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serviço de limpeza pública" (art. 22 , - , item da gestão estadual. O interesse comum sobre-
lI). Ao Estado compete, explicitamente, o pla- leva, em suma, ao interesse local.
nejamento e a unificação e coordenação dos O agrupamento de municípios, gerado em
serviços comuns (art. 32 , lI, m, IV e VII. lei complementar específica (antes federal e,
Com o advento da Constituição de 1988 agora, estadual), exprime um grau de afinida-
transferiu-se, como antes acentuado, para os de e de necessária unidade operacional que
Estados a competência para instituir Regiões sobrepõe aos serviços locais a continuidade
Metropolitanas e dela se valeu o Estado do de serviços comuns a serem integrados em
Rio de Janeiro para a criação da Região Me- uma administração unificada. A Região Me-
tropolitana do Rio de Janeiro, composta do tropolitana representa uma comunhão de ur-
agrupamento de dezenove Municípios, a par bes que fez nascer o neologismo, que já in-
da Microregião dos Lagos, integrada de oito gressou no Dicionário Aurélio: conurbação
outros Municípios (Lei Complementar Esta- (con+urbe+ação) - "conjunto formado por
dual n. 87, de 16 de dezembro de 1997). In- uma cidade e seus subúrbios, ou por cidades
clui-se entre os serviços comuns de interesse reunidas, que constituem uma seqüência, sem
metropolitano os de saneamento básico (art. contudo, se confundirem" .
312, item 11). A Região Metropolitana não é, contudo,
No Estado de São Paulo mais ainda se ca- uma entidade política intermediária entre o
raterizou a regionalização de serviços comuns Estado e o Município, mas apenas uma área
unificados pela integração em nível estadual, administrativa de serviços especiais, cuja ad-
com o advento da Lei Complementar n. 760, ministração poderá ser atribuída a uma pessoa
de 112 de agosto de 1994, que estabelece dire- administrativa autárquica ou paraestatal, ou
trizes para a Organização Regional do Estado mesmo a órgão da administração direta esta-
de São Paulo. dual (HEL Y LOPES MEIRELLES - Direito
O saneamento básico é expressamente ar- Municipal Brasileiro, cit., p. 59; EURICO DE
rolado entre os campos funcionais de interes- ANDRADE AZEVEDO - Instituição de Re-
se comum das entidades regionais (art. 212 e giões Metropolitanas no Brasil - Revista de
712, n. IV). Direito Público - 2/196; ROBERTO RO-
Na Região Metropolitana é prevista, na lei SAS - Perspectiva jurídica da Região Me-
estadual, a criação de entidade com persona- tropolitana - Revista de Direito Público -
lidade jurídica de direito público, na qual se 28/89).
integrará o Conselho de Desenvolvimento,
composto de representantes estaduais e mu-
nicipais (art. 17 e 19, combinados com art. III
912).
A seu turno, a Lei Complementar Estadual A instituição das regiões administrativas é,
n. 815, de 30 de julho de 1996, criou a Região como visto, ato legislativo complementar que
Metropolitana da Baixada Santista, agrupan- a atual Constituição passou a colocar na esfera
do 9 municípios (Bertioga, Cubatão, Guarujá, de competência dos Estados.
Itanhaem, Mangaguá, Peruibe, Praia Grande, A eficácia da Lei Complementar estadual
Santos e São Vicente). é, por sua própria natureza, de caráter impe-
Para a integração e execução das funções rativo que, como assinalado, não se condicio-
públicas de interesse comum na citada Região na à aprovação dos municípios por ela abran-
Metropolitana, a lei complementar em causa gidos, tendo como finalidade compor uma ad-
autoriza a criação de autarquia estadual, a par ministração uniforme.
do Conselho de Desenvolvimento, com parti- A Região Metropolitana não tem origem
cipação estadual e municipal (art. 10 combi- consensual, em moldes de convênio ou acordo
nado com art. 32 ). entre os Municípios ou entre eles e o Estado.
Evidencia-se, por esta forma, no sistema das Nasce da lei complementar e segundo ela se
Regiões Metropolitanas a presença dominante exercita.
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Como assinala SERGIO FERRAZ é da ín- estadual para a prestação do serviço público
dole do sistema metropolitano o módulo coer- comum oferecido a uma comunidade que ul-
citivo (Regiões Metropolitanas no Direito trapassa as fronteiras municipais, embora a lei
Brasileiro - Revista de Direito Público - n. instituidora possa admitir a ação conjunta do
37/38 - p. 22). Estado e dos Municípios agrupados, como
Na Região Metropolitana, visando à inte- prevê o art. 153, § 12 da Constituição do Es-
gração de serviços comuns às áreas associa- tado de São Paulo.
das, a predominância do intesse metropolita- Caberá ao legislador, no uso dos poderes
no se impõe dominante, acima do estrito in- que lhe outorga a Constituição, a opção polí-
teresse local. tica, dentre os modelos previstos, pela moda-
Conforme a lição de mOGO DE FIGUEI- lidade mais adequada à integração dos inte-
REDO MOREIRA NETO, à luz do art. 25, § resses comunitários, definindo a atribuição
32 da vigente Constituição, "o interesse co- dos órgãos de gestão dos serviços.
mum nele considerado é aquele que transcen-
de o municipal e passa a ser considerado es-
tadual" e a ser caracterizado pela "predomi- IV
nância do regional" (poder concedente para
o abastecimento de água - edição do Gover- As atividades do poder público em matéria
no do Estado do Rio de Janeiro - pago 13). de saneamento básico comportam uma varie-
O Supremo Tribunal Federal, em decisão dade de entendimento que, segundo o grau de
liminar de 5 de novembro de 1992, suspendeu abrangência e de interdependência, podem li-
a aplicação do parágrafo único do art. 216 da mitar-se ao plano municipal ou exigir a inte-
Constituição do Estado do Espírito Santo que gração em entidade de nível estadual, segun-
condicionava a criação de regiões administra- do a mencionada competência prevista no art.
tivas a consulta prévia, mediante plebiscito, 25, § 32 da constituição.
às populações diretamente interessadas (Re- O destinatário final de tais serviços é o mu-
vista Trimestral de Jurisprudência - vol. nícipe - o que faz supor, em princípio, o
145/3 - p. 778). interesse local - mas a integração de áreas
E, em julgamento de mérito, o Tribunal limítrofes e, especialmente, a fonte de origem
Pleno, por decisão unânime de 2 de fevereiro dos recursos físicos e financeiros indispensá-
de 1998, declarou definitivamente a inconsti- veis à prestação dos serviços marca, conforme
tucionalidade do referido preceito. o caso, a predominância do interesse metro-
O preceito constitucional da Constituição politano ou conurbano, que excede e supera
de 1988 não somente transferiu para a com- aos limites da autonomia municipal.
petência dos Estados a capacidade de instituir De duas formas poderá se deslocar do Mu-
regiões metropolitanas em razão do interesse nicípio para o Estado (representado por ór-
comum, como prevê igual providência nas gãos ou entidades de sua administração) a
aglomerações urbanas e microregiões. efetividade da prestação de serviços de sanea-
Colocam-se, assim, em nível sucessivo de mento básico: ou, pela forma coercitiva de
integração, tipos distintos de comunhão de integração, a que se refere a previsão do art.
interesses a serem reconhecidos pelo legisla- 25, § 32 da Constituição, pela via da lei com-
dor. plementar, ou, em menor grau de integração,
Nas aglomerações urbanas ou até mesmo mediante acordo, consubstanciado em convê-
nas microregiões, é razoável que nos termos nio administrativo quando não venha a ser
da lei, se destaquem determinadas prestações criada Região Metropolitana. Por último, a
de serviços locais tipicamente limitados ao prestação do serviço poderá ser delegada à
âmbito municipal, que nele possam remanes- iniciativa privada, pela outorga de concessão
cer. de serviço público, precedida de licitação,
A região administrativa pressupõe, ao con- tendo como poder concedente o titular da
trário, uma necessária e contínua competência competência administrativa (Estado ou Muni-
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cípio, conforme a prevalência do interesse co- legislativa nos três níveis federativos, assim
mum ou local). como a cooperação expressa em acordos e
convênios administrativos, permitirá a defini-
ção objetiva do grau de responsabilidade na
v prestação dos serviços essenciais de abasteci-
mento urbano e rural, com a precípua finali-
A Constituição distribui o domínio das dade do serviço adequado à comunidade a ser
águas - e conseqüentemente a regulação de servida.
seu uso e disponibilidade - entre a União e Mediante a prestação estadual, constante de
os Estados. lei complementar ou a reserva de competência
A par de seu domínio sobre o mar territorial, municipal, caberá, ainda, à lei definir, como
são bens da União as águas que banhem mais for conveniente, entre a delegação do serviço
de um Estado (art. 20, n. IV), reservadas aos a órgão da administração pública indireta ou
Estados as águas contidas em seu território. a concessão à iniciativa privada, pela via do
Não há, portanto, águas de domínio muni- procedimento licitatório.
cipal, o que não exclui, o interesse local no Em síntese, o legislador será juiz do cami-
abastecimento domiciliar aos consumidores nho mais indicado à prestação dos serviços
finais. públicos de saneamento básico, entre as mo-
Ocorrerá, contudo, a supremacia do interes- dalidades permitidas no plano constitucional.
se comum, quando a criação, em lei comple-
mentar estadual, venha a integrar em áreas de
Municípios limítrofes a questão dos serviços VI
de saneamento básico, entre os quais se insere
o uso dos recursos hídricos. Tendo presente os princípios expostos nos
A lei complementar instituidora da Região capítulos precedentes, passamos a responder
Metropolitana - como, se for o caso, de aglo- aos quesitos propostos na consulta.
merações urbanas ou de microregiões - é a Primeiro - Diante do que dispõe a Carta
sede própria para a definição da competência Magna de 1988 indaga-se quem seria o poder
administrativa específica para o abastecimen- competente para prestação do serviço público
to de água e, por via de conseqüência admi- de saneamento básico?
nistrativa específica para o abastecimento de Resposta - O serviço público de sanea-
água e, por via de conseqüência, a titularidade mento básico compreende, fundamentalmen-
como poder concedente. te, o abastecimento de água, em suas fases
Na ausência de lei complementar, prevale- sucessivas - da captação à distribuição para
cerá a competência peculiar do município, o consumo público - e os serviços de esgo-
definida pelo interesse local do serviço. tamento sanitário e coleta de resíduos sólidos.
A Constituição atribui à União competência Em suas relações finais com os consumido-
para instituir diretrizes para o desenvolvimen- res e usuários o interesse local predominante
to urbano, compreendendo, entre outros as- caracteriza em princípio, a competência mu-
pectos, o saneamento básico (art. 21, inciso nicipal.
XX). Esta, contudo, com regra, depende de for-
harmoniza-se, por esta forma, em atendi- necimento de água proveniente de recursos de
mento ao dominante interesse da comunidade, bacia hidrológica, de competência estadual.
a correlação entre a competência do Estado e A lei estadual, complementada por convênio
dos Municípios no tocante as essenciais de administrativo, regulará conseqüentemente o
serviços públicos de captação e abastecimen- regime jurídico aplicável tanto à cooperação
to de água e a destinação de resíduos sólidos entre o Estado e o Município como ao âmbito
e líquidos. de competência municipal.
Diante da diversidade de municípios e seus Ademais, se o município integrar Região
recursos técnicos e financeiros, a associação Metropolitana, instituído em lei complemen-
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tar estadual (art. 25. § 32 • da Constituição), a Resposta - O conceito de interesse local
competência do Estado, gestor do interesse é, como visto, elementar para a competência
comum, prevalece sobre a competência muni- municipal no tocante a atividades de sanea-
cipal, limitada ao interesse local. mento básico. Pressupõe, porém, a capacida-
Neste sentido, a Lei Complementar Esta- de plena do Município para a correspondente
dual n. 87, de 16 de dezembro de 1997, que execução e conseqüente prestação aos usuá-
dispõe sobre a Região Metropolitana do Rio rios finais. Quando dependente de forneci-
de Janeiro. explicitamente acentua. em seu mento de água pelo Estado, a lei deverá de-
art. 42 que a Região" será administrada pelo terminar a área própria de cada ente federado
Estado, na qualidade de órgão executi vo, as- e a cooperação entre eles para a prestação do
sistido por um Conselho Deliberativo" , com- serviço.
posto de representantes dos Municípios. Na hipótese em que a lei complementar
A seu turno, a legislação do Estado de São estadual venha a colocar o Município na ór-
Paulo integra em órgão da administração es- bita de Região Metropolitana, cessa a autono-
tadual a gestão dos serviços de interesse co- mia do serviço local que se vai integrar na
mum na Região Metropolitana. Assim dispõe competência do Estado, titular da prestação
o art. 17 da Lei Complementar n. 760, de 12 do serviço de interesse comum.
de agosto de 1994 e o art. 10 da Lei Comple- Quarto - Considerando as regiões de con-
mentar n. 815, de 30 de julho de 1996. centração urbana e microregiões com interes-
Cumpre, em suma, à lei instituidora da Re- ses comuns, a competência para a prestação
gião Metropolitana determinar o procedimen- dos serviços públicos de saneamento poderia
to a ser adotado em caso de participação do ser entendida como de interesse local?
município na prestação do serviço de interes- Resposta - A Constituição atribui aos Es-
se comum. tados não somente a criação de Regiões Me-
Segundo - Fixada a competência consti- tropolitanas, como ainda a instituição de
tucional indaga-se quem seria o poder conce- Aglomerações Urbanas e de Microregiões, a
dente dos serviços públicos de saneamento? importar no agrupamento de áreas munici-
Resposta - O ente público competente pais.
para o serviço público de saneamento básico Em tais modalidades de agregação, o grau
(como tal definido nos termos da resposta ao de integração de serviços comuns não terá a
quesito anterior) exercê-Io-á diretamente ou, mesma intensidade que caracteriza o interesse
mediante autorização em lei, poderá delegá-lo comum nas Regiões Metropolitanas.
a concessionário público ou privado. A lei instituidora deverá, em tal hipótese,
Poder concedente é aquele ao qual a lei determinar o âmbito de competência da enti-
atribui competência própria para prestação do dade estadual e a parcela residual de compe-
serviço. tência municipal, a ser declarada.
Terceiro - Incluem-se sem qualquer res- Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1998
trição, entre os serviços públicos de interesse CAIO TÁCITO
local do município o saneamento básico?
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