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municipal inconstitucional.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE .....,
ESTADO DO .....
Prossegue a Carta Magna consolidando que "todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações", prevendo incumbir,
ao Poder Público, a proteção da fauna e da flora, sendo "vedadas, na forma da Lei,
as práticas que coloquem em risco sua função ecológica", especificando, ainda que
"as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados"(artigo 225, caput,
§ 1o, inciso VII, e § 3o )'".
Em tais termos, a Lei Maior Nacional, recepcionando a Lei 7347/85, assim como a
Lei 6938/81 e outras referentes ao meio ambiente, reconheceu-o como interesse
difuso, eis que necessário à qualidade de vida e integrante de patrimônio da
humanidade, e, assim o fazendo, tornou-o objeto de proteção passível de ser
efetuada pelo Ministério Público.
A Constituição Estadual .........................., por seu turno, informa que "o Estado,
mediante lei, criará um sistema de administração da qualidade ambiental, proteção,
controle e desenvolvimento do meio ambiente e uso adequado dos recursos
naturais, para organizar, coordenar e integrar as ações de órgão e entidades da
administração pública direta e indireta, assegurada participação da coletividade,
com o fim de proteger a flora e a fauna, vedadas as práticas que coloquem em
risco a sua função ecológica" (artigo 193, inciso X).
Desta feita, consoante bem explanado pelo eminente Professor José Afonso da
Silva, in verbis:
"O típico e mais importante meio processual de defesa ambiental é a ação civil
pública que foi agasalhada pela Constituição, quando, no art. 129, III, prevê, como
uma das funções institucionais do Ministério Público, promover a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos, sem prejuízo da legitimação de terceiros.
Com relação ao tema sob enfoque na presente, a Carta Magna estbelece o que ora
se cita, ipsis litteris:
Artigo 3º, letra "b", inciso II, última figura, da Resolução CONAMA 04/85:
....................................
....................................
II - ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d´ água naturais ou artificiais,
desde o seu nível mais alto medido horizontalmente, em faixa marginal, cuja
largura mínima será:
.....................................
................................
Mas tal diferenciação atende apenas à tentativa de burla às lei ambientais, que
determina a preservação de faixas mínimas da mata ciliar em caso de represas
hidrelétrica - 100 (cem) metros - consoante especificado na Resolução CONAMA
04/85 - artigo 3º, letra "b", ítem II, in fine, sejam as áreas rurais ou urbanas.
Não bastasse a vedação legal, de se verificar que a lei guerreada admite o uso
intensivo das margens do reservatório, com potencial risco à qualidade das águas,
e degradação do solo, fauna e flora, o que pressupões a realização de estudos de
impacto ambiental, cuja análise, além do s outros órgão competentes, estaria afeta
também ao próprio CONAMA, já que se tratam de represas situadas na divisa de
Estados (....................... e Paraná), conforme artigo 1º , da Lei 6938/81; e artigo
4º, inciso III, da Resolução CONAMA 237/98).
Mas não. Com a lei ora atacada o Município tomou para si competência que não
detém, inovando conceitos e diminuindo a faixa de preservação permanente, como
que possibilita a utilização da propriedade de forma a não se atender às suas
funções sócio-ambientais e a se degradar o meio ambiente ecológicamente
equilibrado.
Nesse sentido:
.................
A celeuma instalou-se em razão da interpretação que se deve dar ao texto do
artigo 2º , da Lei 4771/65, com a redação que lhe deu a Lei 7730/89.
....................
Ainda que assim não o fosse, é certo que em se tratando de legislação protetiva do
meio ambiente, a competência legislativa da União é concorrente com a dos
Estados e Municípios, nos termos do artigo 23, inciso VI, da Constituição da
República. E, tratando-se de competência concorrente, tem-se que prevalecem as
disposições da lei federal sobre a lei estadual, e desta sobre a municipal de forma
que os Estados e Municípios não podem abrandar exigência contidas em leis
federais através de lei local. ( TJ/SP - Apelação Cível no. 78.471-5/2 - Rel.
Des. .................................. - publicado no D. O . E. em ....../....../......, Aviso
566/99 - PGJ)
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Artigo 194, CESP - Aquele que explorar recursos naturais fica obrigado a recuperar
o meio ambiente degradado de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão
competente, na forma da lei.
Artigo 196, CESP -A Mata Atlântica, a Serra do Mar, a Zona Costeira, o Complexo
Estuarino Lagunar entre Iguape e Cananéia, os Vales dos Rios Paraíba, Ribeira,
Tietê e Paranapanema e as unidades de conservação do Estado, são espaços
territoriais especialmente protegidos e sua utilização far-se-á na forma da lei,
dependendo de prévia autorização e dentro das condições que assegurem a
preservação do meio.
Artigo 197, CESP - São áreas de preservação permanente:
I.I.os manguezais;
III.III.as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bem com
aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de migratórios;
............
No que diz respeito à competência material comum, prevista no artigo 23, da Carta
da República atribuída conjuntamente à União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, há de se destacar que não envolve poder legiferante, mas tão somente
de execução, exigindo-se cooperação entre os entes federados no sentido de
implementar as tarefas e objetivos ali discriminados, nos termos do seu parágrafo
único. (.....)
................
As eminentes juristas citadas concluem tal estudo afirmando que "a competência
legislativa municipal para suplementar as legislações federal e estaduais está
assegurada, podendo o ente local complementar tais regras, adaptando-se às suas
particularidades, devendo-se observar, no entanto, que o aspecto suplementar diz
respeito exclusivamente ao caráter restritivo da norma municipal, não sendo
admitida pelo sistema aquela que contrarie ou deturpe a finalidade e conteúdo das
normas federais e estaduais, visto o alargamento da competência municipal
significaria, muitas vezes, sacrifício do meio ambiente ecologicamente equilibrado,
constitucionalmente previsto como bem de uso comum do povo e direito de todos
(artigo 225, caput, da Constituição Federal). Isso porque o critério básico para a
solução de conflitos normativos ambientais entre os diferentes entes federados é
aquele que garante a "prevalência da norma que defenda melhor o direito
fundamental tutelado, por se tratar de preceito constitucional (lei nacional) que se
impõe à ordem jurídica central ou regional": in dubio pro natura
(........................................... e Dra. ............................................... in Temas
de Direito Ambiental e Urbanístico, organizado por ............................, Advocacia
Pública & e Sociedade, Ano II, n 3, 1998, pág. 54/55).
Note-se que tal Lei, também no aspecto urbanístico, dispõe sobre o parcelamento,
uso e ocupação do solo na zona rural do Município de ..................................... e
dá outras providências, também invadiu a competência legislativa da União, uma
vez que o município não tem competência legiferante para estabelecer preceitos
com relação ao parcelamento do solo em Zona Rural.
A competência para legislar sobre imóveis situados na zona rural (direito agrário),
nos termos do art. 22, inciso I, da Constituição Federal é privativa da União (Lei
5868/72, art. 8o, caput; Lei 4504/64, art. 65, parág. 1o - Estatuto da Terra), não
podendo o município expedir normas para o parcelamento e uso do solo em zona
rural.
......................
Para o CSM, o loteamento destinado a chácaras de recreio não está dispensado dos
requisitos registrários da legislação do parcelamento urbano, mesmo em se
tratando de empreendimento anterior à vigência da Lei 6766/79, ou do Estatuto da
Terra, de vez eu o registro especial já era exigido pelo Decreto-Lei 58/37 (Acórdão
CSM no. 11.447-0/5).
Para o mestre Diógenes Gasparini, "o parcelamento do solo para fins urbanos,
segundo a sistemática da Lei Federal n. 6766/70, só pode ser concretizado nas
zonas urbanas ou de expansão urbana. Na zona rural, dada a luminar clareza desse
dispositivo, nenhum terreno pode ser loteado ou desmembrado para fins urbanos,
ou seja, para a implantação de novo núcleo residencial, comercial, industrial ou de
lazer." ("O Município e o Parcelamento do Solo", 2a ed., ......................., Saraiva,
1988, pág. 25).
Insta salientar que a lei municipal guerreada mais uma vez afrontou a Lei 6766/79,
ao permitir o parcelamento do solo em área de preservação permanente(reserva
ecológica), o que é expressamente vedado pela legislação urbanística federal (ar.
3º, parágrafo único, inciso V).
Art. 3º, parágrafo único (Lei 6766/79) - Não será permitido o parcelamento do
solo:
Portanto, existente norma federal que limita a utilização dos imóveis situados nas
margens das lagoas, lagos e reservatórios d´ água, situadas em áreas referentes
às represas hidrelétricas, impondo a seus proprietários faixa mínima de
preservação da mata ciliar, inviável ao Município, com base em inconstitucional e
ilegal norma municipal, autorizar quaisquer obras, construções ou projetos de
parcelamento do solo em áreas de preservação permanente, estabelecidas pela
legislação federal, inclusive em desrespeito a normas de direito urbanísticos.
DOS PEDIDOS
Por tal processo, cujo procedimento deverá seguir o rito ordinário, requer-se a
prestação jurisdicional de forma a se obter, nos moldes a seguir descritos:
1) MANDADO LIMINAR
A Prefeitura Municipal, com base na Lei Municipal 747/99 poderá aprovar projetos
de parcelamento do solo, ou expedir licenças ambientais e autorizações que
viabilizam a utilização e construção das áreas consideradas pela legislação federal
vigente, bem como na Resolução CONAMA 04/85, como de preservação
permanente, e ainda em desrespeito a Lei 6766/79.
Em razão de tal potencialidade danosa, deve ser tal conduta coibida pelo Poder
Judiciário de imediato, através da concessão de medida liminar que imponha à
edilidade a obrigação de não fazer consistente em se abster de aprovar projetos de
parcelamento do solo, bem como utilizar os limites previstos na Lei Municipal
747/79, para a finalidade de outorgar licenciamentos ambientais e Alvarás para
construção, ou qualquer outra atividade, sob pena de lhe ser cominada multa
unitária de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por obra autorizada a partir da
ordem.
Por oportuno,
"A tutela cautelar do meio ambiente é de suma importância porque faz cumprir o
princípio orientador da política ambiental, que já lembramos, qual seja: mais vale
prevenir o dano ambiental do que remediá-lo. A cautela pode buscar-se mediante
ação cautelar ou por medida liminar.
A primeira está prevista no art. 4o, da Lei 7347/85 onde se declara que poderá ser
ajuizada ação cautelar para os fins dessa lei, objetivando, inclusive, evitar o dano
ao meio ambiente,, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico, sendo parte legítima para propô-la as mesmas
pessoas que têm legitimação para a ação civil pública principal (art. 5o ).
A cautela por medida liminar consta do art. 12 da mesma lei, quando estatui que o
juiz poderá conceder mandado liminar, na ação civil pública, com ou sem
justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. Há também a previsão da medida
liminar no processo da ação popular com a mesma finalidade de prevenir o dano,
muitas vezes irreparável."(José Afonso da Silva, in Direito Ambiental Constitucional,
2a edição, Malheiros Editores, 1998, pag. 113)
Desta feita, requer-se, com esteio no artigo 12, da Lei 7347/85, e face à presença
irretorquível dos requisitos de fumus boni juris e de periculum in mora, a concessão
da medida liminar, sem justificação prévia e inaudiatur et altera pars, que impeça a
aprovação de projetos de parcelamento do solo, bem como a outorga de
licenciamentos ambientais e/ou Alvarás para construção, ou qualquer outra
atividade, com fundamento na Lei Municipal 747/99.
2) ORDEM DEFINITIVA
Todavia, caso assim não entenda Vossa Excelência, protesta-se provar o alegado
por todos os meios de prova em Direito admitidos, notadamente através da juntada
de documentos, do depoimento pessoal do requerido, oitiva de testemunhas a
serem oportunamente arroladas, além da realização de prova pericial e outros
elementos que se fizerem necessários no transcorrer da lide.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Assinatura]