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Aula 5

 Poder Constituinte Derivado Decorrente


 Poder de direito (natureza jurídica; ≠ poder de fato – Poder Constituinte
originário)
 Limitado (à Constituinte)
 Secundário (inaugural)
 Decorrente: da forma federativa de Estado
Indica um Estado, chamado de Estado Federal formado por diversas entidades
federativas. Essas respectivas entidades são dotadas de autonomia, o que
significa uma quádruplice capacidade que indica portanto:

Auto-organização
Autonomia Autogoverno
Autoadministração
Autolegislação

Obs.: As entidades Federadas ou Entes da Federação não são dotadas de Soberania,


mas, como dito, autonomia, pois estão limitadas constitucionalmente. Portanto, não
pode ser confundido com as chamadas Confederações de Estados, hipótese em que se
tem uma união temporária de Estados Soberanos em razão de um interesse comum
(político, econômico, militar). Nas Confederações o que se tem é a união de Estados
Soberanos, como dito, portanto manifestação do Poder Constituinte Originário

Autonomia indica uma quádruplice capacidade:


1) Auto-organização: Poder conferido às entidades federativas para elaborarem
suas próprias normas de organização.
2) Autogoverno: as Entidades Federadas possuem seus próprios centros de poder,
governos próprios
3) Autoadministração: As entidades Federadas possuem seus próprios serviços,
serviços de segurança. educação, saúde etc.
4) Autolegislação- possuem seu próprio âmbito de competência legislativa,
competência para elaborarem suas próprias leis.
Atenção: Autonomia Financeira e orçamentária são desdobramentos do autogoverno.
Conclusão: o Poder Constituinte Decorrente é o poder característico das chamadas
forma federativas de Estados ou Estados Federativos, não havendo PCDD nas
Confederações de Estados ou nos Estados Unitários.

1) Titularidade
Conforme a CF, art. 11 ADCT c/c art. 25, os Estados Federados são titulares de Poderes
Constituintes, ou seja, a CF confere poder para que elaborem suas Constituições.
Os Estados são dotados de Poderes Constituintes Derivados Decorrentes, são,
portanto, titulares do PCDD, recebendo, portanto, autonomia para se auto-
organizarem, para elaborarem suas próprias Constituintes.

Municípios
1. Corrente (José Afonso da Silva): NÃO- os Municípios não seriam
verdadeiramente entidades federativas, seriam componentes atípicos da
Federação. Portanto, não seriam dotados de Poder Constituinte. Pelas seguintes
razões:
i. Os Municípios e, consequentemente, suas leis encontram fundamento de
validade nas Constituições Estaduais. Portanto, não seriam entidades que
deveriam buscar seu fundamento de validade na Constituição Federal
como nos Estados. O fundamento de validade nas Constituições
Estaduais denota situação de inferioridade em relação aos Estados, o que
o descaracteriza como entidade federativa que pressupõe igualdade entre
os entes federados;
ii. Os Municípios não possuem Constituições, mas sim Leis Orgânicas,
portanto, não são dotados de Poderes Constituintes. Poder Constituinte é
para criar uma Constituição, este só os Estados possuem;
iii. Os Municípios, por consequência, não possuem controle de
constitucionalidade próprio, diferentemente dos Estados, que conforme o
art. 125, §2º, da CF dispõem de instrumento próprio para suas
Constituições;
iv. As entidades federadas devem ter representação ou representatividade no
âmbito federal, leia-se, no Congresso Nacional. Essa representatividade
no âmbito federal, presente no art. 46, e é feita pelos Senadores, com
representação igual de todos os Estados e DF, não se aplicando aos
Municípios, que não tem representatividade feral;
v. Numa Federação, um Estado Federado não pode intervir em outro Estado
Federado, em razão da igualdade de tratamento que possuem na estrutura
federativa. Contudo, em nosso sistema, ainda que excepcionalmente, os
Municípios poderão sofrer intervenção promovida pelos Estados, o que
já indicaria uma relação de inferioridade, contribuindo, portanto, para
descaracterizar o Município como ente federativo. União quando
intervém nos Estados representa a República Federativa, unindo a
vontade nacional.
Conclusão: os Municípios, mesmo que sejam entes da Federação e possuam
autonomia administrativa, legislativa e mesmo autogoverno não se encontram no
mesmo patamar que os Estados Federados, podendo ser complementado que os
Municípios não possuem uma estrutura tripartite de separação de poderes, pois
não tem Poder Judiciário Próprio. Não havendo, portanto, simetria com o
sistema de tripartição de poderes tripartite federal e estaduais.
2. Corrente - Paulo Bonavides e STF – Os Municípios são também, assim como os
Estados, titulares de Poder Constituinte Derivado Decorrente.
i. Art. 1º, caput e 18, caput – menção expressa da autonomia como entidade
federada nos termos da Constituição Federal. Município como entidade
federativa e dotada de autonomia e com base na Constituição Federal
ii. Embora os Municípios não possuam Constituições no sentido formal,
possuem leis orgânicas que são Constituições dos Municípios
materialmente (Constituição é norma de organização).
iii. Os Municípios não têm representação direta como os Estados e DF,
contudo, estão sim representados no Congresso Nacional indiretamente
pelos Senadores do respectivo Estado, que defendem os interesses de seu
Estado e, consequentemente, dos Municípios deste Estado.
A defesa do Município também é feita de forma indireta pelos Deputados
Federais, eleitos por cada Estado, pois, embora, os Deputados
representem diretamente o povo, sua base eleitoral nasce no Município.
iv. A ausência de Poder Judiciário Municipal não o descaracteriza como ente
federativo, pois o Poder Judiciário tem caráter nacional. A divisão entre
Justiça Federal e Estadual é mera questão de organização, de opção da
Constituição quanto à estrutura do Poder Judiciário. Tanto é assim, que
nós possuímos em nosso sistema as chamadas Cortes de Sobreposição,
que unificam o entendimento do Poder Judiciário em âmbito nacional
(STJ e STF);
v. Não é correto dizer que os Municípios não integram a estrutura federativa
por poderem sofrer intervenção estadual. Pois a regra é a não-
intervenção, seja quanto aos Estados ou aos Municípios. Tanto que a CF,
no art. 34, VII. “c”. estabelece a possibilidade excepcional de
intervenção da União em Estado como forma de garantir a autonomia do
Município;
vi. A ausência de controle de constitucionalidade com base em lei orgânica do
Município é uma mera questão de opção legislativa, em razão de não se
ter no Município Poder Judiciário próprio; não pelo fato de se tratar de
lei orgânica, que pode servir como parâmetro de controle de
constitucionalidade no caso do DF- art. 25, Lei 9.882/99
vii. A Lei orgânica encontra duplo fundamento, tanto na Constituição Estadual,
quanto na Constituição Federal.
Conclusão: Para essa corrente, nosso sistema federativo é atípico, não sendo
mera reprodução de outros sistemas, tendo incorporado os Municípios por
razões históricas, sociais, etc.

Distrito Federal
O DF, assim como os Municípios e os Estados, integra o sistema federativo.
Conforme os arts. 1º e 18, podemos afirmar que o DF é uma entidade federada.
Contudo, o DF possui o que a doutrina chama de autonomia mitigada, o que
significa dizer que, embora, a CF confira ao DF poderes, competências, atribuições
tanto de natureza estadual, quanto municipal; não confere todas as atribuições que
os Estados possuem, pois em determinadas matérias a CF confere à União o poder
para regular determinadas matérias para o DF. Por exemplo, art. 48, IX.

2) Características
◦ Secundário
◦ Condicionado -Princípios Sensíveis
◦ Limitado  normas de repetição obrigatória Decorrentes
(princípios constitucionais)
-Princípios Estabelecidos Vedatórios
Mandatórios
-Princípios Extensíveis

◦ Secundário: não tem natureza inaugural, como próprio nome indica, ele se
manifesta a partir de um Estado Federativo e de uma Constituição pré-
estabelecida, elaborando a respectiva Constituição do Estado
◦ Condicionado: pois deve observar as regras para sua manifestação estabelecidas
na Constituição Federal, por exemplo. ADCT art. 11 – elaboração das CE em 1
ano
◦ Limitado – arts. 11 ADCT; 29 e 32 da CF – limitado pelos princípios de
repetição obrigatória.
Os princípios de repetição obrigatória são aqueles que o Poder Constituinte
Derivado de devem constar necessariamente, independentemente de estarem
previstos expressamente na respectiva Constituição do Estado

Art. 125, §2º


ADI parâmetro CE
Objeto Lei Estadual

ADI parâmetro CF
Estadual objeto Lei estadual sim – norma de produção obrigatória
A doutrina, em especial, Raul Machado Uorta, destaca 3 ordem de princípios:
1. Princípios Sensíveis – art. 34, VII – asseguram a estrutura federativa
2. Princípios Estabelecidos –estabelecidos na CF, para todas as entidades
federativas ou para determinada Entidade federativa.
a) Decorrente = decorrem diretamente da CF – art. 1º, 2º
b) Vedatórias = disposições da CF que estabelecem vedações para as entidades
federadas – art. 35, art. 31, 19
c) Mandatórios - Aqui a CF estabelece uma ordem de fazer, um comando,
portanto, natureza mandatória – art. 29, 25
Pergunta! 3. Princípios Mandatórios - São aqueles que a CF define não apenas para a União,
mas de uma forma geral, se estendem às demais entidades federadas, e.g.: regras
relativas ao processo legislativo. Os Estados e Municípios devem seguir por
simetria o procedimento estabelecido na CF, e.g., podem os Estados estabelecer
Lei complementar, mas devem ter maioria absoluta.
Obs.: Muita atenção com as hipóteses estabelecidas na CF – art. 61, §1º - quanto à
iniciativa Privativa do Presidente da República para deflagrar Processo Legislativo
relativo a determinados temas. Por simetria projetos de lei chefes do Executivo Estadual
e Municipal.
P: Pode o legislador tratar dos temas do art. 61, §1º por PEC?
R: Quando se tratar de manifestação do Poder Constituinte Reformador alterando a
Constituição Federal, não há inconstitucionalidade por vício de iniciativa, pois não
existe na CF iniciativa privativa para apresentação de PEC. Nesse caso, se estaria
alterando a própria CF. A iniciativa do Presidente da República ou do Chefe do
Executivo é direcionada ao legislador infraconstitucional, alcança, portanto, por
simetria, proposta de emenda à Constituição do Estado que regule as matérias de
competência do Chefe do Executivo Estadual. Por simetria, as matérias do art. 61,§1º.
PEC âmbito federal iniciativa Presidente – OK! Não existe iniciativa privativa de PEC!
PEC âmbito estadual para Constituição Estadual – NÃO! Porque aqui a alteração é de
lei infraconstitucional – Inconstitucionalidade subjetiva ou por vício iniciativa
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Repartição Espacial de Competências


 Introdução:
Como dito, em Estado que adotam a forma federativa, se tem uma
descentralização política. Significa dizer as Entidades Federadas, União, Estados, DF e
Municípios possuem autonomia política, legislativa e administrativa. Portanto, a CF
estabelece regras de repartição de competência espacial, entre as unidades da Federação.
A respectiva repartição de competências tem por fundamento a teoria da predominância
do interesse (art. 30, I, i.e., a matéria é conferida à entidade federativa que tenha maior
pertinência quanto â matéria do tema. E.g.: Declarar guerra – interesse União.
Repartição de Teoria da
Forma Federativa Descentralização
Competência Predominância
do Estado Política
Espacail dos Interesses

Art. 21 Art. 22 Art. 23 Art. 24


- Político- - Legislativo - Político- - Legislativa
administrativa - Privativa administrativa - Concorrente
- Exclusiva * delegação - Comum * Suplementar
(complementar +
supletiva)

Art. 25 Art. 30, II Art. 32

Dicas:
1. Verbo = político-administrativa
2. Entre legislativa e político-administrativa há alternância
Legislativa

Privativa Concorrente

Delegação Gerais Específicas

Político-Administrativa

Exclusiva Comum

Competência Comum – condomínio federativo. Há solidariedade entre todas as


entidades federativas
Obs.: o Art. 23, parágrafo único -estabelece a hipótese de a União via LEI
COMPLEMENTAR criar normas, instrumentos de cooperação entre todas as entidades
federadas de forma a garantir uma atuação coordenada, conjunta, mais eficaz. Temos o
Federalismo Cooperativo
 Art. 22 – Competência Legislativa Privativa da União. Poderá, contudo, conforme o
parágrafo púnico, a União delegar aos Estados e ao DF competência para legislar
sobre matérias específicas para atender sus interesses.
 Existe, nesse caso, divergência, se a delegação deve abranger todos os Estados
Federados ou apenas Estado Específico.
1ª Corrente: A posição majoritária e do STF estabelece que a delegação deve atingir
simultaneamente todos os Estados, sob pena de quebra do pacto Ferativo
2ª Corrente: Em regra delegação a todos os Estados. Excepcionalmente delegação
para algum(ns) Estado(s) para atender situações específicas e pontuais que alcancem
entes específicos.
 Art. 24 - Na competência concorrente cabe à União legislar normas gerais, cabendo
aos Estados e DF legislar sobre matérias específicas suplementar complementar.
(2º, art. 23)

No caso de omissão de legislação federal, o Estado não apenas terá a competência


suplementar complementar (§2º, art. 24), mas exercerá também a competência
suplementar supletiva, exercendo competência plena, podendo editar normas
gerais.

Nesse caso, editada lei federal sobre normais gerais após a lei estadual, não haverá
revogação da norma estadual, mas apenas suspensão de sua eficácia (§4º) no que for
contrário à lei federal superveniente.

Comum – Simultaneidade X Concorrente – Alternatividade


Competência Legislativa art. 24 - Suplementar Complementar + Suplementar Supletiva
(art. 24, 3§º)

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