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ECO 445 - POLÍTICA DE PROGRAMAÇÃO ECONÔMICA

FEDERALISMO

Roberta da Silva Duarte


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Para Montesquieu, o poder do Estado deveria se dividir em três esferas, Executivo,
Legislativo e o Judiciário, para que este pudesse preservar sua existência como agente
organizacional da sociedade. É nesse âmbito que o Federalismo se destaca, sendo composto
por três divisões, a divisão do poder territorial entre uma esfera central, que constitui o
governo federal, e outra descentralizada, que abriga os governos ou estados-membros.

2. ORIGEM, ESSÊNCIA E BASES DO FEDERALISMO

Quanto a origem do federalismo Fabrício de Oliveira (2007) destaca que deve-se a luta pela
independência ocorrida nos EUA, essa luta levou a união de 13 colônias contra a Inglaterra,
colônias estas dotadas de grandes diferenças entre si, tanto territorial, quanto de interesses e
valores, mas que em prol de uma conquista maior se uniram e criaram em 1778 uma
Confederação. Entretanto, devido a grande identidade territorial e cultural das colônias, estas
foram unidas com a fragilidade do sistema Confederação, uma vez que este preserva os
interesses apenas via contratual, culminando no desmanche dessa união após as colônias
terem vencido a Inglaterra e sido selada a paz, com isso cada colônia se tornou independente
o que gerou a necessidade de ser desenvolvido um novo sistema que levasse a uma
organização política e territorial que gera-se uma autonomia dos estados (Repúblicas
independentes) as unissem em torno de um novo pacto indispensável para garantir a
construção e consolidação de um Estado nacional. Foi devido a essa necessidade que em
1787 nasce a federação, que tinha a capacidade de conciliar os interesses divergentes e
conflitantes de seus participantes em torno de um projeto comum; sendo assim um modelo
que tinha suas bases na união; autonomia e autenticidade.

2.1. As bases do modelo de federalismo

Dentre as raízes do federalismo cabe destacar uma de suas características principais, a de


dupla autonomia territorial do poder político, dessa forma foi proposto uma divisão em duas
esferas, a central que competia a função de legislar e representar com autonomia os interesses
comuns das unidades territoriais, a segunda esfera, mais descentralizada, foi formada pelos
estados-membros e teria como aspecto a autonomia de governar sobre seu território e
população. No entanto, essa dualidade exigiu que os territórios abrissem mão de parte de sua
soberania para o tratamento de questões de interesse comum, o que levou a formação de um
fórum, para que ocorresse sua representação no âmbito nacional, como resultado desenvolveu
se o Congresso Nacional, funcionando com duas câmaras de representação: a dos Deputados,
que representaria o povo, de acordo com critérios de proporcionalidade da população de cada
estado/região; e a do Senado Federal, onde os estados/regiões teriam representados os seus
interesses.

O modelo também buscou definir uma a Corte Suprema de Justiça, para regular e resolver os
conflitos federativos, ele se completava com a autonomia de cada território de reproduzir
internamente a estrutura de poder da esfera federal, ou seja, eles teriam a liberdade de formar
suas próprias constituições; organizarem-se politicamente, por meio dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário; e, também importante para não ficarem dependentes e subjugados ao
Poder Central, disporem de poderes e competência (tributária e administrativa) para
desempenhar suas responsabilidades. Um ponto importante em relação ao Federalismo diz
respeito ao mecanismo de frenagem ao poder excessivo, uma vez que fortalece o princípio da
independência entre Executivo, Legislativo e Judiciário, ao mesmo tempo que atribui aos
estados membros da federação poderes que funcionam como contrapeso ao poder central, que
constituem, em certo sentido, um antídoto ao autoritarismo”.

3. TIPOS E EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE FEDERALISMO

Os diferentes tipos de Federalismo são devidos à realidade histórica, condições econômicas,


políticas, sociais. Das diversas ramificações desse modelo podemos destacar inicialmente o
Federalismo Dual, sendo considerado o primeiro modelo, este surgiu no século XIX,
entretanto esse modelo não possuía um nível de complexidade necessária para solucionar os
problemas relacionados ao federalismo. Cabe ainda destacar de no século XVIII as bases da
doutrina federalistas estavam atreladas ao pensamento liberal, sendo o mercado o próprio
regulador e organizador da ordem econômica, já o Estado seria uma força extrema, regulada
por uma mão invisível, logo, sua função seria apenas de assegurar e potencializar a eficiência
da mão invisível, bem como reduzir eventuais conflitos e delimitando suas dimensões.
Mesmo com suas funções determinadas, o Federalismo Dual chegou ao fim devido a fraqueza
do poder Central, dessa forma o poder que era dividido entre os estados e o Governo Federal ,
tinha falhas uma vez que ao Poder Central foram atribuídas diversas funções, o que limitava
suas ações, enquanto os estado dispunham de grande autonomia, como de a de retirar-se da
União Federal em caso de descumprimento das regras estabelecidas na Constituição; declarar
a nulidade das leis federais no caso de violação constitucional de competências; impedir as
ações do Poder Central consideradas ilegais; e oporem-se às ações de centralização federal.
Dessa forma esse modelo contribuiu para o desenvolver de tensões e sem união, o seria
essencial para o desenvolvimento desse modelo. Outro ponto negativo do modelo está
relacionado ao fato desse considerar certa homogeneidade econômica entre os estados, o que
levou ao não desenvolvimento de mecanismos que reduzissem as disparidades o que
contribuiu para preservar a desigualdade de poder, o que culminou na substituição desse
modelo e no desfecho da guerra de Guerra da Secessão (1861-1865), a guerra civil
norte-americana, levando também a alteração do papel da Suprema Corte do país, que passou
a ter interpretações mais elásticas sobre os poderes bem como em relação ao papel do
governo central, modificando assim suas estruturas.
3.2. O federalismo cooperativo

Nesse modelo, a palavra chave é a colaboração, uma vez que espírito de solidariedade ganha
força para atenuar/corrigir desigualdades interpessoaora cis e inter-regionais de renda,
voltado a garantir um equilíbrio federativo, esse novo modelo contava com mecanismos
redistributivos e o Poder Central passa a ser uma estrutura capaz de redistribuir o poder
político territorial.

3.3. O federalismo competitivo: public choice e neoliberalismo

Esse novo modelo surge agora com algumas características distintas, passa a se atribuir maior
responsabilidade ao governo estadual, seguindo um processo de descentralização, visando
que os estados passassem a ofertar políticas públicas. Para Fabrício de Oliveira (2007), essa
maior preocupação com as políticas públicas foi devido aos efeitos da crise de 1929. Nesse
novo modelo pode-se destacar também a crítica ao pensamento liberal. Acima de tudo
pode-se definir o Federalismo Competitivo como um modelo que visa buscar “soluções de
mercado para questões do governo”, assim o governo teria que atuar de forma mais eficiente
e com menores custos e melhores qualidades.

FEDERALISMO NO BRASIL

O FEDERALISMO BRASILEIRO: UMA FORMA DE ESTADO PECULIAR

De fato, o federalismo tem suas bases na história norte-americana, sendo aprimorado à


medida que os modelos foram sendo modificados. Segundo Tatiana Lima (2008) no Brasil o
federalismo tem suas bases a partir da Proclamação da República em 1889 e da Constituição
de 1890, o Brasil adotou como sua forma de Estado a Federação. Entretanto, o processo de
constituição do Federalismo nos Estados Unidos, foi algo lento, gradual e estruturado,
diferentemente do que ocorreu no Brasil, em que esse processo fora determinado sem
estrutura, de forma repentina as antigas províncias sem autonomia política alguma passaram a
se tornar da República Federativa Brasileira. Ademais, se observa que o federalismo
brasileiro foi implementado de cima para baixo, tendo como elemento principal a União que
providenciou esse modelo por meio de investimentos públicos das suas estatais, verbas
orçamentárias e grandes projetos nacionais, dessa forma no Brasil esse processo ocasionou
na segregação, em que um Estado antes unitário se dissolveu em vários Estados-membros.

Nesse sentido, pela visão de Tatiana Lima (2008) a Constituição de 1891 foi destacável e
consagrou características que perduram até os dias atuais, como a tripartição dos poderes,
tendo assim o Presidencialismo como forma de governo; a separação do Estado e da Igreja.
Mesmo com novas atribuições políticas, o federalismo no Brasil trouxe consigo deformações
estruturais, uma vez que os estados passaram a criar suas constituições próprias, o que teve
fim somente com a Constituição de 1934, em que o poder se centralizou.
Ademais, um ponto importante na distribuição do poder político no Brasil está ligado às
diversas Constituições. Na Era Vargas Tatiana Lima (2008) destaca que a outorga da
Constituição 1937 e com isso, a intervenção da União permanente e o fim das constituições
estaduais e o do regionalismo, assim observou-se uma centralização do poder no governo
central e, por conseguinte, uma intervenção permanente nos Estados. Já na Constituição de
1946 teve características desenvolvimentistas, teve-se a retomada da autonomia dos
Estados-membros, os Municípios passaram a ter a possibilidade de se autogovernarem, além
da retomada da repartição de competência entre os Federados. Posteriormente, na
constituição 1967 a tendência centralizadora se fortaleceu, sendo considerado como
‘federalismo de integração’, caracterizado pela uma negação da descentralização do poder em
detrimento da União. Contudo, com a formulação da Constituição Cidadã em 1988, houve
Um novo início da reestruturação do federalismo, o foco seria no equilíbrio,estabelecendo,
portanto, os poderes dos Estados-membros e ampliando a repartição de competência em
matéria tributária; dessa forma a União foi agraciada com a maior parte das competências,
delegadas poucas matérias aos demais entes, sejam de ordem tributária, administrativa ou
política.

Ademais, Tatiana Lima (2008) destaca algumas peculiaridades do federalismo brasileiro,


como o fato dos Estados-Membros não possuem personalidade internacional e em
contraposição, cabe somente à União, como fruto da junção dos Estados-Membros,
Municípios e Distrito Federal, representar a totalidade do Estado brasileiro
internacionalmente, tendo assim um plano hierárquico. Contudo, para Tatiana Lima (2008) o
Federalismo Brasileiro pode ser visto por épocas em que havia uma descentralização do
poder, entretanto atualmente este se encontra mais atento e comprometido com a realidade
social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :

● de Lima, Tatiana Maria Silva Mello. "O federalismo brasileiro: uma forma de estado peculiar."
(2008).
● OLIVEIRA, Fabrício Augusto de. Teorias da Federação e do Federalismo Fiscal: o caso
brasileiro. Texto para discussão, v. 43, 2007.
● OLIVEIRA, Fabrício Augusto de. Teorias da Federação e do Federalismo Fiscal: o caso
brasileiro. Texto para discussão, v. 43, 2007.

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