UNIÃO; ESTADOS; MUNICÍPIO E DF Prof. Moab Saldanha Jr. União A União é entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros e Municípios.
É pessoa jurídica de direito público interno, com
competências administrativas e legislativas enumeradas no texto constitucional.
Cabe a União, também, exercer as prerrogativas da
soberania do Estado brasileiro, quando representa a República Federativa do Brasil nas relações internacionais. ATENÇÃO! A União não se confunde com o Estado federal.
A UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, é uma
das entidades que integram a República Federativa.
A REPÚBLICA FEDERATIVA é o todo, o estado federal
brasileiro, pessoa jurídica de direito público internacional, quem efetivamente pratica os atos de direito internacional é a República Federativa do Brasil. Bens da União:
A CF enumera, em seu artigo 20, os BENS da
União. Estados-membros Os Estados-membros são os entes típicos do Estado federal.
A autonomia dos estados-membros caracterizase
pela sua capacidade de auto-organização e autolegislação, de autogoverno e de autoadministração. Auto-organização e autolegislação:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se
pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. Os Estados se auto-organizam mediante a elaboração de suas Constituições.
Também autolegislam, vale dizer, editam leis
próprias, fruto da atuação do legislador ordinário estadual.
No exercício da capacidade de auto-organização
e de autolegislação, os Estados devem obediência aos princípios estabelecidos pela CF. Esses princípios são tradicionalmente denominados princípios constitucionais sensíveis, extensíveis e estabelecidos.
Os princípios constitucionais sensíveis são de
observância obrigatória, sob pena de intervenção federal. São eles: artigo 34, VII, CF/88. Os princípios constitucionais extensíveis consistem nas regras de organização que a Constituição estendeu aos Estados-membros, ao DF e aos municípios.
São, portanto, de observância obrigatória no
exercício do poder de auto-organização do Estado. Ex.: art. 95, I, II e III. Os princípios constitucionais estabelecidos são aqueles que, dispersos ao longo do texto constitucional, limitam a autonomia organizatória do Estado estabelecendo preceitos centrais de observância obrigatória. Autogoverno:
A capacidade de autogoverno está assentada nos
artigos 27, 28 e 125 da CF, que outorgam competência aos Estados-membros para organizar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário locais. Autoadministração:
A capacidade de autoadministração decorre das
normas que distribuem as competências entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, especialmente do artigo 25, § 1º, segundo o qual são reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. Formação dos Estados
Estabelece a CF que os Estados podem incorporar-se
entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, - mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, - e do Congresso Nacional, por lei complementar (art. 18, § 3º, CF). Municípios Assim como ocorre com os Estados-membros, a autonomia municipal está assentada na capacidade de autoorganização e normatização própria, autogoverno e autoadministração. O Município reger-se-á por - Lei Orgânica, - votada em 2 turnos, - com o interstício mínimo de 10 dias, e - aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, - que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na CF, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos (ver artigo 29) Formação dos Municípios
A EC 15/96 passou a exigir novos requisitos para a alteração dos limites
territoriais dos Municípios, estabelecendo que a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por
- Lei estadual,
- dentro do período determinado por lei complementar federal,
- e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, as populações
dos municípios envolvidos,
- após divulgação dos estudos de viabilidade municipal, apresentados e
publicados na forma da lei. A consulta às populações interessada deverá, obrigatoriamente, ser prévia, por meio de plebiscito, vedada a realização de consulta ulterior.
No plebiscito municipal será consultada toda a
população dos municípios envolvidos. Não obstante a inexistência da referida LC federal, foram criados mais de 50 Municípios em nosso país.
Em face desse quadro, o Congresso Nacional
promulgou a EC 57/2008, que convalidou os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006. Distrito Federal A CF assegurou ao DF a natureza de ente federativo autônomo, assentada na sua capacidade de autoorganização e normatização própria, autogoverno e autoadministração (art. 18, 32 e 34, todos da CF). O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição (art. 32 da CF). O autogoverno do DF materializa-se na eleição do Governador e Vice-Governador, segundo as regras da eleição para Presidente da República, e dos Deputados Distritais, integrantes do Poder Legislativo local, segundo as regras da eleição para Deputados Estaduais.
O DF só não dispõe de competência para
organizar e manter o Poder Judiciário local, haja vista que essa competência foi atribuída a União. O DF se autoadministra, ao exercer as competências administrativas, legislativas e tributárias constitucionalmente a ele atribuídas.
O Distrito Federal não é um Estado-membro, nem um
Município.
Em regra, em razão da vedação à sua divisão em
Municípios, foram-lhe atribuídas as competências legislativas e tributárias reservadas aos Estados e aos Municípios (arts. 32, § 1º, e 147, ambos da CF). CUIDADO!
Nem todas as competências legislativas estaduais foram a
ele estendidas.
o Distrito Federal não dispõe de competência para
organizar e manter, no seu âmbito, o Ministério Público, o Poder Judiciário, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar. É da União a competência para organizar e manter esses órgãos no Distrito Federal (art. 21, XIII e XIV, CF). (Excluiu a Defensoria Pública que agora compete ao próprio DF).