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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE DIREITO PROFESSOR JACY DE ASSIS

FORMAS DE ESTADO E SUAS DEFINIÇÕES.

Ensaio produzido para Disciplina Teoria do Estado e Democracia –

Prof. Dr. Hugo Rezende Henrique

Anna Clara Almeida Ozume 12121DIR002

Uberlândia-MG

Agosto, 2022
Considerações iniciais

Esse ensaio crítico será abordado sobre as formas de Estado e suas definições, um tema
que é necessário ser discutido em razão de ser um dos elementos principais da teoria
geral do Estado. Conforme a maneira como se estruturam esses elementos como: povo,
território e poder, se obtêm três formas de Estado, tais como, o Estado unitário, o Estado
federal e o Estado confederado que está dividido em tópicos e cada um desses Estados
será argumentado com sua definição, sua função e os exemplos de países que atuam.

I. Estado unitário

Um modelo que foi presente na formação dos primeiros estados europeus, como
Portugal, Espanha e França, é caracterizado como único Estado, ou seja, um poder
central que é somente um meio produtor de normas aplicadas sobre a população. Ainda
mais, esse modelo não tem divisão de estados-membros e não dispõe autonomia em
razão de ser centralizado cujos elementos que os compõem estão à ele relacionados.
Para Sahid Maluf, o Estado unitário é

Aquele que apresenta uma organização política singular, com um governo de


plena jurisdição nacional, sem divisões internas que não sejam simplesmente
de ordem administrativa. O Estado unitário é o tipo normal, o Estado padrão.
A França é um Estado unitário. Portugal, Bélgica, Holanda, Uruguai,
Panamá, Peru são Estados unitários. Embora descentralizados em municípios,
distritos ou departamentos, tais divisões são de direito administrativo. Não
têm esses organismos menores uma autonomia política. (SAHID MALUF,
Teoria geral do Estado, 1990, p.165)

Oposto da Federação, o Estado unitário tem toda a autoridade total sobre todas as
divisões políticas do país, tais como os estados, e devem seguir as regras do governo
central que é o centro do poder e há apenas um órgão executivo, legislativo e judiciário.

Um exemplo desse modelo ocorreu na Constituição de 1824 pela figura do Poder


Moderador, ou seja, pelo Imperador. Na Carta de 1824, estabeleceu que ao criar o
Estado Unitário, não havia poder local e toda autoridade era severamente centralizada
na capital do Império. Apesar que atualmente, o Estado brasileiro seja federativo, há
certos traços de unitarismo, tal como a concentração de competências na união.
Resumidamente, o Estado unitário é um modelo centralista, isto é, única fonte de
comando, como também é formado por único Estado. Para o professor Elcir Castello
Branco, o Estado unitário surgiu com o objetivo de manter o poder dentro de um
território nacional.

Atualmente, a maioria dos países do mundo é formada por Estados unitários, apesar
disso, consiste-se raro existir um Estado Unitário rígido sem qualquer nível de
descentralização devido a democracia obrigar uma flexibilização com a existência de
grau de distribuição de poderes.

II. Estado federal

Segundo Queiroz Lima, o Estado federal é formado pela união de vários Estados, isto
é, Estado de Estados. O federalismo, que é a palavra que vem do latim foedu, significa
aliança em razão de ter sido projetado em trato entre os Estados que davam sua
soberania para reunirem um novo Estado.

Neste modelo, o poder é separado entre a figura central e várias figuras regionais, para
que não haja probabilidade dos Estados-membros se separarem e serem soberanos.
Ainda mais, os Estados se unem de uma constituição que determina vários
competências e autonomias políticas, então pode-se dizer que esse modelo é formado
pela relação de coletividades da autonomia de organização, administração, governo e do
legislativo. Sumariamente, o Estado Federal possui autonomia, ou seja, dispõem
poderes vêm da própria constituição, mas a União, que é uma das esferas da soberania e
poder central, impede a soberania suprema e que os estados federais rompam o pacto e
formem novos Estados. Segundo Elcir Castello Branco, para evitar confusões
administrativas entre União e Estados-membros,

É imprescindível que a Constituição não se circunscreva a reconhecer as


unidades territoriais, mas discrimine a competência legislativa, judicial e
tributária de cada um dos organismos determinando a área de atuação federal,
estadual e municipal. (ELCIR CASTELLO BRANCO, Teoria geral do
Estado, 1988, p.81)

Pode-se dizer que o poder político é compartilhado entre os Estados-membros e a


União e que o agrupamento dos Estados-membros cria um novo Estado e,
simultaneamente, aqueles que condescenderem à federação perdem a condição de
Estados soberanos.

O Estado federal consiste-se essencialmente na descentralização política, ou seja,


oposto do Estado Unitário, que têm como característica de ser o centro do poder de
Estado único. Além disso, o Estado federal é caracterizado pela repartição de
competências, isso é, as divisões políticas, como também, são rígidas com base jurídica
que a constituição, garante autonomia das figuras políticas, possibilitam a intervenção
para garantir os elementos do Estado Federal e o que caracteriza fundamentalmente o
Estado Federal é o fato de que sobre o mesmo território e sobre as mesmas pessoas se
exercem em harmonia.

O Estado federal tem como estruturas em quatro princípios jurídicos, sendo elas:

1. O primeiro princípio se relaciona com o poder constituinte outorgada a cada


Estado, que tem a competência de elaborar sua própria constituição nos limites
estritos da Constituição federal, respeitando a forma republicana de governo.
2. O segundo princípio vincula-se à intervenção institucionalizada na formação da
vontade política federal.
3. O terceiro princípio se liga à especialidade das atribuições federais, mostrando
que as que não forem próprias do Estado federal, podem pertencer aos Estados
federados.
4. Por último, o quarto princípio contempla a igualdade jurídica dos Estados
federados que ultrapassa a sua igualdade de condição e de participação no
Senado e no processo de reforma constitucional.

Nos dias atuais, países como Brasil, Estados Unidos, México, Argentina e Venezuela
vivem do modelo de Estado Federal. Entretanto, vale ressaltar que o Estado federal
surgiu nos Estados Unidos que tinha como objetivo de protegerem das ameaças externas
e das tentativas de recolonização e foi na Constituição de 1787 norte-americana que o
Estado federal foi o marco inicial. Para José Alfredo de Oliveira,

A constituição é a última fonte dos valores políticos dos Estados Unidos, em


que cada geração, cada administração nacional e as decisões da Suprema
Corte dão um novo significado às palavras e frases, debaixo de condições
diferentes. Entendeu-se que a intenção dos criadores da Constituição era
atribuir ao Congresso federal e ao sistema judiciário federal a
responsabilidade de determinar a solução para a maioria das questões de lei
substantiva. (JOSÉ ALFREDO DE OLIVEIRA BARACHO, Teoria geral do
federalismo, 1982, p.150)

Além do mais, Estados Unidos adotou esse modelo na função de buscar uma forma
híbrida para que tornasse harmonizável o grau de independência alcançado pelas treze
colônias, fazendo que cada colônia tenha seu poder central e a autonomia estadual é
ampla. Dessa forma, conclui-se que o Estado federal não é formado por bases teóricas, e
sim, da experiência norte-americana que foi bem-sucedida.

No Brasil, o Estado federal surgiu no ano de 1889 e atua até hoje, diferente do norte-
americano, ele é mais rígido e suas esferas de soberania é composta por União, estados
e municípios. Além disso, seu sistema é de Estado federal orgânico, na qual os Estados-
membros deveriam se organizar à imagem e semelhança da União. Nas palavras de
Antonio Lassance,

O federalismo foi a principal bandeira em torno da qual se formou a coalizão


de atores e de interesses políticos que levaram à derrocada do Império e à
instauração da República, em 1889. Instituído no Brasil em 1889, o modelo
republicano presidencialista e federativo teve a experiência norte-americana
como principal inspiração do que veio a ser chamado de “Estados Unidos do
Brazil”.(ANTONIO LASSANCE, Federalismo à brasileira questões para
discussão, 2012, p.23)

Antes do surgimento do Estado federal no Brasil, o país era controlado pelo Imperador,
que se tornava como Estado Unitário, portanto quando implementou o Estado federal,
segundo Afonso Arinos de Mello Franco, foi apontado como grande reivindicação
liberal e, consequentemente, um grande problema para o Império brasileiro.

É possível dizer que o Estado federal no Brasil resultou a derrota da maior parte dos
interesses da União e nas palavras de Sahid Maluf, surgiu como resultado fatal de um
movimento de dentro para fora e não de fora para dentro. (SAHID MALUD, Teoria
geral do Estado, 1990, p.169).

III. Estado confederado

Um modelo que existiu na antiga Grécia durante as lutas contra Pérsia, onde o inimigo
comum criou o interesse das cidades-Estados formando uma confederação de Delos. O
Estado confederado tem como organização dos Estados independentes que possuem
interesses que se ligam para defesa externa de todos e paz interna e que os unem para
sua consecução.

Resumindo, é uma união entre os Estados, criado por pacto internacional com intenção
de assegurar a defesa comum. O Estado confederado surge à representação do todo, mas
não elimina a soberania dos Estados confederados, embora que possa limitá-la. Ainda
mais, os Estados que compõem preservam a soberania e a base jurídica no contexto
internacional. Na citação de Queiroz Lima,

A confederação é uma forma instável da união política; a união só pode


existir enquanto aos Estados componentes convier; os Estados guardam como
corolário natural de sua soberania política a possibilidade de, a todo tempo,
se desligarem da união, segundo a fórmula os Estados não foram feitos para o
acordo, mas o acordo para os Estados. (QUEIROZ LIMA, 1990)

Ao contrário do Estado federal, a confederação permite o direito de secessão dos


Estados que as formam, e suas decisões são tomadas por unanimidade ou maioria
qualificada, ainda mais, seu órgão é denominado por conferência de agentes
diplomáticos.

Nos Estados Unidos, no período da Independência, as treze colônias se uniram em


confederação até no ano que foi promulgada a Constituição dos Estados Unidos da
América, ou seja, antes de ser Estado Federal, transformaram a unidade em
confederação.

No Estado moderno, surgiram importantes confederações, sendo elas, a Confederação


Helvética, onde a Suíça foi uma das primeiras e mais antigas e durou do século XIV até
no ano de 1848, que se tornou-se Estado federal. Também tem a Confederação dos
Estados Unidos, já mencionado, que foi desenvolvida durante o processo da
Independência e por último, a Confederação Germânica, que durou no ano de 1815 até
1866, influenciada pela Áustria e depois foi forçada pela Confederação da Alemanha do
Norte, onde se agregou os Estados do Sul, tornando-se em Império Federal, em 1871.

Considerações finais

Após argumentar sobre as formas de Estado e suas definições, conclui-se que cada
forma de Estado dispõe sua definição e sua forma de atuar no países diferente das
outras. Como mencionado, pode-se dizer que o Estado unitário, uma das formas mais
antigas e seu próprio nome já diz, têm característica de ser o único Estado e não possui
autonomia tendo a autoridade total sob o governo. Também se discute o Estado federal,
que é totalmente oposta do Estado unitário, é caracterizado com aliança de vários
Estados tendo a formação pela coletividade de autonomia e seu fator essencial é a
descentralização de poder, ou seja, não há único poder. O Estado confederado é um
Estado incomum pelo fato de muitos países não adotarem esse modelo, que é a união de
vários países feito pelo pacto internacional com finalidade de assegurar a defesa
comum, além disso, o Estado confederado possui características muitos semelhantes
com Estado federal, o que diferencia principalmente é o direito de secessão. Como já
ditado, é um dos temas mais importantes para entender o Estado e foi essencial
apresentar esse ensaio apresentando as formas de Estado e suas definições de forma
explicativa.

Referências bibliográficas

• AUGUSTO, Tadeu. Estado simples ou unitário. JusBrasil, [s. l.], 2014.

• BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Teoria geral do federalismo. Belo


Horizonte: FUMARC/UCMG, 1982.

• BRANCO, Elcir Castello. Teoria geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 1988.

• DA SILVA, Márcia. Estado e poder local: ensaio teórico sobre estudos no


Brasil. UNICENTRO, Paraná, 30 set. 2009.

• DA SILVEIRA, Daniel Barile. O Estado Unitário e o Estado Federativo.


Migalhas, Paraná, 9 maio 2018.

• LEITE, Antonio José Teixeira. As formas de Estado. Jus.com.br, Brasília, 6 nov.


2018.
• LINHARES, Paulo de Tarso Frazão; MENDES, Constanino Cronemberger;
LASSANCE, Antonio. Federalismo à brasileira: questões para discussão:
Diálogos para desenvolvimento. Brasília: Ipea, 2012. v. 8.

• NETO, Miguel Alfredo Malufe. Teoria geral do Estado. 20. ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 1990.

• NOGUEIRA, Octaciano. Constituições Brasileiras: 1824. 3. ed. Brasília: Senado


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• SOARES, Mário Lúcio Quintão. Teoria do Estado: Introdução. 2. ed. rev. e


atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.

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