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- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS E DAS JURISPRUDÊNCIAS:

Devemos destacar o seguinte posicionamento jurisprudencial abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE


UNIÃO ESTÁVELC/C PARTILHA DE BENS, ATRIBUIÇÃO DE GUARDA E
FIXAÇÃO DE ALIMENTOS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA.
CONTROVÉRSIA ACERCA DO ESTABELECIMENTO DO PERÍODO DE
DURAÇÃO DA CONVIVÊNCIA. FALTA DE PROVAS DE NOTORIEDADE,
DURABILIDADE E CONTINUIDADE DO RELACIONAMENTO AFETIVO,
BEM COMO DO ÂNIMO DE CONSTITUIR FAMÍLIA, ENTRE MARÇO DE
2003 E NOVEMBRO DE 2008. ÔNUS PROBATÓRIO DO QUAL NÃO SE
DESINCUMBIU A AUTORA. ART. 333, INCISO I, DO CPC. UNIÃO ESTÁVEL
RECONHECIDA APENAS PARA O PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE
DEZEMBRO DE 2008 E MARÇO DE 2010. SENTENÇA REFORMADA NESTE
ASPECTO. O reconhecimento da união estável pressupõe a existência de uma
relação pública, contínua e duradoura, com o nítido objetivo de constituir família.
Assim, não se desincumbindo a Apelante de produzir prova apta a demonstrar o
preenchimento dos requisitos necessários à configuração da união estável, como
lhe competia (CPC, art. 333, I).

Nesse mesmo sentido, os ensinamentos de PAULO LÔBO caem como luva:

“O requisito exclusivo é a convivência das partes em posse de estado de casados - more


uxorio -, ou seja, em conformidade com o costume de casado, ou como se casados
fossem, com todos os elementos essenciais: impedimentos para constituição, direitos
e deveres comuns, regime legal de bens, alimentos, poder familiar, relações de
parentesco, filiação”.

Sabemos que a União Estável é objetivo de constituição de família e não apresenta


características subjetivas, devendo ser aferido de modo objetivo, a partir dos
elementos de configuração real e fática da relação afetiva (a exemplo da
convivência duradoura sob o mesmo teto), para se determinar a existência ou não
de união estável.

Dessa forma, no caso em tela, verifica-se a ausência de dois requisitos indispensáveis


para se determinar a existência ou não de união estável, pois, em momento algum,
restou comprovado que o de cujus agia como se casado fosse, nem que houvesse planos
de constituir uma família com o autor. Uma vez que os argumentos apresentados não
preenchem os requisitos do artigo 1.723 do Código Civil, POIS NÃO HÁ
NENHUMA COMPROVAÇÃO DE UNIÃO PÚBLICA E DURADOURA ENTRE
AS PARTES.

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de f

É presunçoso pensar que, pelo simples fato de que duas pessoas no máximo namorarem,
elas necessariamente ajam como casados e pensam em constituir uma família. Não se
pode confundir namoro com união estável. Conforme depreende-se dos brilhantes
ensinamentos de CARLOS ROBERTO GONÇALVES:

“Não se configuram união estável, com efeito, os encontros amorosos mesmo


constantes, ainda que os parceiros mantenham relações sexuais, nem as viagens
realizadas a dois ou o comparecimento junto a festas, jantares, recepções e etc., se não
houver da parte de ambos o intuito de constituir uma família”;

Caso de fato tenha ocorrido um relacionamento amoroso entre as partes, não passou de
um namoro, pois faltam elementos subjetivos e objetivos para que se possa configurar
uma união estável.

O entendimento dos TRIBUNAIS DE JUSTIÇA não destoa do fundamentos aqui


colacionados:

APELAÇÃO CIVEL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL COM


PARTILHA. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. IRRESIGNAÇÃO.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 1.723, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL. CONVIVÊNCIA
COM O OBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA NÃO CONFIGURADA.
MERO NAMORO. INSUFICIÊNCIA DE PROVA. MANUTENÇÃO DA
SENTENÇA. APELO DESPROVIDO. - Diante da prova dos autos, não se confirma a
assertiva de que as partes mantinham relacionamento afetivo com convivência contínua,
pública e duradoura e com o inafastável objetivo de constituir família, cumpre manter a
sentença que concluiu pelo não reconhecimento da união estável. (TJPB -
ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº XXXXX20138150251, 1ª Câmara
Especializada Cível, Relator DES LEANDRO DOS SANTOS.

APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE


UNIÃO ESTÁVEL C/C. PARTILHA DE BENS - SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE CONVIVÊNCIA
PÚBLICA, CONTÍNUA E DURADOURA, COM INTUITO DE CONSTITUIR
FAMÍLIA - ART. 1.723 DO CC - ÔNUS DA PROVA QUE INCUMBIA AO
AUTOR, QUE NÃO LOGROU ÊXITO EM DEMONSTRAR A VERACIDADE
DE SUAS ALEGAÇÕES - DEPOIMENTO DAS PARTES E TESTIGOS QUE SE
REVELAM CONTRADITÓRIOS - INDICATIVOS DE QUE O
RELACIONAMENTO SUB JUDICE LIMITAVA-SE A MERO NAMORO -
ENVOLVIMENTO AFETIVO SEM VIDA EM COMUM, QUE NÃO PODE SER
EQUIPARADO AO CASAMENTO - CIRCUNSTÂNCIA QUE IMPEDE O
ACOLHIMENTO DO PLEITO E, VIA DE CONSEQUÊNCIA, A DIVISÃO DO
PATRIMÔNIO DITO REUNIDO POR ESFORÇO COMUM - MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA VERGASTADA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Essa intenção subjetiva dos envolvidos tem essencial importância quando se
examina a existência ou não da sociedade conjugal de fato. Isso porque para
terceiros, talvez o namoro qualificado possa dar pistas de uma sociedade conjugal
de fato, já que em festas e viagens os envolvidos aparecem unidos, além de um
pernoitar na casa do outro. O problema é que, entre si, jamais perquiriram
cultivar uma união nos moldes da convivência estável, instituída com objetivo de
formar família, com planos em comum e imaginando a infindável companhia
alheia. Por isso que, externamente, a relação pode muito se assemelhar à união
more uxório, porém, intrinsecamente e para íntimas pessoas, o relacionamento não
passa de mero namoro descomprometido, aventureiro, transitório e, às vezes, até
marcado pela pluralidade de relações íntimas com terceiros ou terceiras

Tendo em vista as jurisprudências colacionadas na presente defesa, fica claramente


evidente que os pedidos da exordial não merecem prosperar, pois claramente tentam
levar o Judiciário a erro, não comprovando a União entre as partes.

6- DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO IBGE:

Tendo em vista a publicação em Diário Oficial onde o autor teve concedida a pensão
por morte do falecido Antônio, requer a parte ré que após a sentença de improcedência
dos pedidos iniciais seja remetido Ofício ao Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, afim de que pare de realizar o pagamento da pensão ao autor, uma vez que o
erário público já se encontra totalmente sem verbas, e uma sentença de improcedência
dos pedidos do autor não fariam prosperar qualquer pensão por morte oriunda do
falecido para com o autor.

7- DA LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ DA PARTE AUTORA:

Após a leitura da exordial e análise dos documentos anexos fica completamente clara
que o pedido não faz o menor sentido do ponto de vista jurídico, claramente tentando
induzir o Judiciário a erro de julgamento.

Neste sentido, temos o artigo 79 e 80 do CPC:

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente.

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Portanto, conforme ficará comprovado, as partes NUNCA tiveram uma relação capaz de
ser considerada união estável, tendo ciência disso o autor, razão pela qual requer a
condenação do demandante em litigância de má fé.

8- DAS PROVAS A SEREM PRODUZIDAS:


Inicialmente, requer a parte ré requer o deferimento de provas periciais, testemunhais e
documentais, a quais seguem abaixo:

· Perícia no telefone celular do falecido, afim de comprovar a troca de mensagens entre


o autor e o de cujus, para comprovar a possível união entre as partes, sendo assim,
requer que desde já o celular do falecido seja acautelado no Cartório da Vara pelo autor,
uma vez que o mesmo esta de posse do objeto.

· Provas documentais suplementares, afim de comprovar mais ainda que NUNCA


existiu união pública, duradoura e com intenção de constituir família, entre as partes.

· Prova testemunhal a ser feita por parentes do falecido, amigos, empregada doméstica,
porteiros e colegas de trabalho.

9- DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer:

a) A concessão do benefício da Gratuidade de Justiça para a parte ré;

b) O indeferimento do benefício da Gratuidade de Justiça requerido pelo autor, uma vez


o mesmo estar recebendo a aposentadoria do falecido de mais de R$24.000,00 reais,
tendo totais condições de arcar com os custos de um processo judicial;

c) Que sejam julgados TOTALMENTE IMPROCEDENTES os pedidos formulados


na exordial, pelos fatos e fundamentos aqui apresentados;

d) Que seja remetido Ofício ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)


com o intuito de interromper o benefício da pensão por morte recebida pelo autor da
presente demanda;

e) Que seja deferidas TODOS os meios de prova em direito admitidos, sob pena de
nulidade;

Nestes Termos,

Requer Deferimento.

Rio de Janeiro, 05 de novembro de 2019.

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GUILHERME TEIXEIRA MOURÃO

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