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Notas de Aula

Disciplina: Direito à Moradia e Instrumentos de Regularização Fundiária


Professora: Marinella Araújo

Unidade 1 : Princípios de Direito Urbanístico, Estatutos da Cidade e da Metrópole

NOTA N. 1: Qual a natureza jurídica das competências urbanísticas?

A competência em matéria urbanística pode ser comum, concorrente ou suplementar.

É comum quando nos referimos às ações executivas (artigo 23 da CF/88). Por exemplo, ao
ato administrativo de aprovação de loteamentos, que pode ser realizado pelo município ou pelos
estados, se o loteamento estiver localizado em mais de um município. São competências
urbanísticas comuns típicas explícitas no artigo 23:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios:

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,


artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte


e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas


formas;

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das


condições habitacionais e de saneamento básico;

Vale lembrar que via de regra se espera que as competências comuns sejam exercidas pelas
unidades federativas de forma cooperada (artigo 23, parágrafo único da CF/88) segundo
modelos de gestão interfederativa que pressuponham a atuação supletiva e subsidiárias
dessas unidades (artigo 2º, inciso II e II), como dispõe a Lei Complementar n. 140/2011 para
as competências comuns em matéria ambiental do artigo 23, incisos III, VI e VII.

Constituição de 1988

Art. 23 – Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a


cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
53, de 2006)
Lei Complementar n. 140, de 08 de dezembro 2011

Art. 2º – Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:

II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente


federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses
definidas nesta Lei Complementar;

III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar


no desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns,
quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das
atribuições definidas nesta Lei Complementar.

Lembro ainda que apesar as Áreas de Proteção Especial – ADE Culturais serem consideradas
espécies de zoneamento urbano, segundo a Lei n. 9.605/98, a Lei de Crimes Ambientais, os
danos causados ao cultural são considerados crimes ambientais lato sensu previstos na
Seção IV (Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural) do Capítulo V (Dos
Crimes Contra o Meio Ambiente), artigos 62 a 65.

É concorrente quando nos referimos à produção de leis urbanísticas pelas unidades


federativas (artigo 24, caput e § 1º, da CF/88). Por exemplo, a aprovação do projeto de lei de
plano diretor do município deve ser realizada pela Câmara de Vereadores (Município), mas a
aprovação do plano de desenvolvimento urbano integrado deve ser realizada pela Assembleia
Legislativa (Estado).

Já a competência suplementar é exercida pelos estados (artigo 24, §§ 2º, 3º e 4º da CF/88) e


pelos municípios (por força do artigo 30, II da CF/88) quando não houver lei federal ou
estadual que estabelece as normas gerais sobre matéria objeto de competência
concorrente. É o caso de lei que estabelece especificidades sobre processo de regularização
fundiária no município.

Veja o que diz o artigo 24 da CF/88 sobre o tema:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

§ 1º. No âmbito da legislação concorrente, a competência da União


limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

§ 2º. A competência da União para legislar sobre normas gerais não


exclui a competência suplementar dos Estados.

§ 3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a


competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a


eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Vale lembrar que a competência dos municípios para legislar sobre matéria urbanística é
derivada da aplicação do inciso I do artigo 30 da CF/88 que os autoriza a legislar sobre toda
matéria de interesse local e do próprio artigo 182 da CF/88 que os confere a competência para
elaborar planos diretores, que são leis municipais consideradas os instrumentos básicos da
política urbana.

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

Art. 182, § 1º. O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,


obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana.

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