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FORMAS DE ESTADO

Formas de Estado

4.1. Classificação

a) Perfeitos - aqueles que reúnem os elementos constitutivos e apresenta plena personalidade jurídica. Subdividem-se
em simples e compostos.

b) Imperfeitos - quando falta um de seus elementos constitutivos, mesmo que temporariamente ( ex: Guerra da
Secessão).

4.1.1. Estados simples e compostos.

a) Simples - duas características principais - corresponde a um grupo populacional homogêneo e apresenta um poder
único e centralizado. Ex: França, Portugal, Itália, etc. São os Estados Unitários.

b) Compostos - apresentam estrutura complexa, com centralização pequena do poder. Ocorrem com a união de dois
ou mais Estados apresentando duas esferas distintas de poder.

Os compostos são divididos (Accioly) em compostos por coordenação (Estado Federal, Confederação de Estados,
união de Estados) e compostos por subordinação (Estado vassalo, Estado satélite, Estado cliente, Estado exíguo).

4.1.2. Estados compostos por subordinação

a) Estados vassalos - situação intermediária entre a subordinação e a independência. Processo por que passavam as
províncias de um império antes de se tornarem independentes;

b) Estados exíguos - são aqueles que por possuírem um pequeno território e população igualmente pequena, não têm
meios de exercer a sua soberania de modo completo. Ex: Mônaco e San Marino;

c) Estados cliente e satélites - os Estados clientes foram aqueles da América Central que entregaram aos EUA a
administração alfandegária, exército, etc. Renunciaram assim, a algum serviço público de seu Estado soberano.
Conservaram sua personalidade jurídica internacional, soberania plena, mas não tinham total liberdade em política
externa. Com relação aos Estados satélites, são analogicamente relacionamos com os casos da ex-União Soviética, só
que subordinados politicamente a esta.

4.1.3. Estados compostos por coordenação

a) A união de Estados por coordenação, pode ser pessoal, real ou incorporada:

1ª) Pessoal - É o governo de dois ou mais países por um só monarca. É união de natureza precária, transitória e
resulta de eventuais direitos sucessórios ou convencionais. Ex: Jayme I governou a Inglaterra e Escócia; Alemanha e
Espanha sob o governo de Carlos V, etc.)

2ª. Real - É união efetiva e permanente, de dois ou mais países formando uma só pessoa de direito público
internacional. Ex: Áustria e Hungria; Inglaterra, Escócia e Irlanda formaram a Grã-Bretanha. Este último é também
conhecido como incorporação ou união incorporada.

b) Confederação - É uma união convencional de Estados, geralmente com a finalidade de assegurar a defesa comum.
É exemplo dessa união a confederação Helvetica formada pela Suíça, atualmente conhecida como união federal; Mais
recente, tivemos a Confederação dos Estados Unidos da América do Norte - 1776/1787 e a Confederação Germânica -
1815 e a Comunidade dos Estados Independentes - CEI, composta pela Rússia, Ucrânia e Bielorrúsia. A essa união,
outras nove repúblicas se integraram. Na confederação os Estados que a compõem conservam sua soberania.

4.2. Estado Federal

É a forma mais sofisticada de organização do poder dentro de um Estado. É a repartição do poder entre o governo
central (União) e as organizações regionais (Estados-membros ou províncias).

No mesmo território, existem duas ordens jurídicas diferentes.

É a descentralização política das unidades federadas que elegem seus governantes e elaboram leis relativas aos seus
interesses locais. No federalismo os Estados federados perdem a soberania em favor da União Federal.

4.3. Federalismo no Brasil.

Passou a ser adotado em 1889, com a implantação da República, e com o advento da CF de 1891 e confirmado pela
CF de 1934. Sob o Estado Novo (Era Vargas - 1937/1945) voltamos a um Estado Unitário. Com a CF de 1946 ressurge
o federalismo no Brasil e volta a sofrer um enfraquecimento durante o regime militar nascido em 1964, mas com a CF
de 1988 mostra-se a disposição federalista do Brasil.

Passou-se a dar maior autonomia aos estados-membros a partir da atual Constituição. Em nossa constituição
adotamos três ordens (e não duas como normalmente nas federações) - ordem total (União), ordens regionais (os
Estados) e locais (Municípios).

a) Estados-membros - gozam de autonomia. Porém este autogoverno é limitado pelo poder soberano.

b) Distrito Federal - passou a ter representação semelhante aos estados-membros;

c) Municípios - entidade política de existência prevista como necessária. Autonomia e competências mínimas,
conferidas pela CF.

Estrutura do Estado Brasileiro

Primeiramente é preciso saber que os países modernos tem um tipo de estruturação


diferente. Desde o surgimento do Estado, sendo ele um ente abstrato tem que ser
estruturado de alguma forma para poder funcionar. As instituições do Estado, os órgãos
públicos, as divisões de poder são abstrações que na prática não existem. O que existem,
na verdade, são pessoas e a concepção ou aceitação de que é preciso obedecer a ordem
de alguém. Entretanto, esse ente abstrato que é o Estado possui muita força e vem
mostrando isso ao longo da história da humanidade. O Estado tem sido uma fonte de
poder maior que a soma dos seus indivíduos, em razão, por exemplo, de dinheiro em
excesso, de grupos organizados (forças policiais treinadas) etc. O texto mais antigo da
humanidade, de que se tem conhecimento, é a “Epopeia de Gilgamesh”. Nesta epopeia
mostra-se a existência de um rei que já praticava arbitrariedades contra o seu povo.

Dos Princípios Fundamentais


Art. 1º da CF/88. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de
direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Forma Republicana:

 A república é uma forma de organização estatal em que o governo não pertence


a uma pessoa ou grupo de pessoas, ou seja, o governo é eleito. Quem está no
governo não é dono do governo. A república é diferente da monarquia, uma vez
que nesta última o governo é o rei que tem propriedade sobre aquele reino,
herdado por ele de forma hereditária.

Estado Confederado:

 Antes de mencionar sobre Estado Federado é útil sabermos sobre Estado


Confederado.
 O Estado Confederado é aquele formado pela união dissolúvel de outros entes
públicos.
 O Estado Confederado funciona assim: têm-se vários países independentes
soberanos que decidem, através de um tratado de direito internacional, se unir
em uma confederação. Eles vão abrir mão de parte de sua soberania para integrar
um ente maior.
 O grande lance da Confederação é que os entes confederados permanecem com
parte de sua soberania. Parte essa, denominada direito de secessão, ou seja,
direito de sair da união a qualquer tempo.
 O Estado Confederado foi invenção norte-americana. Os EUA, inicialmente,
eram 13 colônias, mas pela história não se tratava de um país divido em 13
territórios, e sim de 13 colônias distintas. Pela colonização experimentada pelos
EUA, seu nascimento ocorreu a partir de 13 estados independentes que
resolveram se unir numa confederação.
 Outro exemplo que nasceu como confederação é a União Soviética, mas logo se
descobriu que não iria dá certo.

Estado Federado:
 O passo seguinte à confederação foi o surgimento da federação. O modelo
federativo também surgiu nos EUA a partir de o momento em que a
confederação deu errado.
 Federação é a união indissolúvel de entes políticos autônomos. Os entes
federados não possuem soberania e sim autonomia.
 Para os estados federados não existe o direito de secessão.
 A Federação é amparada por uma Constituição1, diferentemente de uma
confederação que é amparada por um tratado de direito internacional.
1
A Constituição é uma lei maior que regulamenta as bases de um estado federado.
 No Estado Federado a soberania é exercida pela união dos entes federados.
Vejamos uma pergunta vista, corriqueiramente, em prova e que sempre se erra:
No Brasil quem é o ente soberano?
A soberania no Brasil é exercida pelo conjunto de União, Estados, Municípios e
Distrito Federal. A união dos 04 entes que é soberana. A “União” (governo
federal) não é soberana, ela apenas representa a República Federativa do
Brasil nas relações internacionais.

Federalismo de Força Centrífuga e Federalismo de Força Centrípeta:

A origem do sistema federado gerou dois tipos de federalismo:

a) Federalismo de Força Centrífuga: a formação dos entes federados partiu de um


centro (Estado Unitário) para um desmembramento. Esse tipo de federalismo tem
como característica uma predominância do poder central sobre os poderes locais.
Ex. No Brasil a União é quem manda e o resto depende dela. Nossa origem
histórica tem por base um federalismo de força centrífuga, por isso nossos entes
federados menores (estados e municípios) não tem uma autonomia bem construída.

b) Federalismo de Força Centrípeta: neste federalismo a origem do poder decorre dos


entes locais para o ente central. Existe uma maior autonomia dos entes federados.
Ex. Os EUA eram independentes no passado e foram perdendo sua independência
em nome da formação do poder central. No entanto, eles preservaram uma grande
autonomia em suas gestões, em seu funcionamento.

Características do Estado Federal

1) Indissolubilidade do pacto federativo;


2) Descentralização política entre as vontades central e regionais (são autônomos);
3) Repartição de competências constitucionalmente protegidas2;
4) Representação paritária das vontades dos membros da federação3;
5) Autonomia financeira dos entes federados4;
6) Existência de órgão responsável pelo controle de constitucionalidade e pelo
respeito das competências constitucionalmente estabelecidas;
7) Existência de Poder Constituinte Decorrente e estruturação própria dos Estados
Membros5.

Obs¹. Qual a diferença entre soberania e autonomia?


 Um ente soberano, por ter capacidade de autodeterminação, não reconhece
nenhuma autoridade maior que ele. Ele se determina independentemente da
influência de outros organismos.
 Um ente autônomo é menor que um ente soberano, pois tem capacidade de se
gerenciar, de se administrar, mas não de se autodeterminar.

2
É a Constituição Federal quem reparte as competências dos entes federados e protege as mesmas de modo que um
ente não invada a competência do outro.
3
No ente federado como os entes locais também fazem parte dessa federação eles têm o direito de se manifestar
participando da formação da vontade dela como um todo. No Brasil isso é representado pelo sistema bicameral do
poder legislativo federal.
4
Um ente federado possui receitas públicas próprias e nessas receitas públicas ele é livre para decidir como vai
aplicar.
5
Cada estado membro vai se estruturar da forma que melhor lhe convier.
Exemplo: o Brasil poderia ter uma nova Constituição escolhendo a monarquia
como sistema de governo? Sim, pois o Brasil é soberano. Já a Bahia poderia
eleger como sistema monárquico seu sistema de governo? Não, pois a Bahia
embora autônoma não é soberana. Ela se submete a ordem da Constituição
Federal.
Obs². Críticas ao federalismo brasileiro:
 Os municípios não possuem todas as características elencadas acima e por isso
não poderiam ser entes federados.
 O Distrito Federal não deveria ser um ente federado, mas uma área de influência
especial da União6.
Obs³. Alguns autores denominam o federalismo brasileiro como cooperativo e
assimétrico.
 Cooperativo (ou Neoclássico) – é o modelo de federalismo que adota
competências concorrentes entre os entes federados.
 Dual (ou Clássico) – é o contrário de federalismo cooperativo, pois estabelece
competências privativas para os entes federados.
 Assimétrico – neste modelo a destituição de receitas é desigual e aliada a outros
mecanismos no intuito de reduzir as desigualdades regionais (CF/88 – art. 3º,
III).
 Simétrico – é o contrário de federalismo assimétrico, pois nele existe uma
divisão igualitária de competências e receitas.

Técnicas de Repartição de Competências

 Princípio da Preponderância do Interesse: primeira forma de repartição de


competências num estado federado7.
 Repartição de Competências na Constituição Federal: os estados federados
fazem a repartição de competências na Constituição Federal. A lei maior reparte
todas as competências tentando observar o princípio da preponderância de
interesse. No Brasil a Constituição elencou de modo taxativo as competências da
União e dos municípios, e de modo exemplificativo as competências dos
Estados, atribuindo a estes a competência residual8.
Obs. No Brasil a competência residual tributária pertence a União, ou seja,
qualquer matéria que a CF se omita pertence aos Estado exceto matéria que
verse sobre impostos.

Preponderância dos Interesses


Repartição de Competências
Enumeração de Competências

Na aula anterior começamos a ver sobre técnicas de repartição de competências


estudando sobre o princípio da preponderância de interesses. Somado a esse princípio
nossa Constituição adotou um modelo de Enumeração de Competências.

A Constituição Federal adotou o federalismo neoclássico. Razão pela qual enumerou


competências exclusivas, privativas e comuns ou concorrentes.
6
O DF precisa ser mais guarnecido que outras localidades do país.
7
Vai ser identificado qual o interesse preponderante em cada matéria (a quem pertence esse interesse) e vai atribui-lo
para o ente correspondente.
8
Todas as competências da União estão escritas na Constituição, bem como as dos municípios. A maioria das
competências estaduais está na Constituição e aquilo que, por sua vez, a Constituição omitiu pertence aos Estados.
a) Competências Exclusivas: são aquelas que não podem ser delegadas e
geralmente possuem natureza administrativa9.
b) Competências Privativas: são as competências de um único ente, mas que são
passíveis de delegação10.
c) Competências Comuns: são competências administrativas que cabem a todos os
entes federados11.
d) Competências Concorrentes: são as competências legislativas que atribuem
competência geral legislativa a União e competência legislativa suplementar aos
estados e municípios12.

Obs. Na competência concorrente, que é de matéria legislativa, todos os entes deverão


ter alguma atuação no âmbito legislativo. O que acontece é que, nestes casos, a União
vai editar as normais gerais e os estados e municípios vão editar as normas
suplementares especificando as regras da União. É válido atentar-se para o fato de que
nessa matéria não poderá haver conflito de competência. Ou seja, em matéria de
competência legislativa concorrente todas as normas gerais serão da União. Se os
estados e municípios não fizerem suas leis complementares, especificando suas
matérias, a União pode fazer por eles. No entanto, se estados e municípios fizerem suas
normas específicas estas prevalecerão na respectiva localidade (óbvio que obedecendo à
norma da União). E, por fim, se a União não fizer norma nenhuma, estados e municípios
podem legislar sobre determinado assunto de maneira geral e também específica.

Ex¹. Lei de Licitação (8.666/93 – 14.133/2021): existe uma lei de licitação no serviço
público federal. Entretanto, estados e municípios também podem fazer suas próprias leis
de licitação. O que devemos compreender é que estados e municípios legislarão sobre
licitação em matéria específica, obedecendo, por sua vez, a lei de licitação federal.

Ex². Servidores Públicos: existe uma lei, na esfera da União, que regulamenta os
servidores públicos (Estatuto Federal do Servidor Público). Neste estatuto, ele vai trazer
diversas normas que regulamentam o servidor público na esfera da União.

Estatuto Federal do Servidor Público


Normas Gerais Valem para todos os entes.

Normas Específicas Valem para a União e para os demais entes, enquanto estes não
criarem normas específicas.

Ratificando: no âmbito das competências concorrentes, a União exerce a competência


geral e os outros entes exercem a competência suplementar (específico). Caso um ente
menor não regulamente matéria específica deverá seguir as normas gerais e específicas
da União; caso a União não edite norma em matéria de competência concorrente, os
entes menores regulamentarão integralmente a matéria (normas gerais e específicas).
9
Art. 21 da CF/88 – refere-se às competências exclusivas da União.
10
Art. 22 da CF/88 – refere-se às competências privativas da União (são competências legislativas). Numa
competência privativa, determinado ente pode transferir a responsabilidade para outro ente. Vale ressaltar que se
ocorrer transferência de responsabilidade de um ente para outro, isso deverá ser feito através de lei complementar.
11
Art. 23 da CF/88 – refere-se às competências comuns a todos os entes federados.
12
Art. 24 combinado com o art. 30 da CF/88 – chamando-se atenção para os parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º do art. 24.
Em todo caso a lei posterior do ente outrora omisso revogará a regulamentação
precedente segundo sua própria competência (geral ou específica).

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