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Nº 5628375.28.2019.8.09.0051
COMARCA DE GOIÂNIA
APELANTE : HANNAN DUCAN SANTANA
APELADO : JOSÉ FERREIRA DE MOURA JÚNIOR
RELATOR : DES. ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO
VOTO
Como relatado, trata-se de apelação cível interposta contra a sentença (movimentação nº. 37)
preferida nos autos das “Ações de Anulação de Casamento e de Divórcio”, respectivamente, na
qual o magistrado singular julgou improcedente o pedido de anulação de casamento e, na outra
vertente, acolheu o de divisório, condenando a apelante, de consequência, ao pagamento das
despesas processuais e honorários advocatícios, sendo estes fixados na importância de R$
1.000,00 (um mil reais) em cada uma delas.
Pois bem. Eis os fatos que estão a exigir devida apreciação. Examino-os sob o enfoque devolvido
pelo apelo.
Por oportuno, importante ressaltar não ser qualquer espécie de equívoco que a legislação admite
como sendo causa de anulabilidade do casamento. É mister que o erro seja substancial a ponto
de influenciar na declaração de vontade do nubente.
E quanto ao erro essencial, o artigo subsequente, em seu inciso I, define seu alcance:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse
erro tal que o conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum
ao cônjuge enganado”.
Destarte, pela leitura do dispositivo legal acima transcrito, depreende-se que a anulação do
vínculo conjugal, baseada em erro substancial quanto à identidade, honra e boa-fé reveste-se de
alguns requisitos, a saber: I) existência de atos e fatos, anteriores ao matrimônio, acerca da
identidade do outro cônjuge; II) descoberta da verdade pelo cônjuge enganado, ulterior ao
casamento, tornando intolerável a vida em comum.
Nessa quadra, se a qualidade civil do cônjuge não foi a causa determinante do casamento,
descabe a sua anulação, mormente se a autora sabia em data anterior a sua celebração a
Nesse contexto, assevera a apelante que durante o namoro, o requerido era atencioso, carinhoso
e honesto; contudo, após o casamento, assumiu conduta agressiva, desequilibrada e
descompromissada com os interesses que devem pautar a relação conjugal. Desse modo, a
alteração do comportamento, por si só, não configura erro substancial quanto à pessoa, cabendo
à apelante comprovar o desvio de conduta preexistente ao casamento, repriso, ônus do qual não
se desincumbiu, nos termos do que prescreve o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil.
Com efeito, para que a ação de anulação de casamento seja julgada favoravelmente tornar-se-ia
imprescindível a prova de que somente após o casamento veio o cônjuge enganado a tomar
conhecimento sobre determinado fato que figure em erro essencial sobre a pessoa; caso não haja
comprovação de que esses fatos tenham ocorrido antes do casamento, mas após, o caso é de
divórcio judicial.
Ante o exposto, sem maiores considerações sobre o tema em debate, conheço da apelação cível
e lhe nego provimento, a fim de manter a sentença recorrida por estes e seus próprios e jurídicos
fundamento, contudo, nos termos do que dispõe o § 11, do artigo 85, do Código de Processo
Civil, majoro a verba honorária anteriormente arbitrada no primeiro grau de jurisdição para o
importe de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais) em cada uma das ações.
É o voto.
RELATOR
ACÓRDÃO