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DIREITO CONSTITUCIONAL

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA DO ESTADO

INTRODUÇÃO
O art. 1º da CF deixa claro a adoção do PRINCÍPIO FEDERATIVO como
critério de organização político-administrativa do Estado
- ESSA NORMA É MATERIAL OU FORMALMENTE CONSTITUCIONAL?
Materialmente porque trata da existência da unidade política. Não fosse isso a
ideia de federação não teria rigidez constitucional

MATERIALMENTE FORMALMENTE
CONSTITUCIONAL CONSTITUCIONAL
Normas que tratam de DECISÕES Normas que estão previstas na CF
POLÍTICAS FUNDAMENTAIS → mas não tratam de matérias que
modo e forma de existência da precisam estar na CF
unidade política
- é a concepção política de Carl
Schimitt da constituição

A forma federativa é CLÁUSULA PÉTREA, ou seja, não pode ser alterada nem
por EC → é uma LIMITAÇÃO MATERIAL DO PODER CONSTITUINTE
DERIVADO
Art. 60, § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
I - A FORMA FEDERATIVA DE ESTADO;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
→ FO DI VO SE

obs¹: “TENDENTE A ABOLIR”. Tribunais e doutrinas já pacificaram que essa


expressão só protege o núcleo essencial do tema, ou seja, não é uma absoluta
imutabilidade, é só uma proteção do núcleo essencial. Não posso
restringir, mas posso ampliar ou sofisticar (ex: direito a duração razoável do
processo foi inserido no art. 5º pela EC 45/04)

obs²: SÓ A FORMA DE ESTADO É CLÁUSULA PÉTREA – FORMA DE


GOVERNO (REPÚBLICA) E SISTEMA DE GOVERNO (PARLAMENTARISMO) NÃO
É CLÁUSULA PÉTREA.

É POSSÍVEL EMENDA QUE ALTERA A DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA


ENTRE OS ENTES QUE INTEGRAM? SIM. Porque não altera a forma
federativa do Estado, mas desde que não esgote por completo a competência
de um ente federado
EXISTE NO BRASIL O DIREITO DE SECESSÃO? Não.
- é o desligamento da federação de um dos entes federativos
CF PREVÊ QUE A UNIÃO ENTRE OS ENTES QUE INTEGRAM A FEDERAÇÃO É
INDISSOLÚVEL E, HAVENDO ALGUM MOVIMENTO NESSE SENTIDO, SERIA
CASO DE INTERVENÇÃO FEDERAL

FORMA DE ESTADO
É a forma de organização do estado e vai depender de como o estado distribui
o poder político no território
* a forma federativa (adotada no BR) é inspirada nos EUA, em que os estados
abriram mão do poder único, absoluto que tinham para formar o estado
americano → é o que ocorreu aqui, mas temos um plus a mais porque demos
autonomia ainda aos municípios
Temos algumas formas de organização do estado, mas os principais são:
ESTADO UNITÁRIO E FORMA FEDERATIVA

• ESTADO UNITÁRIO: CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA


- mas o fato de ser CENTRALIZADO POLITICAMENTE não impede a
descentralização administrativa, afinal, é impossível o Estado ser
totalmente centralizado. Ele pode descentralizar adm. e esses entes vão
ser subordinados ao poder central
- o Brasil já foi assim durante o Brasil/Colônia: o poder não estava
dividido, havia só o poder central e as províncias adm. estavam
subordinadas a ele
* esse modelo é mais adequado para países com menor dimensão
territorial

• ESTADO FEDERADO: as funções próprias do estado são divididas


entre as esferas de governo → estão divididas entre os entes
estatais com autonomia
* a autonomia é a grande característica da federação: os entes exercem
suas competências com autonomia própria, sem subordinação
* ex: CF diz quais são as competências do poder central, que é a União;
quais são dos estados etc.

“É A REUNIÃO FEITA PELA CF DE ENTIDADES POLÍTICAS AUTÔNOMAS


UNIDAS POR UM VÍNCULO INDISSOLÚVEL”
* é a CF que une os entes da federação
* não existe direito de secessão e qualquer movimento nesse sentido vai ser
coibido, totalmente intolerável

• ESTADO REGIONAL: é o típico da Itália. Parece com o unitário porque


não tem descentralização política, só a administrativa, mas tem
descentralização legislativa, ou seja, o poder central deu algumas
atribuições às regiões
-”de cima para baixo”
• ESTADO AUTÔNOMICO: também não tem descentralização polícia,
mas tem a descentralização administrativa e legislativa

• CONFEDERAÇÃO: é a união de estados soberanos e é criada


geralmente por tratado ou até adotar um documento comum como
“constituição”
- ainda que chame o documento comum de constituição, a natureza vai
ser de tratado ou acordo porque eles não vão abrir mão da soberania
- há quem diga que aqui não é forma de estado porque não tem divisão
geográfica, mas a junção de estados soberanos

FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
Entidades políticas autônomas – Estados soberanos – unidos
unidos pela CF por tratado ou acordo
Entes tem autonomia Entes tem soberania
Não tem direito de secessão Tem direito de secessão →
mantêm a soberania e um
estado o subscreve
Tem o órgão de cúpula do Não tem o órgão porque cada
judiciário para solucionar um é soberano, mas tem um
conflito entre os entes congresso confederal
ex: Brasil, EUA ex: Emirados Árabes Unidos

* POR QUE A UNIÃO EUROPEIA NÃO É CONFEDERAÇÃO? Porque ela não é um


estado, mas se um dia virar um estado vai ser.
* as 13 colônias da inglaterra, logo que viraram independentes, com medo de
regredirem à condição colonial, fizeram um tratado e constituíram uma
confederação: todos os participantes eram soberanos e um estado o
subscreveu. Depois viraram federaçaõ

- haveria ainda a COMUNIDADE: que é o que tem na UNIÃO EUROPEIA, vários


países unidos e abrindo mão de alguns pontos de sua autonomia
* eles tem um parlamento europeu e por muito pouco quase tiveram uma CF
unitária
1ª - Questão:
Sobre o Estado regional e o Estado autonômico responda aos seguintes itens, com a indicação de
exemplos:
a) no Estado regional os poderes locais desempenham atividade constituinte derivada?
b) no Estado autonômico os poderes locais dispõem de iniciativa para a elaboração de seus estatutos
político-administrativos?
a) sim, no estado regional há centralização política, havendo apenas a
descentralização administrativa e a legislativa
b) sim, lá há descentralização legislativa e o poder é exercido “de baixo para
cima”

ESTADO REGIONAL – estado central que propõe iniciativa


ESTADO AUTÔNOMO – regiões autônomas que propõe iniciativa

No Brasil isso precisou ser adaptado porque temos a singularidade da


autonomia dos municípios. COMO ISSO FOI FEITO? Enumeramos as
competências em que a União atua sozinha (art. 21 e 22); os que ela atua em
conjunto com outros entes (art. 23 e 24) e o remanescente aos estados
- E OS MUNICÍPIOS? Vai suplementar a legislação estadual e federal no que
couber e atenderá os interesses locais

QUAL CRITÉRIO USADO PARA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA? Critério


da predominância de interesses
• UNIÃO: predominante interesse nacional (ex: serviço diplomático;
defesa a agressões externas)
• ESTADOS: predominante interesse regional
• MUNICÍPIO: predominante interesse local (ex: coleta de lixo; limpeza
urbana)
- o transporte coletivo deixa bem claro esse critério → se for prestado dentro
do município, é competência do município; se dentro do estado, é estadual e,
por fim, pode ser da união. O serviço é o mesmo, só vai mudar o interesse

COOPERAÇÃO ENTRE OS ENTES QUE INTEGRAM A CF


Algumas CF estabelecem maior ou menor cooperação. No caso do Brasil o
cooperalismo federativo se mostra necessário, visto que alguns serviços
públicos precisam dessa cooperação para que sejam prestados (ex: a União
nunca conseguiria atender sozinha a saúde no Brasil todo; município também
não porque não teria condição econômica para isso)

Isso fez com que a CF criasse as COMPETÊNCIAS COMUM A TODOS OS


ENTES ESTATAIS (e aqui está educação e saúde, entre outros)
* mas para definir as competências comum a CF precisou tomar cuidado para
que não ficasse tudo solto: a CF define a competência que vai ser comum e lei
complementar específica vai definir a competência de cada ente estatal dentro
dessa cooperação
* ex: na educação o município cuida mais no ensino fundamental, união
fomenta recursos e o estado se preocupa mais com o ensino médio → o ideal é
isso, a união fomentando recursos

MAS HÁ CASOS EM QUE, MESMO A LC PREVENTO A COMPETÊNCIA DE


CADA ENTE ESTATAL HÁ DIVERGÊNCIA DE COMPETÊNCIA
ex: questão de medicamentos → a LC define a área de atuação de cada ente
nessa questão, mas há casos em que essa divisão fica complexa e o STF
entendeu que há solidariedade entre os entes (na prática sempre propõem
ação em face do estado e município)
(audio 49)

Nessa questão de a União atuar como fomento → um dos ministérios com mais
recursos hoje em dia é o ministério da cidade (o município cria o seu plano
diretor, mas a CF e estatuto da cidade deixam claro que há necessidade de
fomento por parte da União e o município implementa)

Há um outro instituto que é relativamente recente que é uma marca desse


cooperalismo federativo→ CONSÓRCIOS PÚBLICOS: entes estatais podem se
unir para criar uma pessoa jurídica que vai gerir serviços públicos nos entes
consorciados (ex: 10 municípios fazem consórcio, criam uma PJ para gerir o
sistema de saúde)
* entes estatais autônomos abrindo mão de parte de sua autonomia para criar
uma PJ que vai gerir o serviço ali
* o SUS foi criado para definir como o direito a saúde será fornecido

A federação permite crises federativas e desde a vigência da CF/88 uma


dessas principais crises foi envolvendo os royalties de petróleo: eram pagos
aos estados produtores. Começou a ter muito aqui no RJ e ES e os não
produtores começaram a pressionar pedindo que também recebesse → eram 4
estados produtores e 23 não produtores. Aprovaram projeto que impunha essa
repartição e isso chegou no STF. Tinha até questão que mexia nos contratos
em vigor, atingindo ato jurídico perfeito. Isso ainda não foi totalmente decidido
e está pendente no supremo

Art. 25, § 3º os estados poderão, mediante LEI COMPLEMENTAR, instituir


regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas
por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
REGIÕES METROPOLITANAS BRASILEIRAS
Outra singularidade do Brasil → art. 25, §3º da CF
Ex: temos o RJ e as cidades que estão em volta → pessoas de niterói estudam
e usam serviços de saúde daqui etc.
O QUE A CF PRETENDE? Permitir que por LC seja criada a região metropolitana
com planejamento conjunto de algumas funções públicas

MICROREGIÃO
ex: microregião da região dos lagos – se um deles polui a lagoa, todos são
prejudicados. É necessário que todos cuidem daquele ponto que é de interesse
econômico e ambiental de todos

AGLOMERAÇÃO URBANA

1ª - Questão:
Sobre o Estado regional e o Estado autonômico responda aos seguintes itens, com a indicação de
exemplos:
a) no Estado regional os poderes locais desempenham atividade constituinte derivada?
b) no Estado autonômico os poderes locais dispõem de iniciativa para a elaboração de seus estatutos
político-administrativos?

CASO CONCRETO 01
q.2) ADI 3478 - não pode haver indicação de uma religião específica

FEDERAÇÃO BRASILEIRA

CONCEITO
“É A REUNIÃO FEITA PELA CF DE ENTIDADES POLÍTICAS AUTÔNOMAS
UNIDAS POR UM VÍNCULO INDISSOLÚVEL”
* é a CF que une os entes da federação
* não existe direito de secessão e qualquer movimento nesse sentido vai ser
coibido, totalmente intolerável
É uma forma de estado que tem 2 grandes pilares: (i) TODA ENTIDADE TEM
AUTONOMIA E A REUNIÃO DELES FORMA A SOBERANIA e (ii) É CRIADA A
PARTIR DE UMA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
- por isso se diz que A AUTONOMIA É PLÚRIMA E A SOBERANIA É ÚNICA
- CF é a certidão de nascimento da federação

CLASSIFICAÇÃO DAS FEDERAÇÕES


1. QUANTO À ORIGEM
• POR AGREGAÇÃO/FEDERAÇÃO PERFEITA: os estados nacionais (até
então soberanos) que se reúnem criando o vínculo federativo → abrem
mão da soberania para o conjunto e se tornam parte da federação
◦ MOVIMENTO CENTRÍPETO (de fora para dentro)

• POR SEGREGAÇÃO/FEDERAÇÃO IMPERFEITA: o estado unitário se


desfaz e pulveriza as atividades
◦ MOVIMENTO CENTRÍFUGO (de dentro para fora)
obs.: essa classificação pode ser falada como “MOVIMENTO DE FORMAÇÃO”,
classificando em MOVIMENTO CENTRÍPETO E CENTRÍFUGO

2. QUANTO À ATUAL CONCENTRAÇÃO DE PODER


Temos várias possíveis classificações, mas a principal é a de Dircês Torrecillas
Ramos → tese do FEDERALISMO ASSIMÉTRICO: nunca haveria equilíbrio
perfeito entre União e Estado, mas de algum modo haveria assimetria: ora vai
estar a favor do estado e ora a favor da união
Com isso ele dividiu em força centrífuga e centrípeta, a depender da
formação histórica
• FORÇA CENTRÍPETA: as atribuições estão concentradas no
centro, a União possui o maior volume de atribuições
◦ OBS.: de atribuições e de valores arrecadados (vide EC 105/19, que
criou o art. 166-A, permitindo que deputados e senadores apresentem
emendas à lei orçamentaria anual transferindo recursos do orçamento
da União para E, M e DF (mas que não pode ser usado para
pagamento de pessoal e endividamento do ente)
◦ ex: Brasil → criados por força centrífuga e hoje é centrípeta →
Nathalia Masson fala que isso é porque “aquele que detém o poder é
sempre parcimonioso ao partilhar e entrega o mínimo possível para
fundar a federação”

• FORÇA CENTRÍFUGA: tendenciosa as periferias (UNIÃO → ESTADOS)


◦ é o caso dos EUA: os estados membros tem mais funções do que a
“União”

Isso tem a ver com a formação histórica da federação, mas tem pertinência
até hoje: nos EUA os estados mantiveram o poder que sempre tiveram, os
estados legislam sobre direito penal, processo penal etc. Aqui é diferente: a
União que foi p/ fora
QUAL É O CRITÉRIO? Atual concentração de poder
obs.: Espanha tenta criar uma federação de calibração = os entes vão ter
autonomia, mas não vai ser igualitário. Algumas províncias vão ter maior
autonomia do que outras. MAS ISSO AINDA NÃO FOI APROVADO, ELES ESTÃO
TENTANDO

3. QUANTO À REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS


• DUAL/CLÁSSICA: os entes federativos possuem atribuições isoladas –
cada um com a sua competência indelegável/privativa, que serão
exercidas sem comunicação, sem apoio dos outros

• FEDERAÇÃO COOPERATIVA – adotada: cada ente tem suas


atribuições próprias que serão cumpridas isoladas, mas também
possuem competências comuns, que serão cumpridas por meio de
colaboração (vide competências concorrentes e comuns)

4. QUANTO ÀS ESFERAS INTEGRANTES DA FEDERAÇÃO:


• SEGUNDO GRAU: tem a ordem jurídica central e as regionais – União e
Estados (ex: EUA)
• TERCEIRO GRAU – É O NOSSO DIFERENCIAL: inclui uma terceira
ordem, que é com os municípios

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
Há diversas formas de abordar essas características, mas um dos principais é o
Michel Temer (é o melhor autor sobre as características). Ele cria 2 grandes
grupos: há 3 características que são de formação/constituição e há
características de conservação (ele fala que não é importante só formar,
precisa ser conservada)

- CARACTERÍSTICAS DE CONSTITUIÇÃO: Temer fala que são os 3 traços


mínimos para formação da federação
1. UNIÃO DE ENTIDADES POLÍTICAS AUTÔNOMAS POR VÍNCULO
INDISSOLÚVEL entre entes entes federativos dotados de autogoverno,
autoadministração e autoorganização
- UNIÃO DE ENTIDADES POLÍTICAS AUTÔNOMAS: autonomia política –
autonomia é capacidade de autodeterminação de acordo com sua
vontade. Se o estado pode se autodeterminar, ele tem autonomia política.
Essa autonomia se divide em 3 espécies – tríplice capacidade:

a) AUTO-ORGANIZAÇÃO: é a capacidade de elaborar constituição ou


instrumento análogo a ela (que é o caso dos municípios e DF, que
criam leis orgânicas)
▪ DF E MUNICÍPIOS TEM AUTO-ORGANIZAÇÃO, MAS É MITIGADA, É
EM MENOR GRAU EM RAZÃO DA SIMETRIA
◦ PRINCÍPIO DA SIMETRIA: a CF/88 é analítica (detalha os
assuntos de organização e funcionamento do estado e muito
mais coisa) e, ao exercer a auto-organização, precisam
adaptar suas normas às da CF (ex: o município não pode
adotar o bicameralismo; não pode uma CE elencar que o
chefe do executivo vai ser um monarca)
◦ ex: para que o PR se ausente do país por mais de 15 dias,
precisa de autorização expressa → veio uma lei estadual
exigindo que a ausência de 1 dia já exige autorização. Isso
chegou no STF, que foi analisar a razão de ser da norma
constitucional e entendeu que a estadual sera
inconstitucional
▪ eles podem criar também o resto do corpo normativo, as outras
leis (tem doutrina que acha que isso é a 4ª capacidade, mas a
Nathalia entende que está junto com a auto-organização

b) AUTOGOVERNO: capacidade de criação de órgãos supremos e


escolha de agentes públicos para o seu desempenho – STF fala que é
a capacidade de escolher o chefe do poder executivo e os
representantes do legislativo

c) AUTOADMINISTRAÇÃO: é ter seu próprio órgão para prestar os


serviços públicos – capacidade de se decidir quanto aos interesses
locais (seria qualquer serviço)

• FEDERAÇÃO NÃO ACEITA SECESSÃO – O VÍNCULO É ETERNO E


INDISSOLÚVEL). Ucrânia não estaria em risco de secessão porque é
estado unitário – estado unitário não ocorre secessão
• POR QUE NO ART. 1º DA CF UNIÃO TEM LETRA MINÚSCULA E NO
ART. 18 É MAIÚSCULA? Porque no art. 1º se fala união no sentido de
vínculo, vínculo indissolúvel. Quando fala em União ente, usa letra
maiúscula

1. BICAMERALISMO de maneira a possibilitar a participação da vontade


regional na formação da vontade nacional – o poder legislativo é
bicameral para permitir que a vontade estadual participe da vontade
nacional ou brasileira
• O QUE É BICAMERALISMO? 2 casas. O poder legislativo da União é
composto em 2 casas: câmara e senado, mas isso não se aplica aos
Estados, DF e Municípios, que são unicamerais
• POR QUE ISSO? Para permitir a participação da vontade regional na
formação da vontade nacional. COMO ISSO OCORRE? Pelo Senado (lá a
formação é igualitária, armas são iguais)
◦ POR QUE NÃO NA CÂMARA? A composição dos deputados é
proporcional ao tamanho do estado e do DF, NÃO HÁ GARANTIA DE
QUE OS ESTADOS VÃO FAZER VALER SUA VONTADE (ex: SP tem 80
membros e RO tem 8)
◦ a função do senado é de neutralização de interesses que
eventualmente tenham se polarizado na câmara

• QUAL A REPERCUSSÃO JURÍDICA DISSO? Quem fala por último no


processo legislativo, em regra, é o Senado para garantir a neutralização
de interesses (salvo nos casos em que a iniciativa for do PR)
◦ na câmara o domínio é do sul e sudeste (população maior) e no
senado há dominação do norte e nordeste (tem mais estados)

• QUAL A REPERCUSSÃO DISSO NA ARQUITETURA? 2 prédios iguais.


Câmara na direita voltada para cima porque tem por missão a inovação
(é ela que inicia o processo legislativo, voltada ao sol, criação). O senado
é equilíbrio, voltado para baixo, equilíbrio que o chão dá. Poderes
iguais com funções diferentes e por isso o jogo de arquitetura

→ Bicameralismo é comum em estados federados. Mas há federações sem


bicameralismo (ex: Venezuela) e há bicameralismo sem federações (ex: Reino
Unido)
2. REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA:

QUANDO NASCEU A IDEIA DO CONSTITUCIONALISMO?


Constitucionalismo é a limitação do poder e vimos isso desde a Grécia
(com as 3 características de constituição a federação está formada, agora
precisamos ver como conservar isso)

- CARACTERÍSTICAS DE CONSERVAÇÃO:

1. EXISTÊNCIA DE ÓRGÃO COMPETENTE PARA CONTROLE DE


CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS E ATOS NORMATIVOS
• obs.: não é órgão JUDICIAL → a exigência mínima é que tenha um
órgão, não se exige que seja judicial e muito menos concentrado. Não
vem ao caso qual órgão e quantos órgãos, o estado que vai decidir
• aqui no Brasil por exemplo não é concentrado, temos o controle
constitucional difuso
2. LIMITAÇÕES AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO
DECORRENTE:
◦ Esse poder não é ilimitado, está limitado pela CF e a principal delas é
o princípio da simetria
◦ O STF trata simetria como regra, mas isso deveria ser exceção:
quanto mais simetria for exigida, menor vai ser a autonomia. A
grande dificuldade prática é saber quando a simetria se aplica e a dica
é pensar: SE EU CRIAR NORMA DIFERENTE VAI COLOCAR EM
RISCO O EQUILÍBRIO DO VÍNCULO FEDERATIVO?
▪ Ex: igualdade de gênero – se um estado entendesse pela igualdade
e outro não isso colocaria em risco o vínculo federativo
▪ constituição de estado não tem que ser cópia da CF, tem
autonomia para mudar isso, desde que não coloque em risco o
vínculo federativo (ex: legitimidade ativa para ADI estadual é
diferente da CF mas isso não coloca em risco o vínculo federativo)

Barachio fala de normas de repetição e normas de imitação – nas duas tem


normas iguais. Na repetição é igual porque não poderia ser diferente – se
aplica a simetria; na imitação é igual, embora pudesse ser diferente – não tem
simetria
- o STF é muito criticado pelo uso que faz da simetria

• INTERVENÇÃO FEDERAL: precisa haver a previsão de intervenção


federal

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
É a 3ª característica/elemento da formação do federalismo
O QUE É COMPETÊNCIA? É o limite ou medida do poder político na federação
– sempre que o poder político for limitado, essa medida vai ser competência
* é instrumento do constitucionalismo, que é a limitação de poderes

QUAL O CRITÉRIO UNIVERSAL DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS?


PREDOMINÂNCIA, PREPONDERÂNCIA OU PREVALECÊNCIA DE INTERESSES
(nunca interesse exclusivo porque não há interesse só de um)
* vamos ter vários sistemas ao longo do mundo e eles têm o mesmo ponto de
partida, predominância de interesses, mas a depender do sistema, vamos
chegar em coisas diferentes

COMO FUNCIONA ESSE CRITÉRIO? Vou ver qual ente político tem maior
interesse naquele tema
• UNIÃO: predominante interesse nacional (ex: serviço diplomático;
defesa a agressões externas)
• ESTADOS: predominante interesse regional
• MUNICÍPIO: predominante interesse local (ex: coleta de lixo; limpeza
urbana)
(o transporte coletivo deixa bem claro esse critério → se for prestado dentro
do município, é competência do município; se dentro do estado, é estadual e,
por fim, pode ser da união. O serviço é o mesmo, só vai mudar o interesse)

DIREITO COMPARADO – SISTEMAS DE REPARTIÇÃO:


obs.: só o Brasil trabalha com 3 níveis, por isso só vamos falar em estado e
união
• INDIANO: a CF enumera as competências federais e as estaduais
• CANADENSE: a CF enumera as competências do estado e o
remanescente e que não for a ela proibido vai para a União
• AMERICANO: é o canadense invertido. CF enumera competência para
União e reserva o remanescente para o Estado

- EXPRESSA/ REMANESCENTE/
ENUMERADA RESIDUAL
INDIA UNIÃO/ESTADO -
CANADÁ ESTADO UNIÃO
EUA UNIÃO ESTADO

QUAL O MODELO ADOTADO NO BRASIL?


Em regra, tivemos influência do modelo americano (art. 25, §1), mas há um
caso específico em que a CF enumera todas as competências: matéria de
impostos (art. 153, 155 e 156)
* além disso, temos 4 situações em que nos aproximamos ao modelo
canadense. 3 que dão competência ao Estado e 1 norma aplicada ao Município
• Art. 18, §4º. A criação, a incorporação, a fusão e o
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro
do período determinado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações
dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei
◦ Veio com a EC 15/96 para tentar coibir a emancipação de
municípios: passou a exigir a consulta de todos os municípios
(antes era só do município a ser emancipado) → há um caso
famoso na Bahia que ocorreu a emancipação sem essa consulta
e o STF reconhececeu a inconstitucionalidade mas não declarou
por causa dos efeitos (ver isso)
• Art. 25, §2º. § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma
da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.
◦ O STF demorou para reconhecer a possibilidade de estados
editarem MP nos casos em que a CF permite. Esse artigo já dizia
isso: se faz a ressalva aqui é porque nos outros casos poderia
• Art. 25, §3º. Os Estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum.
◦ Os consórcios públicos surgem aqui (não acontecem só aqui,
mas geralmente acontecem aqui)
• Art. 30. elenca as competências dos municípios (destaque ao inciso
I e V)

MODELO ADOTADO NO BRASIL – Fernanda Dias Almeida, autora que criou


a tese de que temos 2 planos diferentes de repartição: repartição em plano
horizontal e repartição em plano vertical
(detalhe histórico: até o século XVI o Brasil só tinha plano horizontal, agora
tem os 2)
PLANO HORIZONTAL PLANO VERTICAL
Distribuição de matérias DISTINTAS Distribuição de matéria IDÊNTICA
entre as entidades federativas, entre as entidades federativas,
compreendendo as competências compreendendo as competências
exclusivas e as competências comuns e as competências
privativas de CADA unidade da concorrentes de TODAS as unidades
federação da federação

- formam o critério de predominância - competência em condomínio


de interesse - formam uma torre
- formam uma mesa - INFLUÊNCIA ALEMÃ
- INFLUÊNCIA AMERICANA

1. PLANO HORIZONTAL: ideia de fracionamento, divisão e atribuição de


frações a cada ente, conforme o interesse preponderante e é de influência
americana
* o gênero plano horizontal tem 2 espécies: COMPETÊNCIA PRIVATIVA E
EXCLUSIVA
EXCLUSIVA PRIVATIVA
É DELEGÁVEL
É INDELEGÁVEL
(DICA: E → I (VOGAL) - art. 22 da CF, desde que POR LEI
COMPLEMENTAR + FAVOREÇA O
- art. 21 da CF ESTADO + QUESTÕES
ESPECÍFICAS

ÚNICO CASO DE DELEGAÇÃO DO ART. 22, PU → piso salarial. Lei


complementar federal delegou aos estados a competência de legislar sobre
esse tema (art. 22, I define como competência da união, mas o PU permite a
delegação)
* o estado do RJ fez 5 leis sobre isso, as 4 primeiras foram declaradas
inconstitucionais e a última foi declarada constitucional

CUIDADO.: o art. 22 foi técnico e fala em privativo, mas há algumas


disposições atécnicas. Vide art. 84: tem 21 incisos, mas o PU fala que só
alguns podem ser delegáveis (embora o caput fale em competência privativa)
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições
mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de
Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que
observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

(em uma prova do MPRJ foi perguntado sobre o sentido de privativo usado
pelo legislador)
valor central é compartimento

2. PLANO VERTICAL:
O valor central é no compartilhamento, não é fragmentar, é manter o poder
político intacto e todos o exercendo
Influência alemã → federalismo cooperativo alemã. Compartilhamento
enquanto compartilhamento
Reúne 2 competências a partir do critério de cumulatividade. A ATUAÇÃO DE
UM ENTE EXCLUI A DO OUTRO? OU TEMOS PARCERIA ENTRE ELES?
* ideia de adição ou de subtração

COMUM CONCORRENTE
É cumulativa – é o habitat propício Não cumulativa → a atuação de um
para parcerias exclui a do outro. Parcerias inviáveis

* soma de esforços para o objetivo * concorrente = concorrência entre


comum eles, “disputa”
Art. 23 caput + PU

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios:
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre
a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
O ART. 24 ENGLOBA O MUNICÍPIO? STF entende que sim
(colocar remissão do art. 30, §2º no art. 24 = se a competência é de
suplementar, ele também está incluído aqui → não faria sentido a CF dar
autonomia igual aos entes e se aqui é condomínio, ele tem que participar
Seguindo esse raciocínio consideraríamos como constitucional uma lei
municipal de proteção ambiental (art. 24, inciso VI)

COMO ENTENDER OS § DO ART. 24?


Alice Gonzales Borges tem um livro interpretando o art. 24, §1º e diz que
NORMA GERAL é a que consagra um princípio e tem aplicação uniforme em
todo o Brasil.
• SE A UNIÃO JÁ PRODUZIU A NORMA GERAL: estado, DF e município
suplementam essa norma geral – eles não podem inovar, só vão
produzir a especial (concretizar o abstrato)
◦ ex – MP: a lei 8625/93 é a LONMP com normas gerais, editada pela
União. Os estados criaram as normas especiais (RJ criou a LC/RJ
106/03, LOMPRJ). Eles suplementaram e não inovaram

• SE A UNIÃO NÃO PRODUZIU AINDA: vai faltar balizamento que


reduza sua capacidade legislativa e os entes vão ter capacidade plena
◦ E SE DEPOIS A UNIÃO PRODUZIR A NORMA GERAL? É o §4º. Vai
suspender a eficácia no que for contrário
▪ NÃO É REVOGAÇÃO. Lei federal nunca vai revogar lei estadual
porque isso quebraria o sistema federativo
▪ SÓ SUSPENDE NO QUE FOR INCOMPATÍVEL. Se for compatível,
ambas permanecem válidas em harmonia
obs.: se a União elaborar a lei geral depois, vai suspender a do
estado no que for contrária e se essa norma geral for declarada
inconstitucional, volta a do estado
▪ ex: defensoria pública não tinha norma geral, RJ fez a LC/RJ 6177.
Depois veio a lei federal 80/94 → se a 1ª prevê férias de 100 dias
e a 2ª de 30, prevalece a 2ª
- principais artigos sobre competência: art. 21 a 24

DICA PARA QUESTÕES DE COMPETÊNCIA: sempre observar o objeto


imediato da lei, sobre o tema da lei. Sem olhar para os efeitos mediatos, que
são os efeitos que ela pode gerar

- QUESTÕES POLÊMIAS SOBRE COMPETÊNCIAS:


A principal questão do art. 21 hoje em dia é a TELECOMUNICAÇÃO, que é de
competência da União
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão,
os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos
institucionais;
* ex: LEI MUNICIPAL DE SÃO GONÇALO PROIBINDO QUE NO BAIRRO X SEJA
INSTALADO ANTENA DE TELEFONIA CELULAR É CONSTITUCIONAL? SIM.
Embora a matéria seja de telecomunicação, o que a lei faz é regular o
urbanismo (matéria de interesse local). Não discute questão de telefonia aqui,
não fala de frequência etc. A LEI GERA OUTROS EFEITOS, MAS EM
ESSÊNCIA É DE URBANISMO (art. 30, I)

Até hoje se discute sobre CONSTITUCIONALIDADE DO RODÍZIO DE


CARROS EM SP: uma lei municipal não pode regular direito de propriedade
- temos que analisar o objetivo direto da lei, que é permitir a circulação urbana
adequada. Ela repercute em direito de propriedade, ambiental, civil etc, mas
aqui está dentro do interesse local

LEI MUNICIPAL PREVENDO DIAS “SANTOS” COMO FERIADO. Também é


lei de mobilidade urbana, a lei fala que, por ser homenageado São Jorge
naquele dia, a mobilidade urbana pode ser prejudicada

* agora em relação aos art. 22 e 23 temos os casos concretos propostos pela


escola
1ª - Questão:
Determinado Estado da Federação propõe demanda em face da União, em virtude de a ré ter
inscrito o autor em cadastro de inadimplentes, relativamente a pendências levadas a efeito pelo
INCRA e IBAMA, o que o impede de obter benefícios financeiros junto à União.
O autor alega que a inscrição é indevida, uma vez que as pendências têm como origem atos de
governos passados, e pugna pela aplicação do princípio da intranscendência.
Ademais, o autor afirma que a inscrição se deu em decorrência de pendências administrativas
relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório, por incompatibilidade com o
postulado da razoabilidade.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgado o caso.
COMPETE A UNIÃO MATÉRIA DE INCRA E IBAMA? Compete – art. 22, I e 23
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho; - AGRÁRIO ENVOLVE O INCRA
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;

POSSO LEVANTAR A QUESTÃO DA INTRANSCENDÊNCIA?


PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA SUBJETIVA DA SANÇÕES: a sanção
aplicada a uma pessoa não pode passar pela outra
Mas quem recebe pelo débito é o Estado, o estado continua responsável por
ele ainda que haja sucessão de governantes

QUESTÃO DO PRECATÓRIO: se já está incluído em pagamento para ser


pago, vai ser pago e não pode ser considerado como inadimplente

RESPOSTA: julga improcedente para União se abster da restrição por conta da


razoabilidade. Se já foi providenciado o precatório, não há o que a União fazer
agora
ACO 3083 (AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA – ação cível de competência do STF)

COVID-19: HÁ MONOPÓLIO DA UNIÃO SOBRE O TEMA OU É


COMPETÊNCIA CONCORRENTE?
STF falou que COVID-19 se enquadra no art.23, II e art. → não pertence a
União o Monopólio
* art. 23, II seria competência administrativa → implementar política pública e
é concorrente a todos os entes
* art. 24 é competência legislativa → concorrente

INTERVENÇÃO FEDERAL
* uma das características referentes a conservação do federalismo
PREVISÃO NORMATIVA: art. 34 e art. 36 da CF

DEFINIÇÃO
O QUE É A INTERVENÇÃO FEDERAL? É o afastamento temporário e excepcional
da autonomia política de uma entidade federativa
* vamos fragmentar em 3 partes
• AFASTAMENTO TEMPORÁRIO E EXCEPCIONAL (aborda as
características)
◦ TEMPORARIEDADE: a intervenção dura o intervalo de tempo
necessário para reestabelecer a ordem. Nem mais e nem menos,
ainda que dure muito tempo, ela vai acabar
◦ EXCEPCIONALIDADE: só cabe nos casos taxativos do art. 34 – é
exceção e não posso ampliar a numeração (se fosse assim eu
converteria a exceção em regra)
▪ SE ESSA NUMERAÇÃO É EXAUSTIVA, ISSO VALE PARA UNIÃO E
ESTADOS, SOB PENA DE TRANSFORMAR EM EXEMPLIFICATIVA

• DA AUTONOMIA POLÍTICA (aborda objeto): o que é afastado aqui é a


autonomia política, que inclui a tríplice: autoadministração, autogoverno
e auto-organização
◦ A INTERVENÇÃO PODE AFASTAR PARCIALMENTE A
AUTONOMIA POLÍTICA? SIM! Se eu posso afastar tudo, posso
afastar uma parte (os 3 casos que tivemos no Brasil de intervenção
houve o afastamento parcial. No RJ afastou a autoadministração em
relação a segurança pública

• DE UMA ENTIDADE FEDERATIVA (aborda sujeito passivo):


◦ QUE ENTIDADE É ESSA QUE SOFRE A INTERVENÇÃO FEDERAL? Sobre
Estado ou DF
◦ POSSO TER INTERVENÇÃO FEDERAL SOBRE MUNICÍPIO? NÃO. Se o
município sofrer hoje a intervenção, será do estado e não da União,
mas pode ser que no futuro isso venha a ocorrer), mas para isso
precisaríamos de criação de territórios federais e ter divisão desse
território em municípios
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:

HÁ CHANCE DE CRIAÇÃO DE TERRITÓRIOS? Sim, a CF se preocupa em


anexação territorial. Enquanto se discute o que “fazer” com aquele território,
anexa em território federal e depois decide (foi o que aconteceu com o Acre)
* CF/88 extinguiu os territórios federais. NÃO TEMOS MAIS
* QUAL A NATUREZA JURÍDICA DE FERNANDO DE NORONHA? Bem imóvel de
Pernambuco. Uma ilha. Por isso o acordo feito com a União é válido: é de
gestão compartilhada

2ª - Questão:
Analise, em no máximo 15 (quinze) linhas, a constitucionalidade de texto de constituição do
Estado que permite a intervenção estadual em município quando se verificar, sem justo motivo,
impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo estado ou quando forem praticados, na
2ª - Questão:
Administração municipal, atos de corrupção devidamente comprovados.
Envolve a questão de o estado ampliar na sua CE o rol TAXATIVO do art. 34 da
CF → viola o princípio da simetria e transformaria o rol em exemplificativo,
viola a excepcionalidade da intervenção federal. INCONSTITUCIONAL
* art. 34 não prevê como causa de intervenção a impontualidade de
empréstimo ou corrupção
- SILOGISMO: premissa maior é que não pode ampliar; premissa menor é que
não estão prevista e conclusão é inconstitucionalidade
ADI 6616
A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual
diferentes daquelas que são elencadas no art. 35 da Constituição Federal.
As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da CF/88 são
taxativas.
Caso concreto: STF julgou inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da
Constituição do Estado do Acre, que previa que o Estado-membro poderia
intervir nos Municípios quando: IV – se verificasse, sem justo motivo,
impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V –
fossem praticados, na administração municipal, atos de corrupção
devidamente comprovados.
STF. Plenário. ADI 6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021
(Info 1014).

PRESSUPOSTOS
São as causas interventivas – art. 34
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
I - manter a integridade nacional; (VIDE ART. 18, CAPUT E PU E ART. 1º) -
o vínculo é indissolúvel – vedação ao direito de secessão

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;


• INVASÃO INTERNA: decreta intervenção federal na área invadida –
acontece por forças armadas estaduais, bombeiros e polícia militar
◦ art. 290 do CPP: prisão em flagrante. Ex: roubo a banco em Itatiaia, 3
agentes. Perseguição desde a consumação. Chegam em SP → se não
fosse esse art. 290 a PMRJ tinha que parar e a PMSP continuar. A
única exigência é apresentar o preso a delegacia do local onde foi
efetuada a prisão
▪ então isso não é invasão, a lei autoriza. qualquer hipótese além do
art. 290 (ex: quando não tem flagrante e não tem mandado) é
invasão
• INVASÃO EXTERNA: art. 84, XIX (guerra). A consequência a quem
invade é declarar guerra
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; → não importa a
causa (se humana ou natural), desde que seja grave.
• CAUSA NATURAL: calamidade pública (ex: tsunami)
• CAUSA SOCIAL: comoção social (ex: brasília em 2023 e RJ em 2018)
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação; - vide art. 2º, separação de poderes. SEMPRE QUE HOUVER
COAÇÃO DE UM PODER CONTRA O OUTRO PODE ENSEJAR (art. 2 fala que
devem ser harmônicos e independentes entre si → se há coação não há
harmonia)
*ex: judiciário vai julgar uma causa que o estado tem interesse. O estado vai e
condiciona o repasse de verbas a julgar a causa em determinado sentido que
ele indica → é coação, impede a liberdade do poder

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:


a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior;
• VIDE art. 29 da LC 101/00 – lei de responsabilidade fiscal: se houver
dívida fundada (a lei fala o que é dívida fundada) e aqui eu posso intervir
◦ No caso concreto da lei do acre fala que cabe intervenção por mera
impontualidade – não cabe. Precisa de 2 anos
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
É UMA OMISSÃO
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA REPARTIÇÃO DE RECEITA
TRIBUTÁRIA TRIBUTÁRIA

Possibilidade de instituição, Necessidade de divisão do valor


arrecadação e cobrança do tributo apurado com os outros entes
ex: MG tem competência sobre o IPVA ex: MG apurou 2x de receita em IPVA,
→ ele pode instituir, arrecadar e precisa repartir entre os municípios
cobrar

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;


- NÃO PAGAR PRECATÓRIO POR NÃO TER RECURSO EXCLUÍ A INTERVENÇÃO?
Deveria ser motivo de intervenção, a dívida é líquida e certa. Mas o STF fala
que não pagar precatório permite a intervenção, mas se for por alegação de
falta de recurso, exclui a possibilidade (isso porque o ato adminstrativo carrega
a presunção de legitimidade). STF FALA QUE AQUI SE APLICA O
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE: se o Estado tem um quadro várias
obrigações a cumprir, ele pode fazer um juízo discricionário sobre conveniência
e oportunidade (quando e se quiser).
CRÍTICAS FEITAS AO STF:
• eles falam que isso é motivo de força maior → força maior é fato
imprevisível e inevitável e aqui é previsível e evitável (se é precatório já
tinha verba destinada)
• ainda que fosse força maior, não excluiria a intervenção porque a IF é
excepcional e quando a CF prevê essa possibilidade, não faz a ressalva
de força maior como fez no inciso V
• o estado não é soberano quando devedor – atribuir esse privilégio a ele é
odioso (assim como todo privilégio é odioso dentro de uma república)
COMO FICA NA PRÁTICA? Acaba não acontecendo nada → ele não paga
porque não tem sanção e a solução é fazer acordo porque ai vai ter solução
por outra via
* daria para discutir aqui a questão do descumprimento da ordem da ADPF de
não intervenção nas favelas

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:


a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
SÃO OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS: princípios cuja a
ameaça ou lesão gera a intervenção federal
* acho que tenho isso no livro

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 

2ª - Questão:
Determinado estado da federação estabelece um plano de benefícios fiscais para beneficiar os
municípios do seu âmbito territorial, estabelecendo que qualquer descumprimento de suas cláusulas
enseja o não-repasse dos recursos de ICMS previstos na CRFB88.
O município de Ribeirinhas, por dificuldades financeiras, descumpriu uma determinada obrigação
financeira prevista no acordo citado, vendo-se, desta forma, privado dos repasses do ICMS
previstos na CRFB88. Desta forma, recorreu judicialmente contra a medida adotada pelo Estado de
reter os repasses.
Responda fundamentadamente se agiu o pleito do município merece respaldo do ordenamento
jurídico nacional.
ESTADO PODE CONDICIONAR O REPASSE DE VERBAS? A CF determina que
repasse. Não pode o estado condicionar esse repasse a uma hipótese não
prevista em lei
* o estado tem a chave do cofre, mas a propriedade é do município
* art. 158, IV → o recurso é do município e o estado só gere o repasse
ISSO É TÃO INCONSTITUCIONAL E GRAVE QUE GERA INTERVENÇÃO
FEDERAL
RE 572762

REQUISITOS
ATENÇÃO: o art. 36 da CF é um dos mais atécnicos do texto constitucional e,
com isso, sempre que for responder questões desse tipo, tentar fazer um
quadro LÓGICO, sem decorar

Há um gênero que é a intervenção federal e pode ser ESPONTÂNEA OU


PROVOCADA
* art. 36 trata dos casos de provocada

PROVOCADA ESPONTÂNEA
Não decretada de ofício, precisa da Decretada de ofício (ex: PR percebe
provocação POR SOLICITAÇÃO OU que ocorreu e já decreta)
POR REQUISIÇÃO
* SOLICITAR É PEDIR →
DISCRICIONÁRIO
* REQUISITAR É MANDAR –
VINCULADO
SE TIVER NO ART. 36 E NO ART. 34: TUDO QUE ESTIVER NO ART. 36 E
PROVOCADA NÃO ESTIVER NO ART. 34 É
ESPONTÂNEA
OUTROS Art. 34, I, II, III e V

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:


I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder
Executivo coacto ou impedido / ou de requisição do Supremo Tribunal Federal,
se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
* só há solicitação no art. 36, I PRIMEIRA PARTE, depois são todos casos de
requisição
SOLICITAÇÃO:
• PODER EXECUTIVO: art. 34, IV c/c art. 36, I inicio

• PODER LEGISLATIVO: art. 34, IV c/c art. 36, I início


REQUISIÇÃO:
• STF: art. 34, IV c/c art. 36, I final

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do


Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
Tribunal Superior Eleitoral;
* COMO SEPARA A COMPETÊNCIA AQUI? Pela competência da ordem
descumprida (ex: precatório descumprido quem manda é o STJ; matéria
constitucional é STF
MATÉRIA CONSTITUCIONAL – STF
MATÉRIA LEGAL + ELEITORAL – TSE
MATÉRIA LEGAL NÃO ELEITORAL – STJ
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do
Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de
recusa à execução de lei federal.  
A terceira ideia seria de uma ação judicial → AQUI O PGR PROPOS UMA
AÇÃO NO STF. FOI JULGADA PROCEDENTE
PROVIMENTO = PROCEDENTE
ESSA É A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO
INTERVENTIVA: pgr entra com ação no stf por violação de princípio sensível

1ª - Questão:
Um determinado Juiz de Direito de comarca do interior apresenta ao Tribunal requerimento de
intervenção federal, com fundamento no art. 34, VI, da CRFB88, sob a alegação de
descumprimento pelo Estado de ordem judicial de reintegração de posse.
Responda, fundamentadamente:
a) se agiu corretamente o juiz ao inicializar o procedimento;
b) qual o órgão competente para a decretação da referida intervenção;
c) se o prosperam argumentos do Estado com o propósito de justificar o descumprimento da ordem
judicial, tais como, existência de procedimento administrativo de aquisição da referida propriedade
pelo Incra para fins de reforma agrária; e a consolidação da invasão, que contaria com mais de 600
integrantes.
a) sim
b) a ordem de requisição é do STJ, mas quem decreta é a PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA (órgão e não pessoa)
c) não, a hipótese prevista na CF não tem ressalva, já é motivo de intervenção
e quando a CF ressalva o faz de modo expresso
IF 115

UNIÃO, DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS FEDERAIS


Estado surge como forma de organização social a partir de determinados
fatores de aglutinação antropológica (agregação). Esses fatores são os mais
diversos possíveis: etnia, crença, língua, ideais políticos, cultura etc.
- esses são os principais fatores que levam a formação do estado e são
extremamente importantes
Esses fatores nos levou a nos organizarmos em comunidade e a partir daí
começamos a desenvolver algumas formas de organização e surgiram os
modelos mais simplórios de organização do estado.
- precisamos entender os antecedentes históricos daquela organização: o que
levou aquele agregamento, como se formaram etc.
No novo mundo esses fatores se deram por imposição das metrópoles em cima
das colônias (novo mundo como sendo Américas e Oceania) e a formação se
deu por ius solius; enquanto no velno mundo era ius sanguinis

• ANTECEDENTES HISTÓRICOS
No mundo hoje temos 20 estados federais e completamente diferentes entre
eles por causa da formação histórica: alguns são extremamente centralizados
(Brasil) e outros extremamente descentralizados (EUA)
O Brasil era estado unitário e na Constituição de 1891, nos transformamos em
estado federado → a nossa formação não tem nenhuma relação com a nossa
historicidade, pois importamos muita coisa dos EUA (ex: senado)
A ÚNICA FEDERAÇÃO COM “TERCEIRO GRAU” É O BRASIL. Os outros são
de 2º grau, com União e Estado

• CONSEQUENTES DEMOCRÁTICOS E CULTURAIS


• MANUTENÇÃO DA SOBERANIA
Não importa o modelo (estado unitário, concentrado; autonômico; regional ou
federal), o plano de fundo para sua criação é a MANUTENÇÃO DA
SOBERANIA.

ARQUÉTIPOS – MODELOS
Quando vai se organizar, o estado tem os modelos para “escolher”: UNITÁRIO;
REGIONAL
• ESTADO UNITÁRIO
◦ SIMPLES
◦ DESCONCENTRADO
◦ DESCENTRALIZADO
• ESTADO REGIONAL

Ex: a Itália sofre um movimento separatista muito forte que foi mitigado
com a CF Italiana dando mais autonomia às regiões do norte e menos
para a do sul
• ESTADO AUTONÔMICO
Ex: Espanha

• ESTADO FEDERAL
A ideia do estado federal surge na Constituição Norte-americana com o
objetivo de evitar movimentos separatistas → ela surge inclusive depois de um
movimento de secessão.
• CONFEDERAÇÃO: reunião de vários ENTES SOBERANOS
A CF deixa clara no início a intenção de formação dessas comunidades
obs.: NÃO EXISTE PREPONDERÂNCIA DE UMA FORMA ORGANIZACIONAL
SOBRE OUTRA. Não há como dizer que o estado federal é o modelo
organizacional é mais evoluído que outro, a realidade é diferente.

ESTADO FEDERAL
Há 2 características fundamentais que impactam e projetam:
• INDISSOLUBILIDADE
• AUTONOMIA: é composto por pessoas e essas pessoas que o compõem
são autônomas
◦ SOBERANIA É ÚNICA E A AUTONOMIA É PLÚRIMA: União,
Estado e Municípios são entidades federativas autônomas e o ESTADO
FEDERAL, BRASIL É SOBERANO
obs.: o nome que o estado federal recebe é irrelevante para o caracterizar
como estado federal (tem lugar que é formado por províncias, regiões etc.)

A existência na nossa CF da forma federativa como cláusula pétrea é outra


peculiaridade da nossa constituição, em vários outros não há essa
“imutabilidade” e proteção. Então posso dizer que ser cláusula pétrea não é
uma exigência para que o estado seja federal
* no nosso caso isso se deu justamente pela “escolha” do estado federal não
ter nenhuma relação com a nossa cultura

OBJETIVO DO ESTADO FEDERAL:


• MANUTENÇÃO TERRITORIAL
• PUGNA POR UMA DESCENTRALIZAÇÃO: quanto mais descentralizado,
mais intenso o coeficiente, maior a democracia
• LIBERDADE
• PAZ
• BOM GOVERNO
* esses são os aspectos filosóficos do estado federal

ELEMENTOS DO ESTADO FEDERAL

- Não precisa ser cláusula pétrea, mas a CF que une os entes e forma o vínculo
do federalismo precisa ser UMA CONSTITUIÇÃO ESCRITA
• Precisa ser cláusula pétrea? Vimos que não
• Precisa ser rígida? Não, pode ser semirrígida (não pode ser flexível
porque precisa ser escrita)

→ a lei orgânica do DF é híbrida: está mais próxima de uma constituição de


estado do que uma lei orgânica municipal (DF não pode se dividir em
municípios, é formado por regiões administrativas e não elegem vereador e
nem prefeito)
CF ESCRITA
DIVISÃO DO PODER TERRITORIAL
MANUnTEÇÃO DA UNIÃO

FORMAS DE CRIAÇÃO DO ESTADO FEDERAL


• CENTRÍPETA (ou integrativo): as “colônias” abrem mão da sua
autonomia para fazer parte dos Estados Unidos
• CENTRÍFUGA (ou devolutivo): é o poder central abrindo mão um
pouco do seu poder, autonomia, e criando os outros entes
◦ Aqui é o que a Nathalia Masson fala que quem se forma por
“fragmentação, quem tem o poder, é parcimonioso em abrir mão e
abre pouco: por isso, ainda que sejamos descentralizados, somos
muito centralizados em relação a concentração de poder

COMPETÊNCIA: DEFINIÇÃO
O QUE É? É estabelecer o que cada um vai fazer dentro do todo – qual a
competência de cada entidade federativa
* José Afonso da Silva pontua isso muito bem

COMPETÊNCIA: CONSIDERAÇÕES GERAIS


Antes tínhamos um federalismo dual (cada um por si: o que era da União era
da União), mas agora migramos para o FEDERALISMO COOPERATIVO
- quando a 1ª federação surgiu no planeta tinhamos o federalismo dual,
clássico: o que era da União era intocável e o resto era dos Estados. A união
foi se fortalecendo e os estados enfraquecendo, até a Crise de 1829 em que os
estados de fortaleceram
* PARADIGMA: o caso do trabalho infantil – Hammer x Dagenhart. Declara a
lei federal inconstitucional com o argumento de que a realidade mudou e o
papel da União não é mais preponderante como era antes.

UNIÃO
E NO BRASIL? COMO A UNIÃO SE COMPORTA?
Tivemos CF outorgadas e sempre que isso ocorre, temos o fortalecimento do
executivo em detrimento dos outros. Quando a CF é promulgada ocorre o
inverso: o legislativo prepondera sobre os outros (o prof. fala que hoje em dia
na verdade vivemos um ativismo judicial enorme)
• CF 1891 (promulgada – mas há quem defenda que há características de
outorga porque quem assumiu foi um militar – Marechal Deodoro). A
União se preponderou sobre o legislativo, ela podia quase tudo
• CF 1934: surgimento de uma proposta mais democrática e os poderes da
União acabam sendo mitigados – mas isso durou pouco
• CF 1937 (OUTORGADA): a vontade da União volta a preponderar sobre
os outros. Não existia poder legislativo no Brasil porque ele foi dissolvido
e o Getúlio Vargas inclusive anulava as decisões do STF quando ele não
concordava
• CF 1946: União volta a ter poderes mitigados, a CF praticamente reedita
a CF 1937. Era o governo de JK e tudo ficou bem até o 1964, golpe
militar com os atos institucionais que eram supraconstitucionais, acima
da CF e suspendem as garantias fundamentais
• CF 1967/69: autonomia dos outros entes federais é mutilada
• CF 1988: RESTAURA O EQUILÍBRIO ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS
◦ A NERD FDP (classificação da CF/88)

ORGANIZAÇÃO FEDERAL
O ESTADO FEDERAL, A REPÚBLICA FEDERATIVA É O TODO
• Dotado de SOBERANIA → poder político inerente a qualquer estado
(não importa se unitário, regional, autonômico ou federal)

ENTIDADES FEDERATIVAS SÃO AS PARTES QUE COMPÕEM O TODO,


dotadas de AUTONOMIA, mas sem hierarquização entre elas
• UNIÃO – art. 20 e 24 (vemos o quão é centralizado – União legisla e
administra 2/3 de tudo que há na CF)
• ESTADOS – art. 25 e 28
• MUNICÍPIOS - art. 29 e 31
• DF

(SOBERANIA É UNA E A AUTONOMIA É PLÚRIMA)


* existem situações de crise em que um ente se sobrepõe a outro, mas são
excepcionais (ex: estado de defesa, sítio ou intervenção federal) e em
situações normais não há nenhuma hierarquia

UNIÃO PODE MUITO, MAS NÃO PODE TUDO (se pudesse, seria estado
unitário).
2/3 de tudo que há na CF para legislar e administrar é da União (art. 24/24).
Uma parte é definida para o Estado (art. 25, §1) e outra para o Município (art.
30). E O QUE SOBRA? É uma área de atuação comum entre os 3 (art. 23) e o
art. 24 com União e Estados
* E O DF? Ele tem dupla competência → tem as competências estaduais e
municipais (ex: lei distrital sobre redução de IPTU (lei municipal) e ICMS (lei
estadual) para empresas que contribuem para a prática desportiva → se for
discutir essa constitucionalidade do ICMS é no STF com ADI; se for discutir
IPTU, é tema municipal e a lei orgânica é em ADI no TJ porque a LOMDF prevê
isso

QUEM DEFINE ATÉ ONDE AS ENTIDADES FEDERATIVAS PODEM


LEGISLAR (FRONTEIRAS)? O STF POR MEIO DO CONTROLE ABSTRATO
DE CONSTITUCIONALIDADE
* essas fronteiras são mutantes e sofrem mutações o tempo todo
SV 2
38
39
46
49

ORGANIZAÇÃO FEDERAL: O QUE CABE A CADA ENTIDADE


ADMINISTRATIVA FAZER DENTRO DO TODO?
O que vai definir a competência é o CRITÉRIO DE PREDOMINÂNCIA DE
INTERESSE → toda vez que eu tiver maior interesse nacional, vai ser
competência da União; se for interesse local, coleta de lixo domiciliar,
competência do Município
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
• ADMINISTRATIVAS (PODER EXECUTIVO):
◦ EXCLUSIVAS – INDELEGÁVEIS (art. 21)
◦ COMUNS/PARALELAS (art. 23)

• LEGISLATIVAS (PODER LEGISLATIVO)


◦ PRIVATIVAS – DELEGÁVEIS (art. 22, PU)
◦ CONCORRENTES (art. 24)
▪ UNIÃO – normas gerais (§1º)
▪ ESTADOS/DF – normas suplementares (§2º)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário
- NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE FEDERAL E ESTADUAL, é só em razão da
repartição de competências

obs.: QUANDO A UNIÃO DELEGA SUA COMPETÊNCIA PRIVATIVA LEGISLATIVA


AOS ESTADOS, ELA DELEGA A TODOS OS ESTADOS
* no Brasil temos só um exemplo de delegação do art. 22, que foi o caso do
piso salarial

O MUNICÍPIO ESTÁ INCLUÍDO NA COMPETÊNCIA CONCORRENTE?


Vamos ver vários precedentes do STF de que sim e a EC/85 corrobora ao
acrescentar ao art. 19B dispondo que E, DF e M legislarão concorrentemente
sobre suas peculiaridades
* o STF reconhece a competência concorrente municipal, ainda que reduzida

TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS


A ideia é de que: se a CF estabelece competência para legislar sobre aquele
tema, ela tem que estabelecer meios para que isso se materialize
“A outorga de competência expressa a determinado órgão estatal
importa em deferimento implícito a esse órgão, dos meios necessários
à integral realização dos fins que lhe foram atribuídos”
ex: reconhecimento pelo STF de natureza penal do MP – não tem como falar
que o MP não tem competência para investigar.

BENS DA UNIÃO
art. 20 da CF
União é riquíssima

DISTRITO FEDERAL
DISTRITO FEDERAL É A SEDE DA UNIÃO? NÃO. É uma entidade federativa.
A sede do governo é Brasília
Art. 18, §1º

O DF tem pouca autonomia, pode muito pouco em comparação a um estado e


município
O QUE ELE PODE?
• Tem capacidade de auto-organização
• Tem lei orgânica – 2 turnos com interstício mínimo de 10 dias aprovada
com 2/3 (está mais próxima a uma CE do que LO)
◦ CONFLITO ENTRE L.ORGÂNCIA DO DF LEI DISTRITAL: é questão de
inconstitucionalidade (se fosse LO RJ e LEI ESTADUAL seria questão
de ilegalidade, resolvida no TJ). A LO do DF está mais próxima de
Constituição Estadual

• É rígida – é uma característica da lei orgânica: aprovada com 2/3 em 2


turnos nas Câmara Legislativa
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á
por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e
aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos
os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas
aos Estados e Municípios. DUPLA COMPETÊNCIA NORMATIVA

AUTONOMIA DO DF
• AUTOGOVERNO
• AUTOADMINISTRAÇÃO
• AUTOLEGISLAÇÃO
• DEFENSORIA PÚBLICA DF
O QUE ELE NÃO PODE?
TERRITÓRIOS FEDERAIS
1. NÃO SÃO MAIS CONSIDERADOS ENTIDADES FEDERATIVAS DESDE A
CF/88 – estado federado é formado pela união indissolúvel entre UNIÃO,
ESTADO, MUNICÍPIO E DF (não inclui mais o território)
2. NÃO EXISTEM MAIS – art. 14 e 15 do ADCT (a CF acabou com eles →
Roraima e Amapá viraram novos estados e Noronha foi incorporado a
Pernambuco). Hoje temos 26 estados e o DF
3. TERRITÓRIOS FEDERAIS PODEM SER CRIADOS POR LEI
COMPLEMENTAR - art. 18, §2º
4. SE CRIADO, VAI SER O QUE? Não vai ser mais entidade federativa, VAI
SER AUTARQUIA DA UNIÃO (ART. 33 DA CF)
DF TERRITÓRIO FEDERAL
É UMA ENTIDADE FEDERATIVA AUTARQUIA DA UNIÃO – se for criado
NÃO PODE SER DIVIDIDO EM PODE SER DIVIDIDO
MUNICÍPIOS
CHEFE DO PODER EXECUTIVO ELEITO CHEFE DO PODER EXECUTIVO
NOMEADO
CÂMARA LEGISLATIVA ELEITA CÂMARA TERRITORIAL ELEITA
Existe, mas não é dotado de PODER JUDICIÁRIO: existe,
autonomia, é mantido pela União (art.
21, XIII e

1ª - Questão:
Diante dos suposto abusos praticados pelas operadoras de telefonia em ligar de forma insistente
para os usuários oferecendo-lhes produtos, determinado Deputado Estadual apresenta projeto de lei
que fora posteriormente sancionada pelo Governador, no sentido de as companhias operadoras de
serviço de telefonia fixa e telefonia móvel constituirem e manter um cadastro especial de assinantes
que se manifestarem interessados em receber ofertas de produtos e serviços, a ser disponibilizado às
empresas prestadoras do serviço de "telemarketing".
Analise, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) dias, a constitucionalidade da lei.
STF apresentou uma solução na ADI 3.959: entende que a competência é da
União e o estado não pode legislar sobre isso – entende que a União tem a
primazia para legislar sobre telecomunicações
Mas tem uma decisão mais recente na ADI 5962: ENTENDE QUE É
CONSTITUCIONAL A COMPETÊNCIA CONCORRENTE DOS ESTADOS
PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO DO CONSUMIDOR
* foi mutação constitucional e isso é melhor
2ª - Questão:
Determinado consumidor propõe demanda em face da sociedade que lhe vendeu um automóvel zero
quilômetro, em que requer a condenação da ré a lhe fornecer veículo reserva, já que seu veículo
2ª - Questão:
ficará inutilizado por mais de um mês aguardando a reposição de peças para um reparo.
O autor fundamenta seu pedido em lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias e
importadoras de veículos a obrigação de fornecer veículo reserva a clientes cujo automóvel fique
inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças originais ou por impossibilidade de realização
do serviço, durante o período de garantia contratual.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgada a causa.
A tradicional jurisprudência do STF é de: NA DÚVIDA SE COMPETE A UNIÃO
OU ESTADO, A UNIÃO TEM A COMPETÊNCIA E O ESTADO NÃO (isso é
característico do nosso federalismo – autonomia do estado sempre mitigada
em detrimento da União)
- INCONSTITUCIONAL LEI ESTADUAL QUE IMPÕE ÀS MONTADORAS,
CONCESSIONÁRIAS E IMPORTADORAS DE VEÍCULOS A OBRIGAÇÃO DE
FORNECER VEÍCULO RESERVA A CLIENTES CUJO AUTOMÓVEL FIQUE
INABILITADO POR MAIS DE 15 DIAS POR FALTA DE PEÇAS ORIGINAIS OU
IMPOSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DO SERVIÇO, DURANTE O PERÍODO DE
GARANTIA CONTRATUAL. A lei extrapolou competência concorrente para
legislar sobre matéria de consumo (ADO 5158)

ESTADO MEMBRO
O Estado Membro durante a CF de 1967 e 1969 praticamente não tinha
nenhuma autonomia, mas tinha o PRINCÍPIO DA INCORPORAÇÃO
AUTOMÁTICA
* é dai que surge a ideia de SIMETRIA CONSTITUCIONAL: o que ocorre na
CF/88 deve se repetir na CE
AUTONOMIA ESTADUAL

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