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I - DA FORMAÇÃO DO ESTADO FEDERADO

A) QUANTO A ORIGEM HISTÓRICA

a) Se a Federação teve origem com a união de vários Estados Soberanos que se


agregaram num movimento de fora para dentro, será centrípeta, como a Federação norte-
americana.

O modelo aqui descrito é conhecido como modelo clássico ou dual (União e Estados).
Trata-se de federação por agregação.

b) Se a Federação teve origem em um Estado Unitário que se fragmentou num movimento


de dentro para fora, será centrífuga, como a Federação brasileira.

O modelo aqui descrito é conhecido como modelo tríplice ou tricotômico (união, estados e
Municípios). Trata-se de federação por desagregação.

B) QUANTO A DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

a) Se a Federação concentra poderes e competências na União, ou seja, tem maior grau


de centralização, será uma Federação Centrípeta. Exemplo: Federação brasileira.

b) Se a Federação distribui as competências e poderes de forma a dar mais autonomia


aos Estados-membros, portanto com menor grau de centralização, será uma Federação
Centrífuga. Exemplo: Federação norte-americana.

C) QUANTO A SIMETRIA ENTRE OS PODERES DA FEDERAÇÃO

O modelo simétrico ou clássico de federação considera as diferenças jurídicas ou fáticas


entre as entidades federadas. Onde houver maior igualdade será simétrico.

No Brasil o federalismo tricotômico não tem simetria com o modelo clássico. Entretanto,
ainda que seja assimétrico quanto ao modelo clássico, nos aspectos jurídicos e fáticos
haverá diferenças:

c.1 – No plano jurídico – a Federação Brasileira será simétrica – há igualdade entre as


entidades federadas – são as normas centrais de reprodução obrigatória. Ex: garantias
individuais, repartição de competência, direitos públicos e políticos ...

c.2 – No plano fático – a Federação Brasileira será assimétrica pois há diferenças no plano
econômico dos Estados – Desenvolvimento Econômico. Ex: art. 3º III – redução de
desigualdades sociais e regionais – é objetivo da República - fundamenta o federalismo
de cooperação previsto no artigo 241.

Outro exemplo:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006).
No plano tributário verifica-se a previsão contida no artigo 153,§5º, I e II – onde a União
institui e arrecada o IOF (imposto sobre operação financeira) sobre o ouro, entretanto ela
não fica com nada, ou seja, 30% vai para o Estado e 70% para o Município.

II – DA DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ENTRE OS ENTES ESTATAIS.

Competência é a faculdade juridicamente atribuída a um ente ou a um órgão do poder


público para emitir decisões – José Afonso da Silva.

Em um Estado do tipo federado, a autonomia dos entes federativos pressupõe repartição,


constitucionalmente estabelecida, de competências administrativas, legislativas e
tributárias. É a técnica que a CRFB utiliza para partilhar entre os entes federados as
diferentes atividades do Estado federal.

É adotada nas constituições ao redor do mundo uma técnica pela qual o constituinte
distribui, com base na natureza e no tipo histórico de federação, os encargos de cada
unidade federativa, preservando-lhes a autonomia política no âmbito do Estado Federal.
Aplica-se, então, o princípio da predominância do interesse. O princípio da predominância
do interesse objetiva nortear a repartição de competências das entidades políticas,
tomando como base a natureza do interesse afeto a cada uma delas.

Pontos básicos para a distribuição de competências – critério lógico racional:

1. Predominância dos interesses – União (nacional), Estados (regional), Municípios (local)

2. Preferir sempre que possível o poder local – é o mais próximo do povo;

3. Quando for desejável estabelecer uma uniformidade geral, deve-se entregar a


competência à União.

ATENÇÃO!!!

A CRFB/88 atribui aos Membros da federação competências administrativas,


competências legislativas e competências tributárias, e adotou como critério para a
repartição de competências entre os diferentes entes federativos o denominado princípio
da predominância do interesse => impõe a outorga de competência de acordo com o
interesse predominante quanto à respectiva matéria. Exemplo:

 Transporte intramunicipal (de interesse local) => competência do município


 Transporte intermunicipal (intra-estadual) => competência do estado-membro
 Transporte interestadual ou internacional => competência da União

ATENÇÃO: ao DF foram outorgadas as competências dos estados e municípios!

À União competem as matérias de interesse geral ou nacional (CF, ART. 21); aos Estados-
membros competem os temas de interesse regional (CF, art. 25, §1º - remanescente); aos
Municípios competem os assuntos de interesse local (CF, art. 30, I); ao Distrito Federal
compete a temática de interesse regional e local (CF, art. 32, § 1º).

Porém, há casos em que este princípio não limita as competências entre os entes
federados. Isto ocorre porque há assuntos que tanto são pertinentes ao interesse local,
como do país inteiro, é o caso da transposição do rio São Francisco, devastação da
floresta Amazônica, seca do Nordeste, etc.

Competências da União
Art 21: competência exclusiva material da União => são
competências administrativas, e sua principal característica é a indelegabilidade, ou
seja, não há previsão constitucional para que a União delegue o exercício dessa
competência aos Estados, DF ou municípios.

Obs: Artigo 51 e 52 – é privativo, porém indelegável, pois é administrativa.

Art 22: competência privativa legislativa da União => cabe apenas à União legislar sobre
as questões enumeradas. Porém, é possível que os Estados e o DF venham a legislar
sobre questões específicas, desde que a União delegue competência por meio de lei
complementar. A marca dessa competência é a delegabilidade aos Estados e ao DF.

 a União somente poderá delegar a competência para que os Estados legislem


sobre “questões específicas” das matérias de sua competência privativa;
 a delegação, se houver, deverá ser indistinta para todos os entes federados. Não
poderá haver delegação para um ou alguns Estados, sob pena de ofensa ao pcp
do equilíbrio federativo.

Art. 21 Art . 22
Administrativa Legislativa
Exclusiva Privativa
Indelegável Delegável (por meio de lei complementar)

Competência comum (União, Estados, DF e Municípios)

A competência comum é uma competência administrativa (material e NÃO legislativa) e


todos os entes federativos exercem-na em condições de igualdade, sem nenhuma relação
de subordinação; a atuação de um não exclui a dos outros. Ex: artigo 23 da CRFB.

Art 23 Parágrafo único: Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a
U, E, DF e M, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem em âmbito
nacional.

Competência legislativa concorrente – artigo 24.

Também é chamada de sistema de repartição vertical de competência, e merece


destaque:

A competência concorrente divide-se em:

a) Cumulativa – exercida quando já há lei federal sobre normas gerais – art. 24, §2º

b) Não cumulativa ou suplementar – art. 24,§3º - quando não há normas gerais – os


Estados exercem competência plena.

 A competência concorrente NÃO envolve os municípios


 Trata-se de competência legislativa

OBS: Entretanto, quanto aos municípios, por força do artigo 30, II este exercerá a
competência suplementar NO QUE COUBER.

Obs: Hipótese de competência concorrente fora do artigo 24 – EC 85/15 – artigo 219,b da


CRFB/88.
ATENÇÃO a esses 4 parágrafos;

1º: no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

2º: a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

3º: inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

4º: a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário.

CUIDADO!

Artigo 22, XI – competência privativa da União para legislar sobre trânsito.

Artigo 23, XII – competência comum para a educação no trânsito.

Regulamentar vias urbanas – competência local – do Município.

DA INTERVENÇÃO

O processo está disciplinado nos artigos 34 e seguintes da constituição.

A intervenção federal, junto com o estado de defesa e o de sítio, visam a combater


momentos de instabilidade institucional.

O objetivo da intervenção federal é garantir a indissolubilidade do pacto federativo e o


adequado funcionamento da federação.

Para isso, há uma restrição séria da autonomia dos entes federativos.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional; Ex: tentativa de secessão de um Estado membro.

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

Da redação negativa no caput extrai-se o seu caráter excepcional e taxativo.

Há a impossibilidade de intervenção “per saltum”.

Não pode a União intervir no município.

Ela só pode intervir nos municípios de território. (Art.35 caput)

Nos incisos I e II, basta que haja a iminência. Não é preciso que de fato tenha ocorrido.
No inciso III, tem-se uma situação em que as instituições ordinárias não conseguem com
seus próprios meios suprir a situação. Um exemplo é a greve em massa de policiais civis e
militares.

No inciso IV temos a hipótese em que um poder coage o outro.

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo
motivo de força maior;

Dívida fundada é um conceito de direito financeiro, da Lei 4320, que são as dívidas que
superam 1 exercício financeiro. Geraldo Ataliba defende que também se inserem nesse
dispositivo dívidas de alto vulto que podem colocar em risco a saúde financeira do Estado.

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro
dos prazos estabelecidos em lei;

Remissão ao artigo 160 da CRFB, que diz que, como as receitas originarias é de
titularidade do município, compete ao Estado apenas repassá-las, com as exceções
trazidas pelo P.U (Ex: Estado tem um crédito com o município => pode reter repasses;
Barroso entende que o Estado só pode reter se a dívida for líquida, certa e exigível, e
ainda assim em um numerário proporcional à dívida).

Quem poderá dar início ao procedimento interventivo?

Presidente da República: de ofício, nas hipóteses dos incisos I, II, III e V do


art. 34 da CRFB/88, conhecida como intervenção espontânea.

Antes de decretar a intervenção de ofício, o Presidente deverá ouvir a opinião dos


Conselhos da República (art. 90, I, da CRFB/88) e de Defesa Nacional (art. 91, §1º, II
da CRFB), e somente depois de ouvidos os Conselhos é que o Presidente poderá decretar
discricionariamente a intervenção.

O poder legislativo e executivo locais poderão solicitar ao presidente a decretação


da intervenção federal , conhecida como intervenção por solicitação , na hipótese do
inciso IV do art. 34 da CRFB/88, isto é, por estarem sofrendo coação no exercício de suas
funções.

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

É uma hipótese que enseja uma requisição do STF.

Conhecida como intervenção provocada por requisição , o Poder Judiciário local


também poderá dar início, para tanto deverá solicitar a intervenção ao STF, que, se
entender pertinente, requisitará ao Presidente da República.

OBS: STF (Supremo Tribunal Federal), STJ (Superior Tribunal de Justiça) e TSE
(Tribunal Superior Eleitoral): na hipótese prevista no art. 34, inciso VI da CRFB/88, ou
seja, em caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária. Ao STF, além de requisitar
a intervenção em virtude do descumprimento de suas ordens ou decisões judiciais, deverá
requisitar a intervenção para assegurar também a execução das decisões judiciais
advindas da Justiça Federal, Estadual, do Trabalho ou Militar, quando necessário.
Importante destacar que a legitimidade para solicitar intervenção ao STF baseada em
descumprimento de decisões judiciais de Tribunal Local é de exclusividade deste.

Já o STJ e o TSE deverão requisitar a decretação da intervenção diretamente ao


Presidente da República.

O Procurador Geral da República poderá propor ação de Executoriedade de Lei Federal e


ADIn Interventiva , nas hipóteses do art. 34, VI e VII da CRFB/88, endereçada ao STF, que
dará prosseguimento a ação julgando procedente e encaminhando a decisão ao
Presidente da República, para que expeça o decreto interventivo.

Observação: trata-se de ato vinculado, onde o Presidente apenas formalizará a decisão


adotada pelo STF.

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida


a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações
e serviços públicos de saúde.

São os chamados princípios constitucionais sensíveis, que ensejam a chamada


representação interventiva.

O artigo 36 estabelece o procedimento da intervenção federal.

O ato que promove a intervenção é um decreto presidencial.

Esse decreto tem que ter alguns elementos necessários, sob pena de nulidade:

- Amplitude

- Prazo

- Condições da intervenção.

A nomeação de interventor é uma restrição muito séria ao poder de autogoverno, e só


deve ocorrer em hipóteses absolutamente necessárias.

Esse decreto será submetido ao Congresso em 24 horas.

Há um controle político “a posteriori” exercido pelo legislativo, que pode invalidar o decreto,
se entender que os pressupostos para sua edição não estão presentes no caso.

Nos casos dos incisos VI e VII, NÃO HÁ a necessidade de submissão do decreto ao


CN.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto
ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida
contra o Poder Judiciário;

O 34, IV trata da coação de um poder sobre o outro. Há diferença da expressão


“solicitação” para a expressão “requisição”.

No caso da solicitação do poder executivo ou legislativo, a intervenção é discricionária.

Porém, se a coação for sofrida pelo judiciário e há uma requisição do STF, nesse caso a
intervenção federal SERÁ VINCULADA, e o presidente deve decretá-la, sob pena de
cometer crime de responsabilidade.

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo


Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;

Nesse caso a requisição não é apenas do STF; aqui a intervenção também é


vinculada, e não discricionária.

III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral


da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.

Trata-se da chamada REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA, quando há violação de


princípios constitucionais sensíveis ou recusa de cumprimento de lei federal (inciso
VI, primeira parte).

1. A representação interventiva foi regulamentada em dezembro de 2011 pela lei 12562.

2. A legitimidade ativa é exclusiva do PGR, e a competência é privativa do STF.

3. O artigo 3º dessa lei, que trata da petição inicial, diz que deve ser indicado qual o
princípio constitucional sensível foi violado.

4. A representação interventiva não é cabível apenas em face de atos normativos, mas


também diante de atos administrativos concretos e de omissões.

5. Há a possibilidade de produção de provas para se aferir o descumprimento de princípio


sensível ou de lei federal, e também a realização de audiências públicas.

6. É cabível medida liminar, sujeita também à regra de maioria absoluta, para que
suspenda o andamento de processos ou os efeitos de decisões judiciais ou
administrativas, ou qualquer outra medida que o tribunal entender necessária.

7. Em caso de periculum in mora urgente o relator poderá deferir a cautelar “ad


referendum” no plenário.

8. Assim como na ADIn, na representação interventiva, as autoridades que praticaram o


ato questionado ocupam o polo passivo e são intimadas para prestar informações em 10
dias.

9. Também há a oitiva do AGU (para a defesa do ato impugnado) e do PGR (como “custos
legis”).
10. Há uma previsão de conciliação \ composição pelo relator para tentar dirimir o conflito.

11. É necessário o quórum de maioria absoluta, seja para decisão procedência, seja para
decisão de improcedência.

12. A decisão será comunicada às autoridades ou órgãos responsáveis pelo ato. Sendo
julgada procedente, o presidente da república será intimado para que expeça o decreto de
intervenção, já que se trata de ato vinculado.

13. Não cabe ação rescisória ou recurso da decisão final do Supremo.

§ 1º - O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de


execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do
Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro
horas.

§ 2º - Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-


se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.

§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo
Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a
execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

§ 4º - Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a


estes voltarão, salvo impedimento legal.

Cabe controle judicial dos atos praticados durante a intervenção federal, pois a intervenção
federal não é praticada à revelia da constituição. A própria constituição prevê e fixa os
seus limites, e para que estes sejam observados é fundamental que haja o controle
judicial. No entanto, o judiciário deve ser cauteloso, entendendo que medidas mais
restritivas que as normais precisam ser adotadas.

O que vem a ser Intervenção Federal?

A Constituição Federal (art. 18, caput ) estabelece que A organização político-


administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos , nos termos desta Constituição.

No entanto, excepcionalmente, a CF prevê situações (de anormalidade) em que haverá


intervenção, suprimindo-se, temporariamente, a aludida autonomia.[ 1 ] Deste modo, a
intervenção ocorre justamente com o objetivo de resguardar a existência e a unidade da
própria Federação.

Em função do seu caráter excepcional, a Constituição Federal estabeleceu taxativamente


em quais casos será possível ocorrer a intervenção, que estão enumerados nos seus
artigos 34 e 35. In verbis :

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;


IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo
motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição dentro
dos prazos estabelecidos em lei; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida
fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino; IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação
para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição estadual, ou para
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

V - ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o


Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou
prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a
paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas
por calamidades de grandes proporções na natureza.

§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração,


especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as
medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

I - restrições aos direitos de:

a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de


calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias,


podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que
justificaram a sua decretação.

§ 3º Na vigência do estado de defesa:

I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será
por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for
legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;

II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado


físico e mental do detido no momento de sua autuação;

III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias,
salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;

IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República,


dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao
Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.

§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado,


extraordinariamente, no prazo de cinco dias.

§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu


recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.

§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.

SEÇÃO II

DO ESTADO DE SÍTIO

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o


Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
decretar o estado de sítio nos casos de:

I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a


ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;

II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o


estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido,
devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.

Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a
sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de
publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas
e as áreas abrangidas.

§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de
trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá
ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada
estrangeira.

§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso


parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará
extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim
de apreciar o ato.

§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das


medidas coercitivas.

Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só
poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:

I - obrigação de permanência em localidade determinada;

II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes


comuns;

III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das


comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão
e televisão, na forma da lei;

IV - suspensão da liberdade de reunião;

V - busca e apreensão em domicílio;

VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII - requisição de bens.

Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de


pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde
que liberada pela respectiva Mesa.

SEÇÃO III

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará


Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a
execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus
efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus
executores ou agentes.

Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as


medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República,
em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das
providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das
restrições aplicadas.

O estado de Defesa e o estado de sítio representam situações de restrição aos direitos


fundamentais em nome da preservação do próprio Estado.

A diferença entre os Estados diz respeito à forma de decretação, tempo de duração e


quanto as medidas:

a) Quanto à forma de decretação: No Estado de Defesa exige decreto do Presidente da


República (art. 136, § 1º), que, a seguir, é sujeito a exame do Congresso Nacional (art.
136, § 4º), no Estado de Sítio o Presidente da República precisa primeiro solicitar ao
Congresso Nacional autorização para a sua decretação, diante de sua maior gravidade
(art. 137, caput).

b) Quanto à duração: O Estado de Defesa possui duração máxima de 30 dias,


prorrogável, uma vez, por igual período (art. 136, § 2º),

No estado de sítio (art. 138,§1º) no caso do artigo 137, inciso I (Estado de Sítio
envolvendo comoção grave de repercussão nacional ou em caso de ineficácia do Estado
de Defesa), o regime excepcional dura no máximo 30 dias, prorrogável, de cada vez, por
igual período.

Existe uma outra modalidade de Estado de Sítio, regrada pelo artigo 137, II, da CF/88:
nesse segundo caso há duração indeterminada, já que se trata do

Estado de Sítio que ocorre caso de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

c) Quanto às medidas: No Estado de Defesa podem ser tomadas as medidas previstas


no artigo 136, § 1º, da Constituição, ou seja: Restrições aos direitos de reunião, ainda que
exercida no seio das associações; sigilo de correspondência; sigilo de comunicação
telegráfica e telefônica; ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na
hipótese de calamidade pública, a União pelos danos e custos decorrentes.

O Estado de Sítio contempla, mais uma vez, duas situações:

1 - No caso do Estado de Sítio com fundamento no artigo 137, I, podem ser adotadas as
medidas previstas no artigo 139 da Constituição; tais como: obrigação de permanência em
localidade determinada; detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados
por crimes comuns; restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das
comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e
televisão, na forma da lei; suspensão da liberdade de reunião; busca e apreensão em
domicílio; intervenção nas empresas de serviços públicos; requisição de bens.

CUIDADO! Parágrafo único do artigo 139. ‘“Não se inclui nas restrições do inciso III a
difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas,
desde que liberada pela respectiva Mesa”.

2 - No caso do Estado de Sítio decretado com fundamento no artigo 137, II, não há
previsão expressa das medidas que podem ser tomadas, o que evidencia a gravidade da
situação.
CUIDADO! Na vigência do Estado de Defesa, do Estado de Sítio ou de Intervenção
Federal a Constituição não será emendada, em virtude de serem situações de limites
circunstanciais ao exercício do Poder Reformador (artigo 60, § 1º, da Constituição
Federal).

1. PROCESSO LEGISLATIVO ( parte 01).

Compreende um procedimento comum ou ordinário, sumário e alguns procedimentos


especiais. A depender da espécie normativa verificar-se-á procedimentos distintos os
quais devem ser estritamente observados pois, além de darem coesão ao ordenamento
jurídico, efetivam o princípio da legalidade.

O QUE SÃO ESPÉCIES NORMATIVAS? São espécies de leis, pela ordem de


importância: Constituição, emenda constitucional, lei complementar, leis ordinárias, lei
delegada, medida provisória, decreto legislativo, resoluções.

As espécies normativas dividem-se em:

Primárias - Retiram o seu fundamento de validade diretamente da CRFB/88. São


elencadas pelo art. 59, da CRFB/88.

Secundárias - Devem respeito às espécies primárias e à Constituição. Ex: Decretos,


Decretos regulamentares ¢ Resoluções administrativas ¢ Atos normativos ¢ Normas
regulamentares administrativas (NR) ¢ Provimentos ¢ Circulares normativas ¢ Portarias
etc.

Pontos de vista acerca do processo legislativo:

a) Jurídico - faz referência ao conjunto coordenado de todas as disposições que regulam


o procedimento a ser seguido pelos órgãos competentes pela elaboração das leis e dos
atos normativos.

b) Sociológico - faz referência a todos os fatores reais e concretos que impulsionam e


direcionam os legisladores a realizarem suas tarefas de elaborar leis e atos normativos.

Conceito: Para José Afonso da Silva, o processo legislativo é o conjunto de atos


(iniciativa, emenda, votação, sanção, veto) realizados pelos órgãos legislativos visando à
formação das leis constitucionais, complementares e ordinárias, resoluções e decretos
legislativos. A forma pela qual os atos do processo legislativo se realizam é o denominado
procedimento. Este diz respeito ao andamento da matéria nas Casas legislativas. Essas
regras que lhe dizem respeito aplicam-se, também, aos Estados e Municípios.

Conclui-se que o processo legislativo constitui um conjunto de regras procedimentais,


previstas na Constituição, para a elaboração das espécies normativas que estão
relacionadas no seu art. 59.

O artigo 59 da CRFB foi regulamentado pela Lei Complementar 95/1998, que dispõe sobre
a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis.

Quanto a forma de organização o processo legislativo classifica-se em:

Autocrático: quando elaborado pelo governante que impõe a sua norma.

Indireto: as propostas são votadas por representantes (adotado no Brasil);


Semidireto: os representantes elaboram as propostas, porém, estas entram em vigor
apenas após a participação do povo (e.g. referendo);

Direto: o povo, sem intermediários, discute e vota a proposta.

Atenção! Não confunda Processo Legislativo Indireto (adotado no Brasil)


com Regime Democrático Indireto (não adotado no Brasil). O Brasil adota o Regime
Democrático semidireto, pois há participação popular.

Ex: Parágrafo Único do Art. 1º da CFRB/88 in verbis.

"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
(sistema indireto) ou diretamente, nos termos desta Constituição."

O que é Recall? É um mecanismo de democracia direta que permite ao eleitorado


destituir determinados agentes políticos cujo comportamento não esteja agradando
aqueles que o elegeram. É um instrumento de consulta popular. Aconteceu no primeiro
mandato de Hugo Chaves (Venezuela)

Não se confunde com impeachment. No recall, a eleição cabe aos próprios eleitores,
diretamente. No impeachment quem julga são os representantes (no caso do Brasil o
senado)

Quanto ao procedimento o processo legislativo pode ser:

1 - Comum ou ordinário - Destina-se à elaboração das leis ordinárias

2 – Sumário - Apresenta como característica a existência de um prazo dentro do qual


deve o Congresso Nacional deliberar sobre assuntos pré-determinados

Ex: Artigo 64, §1º e §2º da CRFB/88.

3 - Procedimentos especiais - São empregados na elaboração das emendas


constitucionais, das leis complementares, das leis delegadas, das medidas provisórias,
dos decretos-legislativos, das resoluções e das leis financeiras.

I – DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO

Serve para a elaboração de leis ordinárias.

1. Fases.

I - INTRODUTÓRIA – é a fase que introduz o processo. Resume-se à iniciativa do projeto


de lei - é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos
de lei ao Poder Legislativo.

Art. 61,CF: A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou
Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nessa
Constituição
O projeto de lei não garante que a lei irá efetivamente existir, ele gera apenas um
expectativa.

Obs: Iniciativa popular (Art.61, §2) - É um forma de manifestação da democracia direta


(ou semidireta), ou seja, se da pela junção da vontade de um povo.

Para nascer um projeto de lei por iniciativa popular é necessário a subscrição de, no
mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com, ao
menos, 0,3% do eleitorado de cada um deles

Exemplo: Lei da ficha limpa.

1.1 – ESPÉCIES DE INICIATIVA.

a) Iniciativa Privativa - É aquela em que a Constituição especifica o responsável pelo


projeto de lei

Exemplo: Art.61§1; Art. 93 e Art. 51,IV

Art.61,§1: São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que : (…)

b) Iniciativa Concorrente - Situações em que a Constituição não estipula de quem é a


iniciativa, ou seja, ela “pertence, simultaneamente, a mais de um legitimado” Ex: artigo
61.

3. Iniciativa Conjunta - Situações em que ocorre a definição de dois legitimados que


devem propor a iniciativa em conjunto.

· Quando as regras de iniciativa são desobedecidas ocorre um vício “ab ovo” ou “de
iniciativa”

Obs: 1 – Dependendo da doutrina utilizada podemos encontrar:

a) Iniciativa Parlamentar – cabe a qualquer deputado ou senador.

b) Iniciativa Extraparlamentar – iniciativa que venha de fora do parlamento Ex: chefe do


executivo, procurador Geral, Tribunais...

Obs: 2 - JOSÉ AFONSO DA SILVA, “iniciativa reservada é a que compete a um só dos


titulares do poder de iniciativa legislativa, com exclusão de qualquer outro titular”.

1 Por estarem sujeitas a cláusula de exclusividade inscrita na própria Constituição da


República e por decorrerem diretamente do princípio da divisão funcional do poder,

2 reservas de iniciativa são normas de processo legislativo de reprodução obrigatória pelas


ordens jurídicas parciais (CR, art. 25). 3

Obs: 3 - Manoel Gonçalves Ferreira Filho diz com muita propriedade que, no quadro
institucional vigente, não se pode falar em verdadeira iniciativa geral. Afinal, a nenhum dos
órgãos do Estado é conferido o poder de desencadear o processo legislativo sobre
matérias de qualquer natureza. Todos os órgãos superiores do Estado exercem um poder
de iniciativa limitado.

Desse modo, embora o art. 61, caput, da Constituição da República seja referido como a
norma que veicula a iniciativa geral ou concorrente, nenhum dos órgãos ali mencionados é
competente para iniciar a formação de norma versando sobre todas as matérias de
natureza legislativa.

Com efeito, se aos Tribunais só é reconhecido direito de iniciar o processo legislativo para
tratar de matérias afeitas ao seu próprio funcionamento, mesmo o Presidente da República
não pode iniciar o processo legislativo para tratar de matérias da competência exclusiva do
Parlamento ou dos Tribunais. Desse modo, não detém o Chefe do Poder Executivo a
prerrogativa de propor resoluções, já que tais normas se restringem à organização do
Poder Legislativo, dispondo, por exemplo, sobre o seu regimento ou a organização de
sua secretaria.

Desse modo, o que se costuma denominar de iniciativa concorrente é aquela partilhada


pelo Parlamento e o Chefe do Poder Executivo, já que os demais órgãos superiores do
Estado só exercem a competência de iniciativa privativa.

No Estado de São Paulo, a competência concorrente é objeto do caput do art. 24 da


Constituição Estadual, que diz o seguinte:

“A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão


da Assembléia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao
Procurador-Geral de Justiça e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição”.

Iniciativa privativa - O poder de iniciativa é privativo ou reservado quando a


apresentação de determinada espécie legislativa ou de proposição versando sobre
determinada matéria incumbe a um único órgão do Estado.

Na Constituição Estadual, a iniciativa privativa está expressa nos parágrafos do art. 24,
começando pela iniciativa reservada ao próprio Poder Legislativo (§ 1º), prosseguindo com
a reserva de iniciativa do Poder Executivo (§ 2º) e do Tribunal de Justiça (§ 4º). A iniciativa
popular é objeto do § 3º, que – contrariando a boa técnica – versa ainda sobre o plebiscito
e o referendo.

Como a delimitação de cada uma das funções estatais só pode ser objeto de norma
constitucional, a reserva de iniciativa, como restrição à função legislativa, só poderá ser
estatuída por disposição constitucional expressa. É o que entende o Supremo Tribunal
Federal, como se depreende do seguinte trecho:

“A Constituição de 1988 admite a iniciativa parlamentar na instauração do processo


legislativo em tema de direito tributário. A iniciativa reservada, por constituir matéria de
direito estrito, não se presume e nem comporta interpretação ampliativa na medida em que
– por implicar limitação ao poder de instauração do processo legislativo – deve,
necessariamente, derivar de norma constitucional explícita e inequívoca. O ato de legislar
sobre direito tributário, ainda que para conceder benefícios jurídicos de ordem fiscal, não
se equipara – especialmente para os fins de instauração do respectivo processo legislativo
– ao ato de legislar sobre o orçamento do Estado”.

Ademais, por constituir-se a reserva de iniciativa em exceção à norma geral, que é


a iniciativa geral ou concorrente, ela exige, em obediência às normas da Hermenêutica
Jurídica, uma interpretação restritiva. O que significa dizer que nem a analogia ou o
recurso aos princípios gerais do direito poderão ser invocados para apoiar a extensão do
campo reservado à iniciativa privativa.

Desse modo, não havendo previsão constitucional expressa, não existe reserva de
iniciativa.
Por este motivo, a referência ao direito tributário. Contrariando preconceito há muito
estabelecido, os tribunais têm entendido que as normas tributárias são de iniciativa
concorrente, pois, excetuando-se no caso dos tributos dos Territórios, não há preceito
constitucional expresso a reservar o poder de iniciativa nesta matéria ao Executivo.

A norma contida no item 1 do § 2º do art. 24, da Constituição Paulista, que reserva ao


Governador do Estado a iniciativa das leis que versarem sobre “criação e extinção de
cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica, bem como a
fixação da respectiva remuneração”, merece uma referência especial.

CUIDADO ! Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho (Do Processo Legislativo. São Paulo:
Saraiva, 1995), a iniciativa não pode ser considerada uma das fases do processo
legislativo, mas tão-somente o ato que o desencadeia.

II - FASE CONSTITUTIVA.

A fase constitutiva compreende duas atuações distintas:

1 - Atuação legislativa, em que o projeto de lei apresentado será discutido e votado nas
duas Casas do Congresso Nacional.

2 - Manifestação do Chefe do executivo, por meio da sanção ou veto, caso o projeto venha
a ser aprovado nas duas Casas do Congresso Nacional.

O projeto de lei pode começar a tramitar na Câmara ou no Senado, vai depender de quem
foi a iniciativa:

1 - CÂMARA DOS DEPUTADOS – projetos de iniciativa do Presidente da República, STF,


Tribunais Superiores, iniciativa popular, deputado, Comissão da Câmara, Procurador Geral
da República.

2 – SENADO FEDERAL – Senador, Comissão do Senado, congresso Nacional.

Obs: Das Comissões: podem ser permanentes temporárias E mistas.

I - Permanentes: São órgãos técnicos criados pelo Regimento Interno da Casa e


constituídos de deputados(as), com a finalidade de discutir e votar as propostas de leis
que são apresentadas à Câmara. Com relação a determinadas proposições ou projetos,
essas comissões se manifestam emitindo opinião técnica sobre o assunto, por meio de
pareceres, antes de ser levado ao Plenário; com relação a outras proposições elas
decidem, aprovando-as ou rejeitando-as, sem a necessidade de passagem pelo Plenário
da Casa. A composição parlamentar desses órgãos técnicos é renovada a cada ano ou
sessão legislativa.

Na ação fiscalizadora, as comissões permanentes atuam como mecanismos de controle


dos programas e projetos executados ou em execução, a cargo do Poder Executivo, e
perduram enquanto constarem do Regimento Interno.

Ex: 1- Comissão de Constituição e Justiça - Cabe examinar a constitucionalidade do


projeto de lei. É responsável pelo exame formal dos projetos de lei, ou seja, a verificação
de seus aspectos constitucionais, legais, jurídicos, regimentais e de técnica legislativa.

O PARECER AQUI É TERMINATIVO, ou seja, se o projeto violar a CRFB/88 será


ARQUIVADO!
2 – Temáticas – Análise material, um projeto pode ter pertinência temática com uma ou
mais comissões técnicas, devendo ser examinado por todas elas. Exemplo: um projeto de
lei que tenha como matéria questões que envolvam a agricultura deverá ser submetido à
análise técnica da Comissão de Agricultura e Política Rural e demais outras que tenham
pertinência temática

As comissões temáticas vão emitir um PARECER QUE É MERAMENTE OPINATIVO, ou


seja, se favorável não obriga a deliberação plenária e se contrário não impede o
seguimento da tramitação do projeto de lei

São Exemplos de Comissões Temáticas, dentre outras,: Comissão de Agricultura,


Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Comissão de Ciência e Tecnologia,
Comunicação e Informática, Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania, Comissão de Cultura, Comissão de Defesa do Consumidor, Comissão de
Defesa dos Direitos da Mulher, Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa
Idosa, Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Comissão de
Desenvolvimento Urbano

II - Comissões temporárias

b) São órgãos técnicos, criados pelo Presidente da Câmara e, igualmente, constituídas de


deputados(as), nas seguintes situações:

Comissões especiais - com a finalidade de emitir pareceres sobre proposições em


situações especiais (PEC, códigos etc.) ou oferecer estudos sobre temas específicos;

Comissões externas - para acompanhar assunto específico em localidade situada fora da


sede da Câmara;

Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) - destinadas a investigar fato


determinado e por prazo certo.

Todas elas se extinguem ao final da legislatura em que são criadas, ou expirado o prazo
fixado quando da sua criação ou, ainda, alcançada a sua finalidade.

As comissões temporárias ainda apreciam denúncias contra crimes de responsabilidade


cometidos por Presidente da República, Vice-Presidente da República ou Ministro de
Estado.

III – MISTAS - São criadas no âmbito do Congresso Nacional e integradas por


Deputados(as) e Senadores(as), podendo ser Permanentes ou Temporárias. Têm regras
de criação e funcionamento definidas no Regimento Comum, à semelhança do que ocorre
com as demais comissões de cada uma das Casas. Exemplos:

a) permanentes: Comissão Mista de Orçamento e Comissão Mista do Mercosul;

b) temporária: CPMI dos Correios, Comissão destinada à apreciação de Veto do


Presidente da República a Projeto de Lei aprovado pelo Congresso Nacional, Comissão
Mista de Apreciação das Medidas Provisórias etc.

RETOMANDO O ASSUNTO - O projeto de lei pode começar a tramitar na Câmara ou no


Senado, vai depender de quem foi a iniciativa.

O projeto é submetido à apreciação de duas comissões distintas, a comissão temática que


vai examinar os aspectos materiais e questões de mérito, e a Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) que vai examinar a constitucionalidade do projeto de lei, e Comissões
temáticas para análise da matéria.

As comissões temáticas vão emitir um parecer que é meramente opinativo, ou seja, se


favorável não obriga a deliberação plenária e se contrário não impede o seguimento da
tramitação do projeto de lei.

Após os pareceres das comissões, sendo o da CCJ positivo, o projeto será


encaminhado para a discussão e votação da Casa iniciadora.

DENTRO DA FASE CONSTITUTIVA TEMOS A FASE INSTRUTÓRIA E A FASE DE


DELIBERAÇÃO LEGISLATIVA E DELIBERAÇÃO EXECUTIVA.

a) Fase Instrutória.

Quando o projeto de lei é apresentado ao Congresso Nacional, antes da deliberação


plenária, ele passará por uma fase de instrução, isto é, será submetido à apreciação das
comissões.

O projeto é submetido à apreciação de duas comissões distintas, a comissão temática que


vai examinar os aspectos materiais e questões de mérito, e a Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) que vai examinar a constitucionalidade do projeto de lei, ou seja, seu
aspecto formal

Análise material - “Um projeto pode ter pertinência temática com uma ou mais comissões
técnicas, devendo ser examinado por todas elas”

Exemplo: um projeto de lei que tenha como matéria questões que envolvam a agricultura
deverá ser submetido à análise técnica da Comissão de Agricultura e Política Rural e
demais outras que tenham pertinência temática

As comissões temáticas vão emitir um parecer que é meramente opinativo, ou seja, se


favorável não obriga a deliberação plenária e se contrário não impede o seguimento da
tramitação do projeto de lei

Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - Responsável pelo exame formal dos projetos
de lei, ou seja, a verificação de seus aspectos “constitucionais, legais, jurídicos,
regimentais e de técnica legislativa “

OBS: O parecer da CCJ é terminativo, ou seja, se ela emitir um parecer negativo o projeto
será “rejeitado e arquivado, não havendo, daí por diante, nenhuma tramitação “

OBS: Após os pareceres das comissões, sendo o da CCJ positivo, o projeto será
encaminhado para a discussão e votação da Casa iniciadora.

b) Fase Deliberativa do Legislativo - Depois de aprovado nas duas Casas do C.N.


(Congresso Nacional), o projeto de lei será encaminhado ao Presidente da República, para
o fim de sanção ou veto.

c) Fase Deliberativa do Executivo - Presidente da República – SANÇÃO Expressa:


Presidente da República concorda com o projeto de lei, formalizando, por escrito, o ato de
sanção no prazo de quinze dias, contados da data do recebimento. Tácita: Presidente da
República deixa transcorrer o prazo de quinze dias sem emitir qualquer manifestação
VETO - É a manifestação de discordância do Presidente da República com o projeto de lei
aprovado pelo Legislativo

OBS: Não existe veto tácito - “A ausência de sanção expressa no prazo constitucional de
quinze dias úteis não faz caducar o projeto (não há veto tácito), mas sim o torna lei, por
consubstanciar sanção tácita”.

• Motivos para o veto: (Art.66,§1,CF)

• Inconstitucionalidade = VETO JURÍDICO

• Contrariedade com o interesse público = VETO POLÍTICO

• “Juizo negativo do conteúdo da lei quanto a sua conveniência aos interesses da


coletividade, ou à oportunidade de sua edição, por parte do Presidente”

Alcance do veto:

a)Total : abrange a integralidade do projeto de lei. O presidente discorda de todo o P.L.

b) Parcial: Presidente só discorda de parte do projeto de lei. Há recusa à sanção de


apenas alguns dos dispositivos dos P.L

CUIDADO!

1 - Art.66,§2: O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de


inciso ou de alínea ( Parágrafo, artigo, inciso e alínea)

Exemplo, o Presidente não pode vetar somente uma palavra de um artigo, pois poderia
alterar completamente o sentido e o alcance do projeto de lei. Portanto, ele só poderá
vetar “P.A.I.A” (Parágrafo, artigo, inciso e alínea) por inteiro.

“Seria o caso, do veto à palavra “não” na expressão “não será permitida a doação (…)”,
que terminaria por alterar completamente a vontade manifestada pelo Legislativo”

2 - O veto parcial, não impede que a parte não vetada do projeto de lei seja promulgada e
publicada, de imediato, independentemente da apreciação do veto pelo Legislativo.
Equivale dizer, que os artigos não vetados não ficam aguardando a apreciação do veto
parcial pelo Legislativo, eles já são imediatamente encaminhados para promulgação e
publicação.

3 - Veto é relativo ou superável.

4 - A palavra do Presidente não é insuperável.

OBS: Art.66,§1: Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte,


inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, NO
PRAZO DE QUINZE DIAS ÚTEIS, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro
de 48 horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto

. DERRUBADA DO VETO - POSSIBILIDADE – ART.66,§4: O veto será apreciado em


sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser
rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
1 - Se na votação não for alcançada a maioria absoluta dos membros do Congresso
Nacional o veto será mantido

2 - Consequentemente, o projeto será arquivado, aplicando-se o princípio da


irrepetibilidade (a respectiva matéria somente poderá constituir objeto de novo projeto, na
mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso – Art.67,CRFB)

3 - “A mera rejeição do veto pelo C.N (Congresso Nacional) transforma o projeto em lei,
perfeita e acabada, que, mesmo sem sanção, seguirá para promulgação e publicação”.

4 - Superação parcial do veto: Pode o C.N (Congresso Nacional) rejeitar apenas partes do
veto.

VETO Supressivo / Repressivo - O presidente nunca pode acrescentar texto ao projeto


de lei. Somente poderá determinar a retirada de dispositivos do P.L

O VETO É Irretratável - Uma vez emitido o veto não há como voltar atrás, mesmo que
ainda não tenham passado os 15 dias úteis de prazo.

5 - “Expressada a discordância do Presidente da República e comunicadas suas razões


para o Presidente do Senado Federal, essa manifestação torna-se insuscetível de
alteração por parte do chefe do executivo”

O VETO é Motivado - O veto é obrigatoriamente motivado, ou seja, o Presidente deve


expor os motivos pelos quais não concordou com o projeto de lei ou alguma de suas
partes.

III – FASE COMPLEMENTAR

“A fase complementar compreende a promulgação e a publicação d lei”

a) Promulgação - “É o ato solene que atesta a existência da lei, é a autenticação de que


uma lei foi regularmente elaborada”

Transforma o projeto de lei em lei

É o ato que da validade à lei, declara sua potencialidade para produzir efeitos

“Por meio dela, o órgão competente verifica a adoção da lei pelo Legislativo, atesta a sua
existência e afirma a sua força imperativa e executória”

O nome (assinatura) ao final dos atos normativos não é a sanção, mas sim a
promulgação.

Art.66,§7: Se a lei não for promulgada DENTRO DE QUARENTA E OITO HORAS


PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, nos casos dos §§ 3º e 5º, o Presidente do
Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-
Presidente do Senado fazê-lo.

b) Publicação - “É uma comunicação destinada a levar o texto da lei ao conhecimento


daqueles aos quais obriga“

Pressuposto para a eficácia da lei


Os atos normativos só podem ser exigidos após sua publicação

“Atualmente, realiza-se pela inserção da lei no Diário oficial“

Quando a lei entra em vigor?

Silêncio: 45 dias após a publicação ou 03 meses para brasileiros no exterior – LINDB


artigo 1º.

Expressa: o ato normativo especifica a data

Ex: Art.1.045,CPC: “após um ano da publicação” ; “na data da publicação”

OBS: Por legislatura, compreende-se o período de quatro anos de execução das


atividades pelo Congresso Nacional. Sessão Legislativa é o período anual, em que o
Congresso se reúne anualmente, com início em 02 de fevereiro e recesso a partir de
17.07, com retorno em 01.08 e encerramento em 22.12. E, por fim, por período legislativo
revelam-se os períodos semestrais.

a) Cada sessão legislativa se compõe por dois períodos legislativos (os dois acima
mencionados) e,

b) Cada legislatura se compõe por quatro sessões legislativas ou oito períodos legislativos.

DAS ESPÉCIES NORMATIVAS

No nível legislativo, são produzidas as leis complementares, as leis ordinárias, as


leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções de caráter
legislativo.

Todas essas são espécies de normas primárias – espécies normativas primárias –


assim consideradas porque se subordinam diretamente às normas constitucionais. São
produzidas pelo poder legislativo. São as normas imediatamente infraconstitucionais.

No nível regulamentar, são produzidas as normas regulamentares, os chamados


regulamentos: decretos, portarias, resoluções de caráter administrativo, regimentos, etc.
São espécies de normas secundárias, assim chamadas porque ficam sujeitas às normas
primárias e, como estas, também estão sujeitas às normas constitucionais.

São produzidas pelo poder regulamentar, constituindo normas infralegais,


subordinadas às normas primárias que ficam entre elas e a constituição. São as normas
infraconstitucionais e infralegais.

CUIDADO! Artigo 84, IV (Decreto Regulamentar) e VI (Decreto Autônomo). Seria o


decreto autônomo uma espécie normativa primária?

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;

II - leis complementares;

III - leis ordinárias;


IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e


consolidação das leis.

O processo legislativo é o conjunto de atos, que engloba a iniciativa, emenda, votação,


sanção, veto, realizados pelos órgãos legislativos visando à formação das normas
previstas no art. 59 da Constituição Federal. Trata-se de uma exigência do Estado de
Direito.

O processo legislativo é uma exigência do Estado de Direito, não devendo ser


considerada válida uma espécie normativa sancionada sem, necessariamente, ter
percorrido todos os passos previstos pela Constituição.

ESPÉCIES NORMATIVAS DO ART. 59 DA CONSTITUCIONAL FEDERAL

1. EMENDA CONSTITUCIONAL

Emenda Constitucional é a espécie normativa através da qual o poder constituinte


derivado reformador altera o trabalho do poder constituinte originário. A alteração pode ser
por acréscimo, modificação ou supressão das normas.

Possui iniciativa privativa e concorrente (art. 60, I, II e III). Assim a Constituição


Federal só pode ser emendada mediante proposta de um terço, mínimo, dos membros da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da República e de mais da
metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

A proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do Congresso


Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos
dos votos dos respectivos membros (art. 60, § 2º). A emenda à Constituição será
promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o
respectivo número de ordem (art. 60, §3º)

A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada


não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (art. 60, § 5º). Não
será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de
Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e os direitos
e garantias individuais (art. 60,§4º).

A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de


estado de defesa ou de estado de sítio (art. 60, §1º).

OBS.1: O procedimento de revisão constitucional está previsto no art. 3º do Ato das


Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).

Art. 3º – A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da


promulgação da Constituição, pelo voto da maioria dos membros.
As emendas constitucionais de revisão eram aprovadas em turno único de votação, por
maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional. Além disso, para realizar a revisão
constitucional, o Congresso Nacional reunia-se em sessão unicameral.

O Poder Constituinte Originário, previu que a revisão constitucional ocorreria 5 anos após
a promulgação, ou seja, em 1993.

Estava prevista a realização de plebiscito destinado a escolher a forma de governo e o


sistema de governo a ser adotado pelo Brasil. O objetivo do Poder Constituinte Originário
era ampliar a modificação do texto constitucional caso fosse necessário adequá-lo a uma
Monarquia ou a um sistema parlamentarista.

Forma de estado: Federação

Forma de Governo: República

Sistema de governo: Presidencialista.

Regime político: democracia ( tb pode ser autoritarismo, totalitarismo...)

O resultado do plebiscito foi pela manutenção de uma República presidencialista, fazendo


a revisão constitucional perder boa parte da sua relevância. Alguns autores chegaram,
inclusive, a dizer que a revisão constitucional tornou-se desnecessária com o resultado do
plebiscito.

A revisão constitucional é destinada à alteração global e geral do texto constitucional, por


meio de formalidades mais simples do que as exigidas, pela reforma constitucional. Em
decorrência dessa previsão constitucional, em 1993/1994 foram aprovadas seis
emendas constitucionais de revisão.

Revisão constitucional – Maioria absoluta, em sessão unicameral > Promulgação pela


Mesa do Congresso Nacional;

Emenda constitucional – Discussão e votação em cada Casa do Congresso Nacional,


em dois turnos, com aprovação, em ambos, por 3/5 dos membros de cada Casa. Sessão
bicameral. > Promulgação pelas duas Casas Legislativas, separadamente.

OBS 2: A sessão legislativa ordinária é o período de atividade normal do Congresso a


cada ano, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Cada
quatro sessões legislativas, a contar do ano seguinte ao das eleições parlamentares,
compõem uma legislatura. Já a sessão legislativa extraordinária compreende o trabalho
realizado durante o recesso (ver verbete) parlamentar, mediante convocação. Cada
período de convocação constitui uma sessão legislativa extraordinária.

2. LEIS COMPLEMENTARES E ORDINÁRIAS

A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou


Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição (art. 61).

A matéria que deve ser regulada por lei complementar está prevista taxativamente
na Constituição.
A matéria das leis ordinárias é considerada residual. Assim, o que não for
regulamentado por lei complementar, decreto legislativo (ar. 49) e resoluções (arts. 51 a
52), o será por lei ordinária.

O quorum de votação para lei complementar é de maioria absoluta (art. 69).

O quorum de votação para lei ordinária é de maioria simples (art. 47). Deve ser
ressaltado que tanto para votação da lei complementar quanto da lei ordinária o quorum de
instalação da sessão é de pelo menos 51 (maioria absoluta).

Mas como funciona o veto do Presidente da República e o que acontece após a sua
realização?

A matéria encontra regramento específico na Constituição Brasileira, como exposto


abaixo.

Em primeiro lugar, o Presidente da República pode manifestar a sua discordância com o


projeto de lei com base em dois motivos:

1. O veto por motivo de inconstitucionalidade (conhecido como veto jurídico);


2. O veto por motivo de contrariedade ao interesse público (conhecido como veto
político).

Vale lembrar que o veto pode ser parcial, e, em sendo parcial, necessariamente abrangerá
o texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea, nos termos do § 2º do
artigo 66 da Constituição.

Uma vez concretizado o seu veto, o Presidente da República precisa enviar


uma mensagem ao Presidente do Senado relatando os motivos do veto (artigo 66, § 1º).

A seguir, o veto deve ser apreciado dentro do prazo de 30 dias por uma sessão
conjunta de deputados e senadores. A Constituição especifica a atuação da sessão
conjunta ao dizer que a ela compete “conhecer do veto e sobre ele deliberar” (artigo 57, §
3º, inciso IV, da Constituição Brasileira de 1988).

Tem incidência, no caso, o § 4º do artigo 66 da Constituição:

§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu
recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e
Senadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013)

Aqui merece atenção novidade trazida pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013: ela fez
com que fosse abolida a votação secreta em casos de perda de mandato parlamentar e
derrubada do veto, o que permite maior transparência dos votos parlamentares em
situações delicadas de deliberação.

Retomando a exposição, é importante perceber o quanto o Congresso Nacional possui


prevalência ante o Executivo, nesta situação tão delicada: uma vez havendo a votação,
por maioria absoluta, na sessão conjunta, o veto do Presidente da República
é derrubado pelo Legislativo.

O que acontece, a seguir, é uma situação de grande tensão.


Derrubado o veto, caberá ao próprio Presidente da República a promulgação do
conteúdo anteriormente por ele vetado, dentro do prazo de quarenta e oito horas,
consoante o § 7º do artigo 66 da Constituição.

Ocorre que a Constituição já se antecipa caso o Presidente da República permaneça


inerte, ocasião em que a atribuição é transmitida ao Presidente do Senado, e, a seguir, ao
Vice-Presidente do Senado.

Na prática brasileira, portanto, o momento de derrubada do veto evidencia o poder


que a Constituição entregou ao Congresso Nacional, justamente por se tratar do Poder
Legislativo, cuja atuação deve ilustrar a vontade do povo, nos termos do
celebrado parágrafo único do artigo 1º da Constituição.

3. LEIS DELEGADAS

A lei delegada, como o próprio nome diz, trata-se de uma delegação do Poder
Legislativo ao Executivo (art. 68). Assim, a lei delegada será elaborada pelo Presidente da
República após prévia solicitação ao Congresso Nacional que, através de resolução,
delimita o conteúdo e os termos de exercício (art. 68, 2º).

No §1º e incisos, do art. 68 a Constituição VEDA a delegação de : (i) atos de


competência exclusiva do Congresso Nacional; (ii) de competência privativa da Câmara
dos Deputados ou do Senado Federal; (iii) a matéria reservada à lei complementar e (iv) a
legislação sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros, nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
eleitorais e III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

4. MEDIDAS PROVISÓRIAS

A medida provisória é espécie normativa editada pelo Presidente da República,


mas que deve ser submetida de imediato ao Congresso Nacional. Possui força de lei e só
pode ser editadas nos casos de urgência e relevância (art. 62).

A medida provisória é um ato unilateral do Presidente da República (art. 84, XXVI,


CF). Ela nasce apenas pela manifestação exclusiva do Chefe do Executivo, com a
publicação no DOU.

Tem prazo de vigência de 60 dias, prorrogável apenas uma vez por igual período
(art. 62, §3º). Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias
após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por
ela regidas (art. 62, § 11).

É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido
rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta
manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.
5. DECRETO LEGISLATIVO

O decreto legislativo é o instrumento normativo que regulamenta as matérias do


art. 49 da Constituição Federal. Além dessas matérias, o Congresso Nacional deverá
regulamentar também os efeitos decorrentes da MEDIDA PROVISÓRIA não convertida
em lei (art. 62, § 3º).

O decreto legislativo não existe a sanção do Presidente (art. 48).

Obs: Regula matérias de competência exclusiva do Congresso, tais como: ratificar atos
internacionais, sustar atos normativos do presidente da República, julgar anualmente as
contas prestadas pelo chefe do governo, autorizar o presidente da República e o vice-
presidente a se ausentarem do país por mais de 15 dias, apreciar a concessão de
emissoras de rádio e televisão, autorizar em terras indígenas a exploração e o
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de recursos minerais.

6. RESOLUÇÕES

Por fim, as resoluções regulamentam as matérias de competência privativa da Câmara


dos Deputados (art. 51) e do Senado Federal (art. 52). A tramitação é determinada pelos
regimentos internos das respectivas casas legislativas, de forma que a única hipótese de
previsão constitucional expressa está no art. 68, § 2º , no qual prevê a forma de resolução
do Congresso Nacional para a edição de leis delegadas pelo Presidente. Assim, como o
decreto legislativo, as resoluções não precisam de sanção do Presidente da República.

OBSERVAÇÕES

01 - As emendas constitucionais são fruto do trabalho do poder constituinte derivado


reformador, por meio do qual se altera o trabalho do poder constituinte originário, pelo
acréscimo, modificação ou supressão de normas. Ao contrário do constituinte originário,
que é juridicamente ilimitado, o poder constituinte derivado é condicionado, submetendo-
se a algumas limitações, expressamente previstas, ou decorrentes do sistema. Trata-se
das limitações expressas ou explícitas (formais ou procedimentais, circunstanciais e
materiais) e das implícitas. Assim, o “produto” da PEC, qual seja, a matéria introduzida, se
houver perfeita adequação aos limites indicados, incorporar-se-á ao texto originário, tendo,
portanto, força normativa de Constituição. O veículo, contudo, a PEC aprovada, o
instrumento para essa modificação, que se concretiza em uma emenda à Constituição,
analisada sob o aspecto formal, poderá ser confrontada perante a CF/88. (LENZA, Pedro.
Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. pp. 578 e 579).

02 - A CF só poderá ser emendada mediante proposta: de 1/3, no mínimo, dos membros


da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da República; de mais da
metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando -se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros (artigo 60, incisos I, II e III, da CF).

03 - A CF não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal; estado de defesa;


e estado de sítio (art. 60, § 1º). Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico;
a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais (art. 60, § 4º) As limitações
temporais, na história constitucional brasileira, foram previstas apenas na Constituição do
Império, de 1824, não se verificando nas que se seguiram. Trata-se de previsão de prazo
durante o qual fica vedada qualquer alteração da Constituição. Portanto, não há limitação
expressa temporal prevista na CF para sua alteração. Os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais, nos termos do § 3º, do artigo 5º, introduzido pela
EC nº 45/2004. (LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. pp. 582 e 583).

04 - A grande diferença entre lei complementar e lei ordinária está no quórum de


aprovação do respectivo projeto de lei. Enquanto a lei complementar é aprovada pelo
quórum de maioria absoluta, as leis ordinárias o serão pelo quórum de maioria simples ou
relativa. Em ambos os casos, busca-se a maioria, só que, para o quórum de maioria
absoluta, a maioria será dos componentes, do total de membros integrantes da Casa
(sempre um número fixo), enquanto para a maioria simples a maioria será dos presentes à
reunião ou sessão que, naquele dia de votação, compareceram. Nota-se o disposto no
artigo 47: “salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e
de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de
seus membros”. Trata -se do quórum para a aprovação da lei ordinária, qual seja, o da
maioria simples. No entanto, deverá estar presente na sessão de votação, pelo menos, a
maioria absoluta dos membros. Trata-se do quórum de instalação da sessão de votação.
Presente o quórum de instalação da sessão (que é de maioria absoluta), aí sim poder-se-á
realizar a votação, que se dará pelo quórum da maioria simples, vale dizer, dos presentes
àquela sessão. (LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. pp. 584 a 586).

05 - Em relação às leis ordinárias, o campo material por elas ocupado é residual, ou seja,
tudo o que não for regulamentado por lei complementar, decreto legislativo (artigo 49, que
trata das matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional) e resoluções (artigos
51 e 52, matérias de competência privativa, respectivamente, da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal). (LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012. p. 584).

06 - Determinadas matérias não poderão ser delegadas (princípio da indelegabilidade de


atribuições). A Constituição, segundo o artigo 68, § 1º, veda a delegação: de atos da
competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49); dos de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (arts. 51 e 52); das matérias reservadas à
lei complementar; de legislação sobre: organização do Poder Judiciário e do Ministério
Público, carreira e garantia de seus membros; nacionalidade, cidadania, direitos
individuais, políticos e eleitorais; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

07 - Caso o Presidente da República elabore a lei delegada além do limite fixado na


resolução congressual, caberá ao Congresso Nacional sustar o aludido ato normativo, por
meio de decreto legislativo, realizando, desta feita, controle repressivo de
constitucionalidade (art. 49, V). Por meio da resolução, que especificará o conteúdo e os
termos de seu exercício, o Congresso Nacional determinará se haverá ou não a
apreciação do projeto de lei delegada (elaborada pelo Presidente da República) pelo
Congresso Nacional. Havendo apreciação, o Congresso Nacional a fará em votação única,
sendo vedada qualquer emenda (art. 68, § 3.º). É possível reconhecer tanto a delegação
típica como a delegação atípica. Na delegação típica não haverá apreciação pelo
Congresso Nacional. Este autoriza a delegação ao Presidente da República, que irá
elaborar, promulgar e fazer publicar a lei delegada. Na delegação atípica haverá
apreciação pelo Congresso Nacional, em votação única e vedada qualquer emenda. Nos
dois casos (havendo ou não apreciação do projeto pelo Congresso), Pedro Lenza entende
“dispensáveis a sanção e o veto presidenciais, pois seria ilógico o veto de projeto
elaborado pelo próprio Presidente se não vai haver eventual alteração na redação original,
já que é ‘vedada qualquer emenda’”. Elaborada a lei delegada (aprovada, quando
solicitada na resolução a apreciação parlamentar, art. 68, § 3.º), o Presidente da República
a promulgará, determinando a sua publicação no órgão oficial. Nota-se que, mediante
resolução, transfere -se apenas, e temporariamente, competência para legislar sobre
determinadas matérias, permanecendo a titularidade da aludida competência com o
Legislativo, que poderá, mesmo tendo havido delegação ao Presidente, legislar sobre a
mesma matéria. Embora tenha havido delegação legislativa pelo CN ao Presidente da
República, este não estará obrigado a efetivar a elaboração do referido ato normativo,
tendo total discricionariedade. (Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed.
São Paulo: Saraiva, 2012. pp. 588 e 589).

08 -A medida provisória é adotada pelo Presidente da República, por ato monocrático,


unipessoal, sem a participação do Legislativo, chamado a discuti-la somente em momento
posterior, quando já adotada pelo Executivo, com força de lei e produzindo os seus efeitos
jurídicos. Pela sistemática trazida pela EC nº 32/2001, adotada a MP pelo Presidente da
República, o Congresso Nacional poderá tomar as seguintes medidas: aprovação sem
alteração; aprovação com alteração; não apreciação (rejeição tácita); e rejeição expressa.
Conforme o artigo 12 da Res. nº 1/2002-CN, “aprovada a medida provisória, sem alteração
de mérito, será o seu texto promulgado pelo Presidente da Mesa do Congresso Nacional
para publicação, no Diário Oficial da União”. Ademais, a a Resolução nº 1/89 do
Congresso Nacional previu a possibilidade de apresentação de emendas ao texto da
medida provisória, originalmente expedida pelo Presidente da República, regra que foi
mantida na Res. nº 1/2002-CN. Na nova sistemática, havendo emendas, o projeto de lei de
conversão apreciado por uma das Casas deverá ser apreciado pela outra, devendo ser,
posteriormente, nos termos das regras para o processo legislativo comum, levado à
apreciação do Presidente da República para sancionar ou vetar a lei de conversão, e, em
caso de sanção ou derrubada do veto, promulgação e publicação pelo próprio Presidente
da República. A não apreciação da medida provisória no prazo de 60 dias contados de sua
publicação implicará a sua prorrogação por mais 60 dias. Assim, após o período de 120
dias, não havendo apreciação pelo Congresso Nacional, a medida provisória perderá a
eficácia desde a sua edição (rejeição tácita), operando efeitos retroativos, ex tun, devendo
o Congresso Nacional disciplinar as relações jurídicas dela decorrentes por decreto
legislativo (art. 62, §§ 3º, 4º e 7º). Por fim, outra atitude a ser tomada pelo Congresso
Nacional é expressamente deixar de converter a medida provisória em lei. Nessa hipótese,
também, deverá disciplinar os efeitos dela decorrentes por meio de decreto legislativo.
(LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
pp. 590 e 595 a 598)

(Lemos, Rafael Diogo Diogenes. O processo legislativo – Espécies Normativas, Conceitos


e Questões controvertidas). https://www.politano.com.br/userfiles/file/O%20PROCESSO
%20LEGISLATIVO.pdf . Acessado em 07.12.2014).

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