o avaliados e, mediante autorizaçã o
judicial, alienados tantos bens quantos bastarem.

Art. 1.685. Na dissoluçã o da sociedade conjugal por morte, verificar-se-á a meaçã o do cô njuge sobrevivente
de conformidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a herança aos herdeiros na forma estabelecida
neste Có digo.

Art. 1.686. As dívidas de um dos cô njuges, quando superiores à sua meaçã o, nã o obrigam ao outro, ou a seus
herdeiros.

• conjunto de bens:
5 conjuntos de bens: um, particulares do marido; dois, particulares da mulher; três, o
patrimô nio pró prio do marido adquirido durante o casamento, sujeito à compensaçã o; quatro,
o patrimô nio pró prio da mulher adquirido durante o casamento, sujeito à compensaçã o;
cinco, bens comuns adquiridos apó s o enlace matrimonial.
nomenclatura: 1+3= patrimô nio pró prio / 5= aquestos (art. 1.673)
explicaçã o: temos os bens particulares e o acervo adquirido durante o casamento por cada
um dos cô njuges, a constituir patrimô nio pró prio, com compensaçã o de valores deste na hora
da partilha (nã o é divisã o, mas compensaçã o se for desigual o patrimô nio amealhado),
mais o comum onerosamente adquirido na constâ ncia – art. 1.672.
explicaçã o complementar: misto de dois regimes, regido por
regras semelhantes ao regime da separaçã o total de bens quando da
vigência do casamento e, depois de dissolvida, aplicam-se regras
semelhantes ao da comunhã o parcial.
administraçã o dos bens: exclusiva de cada cô njuge, que pode
alienar livremente os bens mó veis – art. 1.673, pará grafo ú nico (os
imó veis somente por força de pacto antenupcial – art 1.656).

Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participaçã o final nos aqü estos, poder-se-á
convencionar a livre disposiçã o dos bens imó veis, desde que particulares.

• procedimento ú nico para a meaçã o e a compensaçã o:


1º) apuraçã o do montante dos aquestos: apurado o acervo adquirido onerosamente por
ambos, acrescido do montante do patrimô nio pró prio de cada cô njuge (a descontar os bens
excluídos do patrimô nio pró prio – I, II e III do art. 1.674), de modo a resultar numa
compensaçã o em dinheiro entre os dois – art. 1.672, 1.673 e 1.674.
2º) doaçõ es, alienaçõ es, dívidas, pagamento de dívida de outro: art. 1.675 a 1.678.
• consideraçõ es gerais:
a comunhã o, neste regime, só ocorre com o fim do casamento;
a participaçã o é sobre o patrimô nio adquirido pelo outro, mas de formacontá bil e nã o por
meio da constituiçã o de um condomínio;
a diferença a ser compensada constitui crédito de um frente ao outro;
regramento exaustivo;
normas de difícil entendimento, a gerar insegurança e incerteza;
execuçã o complicada (requer minuciosa contabilidade);
na dissoluçã o, nã o raras vezes requer perícia;
1ª consequência: pouco utilizado (focado para casais que possuem patrimô nio pró prio e
desempenham atividades econô micas, pequeníssima parcela na sociedade);
2ª consequência: nã o há amor que aguente isso!

6. Do regime de separação de bens;

• normas:
separaçã o convencional de bens: art. 1.687 e 1.688;

Art. 1.687. Estipulada a separaçã o de bens, estes permanecerã o sob a administraçã o exclusiva de cada
um dos cô njuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ô nus real.

Art. 1.688. Ambos os cô njuges sã o obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporçã o dos
rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulaçã o em contrá rio no pacto antenupcial.

separaçã o obrigató ria de bens: art. 1.641.

Art. 1.641. É obrigató rio o regime da separaçã o de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservâ ncia das causas suspensivas da celebraçã o do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

• conjunto de bens:
2 conjuntos de bens: um, particulares do marido; dois, particulares da mulher.
explicaçã o: os bens de cada cô njuge, pretéritos ou futuros, pertence-lhes com exclusividade –
art. 1.687.
flexibilizaçã o da regra da incomunicabilidade: pela jurisprudência sempre que for
comprovado que os bens, ainda que registrados em nome de um dos cô njuges, foram
adquiridos pelo esforço comum;
alteraçã o jurisprudencial no regime da separaçã o obrigató ria: pela Sú mula 377 do STF.
“No regime da separaçã o legal de bens comunicam-se os adquiridos na constâ ncia do
casamento.”
vedaçã o de constituiçã o de sociedade: art. 977 (art. 2.031).
meaçã o: nã o!
administraçã o dos bens: exclusiva de cada cô njuge para com seus bens – art. 1.687 e 1.647.

Art. 1.687. Estipulada a separaçã o de bens, estes permanecerã o sob a administraçã o exclusiva de cada
um dos cô njuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ô nus real.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
I - alienar ou gravar de ô nus real os bens imó veis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doaçã o, nã o sendo remunerató ria, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meaçã o.
Pará grafo ú nico. Sã o vá lidas as doaçõ es nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.

despesas do casal: proporcional – art. 1.688 (1.643 e 1.644).


Art. 1.688. Ambos os cô njuges sã o obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporçã o dos
rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulaçã o em contrá rio no pacto antenupcial.

Art. 1.643. Podem os cô njuges, independentemente de autorizaçã o um do outro:


I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessá rias à economia doméstica;
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisiçã o dessas coisas possa exigir.

Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os
cô njuges.

7. Das doações antenupciais.

• normas: art. 546, 1.668, IV, 541, 544 e 1.845.

Art. 546. A doaçã o feita em contemplaçã o de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer
pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem
um do outro, nã o pode ser impugnada por falta de aceitaçã o, e só ficará sem efeito se o casamento nã o se
realizar.

Art. 1.668. Sã o excluídos da comunhã o:


IV - as doaçõ es antenupciais feitas por um dos cô njuges ao outro com a clá usula de incomunicabilidade;

Art. 541. A doaçã o far-se-á por escritura pú blica ou instrumento particular.


Pará grafo ú nico. A doaçã o verbal será vá lida, se, versando sobre bens mó veis e de pequeno valor, se lhe
seguir incontinenti a tradiçã o.

Art. 544. A doaçã o de ascendentes a descendentes, ou de um cô njuge a outro, importa adiantamento do


que lhes cabe por herança.

Art. 1.845. Sã o herdeiros necessá rios os descendentes, os ascendentes e o cô njuge.

• consideraçõ es:
definiçã o: sã o doaçõ es recíprocas, ou de um ao outro nubente, ou por terceiro, mesmo feitas
por pacto antenupcial, ou por escritura pú blica se relativas a imó veis, ou por instrumento
particular caso alusiva a mó veis, desde que nã o excedam à metade dos bens do doador.
complemento (vide slides anteriores):
realizaçã o de evento futuro e incerto: casamento – art. 546, 1.647, pará grafo ú nico, e 1.668,
IV;

Art. 546. A doaçã o feita em contemplaçã o de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer
pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem
um do outro, nã o pode ser impugnada por falta de aceitaçã o, e só ficará sem efeito se o casamento nã o se
realizar.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cô njuges pode, sem autorizaçã o do outro,
exceto no regime da separaçã o absoluta:
Pará grafo ú nico. Sã o vá lidas as doaçõ es nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.

Art. 1.668. Sã o excluídos da comunhã o:


IV - as doaçõ es antenupciais feitas por um dos cô njuges ao outro com a clá usula de incomunicabilidade;

aceitaçã o: nã o requer aceitaçã o expressa do donatá rio;


ingratidã o: nã o é causa revogadora – art. 564, IV;

Art. 564. Nã o se revogam por ingratidã o:


IV - as feitas para determinado casamento.
doaçõ es causa mortis: prevista no CC/16, mas nã o repisada, onde a doaçã o nã o pode ser
subordinada à condiçã o de valerem apó s a morte do doador – art. 426 e 1.655.

A PROVA 1 ENCERRA AQUI

DA DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO CONJUGAL


(SOCIEDADE CONJUGAL) E DO CASAMENTO
1. Histórico, conceitos e divergência;

• antes do CC/16: casamento e vínculo conjugal ú nico:


manutençã o do vínculo conjugal e as relaçõ es sociais;
vínculos extramatrimoniais reprovados e punidos;
rompimento da sociedade marital como esfacelamento da família;
casamento como uma instituiçã o sacralizada.
• a Lei 6.515/77: casamento/vínculo conjugal separados quanto ao seu termo final:
casamento como indissolú vel (ú nica forma de rompimento: desquite).
desquite: rompe a sociedade conjugal e matrimô nio (mas nã o o dissolve/termina), a impedir
novo casamento, mas nã o novo arranjo familiar de fato (cessavam os deveres de fidelidade e
manutençã o da vida em comum sob o mesmo teto, a perdurar a obrigaçã o de mú tua
assistência).
• EC nº 9/77: acaba com a indissolubilidade do casamento.
• Lei de Divó rcio (Lei 6.515/77): 2 modalidades de “descasamento”, com casamento e vínculo
conjugal separados quanto ao seu termo final:
separaçã o: desquite com nova terminologia, com requisitos:
partes separadas há 5 anos;
esse prazo implementado antes da alteraçã o constitucional (EC/1977);
comprovada causa da separaçã o (fator culpa).
divó rcio (indireto): posterior à separaçã o, com sua conversã o.
divó rcio direto: somente possível em cará ter emergencial.
• CF/88: art. 226, § 6º.
divó rcio: perdeu o cará ter excepcional;
reduçã o do prazo para conversã o: de 5 para 2 anos;
sem identificaçã o de causa: para justificar a separaçã o ou divó rcio.
sobrevivência da separaçã o: injustificá vel!

Término da sociedade conjugal: separaçã o de fato, de corpos ou morte, nulidade ou anulaçã o


(no putativo), ou, ainda, TJ da sentença de nulidade ou anulaçã o (havendo controvérsia nesta
ú ltima classificaçã o).
Dissoluçã o do casamento: só com o divó rcio ou com a morte;
Na prá tica:
- em que pese o casamento nã o acabar, ficam sem deveres matrimoniais de coabitaçã o,
fidelidade e comunicabilidade no regime de bens;
- conversã o da uniã o está vel em casamento: prejudicada.
• Lei nº 11.441/07: sep./divó rcio administrativo – art. 1.124-A, CPC/73
mediante escritura pú blica junto ao tabelionato;
pleno consenso entre os cô njuges;
sem filhos menores ou incapazes.
• EC 66/2010: divó rcio direto, mas a separaçã o?
sem prazo: afasta os 2 anos da separaçã o;
sem culpa: teoria da culpa esvaída.
posiçã o divergente: pela permanência da separaçã o até revogaçã o expressa dos artigos no
CC/02 (ou derrogaçã o operante).

• corrente pelo afastamento da separaçã o:


doutrina: Paulo Lô bo; Luís E. Fachin; Rodrigo da Cunha; Lênio L. Streck; Maria Berenice Dias;
Flá vio Tartuce; Á lvaro Villaça Azevedo; Pablo S. Gagliano; Rodolfo Pamplona Filho; Zeno
Veloso. instituto: IBDFAM – Inst. Bras. de Direito de Família. tribunais estaduais: TJDF; TJSP;
TJBA; TJPR. tribunais superiores: STJ (manifestaçã o acidental), sendo:
“Assim, para a existência jurídica da uniã o está vel, extrai-se o requisito da exclusividade de
relacionamento só lido da exegese do § 1º do art. 1.723 do Có digo Civil de 2002, fine,
dispositivo esse que deve ser relido em conformidade com a recente EC 66, de 2010, a qual,
em boa hora, aboliu a figura da separaçã o judicial.” (STJ, Resp 912.926/RS, Quarta Turma, Rel.
Min. Luis Felipe Salomã o, j. 22.02.2011, Dje 07.06.2011).
“... nã o mais existe no ordenamento jurídico brasileiro o instituto da separaçã o judicial.” (STJ,
Documento 40398425, Despacho/Decisã o, DJE 22.10.2014).
revogaçã o tá cita no CC/02:
art. 1.571, III: ao elencar a separaçã o judicial como motivo de dissoluçã o da sociedade
conjugal;
art. 1.572: cuidava das antigas modalidades de separaçã o judicial litigiosa, sendo:
separaçã o-sançã o ou culposa: por grave violaçã o dos deveres do casamento;
separaçã o-ruptura ou falência: ruptura da vida em comum há mais de um ano;
separaçã o-remédio: doença mental grave a acometer o cô njuge depois do casamento.
art. 1.573: estabelecia um rol de situaçõ es caracterizadoras da separaçã o-sançã o ou culposa,
de modo ilustrativa, sendo:
adultério; tentativa de morte; sevícia ou injú ria grave; abandono voluntá rio do lar conjugal (1
ano contínuo); condenaçã o por crime infamante; conduta desonrosa.
art. 1.574: tratava materialmente da separaçã o judicial consensual ou por mú tuo
consentimento (casados a mais de 1 ano);
art. 1.575: ao prever, como efeitos da sentença da separaçã o judicial, a separaçã o de corpos e
a partilha de bens;
art. 1.576: completava tais efeitos da sentença da separaçã o judicial, a tratar dos fim dos
deveres de coabitaçã o e fidelidade recíproca e do regime de bens;
art. 1.578: estabelecia a relaçã o entre a sentença de separaçã o judicial e o uso do nome pelo
cô njuge;
art. 1.580: trazia as duas modalidades de divó rcio (CF, redaçã o antiga):
divó rcio indireto ou por conversã o;
divó rcio direto: mais de 2 anos.
revogaçã o tá cita no antigo CPC (decorrente da Lei nº 11.441/07):
arts. 1.124-A: na parte relativa à separaçã o extrajudicial;
revogaçã o tá cita no novo CPC:
regras que mencionem separaçã o judicial ou extrajudicial.
procedimento interpretativo pela EC nº 66/2010:
no CC/02, em algumas normas onde se lê “dissoluçã o da sociedade conjugal” devem ser
entendidas como “dissoluçã o do vínculo conjugal”, aqui a abranger divó rcio, morte do cô njuge
e invalidade do casamento. Exemplos: art. 1.566, 1.597, II e 1.721, CC/02.
releitura do inciso III, do art. 1.571: onde se lê “separaçã o” devem ser lidas “separaçã o de fato
ou de corpos”, ú nicos que rompem (os demais incisos extinguem) a sociedade ou vínculo
conjugal (TJ da sentença de nulidade/anulaçã o dissolve).
efeitos jurídicos imediatos: ambas contemplam prazo para reflexã o num eventual
arrependimento, a suspender os deveres do casamento e termina com a comunicabilidade
dos bens (regime de bens);
bens e dívidas: daqueles surgidos durante o período de separaçã o sã o de cada um, salvo
convençã o em contrá rio;
forma da separaçã o de corpos: ordem judicial ou por escritura pú blica com consenso.
releitura do inciso IV, do art. 1.571, 1.575 e 1.576 na sep. de fato:
na prá tica é a separaçã o de fato que põ e fim a sociedade conjugal e nã o o divó rcio.
efeitos jurídicos imediatos: suspende os deveres do casamento e termina com a
comunicabilidade dos bens (regime de bens), com liberdade para constituir uma uniã o
está vel (com restriçã o para o casamento).

• corrente pelo manutençã o da separaçã o:


doutrina: Má rio Luiz Delgado; Luiz Felipe Brasil Santos; Joã o Baptista Villela; Regina Beatriz
Tavares da Silva; Gustavo Tepedino; Maria Celina Bodin de Moraes; Heloísa Helena Barboza e
Maria Helena Diniz. ressalva para Maria H. Diniz: apesar de entender pela permanência,
acredita na perda iminente de eficá cia social (desuso). ó rgã o pú blico: CNJ – Conselho Nacional
de Justiça nã o acatou pedido do IBDFAM para alteraçã o da Resoluçã o nº 35 (regula atos
notariais) por meio da seguinte manifestaçã o: “... nem todas as questõ es encontram-se
pacificadas na doutrina e sequer foram versadas na jurisprudência pá tria (Pedido de
Providências 00005060-32.2010.2.00.0000).
evento: V Jornada de Direito Civil (CNJ e STJ), sendo:
nº 514: “A emenda Constitucional 66/2010 nã o extingui o instituto da separaçã o judicial e
extrajudicial”.
tribunais estaduais: TJMG e TJRS, com destaque para este ú ltimo:
APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃ O DE SEPARAÇÃ O CONSENSUAL. PEDIDO TRANSFORMADO, DE
OFÍCIO, NA SENTENÇA, EM DIVÓ RCIO. SENTENÇA ‘EXTRA PETITA’. A Emenda Constitucional
n.º 66 nã o revogou a legislaçã o infraconstitucional, mas, tã o somente, desconstitucionalizou a
matéria, que continua regulada pelo Có digo Civil, notadamente em seu art. 1.580 e pará grafos,
que estabelece os limites e as condiçõ es para o ingresso da açã o de divó rcio. Instituto e
regramentos da separaçã o, contidos no Có digo Civil, permanecem em vigor, sendo ‘extra
petita’ a sentença que, de ofício, transforma o pedido de separaçã o consensual em divó rcio.
Sentença desconstituída, para prosseguimento da açã o na forma do pedido dos autores.

• caracterizaçã o conceitual (terminologia mais adequada):


sociedade ou vínculo conjugal: é aquela em que as partes se unem com o â nimo de constituir
família – art. 1.571 e seus incisos III e IV c/c 1.566;
termina por: nulidade, anulaçã o, separaçõ es (de fato, de corpos ou judicial), morte ou
divó rcio.
casamento ou vínculo matrimonial: além dos â nimo de constituir família, há um vínculo
jurídico (matrimô nio) que os une – art. 1.571, § 1º.
dissoluçã o por: divó rcio, morte ou morte presumida do ausente (neste ú ltimo pode optar
pelo divó rcio com edital e nomeaçã o de curador – art. 9º, II).
“[...] Inelegibilidade. Art. 14, § 7º, da Constituiçã o Federal. Vereador. Cô njuge. Prefeito.
Separaçã o judicial ocorrida no curso do mandato eletivo. Desincompatibilizaçã o. Ausência. - A
dissoluçã o da sociedade conjugal, no curso do mandato, nã o afasta a inelegibilidade prevista
no art. 14, § 7º, da CF. - Se a separaçã o judicial ocorrer no curso do mandato do prefeito, e este
nã o se desincompatibilizar do cargo seis meses antes do pleito, o ex-cô njuge fica inelegível ao
cargo de vereador, pelo mesmo município, na eleiçã o subseqü ente. [...]” – Ac. de 23.8.2007 no
AgRgAg nº 7.194, rel. Min. Gerardo Grossi. (Grifo meu).

2. Da separação: judicial e extrajudicial;

posiçã o atual: controversa


efeitos: meio de término da sociedade conjugal, sem dissolver o vínculo matrimonial (para
este ú ltimo aplica-se o art. 1.580).
Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separaçã o
judicial, ou da decisã o concessiva da medida cautelar de separaçã o de corpos, qualquer das partes
poderá requerer sua conversão em divórcio.
§ 1º A conversã o em divó rcio da separaçã o judicial dos cô njuges será decretada por sentença, da qual
não constará referência à causa que a determinou.
§ 2º O divó rcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cô njuges, no caso de comprovada
separaçã o de fato por mais de dois anos.

espécies
 litigiosa: quando se atribui culpa a um dos cô njuges;
 consensual: quando há mú tuo consentimento dos cô njuges.

legitimidade: ao cô njuge ou, caso incapaz, representado pelo curador, ascendente ou irmã o –
art. 1.576, pará grafo ú nico.

Art. 1.576. A separaçã o judicial põ e termo aos deveres de coabitaçã o e fidelidade recíproca e ao regime
de bens.
Pará grafo ú nico. O procedimento judicial da separaçã o caberá somente aos cô njuges, e, no caso de
incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão.

prazos:
 litigiosa: a qualquer tempo, com possibilidade de requerer sua conversã o em
separaçã o consensual – art. 1.123, CPC (agora art. 693 a 697, CPC/15);
 consensual: cô njuges casados por mais de 1 ano, sem motivaçã o – art. 1.574.

Art. 1.574. Dar-se-á a separaçã o judicial por mú tuo consentimento dos cô njuges se forem casados por
mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada a convençã o.
Pará grafo ú nico. O juiz pode recusar a homologaçã o e nã o decretar a separaçã o judicial se apurar que a
convençã o nã o preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cô njuges.
tipos:
 como sançã o: art. 1.572 e 1.573, I a VI;
 como falência: art. 1.572, § 1º - com exigência de 1 ano de separaçã o de fato;
 como remédio: art. 1.572, § 2º.

• extrajudicial: instituída pela Lei 11.441/07 (art. 733, CPC/15).

3. Do divórcio: judicial e extrajudicial;

• efeitos: meio de dissoluçã o do vínculo matrimonial, de modo a permitir novas nú pcias


(altera estado civil) – art. 1.571, §§ 1º e 2º.
art. 1.581: sem prévia partilha de bens (art. 731, par. ú nico, CPC/15).
• espécies antigas (antes da EC 66/2010):
indireto: conversã o apó s 1 ano do trâ nsito em julgado da sentença que houver decretado a
separaçã o judicial ou da decisã o concessiva da cautelar de separaçã o de corpos – art. 1.580;
direto: comprovada a separaçã o de fato por mais de 2 anos – art. 1.580, § 2º.
• espécies atuais:
consensual;
litigiosa.
particularidades em comum: a açã o de divó rcio pode ser movida a qualquer tempo (mesmo
dia do casamento), nã o dispõ e de causa de pedir, sem defesa cabível e sem discussã o sobre
culpa;
legitimidade: aos cô njuges – art. 1.582, caput e seu pará grafo ú nico;
obrigaçã o alimentar: sem modificaçã o (art. 731, II, CPC/15).
Lei do Divó rcio: conforme alguns, diante da vigência do CC/02 e concorrência normativa, a Lei
nº 6.515/77 foi quase inteiramente derrogada, permanecendo a regulamentaçã o do divó rcio
consensual – art. 40, LD.
• extrajudicial: desde 2007, sendo:
Lei nº 11.441/07: introduziu o art. 1.124-A, do CPC (art. 733, CPC/15);
meio: escritura pú blica;
requisitos: nã o haja filhos menores ou incapazes e consenso.
itens da escritura:
descriçã o e partilha dos bens comuns;
pensã o alimentícia;
acordo quanto ao nome;
qualificaçã o de cada uma das partes e advogados.
característica da escritura:
nã o depende de homologaçã o judicial;
constitui título há bil para o registro civil e de imó veis;
título há bil para levantamento de valor em instituiçã o financeira;
assistência de advogado comum ou de advogados.
gratuidade da escritura:
omissã o: o novo CPC nã o mais prevê;
art. 7º, da Lei nº 11.441/2007: basta simples declaraçã o de pobreza.

4. Da extinção da união estável;

• modalidades:
consensual: art. 732, CPC/15.
litigiosa: art. 639, CPC/15.
• motivaçã o:
morte;
casamento, mediante conversã o ou nã o;
rompimento da convivência:
abandono;
quebra dos deveres inerentes à uniã o está vel.
vontade das partes.
uniã o está vel regida por contrato: deve ser processada e homologada judicialmente a
resiliçã o (unilateral) ou o distrato (bilateral)?
• efeitos:
alimentos;
definiçã o da guarda dos filhos;
partilha dos bens.
5. Particularidades.

• competência para as açõ es familiares:


previsã o legal: art. 53, I, CPC/15;
novo posiçã o: três regras, sendo a primeira a recair no domicílio do guardiã o do filho incapaz
(antes o foro privilegiado era o da mulher).
• segredo de justiça:
previsã o legal: art. 189, II, CPC/15;
acesso aos autos: partes ou procuradores (art. 189, par. ú nico, CPC/15);
acesso por terceiros: demonstrar interesse jurídico e requerer certidã o da sentença.
• requisitos na petiçã o inicial:
previsã o legal: art. 731, CPC/15;
tratamento unificado: para as açõ es de separaçã o e divó rcio;
• remissã o ao procedimento comum:
previsã o legal: art. 697, CPC/15;
etapa: a açã o, apó s a tentativa de acordo infrutífero, segue pelas normas do procedimento
comum (art. 335, CPC/15).

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