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PARECERES

SANEAMENTO BÁSICO - REGIÃO METROPOLITANA - COMPETÊNCIA


ESTADUAL

PARECER A recente Emenda Constitucional n. 19, de


I 4 de junho de 1998, aditou a possibilidade de
convênios de cooperação entre a União, os
A consulta tem como ponto fundamental a Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
indagação sobre a titularidade dos serviços de a serem objeto de lei reguladora, no sentido
saneamento básico nas Regiões Metropolita- da gestão associada de serviços públicos e a
nas. transferência total ou parcial de encargos e
a exame da questão envolve a consideração serviços.
de matérias interligadas, a saber: São expressões modernas do federalismo
a) a discriminação de competência no sis- cooperativo.
tema federativo; Ao Município, de histórica tradição, A
b) a reserva de competência atribuída ao Constituição de 1988 explicitamente reconhe-
Município; ce a presença como ente federativo (art. 12 e
c) a competência específica para a prestação 18) e dedica-lhe capítulo especial no qual des-
de serviços públicos de saneamento básico. taca a competência própria, garantindo-lhe a
autonomia legislativa e a gestão de serviços
públicos de interesse local (art. 30).
II

A par do princípio territorial, que distingue III


o âmbito de poder entre a União, os Estados
e os Municípios, a distribuição de competên- A pedra de toque da autonomia municipal
cia no sistema constitucional qualifica, em se concentra, em suma, na preservação da
razão da matéria, campos próprios de cada matéria de interesse local, expressão que, na
ente federativo. presente Constituição, substitui, com mais ob-
À União são reservadas atividades e servi- jetividade, a anterior terminologia, nas Cartas
ços exclusivos, enumerados no art. 21 e a precedentes, da reserva de assunto de peculiar
competência privativa para legislar sobre ma- interesse dos Municípios (Constituição de
térias específicas (art. 22). 1946, art. 28, n. lI; Constituição de 1967, art.
Em outros temas de caráter geral são rela- 16, n. 11; Emenda Constitucional n. 1, de
cionadas as hipóteses de competência comum 1969, art. 15, n. 11).
à União, Estados, Distrito Federal e Municí- Ambos os termos definidores da autonomia
pios (art. 23) e a competência legislativa con- municipal se filiam ao entendimento que obe-
corrente entre União, Estados e Distrito Fe- dece ao princípio da subsidiariedade, no sen-
deral (art. 24). tido de que a melhor solução para o interesse
Lei complementar federal fixará o processo público deve ser procurada na proximidade
de cooperação entre a União, Estados, Distrito do fenômeno jurídico e social. Ressalvados
Federal e Municípios, visando ao equilíbrio os assuntos que, por sua complexidade e im-
do desenvolvimento e do bem-estar em âm- portância, estão constitucionalmente reserva-
bito nacional (parágrafo único do art. 23). dos à competência federal e estadual, a admi-

R. Dir. Adm., Rio de Janeiro, 213: 323-396, jul./set. 1998


nistração municipal presume-se mais afeiçoa- A Constituição de 1937 inaugurou a previ-
da à prestação de serviços locais, postos dire- são de agrupamento de municípios da mesma
tamente à disposição dos municípes, na área região para a administração de serviços co-
do território municipal. sem prejuízo da coo- muns, cabendo ao Estado não regular o meio
peração dos entes superiores na escala fede- de constituir-se o agrupamento e a forma de
rativa, inclusive pela via de convênios admi- sua administração (art. 29).
nistrativos, O projeto de nova Constituição, submetido
O Município não é, porém, um ente estan- ao Congresso Nacional em 1966, silenciou
que e isolado na comunidade nacional da qual sobre a matéria. Todavia, emenda aditiva,
participa, A noção antes do peculiar interesse proposta pelo Senador Eurico Rezende, ins-
como agora do interesse local não deverá ser pirada em anterior sugestão de Hely Lopes
entendida em termos absolutos, mas segundo Meirelles, viria a se traduzir no preceito do
o grau de sua dominância no atendimento a art. 157, § 10 da Carta Constitucional de 1967,
necessidade comunitárias. atribuindo à União, mediante lei complemen-
A própria Constituição prevê limites ao tar, o estabelecimento de regiões metropoli-
exercício da autonomia municipal não somen- tanas constituídas por municípios integrantes
te na excepcionalidade traumática da inter- da mesma comunidade sócio-econômica, vi-
venção federal ou estadual, em situações es- sando à realização de serviços de interesse
peciais (art. 35), como na capacidade avoca- comum. Com semelhante conteúdo a norma
tória conferida aos Estados para, mediante lei se reproduz no art. 164 da Emenda Constitu-
complementar, instituir regiões metropolita- cional n. 1, de 1969 (Ver, sobre o histórico
nas, agrupando municípios limítrofes para a - RAUL MACHADO HORTA - Regiões
integração de funções públicas de interesse Metropolitanas e o Direito Constitucional
comum (art. 25, § 3Q). Brasileiro - Revista de Direito Público - n.
O conceito de interesse comum, a ser aferi- 29, p. 9/s; HEL Y LOPES MEIRELLES -
do pelo legislador estadual mediante um juízo Direito Municipal Brasileiro - ~ edição -
político de valor, sobrepõe-se ao conceito pri- p.57).
mário do interesse local, que qualifica a com- No exercício desta competência, a Lei
petência municipal. Complementar Federal n. 14, de 8 de junho
A lei complementar estadual, instituidora de 1973, instituiu oito Regiões Metropolita-
da região metropolitana, afirma a intima cor- nas (São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre,
relação de interesses que, em benefício do Recife, Salvador, Curitiba, Belém e Fortale-
princípio da continuidade, da produtividade e za) e regulou-lhes a estrutura e o funciona-
da eficiência, torna unitária e coordenada, em mento. A Lei Complementar n. 27, de 3 de
entidade própria, segundo a lei complemen- novembro de 1975, alterou o art. 2Q do texto
tar, a gestão de serviços e atividades origina- original, relativo ao Conselho Consultivo. Por
riamente adstritos à administração local. último, a Lei Complementar n. 19, de 25 de
A avocação estadual de matéria ordinaria- junho de 1974, instituiu a Região Metropoli-
mente municipal não viola a autonomia do tana do Rio de Janeiro, agrupando o Municí-
Município na medida em que se fundamenta pio da Capital do novo Estado, oriundo da
em norma constitucional, ou seja, em norma fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da
de igual hierarquia. É a própria Constituição Guanabara, e treze outros municípios vizi-
que, ao mesmo tempo, afirma e limita a au- nhos (art. 19).
tonomia municipal. A Região Metropolitana da Grande São
A eficácia da lei complementar instituidora Paulo, encontra na Lei Complementar Esta-
da região metropolitana prescinde, conse- dual n. 94, de 29 de maio de 1974, a discri-
qüentemente, de anuência ou prévio consen- minação dos serviços metropolitanos reputa-
timento do município cujos serviços passam dos de interesse comum, entre os quais se
a integrar a competência comum concentrada arrola "o saneamento básico, notadamente
na administração regional. abastecimento de água e rede de esgotos e

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serviço de limpeza pública" (art. 22 , - , item da gestão estadual. O interesse comum sobre-
lI). Ao Estado compete, explicitamente, o pla- leva, em suma, ao interesse local.
nejamento e a unificação e coordenação dos O agrupamento de municípios, gerado em
serviços comuns (art. 32 , lI, m, IV e VII. lei complementar específica (antes federal e,
Com o advento da Constituição de 1988 agora, estadual), exprime um grau de afinida-
transferiu-se, como antes acentuado, para os de e de necessária unidade operacional que
Estados a competência para instituir Regiões sobrepõe aos serviços locais a continuidade
Metropolitanas e dela se valeu o Estado do de serviços comuns a serem integrados em
Rio de Janeiro para a criação da Região Me- uma administração unificada. A Região Me-
tropolitana do Rio de Janeiro, composta do tropolitana representa uma comunhão de ur-
agrupamento de dezenove Municípios, a par bes que fez nascer o neologismo, que já in-
da Microregião dos Lagos, integrada de oito gressou no Dicionário Aurélio: conurbação
outros Municípios (Lei Complementar Esta- (con+urbe+ação) - "conjunto formado por
dual n. 87, de 16 de dezembro de 1997). In- uma cidade e seus subúrbios, ou por cidades
clui-se entre os serviços comuns de interesse reunidas, que constituem uma seqüência, sem
metropolitano os de saneamento básico (art. contudo, se confundirem" .
312, item 11). A Região Metropolitana não é, contudo,
No Estado de São Paulo mais ainda se ca- uma entidade política intermediária entre o
raterizou a regionalização de serviços comuns Estado e o Município, mas apenas uma área
unificados pela integração em nível estadual, administrativa de serviços especiais, cuja ad-
com o advento da Lei Complementar n. 760, ministração poderá ser atribuída a uma pessoa
de 112 de agosto de 1994, que estabelece dire- administrativa autárquica ou paraestatal, ou
trizes para a Organização Regional do Estado mesmo a órgão da administração direta esta-
de São Paulo. dual (HEL Y LOPES MEIRELLES - Direito
O saneamento básico é expressamente ar- Municipal Brasileiro, cit., p. 59; EURICO DE
rolado entre os campos funcionais de interes- ANDRADE AZEVEDO - Instituição de Re-
se comum das entidades regionais (art. 212 e giões Metropolitanas no Brasil - Revista de
712, n. IV). Direito Público - 2/196; ROBERTO RO-
Na Região Metropolitana é prevista, na lei SAS - Perspectiva jurídica da Região Me-
estadual, a criação de entidade com persona- tropolitana - Revista de Direito Público -
lidade jurídica de direito público, na qual se 28/89).
integrará o Conselho de Desenvolvimento,
composto de representantes estaduais e mu-
nicipais (art. 17 e 19, combinados com art. III
912).
A seu turno, a Lei Complementar Estadual A instituição das regiões administrativas é,
n. 815, de 30 de julho de 1996, criou a Região como visto, ato legislativo complementar que
Metropolitana da Baixada Santista, agrupan- a atual Constituição passou a colocar na esfera
do 9 municípios (Bertioga, Cubatão, Guarujá, de competência dos Estados.
Itanhaem, Mangaguá, Peruibe, Praia Grande, A eficácia da Lei Complementar estadual
Santos e São Vicente). é, por sua própria natureza, de caráter impe-
Para a integração e execução das funções rativo que, como assinalado, não se condicio-
públicas de interesse comum na citada Região na à aprovação dos municípios por ela abran-
Metropolitana, a lei complementar em causa gidos, tendo como finalidade compor uma ad-
autoriza a criação de autarquia estadual, a par ministração uniforme.
do Conselho de Desenvolvimento, com parti- A Região Metropolitana não tem origem
cipação estadual e municipal (art. 10 combi- consensual, em moldes de convênio ou acordo
nado com art. 32 ). entre os Municípios ou entre eles e o Estado.
Evidencia-se, por esta forma, no sistema das Nasce da lei complementar e segundo ela se
Regiões Metropolitanas a presença dominante exercita.

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Como assinala SERGIO FERRAZ é da ín- estadual para a prestação do serviço público
dole do sistema metropolitano o módulo coer- comum oferecido a uma comunidade que ul-
citivo (Regiões Metropolitanas no Direito trapassa as fronteiras municipais, embora a lei
Brasileiro - Revista de Direito Público - n. instituidora possa admitir a ação conjunta do
37/38 - p. 22). Estado e dos Municípios agrupados, como
Na Região Metropolitana, visando à inte- prevê o art. 153, § 12 da Constituição do Es-
gração de serviços comuns às áreas associa- tado de São Paulo.
das, a predominância do intesse metropolita- Caberá ao legislador, no uso dos poderes
no se impõe dominante, acima do estrito in- que lhe outorga a Constituição, a opção polí-
teresse local. tica, dentre os modelos previstos, pela moda-
Conforme a lição de mOGO DE FIGUEI- lidade mais adequada à integração dos inte-
REDO MOREIRA NETO, à luz do art. 25, § resses comunitários, definindo a atribuição
32 da vigente Constituição, "o interesse co- dos órgãos de gestão dos serviços.
mum nele considerado é aquele que transcen-
de o municipal e passa a ser considerado es-
tadual" e a ser caracterizado pela "predomi- IV
nância do regional" (poder concedente para
o abastecimento de água - edição do Gover- As atividades do poder público em matéria
no do Estado do Rio de Janeiro - pago 13). de saneamento básico comportam uma varie-
O Supremo Tribunal Federal, em decisão dade de entendimento que, segundo o grau de
liminar de 5 de novembro de 1992, suspendeu abrangência e de interdependência, podem li-
a aplicação do parágrafo único do art. 216 da mitar-se ao plano municipal ou exigir a inte-
Constituição do Estado do Espírito Santo que gração em entidade de nível estadual, segun-
condicionava a criação de regiões administra- do a mencionada competência prevista no art.
tivas a consulta prévia, mediante plebiscito, 25, § 32 da constituição.
às populações diretamente interessadas (Re- O destinatário final de tais serviços é o mu-
vista Trimestral de Jurisprudência - vol. nícipe - o que faz supor, em princípio, o
145/3 - p. 778). interesse local - mas a integração de áreas
E, em julgamento de mérito, o Tribunal limítrofes e, especialmente, a fonte de origem
Pleno, por decisão unânime de 2 de fevereiro dos recursos físicos e financeiros indispensá-
de 1998, declarou definitivamente a inconsti- veis à prestação dos serviços marca, conforme
tucionalidade do referido preceito. o caso, a predominância do interesse metro-
O preceito constitucional da Constituição politano ou conurbano, que excede e supera
de 1988 não somente transferiu para a com- aos limites da autonomia municipal.
petência dos Estados a capacidade de instituir De duas formas poderá se deslocar do Mu-
regiões metropolitanas em razão do interesse nicípio para o Estado (representado por ór-
comum, como prevê igual providência nas gãos ou entidades de sua administração) a
aglomerações urbanas e microregiões. efetividade da prestação de serviços de sanea-
Colocam-se, assim, em nível sucessivo de mento básico: ou, pela forma coercitiva de
integração, tipos distintos de comunhão de integração, a que se refere a previsão do art.
interesses a serem reconhecidos pelo legisla- 25, § 32 da Constituição, pela via da lei com-
dor. plementar, ou, em menor grau de integração,
Nas aglomerações urbanas ou até mesmo mediante acordo, consubstanciado em convê-
nas microregiões, é razoável que nos termos nio administrativo quando não venha a ser
da lei, se destaquem determinadas prestações criada Região Metropolitana. Por último, a
de serviços locais tipicamente limitados ao prestação do serviço poderá ser delegada à
âmbito municipal, que nele possam remanes- iniciativa privada, pela outorga de concessão
cer. de serviço público, precedida de licitação,
A região administrativa pressupõe, ao con- tendo como poder concedente o titular da
trário, uma necessária e contínua competência competência administrativa (Estado ou Muni-

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cípio, conforme a prevalência do interesse co- legislativa nos três níveis federativos, assim
mum ou local). como a cooperação expressa em acordos e
convênios administrativos, permitirá a defini-
ção objetiva do grau de responsabilidade na
v prestação dos serviços essenciais de abasteci-
mento urbano e rural, com a precípua finali-
A Constituição distribui o domínio das dade do serviço adequado à comunidade a ser
águas - e conseqüentemente a regulação de servida.
seu uso e disponibilidade - entre a União e Mediante a prestação estadual, constante de
os Estados. lei complementar ou a reserva de competência
A par de seu domínio sobre o mar territorial, municipal, caberá, ainda, à lei definir, como
são bens da União as águas que banhem mais for conveniente, entre a delegação do serviço
de um Estado (art. 20, n. IV), reservadas aos a órgão da administração pública indireta ou
Estados as águas contidas em seu território. a concessão à iniciativa privada, pela via do
Não há, portanto, águas de domínio muni- procedimento licitatório.
cipal, o que não exclui, o interesse local no Em síntese, o legislador será juiz do cami-
abastecimento domiciliar aos consumidores nho mais indicado à prestação dos serviços
finais. públicos de saneamento básico, entre as mo-
Ocorrerá, contudo, a supremacia do interes- dalidades permitidas no plano constitucional.
se comum, quando a criação, em lei comple-
mentar estadual, venha a integrar em áreas de
Municípios limítrofes a questão dos serviços VI
de saneamento básico, entre os quais se insere
o uso dos recursos hídricos. Tendo presente os princípios expostos nos
A lei complementar instituidora da Região capítulos precedentes, passamos a responder
Metropolitana - como, se for o caso, de aglo- aos quesitos propostos na consulta.
merações urbanas ou de microregiões - é a Primeiro - Diante do que dispõe a Carta
sede própria para a definição da competência Magna de 1988 indaga-se quem seria o poder
administrativa específica para o abastecimen- competente para prestação do serviço público
to de água e, por via de conseqüência admi- de saneamento básico?
nistrativa específica para o abastecimento de Resposta - O serviço público de sanea-
água e, por via de conseqüência, a titularidade mento básico compreende, fundamentalmen-
como poder concedente. te, o abastecimento de água, em suas fases
Na ausência de lei complementar, prevale- sucessivas - da captação à distribuição para
cerá a competência peculiar do município, o consumo público - e os serviços de esgo-
definida pelo interesse local do serviço. tamento sanitário e coleta de resíduos sólidos.
A Constituição atribui à União competência Em suas relações finais com os consumido-
para instituir diretrizes para o desenvolvimen- res e usuários o interesse local predominante
to urbano, compreendendo, entre outros as- caracteriza em princípio, a competência mu-
pectos, o saneamento básico (art. 21, inciso nicipal.
XX). Esta, contudo, com regra, depende de for-
harmoniza-se, por esta forma, em atendi- necimento de água proveniente de recursos de
mento ao dominante interesse da comunidade, bacia hidrológica, de competência estadual.
a correlação entre a competência do Estado e A lei estadual, complementada por convênio
dos Municípios no tocante as essenciais de administrativo, regulará conseqüentemente o
serviços públicos de captação e abastecimen- regime jurídico aplicável tanto à cooperação
to de água e a destinação de resíduos sólidos entre o Estado e o Município como ao âmbito
e líquidos. de competência municipal.
Diante da diversidade de municípios e seus Ademais, se o município integrar Região
recursos técnicos e financeiros, a associação Metropolitana, instituído em lei complemen-

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tar estadual (art. 25. § 32 • da Constituição), a Resposta - O conceito de interesse local
competência do Estado, gestor do interesse é, como visto, elementar para a competência
comum, prevalece sobre a competência muni- municipal no tocante a atividades de sanea-
cipal, limitada ao interesse local. mento básico. Pressupõe, porém, a capacida-
Neste sentido, a Lei Complementar Esta- de plena do Município para a correspondente
dual n. 87, de 16 de dezembro de 1997, que execução e conseqüente prestação aos usuá-
dispõe sobre a Região Metropolitana do Rio rios finais. Quando dependente de forneci-
de Janeiro. explicitamente acentua. em seu mento de água pelo Estado, a lei deverá de-
art. 42 que a Região" será administrada pelo terminar a área própria de cada ente federado
Estado, na qualidade de órgão executi vo, as- e a cooperação entre eles para a prestação do
sistido por um Conselho Deliberativo" , com- serviço.
posto de representantes dos Municípios. Na hipótese em que a lei complementar
A seu turno, a legislação do Estado de São estadual venha a colocar o Município na ór-
Paulo integra em órgão da administração es- bita de Região Metropolitana, cessa a autono-
tadual a gestão dos serviços de interesse co- mia do serviço local que se vai integrar na
mum na Região Metropolitana. Assim dispõe competência do Estado, titular da prestação
o art. 17 da Lei Complementar n. 760, de 12 do serviço de interesse comum.
de agosto de 1994 e o art. 10 da Lei Comple- Quarto - Considerando as regiões de con-
mentar n. 815, de 30 de julho de 1996. centração urbana e microregiões com interes-
Cumpre, em suma, à lei instituidora da Re- ses comuns, a competência para a prestação
gião Metropolitana determinar o procedimen- dos serviços públicos de saneamento poderia
to a ser adotado em caso de participação do ser entendida como de interesse local?
município na prestação do serviço de interes- Resposta - A Constituição atribui aos Es-
se comum. tados não somente a criação de Regiões Me-
Segundo - Fixada a competência consti- tropolitanas, como ainda a instituição de
tucional indaga-se quem seria o poder conce- Aglomerações Urbanas e de Microregiões, a
dente dos serviços públicos de saneamento? importar no agrupamento de áreas munici-
Resposta - O ente público competente pais.
para o serviço público de saneamento básico Em tais modalidades de agregação, o grau
(como tal definido nos termos da resposta ao de integração de serviços comuns não terá a
quesito anterior) exercê-Io-á diretamente ou, mesma intensidade que caracteriza o interesse
mediante autorização em lei, poderá delegá-lo comum nas Regiões Metropolitanas.
a concessionário público ou privado. A lei instituidora deverá, em tal hipótese,
Poder concedente é aquele ao qual a lei determinar o âmbito de competência da enti-
atribui competência própria para prestação do dade estadual e a parcela residual de compe-
serviço. tência municipal, a ser declarada.
Terceiro - Incluem-se sem qualquer res- Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1998
trição, entre os serviços públicos de interesse CAIO TÁCITO
local do município o saneamento básico?

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