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Módulo
3 O Federalismo Brasileiro
Brasília - 2017
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Romero Jucá
Secretário-Executivo
Dyogo Henrique de Oliveira
Secretário de Orçamento Federal
Francisco Franco
Secretários-Adjuntos
Antonio Carlos Paiva Futuro
George Alberto Aguiar Soares
Cilair Rodrigues de Abreu
Diretores
Clayton Luiz Montes
Felipe Dariuch Neto
Marcos de Oliveira Ferreira
Zarak de Oliveira Ferreira
Coordenador-Geral de Inovação e Assuntos Orçamentários e Federativos
Girley Vieira Damasceno
Coordenadora de Educação e Difusão Orçamentária
Rosana Lôrdelo de Santana Siqueira
Organização do Conteúdo
Karina Rocha Martins Volpe
Munique Barros Carvalho
Revisão do Conteúdo
Karina Rocha Martins Volpe
Revisão Pedagógica
Janiele Cardoso Godinho
Revisão Gramatical e Ortográfica
Renata Carlos da Silva
Colaboração
Bruno Rodolfo Cupertino
Karen Evelyn Scaff
Nayara Gomes Lim
Informações:
www.orcamentofederal.gov.br
Secretaria de Orçamento Federal
SEPN 516, Bloco “D”, Lote 8,
70770-524, Brasília – DF, Tel.: (61) 2020-2329
escolavirtualsof@planejamento.gov.br
SUMÁRIO
Objetivo do Módulo........................................................................................ 5
2. Repartição de Competências........................................................................ 6
3. Competência Administrativa........................................................................ 9
4.Competência Legislativa............................................................................. 14
Revisão Do Módulo....................................................................................... 17
Referências.................................................................................................... 18
Módulo
3 O Federalismo Brasileiro
Objetivo do Módulo
A Constituição Federal de 1891 instituiu que cada estado-membro reger-se-ia pela Constituição
e pelas leis que adotassem, respeitados os princípios constitucionais da União. A Federação,
então, pressupunha a existência de várias ordens jurídicas autônomas e harmonicamente
independentes.
A consolidação da Federação do Brasil ocorreu com a primeira Constituição Republicana de
1891. A nação brasileira era formada pela união perpétua e indissolúvel de seus estados-
membros.
As Constituições posteriores mantiveram a forma federativa de Estado, e, em 1988, os
Municípios também ganharam autonomia tornando-se entes da Federação.
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Podemos encontrar algumas semelhanças entre o federalismo brasileiro e o modelo
Norte Americano como: a Constituição Federal escrita, o Senado Federal como espaço
de representação nacional dos estados e um Tribunal superior responsável por
julgar conflitos federativos e zelar pelo cumprimento do pacto fundante, ou seja, a
Constituição Federal.
Das sete Constituições adotadas no Brasil1, quatro foram promulgadas por assembleias
constituintes (consideradas Constituições democráticas); duas foram impostas (uma por D.
Pedro I e outra por Getúlio Vargas); e uma aprovada pelo Congresso Nacional por exigência do
regime militar. A Constituição Brasileira de 1988 estabeleceu a forma Federativa ao dispor que:
2. Repartição de Competências
Para iniciarmos os estudos sobre repartição de competências, convido você a fazer as seguintes
reflexões: Quando você vai ao hospital e não consegue atendimento, de quem você cobra? Da
União, do Estado ou do Município? Ao final desse módulo você compreenderá a importância
em conhecer a repartição de competências para aprender essas respostas. Vamos lá?
Guarde essas classificações em sua memória com muita atenção, pois estudaremos
detalhadamente cada uma delas. Entretanto, a competência tributária, por se tratar de um
tema importante para o federalismo fiscal, será estudada no módulo a seguir.
1. Em razão de seu caráter revolucionário, muitos autores, como Pedro Lenza, consideram a EC n. 1/69 um novo poder
constituinte originário (uma nova constituição).
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Agora, vamos dar continuidade à análise sobre a repartição de competências.
Note que o grau de retenção de poder local ou de concentração de poder central, em outras
palavras, o nível de flexibilização ou de centralização política, depende da história do país
estudado. Nas federações que se formaram pela desintegração de um Estado unitário, existe
uma propensão em se manter o poder centralizado.
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Nos anos 80 o Brasil experimentou um processo de descentralização, com motivação política
muito forte. Um dos principais objetivos era o fortalecimento financeiro e político de estados
e municípios como forma de fortalecer a democracia então em vias de restabelecimento
(lembre-se de que vivíamos em um período de ditadura). A Constituição Federal de 1988,
movida por esses ideais, promoveu diversas mudanças no federalismo brasileiro.
A escolha entre centralizar e descentralizar a provisão de bens e serviços públicos, assim como
a arrecadação de tributos, passa pela questão da eficiência. Assim, deve-se identificar qual
esfera de governo possui as melhores condições para executar uma função pública.
Vamos conhecer os argumentos para centralização ou descentralização das políticas públicas?
Fatores Econômicos: Os governos locais, pela maior proximidade com a população, possuem
maior capacidade para identificar e atender as demandas locais para certos bens e serviços
públicos. Por outro lado, a provisão de bens e serviços públicos nacionais deveria ficar com
o governo central. Este é o caso da produção governamental que atende a todo o país ou
que exige economias de escala, como, por exemplo, segurança nacional e infraestrutura de
transportes.
Fatores Políticos e Institucionais: Estão relacionados com o processo democrático que pode
ser viabilizado por meio da descentralização. Neste contexto, a descentralização é vista como
favorável à integração e participação social na condução das políticas públicas, pois permite
o envolvimento da comunidade nas decisões de alocação de recursos, além de promover a
transparência.
Fatores Geográficos: Estão relacionados com a extensão territorial. Entende-se que quanto
maior for a área do território nacional, maiores tendem a ser os ganhos de eficiência com
a descentralização. No Brasil, as profundas disparidades econômico-sociais entre macro e
microrregiões geográficas são condicionantes fundamentais do processo de descentralização,
pois governos locais conhecem melhor as suas necessidades.
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A repartição de competência foi feita pela Constituição Federal, adotando-se o Princípio
da Predominância do Interesse. De acordo com esse princípio caberá à União as matérias
e questões de interesse geral. Aos estados-membros as matérias em que prevalecerem o
interesse regional e aos municípios os assuntos de interesse local.
Já pensou como seria confuso se algumas matérias que precisam ser unificadas pudessem ser
definidas por cada estado-membro? Seriam 27 regras diferentes dentro do mesmo país sobre
um mesmo assunto!
Para ajudar você a refletir um pouco melhor acerca da importância em se ter um ente central
que estabeleça regras válidas em todo território, analise a charge a seguir.
3. Competência Administrativa
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Competência Administrativa Exclusiva (União), Privativa (Municípios) e Residual (Estados).
Mas, pense o quão seria estranho cada estado-membro emitir sua moeda. Não faz qualquer
sentido essa situação, é preciso que o ente central realize essa tarefa para unificá-la em todo
território nacional. Por esse motivo, temos uma única moeda, o Real, que é válida em todo
território nacional.
Os Municípios ficam com as matérias de interesse local. Segundo Lenza (2014), as competências
materiais privativas do município estão enumeradas dos arts 30, III a IX da CF/88. São aquelas
tarefas específicas da localidade não cabe à União ou ao estado-membro realizar, mas sim ao
próprio Município.
O Distrito Federal detém as competências tanto dos estados-membros quanto dos Municípios.
A Constituição Federal de 1988, no art 23, também estabeleceu algumas competências que
são de responsabilidade de todos os entes (competência comum).
São matérias como saúde, educação, proteção do meio ambiente, do patrimônio histórico,
artístico e cultural, dentre outros, que dizem respeito às diferentes esferas federativas, no qual
todos devem atuar.
Segundo Lenza (2014), o art. 23, § único, estabelece que leis complementares fixarão normas
de cooperação entre os entes federados. Como exemplo, o autor cita a Lei Complementar
nº 140/2011 que fixou normas de cooperação entre os entes nas ações administrativas
decorrentes do exercício da competência comum relativas:
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• à proteção das paisagens notáveis;
• à proteção do meio ambiente;
• ao combate à poluição em qualquer de suas formas;
• à preservação das florestas, da fauna e da flora.
É importante que algumas competências sejam exclusivas da União para que certas
matérias sejam tratadas de maneira uniforme dentro do território. Outros assuntos podem
ser tratados por cada ente, dentro de suas especificidades, como é o caso das matérias
locais que ficam a cargo dos Municípios. Há ainda aquelas matérias em que todos os entes
podem contribuir: é bom que todos os entes trabalhem para preservar o meio ambiente.
Veja no quadro a seguir alguns exemplos das competências administrativas (materiais)
vistas até agora.
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Observe agora quais são as competências exclusivas da União.
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Competências privativas dos Municípios.
É importante ressaltar que não existe hierarquia entre os entes, mas coexistência de entes
autônomos tendo âmbitos de atuação diferenciados. Deve haver uma coordenação entre eles,
a fim de cumprir as competências que lhe foram constitucionalmente atribuídas, de acordo
com o interesse nacional, regional ou local a ser garantido.
Então, o que ocorre se houver conflitos entre os entes federativos? Segundo Lenza (2014),
deverá se aplicar o critério da preponderância de interesses. Mesmo não havendo hierarquia
entre os entes da Federação, pode-se falar em hierarquia de interesses em que os mais amplos
(da União) devem preferir aos mais restritos (dos Estados).
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Vamos ver se você compreendeu esse capítulo? A quem compete explorar os serviços de
transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros? Consulte a Constituição e
conheça todas as competências de cada ente da federação.
4.Competência Legislativa
Agora, analise as matérias de competência legislativa privativa da União (art. 22, CF/88).
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Mas, quanto às competências legislativas dos Estados, Distrito Federal e Municípios, o que
devemos saber? Conheça essa resposta observando atentamente a imagem a seguir.
Agora vamos conhecer as matérias que são de competência concorrente, ou seja, aquelas em
que a União, os Estados e o Distrito Federal legislam de forma concomitante.
A competência é concorrente entre a União, os estados-membros e o Distrito Federal. Cabe à
União editar normas gerais, ao passo que aos Estados e Distrito Federal compete a edição de
normas suplementares a essas.
Isso ocorre porque se criou um sistema de repartição vertical, concedendo apenas à União o
poder de fixar normas gerais, cabendo aos estados-membros e Distrito Federal estabelecer
uma legislação complementar. Desse modo, pode-se afirmar que os estados-membros
possuem competência suplementar à federal.
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Na Competência Privativa, se a Constituição atribuiu à União a competência para legislar sobre
determinado assunto, como por exemplo, sistema de consórcios e sorteios, a sua lei é superior
a qualquer outra, ou melhor, nenhum outro ente pode legislar sobre este assunto a menos
que a União autorize os estados-membros a legislarem. Portanto, a lei federal é superior a
qualquer outra, mas porque aquele assunto é de sua competência.
Caso seja uma matéria de competência concorrente, em questões gerais a lei federal é superior,
mas em questões específicas cada estado-membro legisla da forma mais apropriada para seu
território.
Exemplo: Determinada lei federal dispõe sobre desporto. As normas gerais valem para
todos, mas um estado pode suplementar a legislação e tratar de questões específicas, que
valerão apenas para o território de seu Estado. Caso o Estado trate ainda de questões gerais
que vão contra ao que a União estabeleceu, esta lei não valerá porque a lei federal é que tem
competência para tratar desse assunto.
Por outro lado, em questões específicas ainda que a União tenha tratado, vai valer aquilo que
foi estabelecido pelo estado-membro, já que é de sua competência.
Neste caso, para União vale os prazos estabelecidos por ela; para o estado-membro vale o
prazo estabelecido em sua própria Constituição.
Veja que interessante: Uma lei Estadual de Pernambuco, que disciplinava a exploração
da atividade lotérica, foi declarada inconstitucional 2por tratar de assunto de
competência privativa da União. Que tal conhecer um pouco mais sobre essa história?
Leia o texto a seguir.
Lei Estadual que disponha sobre sorteios viola a Constituição Federal que determina ser da
competência da União a lei que regulamenta esta matéria.
2. Inconstitucional: Em linhas gerais temos inconstitucionalidade quando há um conflito entre uma lei e a Constituição, ou
seja, as leis não estão em conformidade com os ditames constitucionais. Toda a lei que, no todo ou em parte, contrarie ou
transgrida um preceito da Constituição, diz-se inconstitucional.
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A Suprema Corte, por maioria, julgou que os atos normativos impugnados ofendiam o artigo
22, inciso XX da Constituição, que prevê a competência privativa da União para legislar sobre
serviços lotéricos, jogos, apostas, bingos e sorteios, e não reconheceu a competência do
Estado de Pernambuco para legislar sobre esse assunto.
Revisão Do Módulo
Vamos recordar juntos algumas informações essenciais que vimos nesse módulo? No tópico 1
aprendemos que o Federalismo é uma forma de Estado que tem se desenvolvido nos últimos
séculos, sendo adotado por vários países de grandes dimensões territoriais, como é o caso do
Brasil. Aprendemos que para conhecer melhor o federalismo é importante aprender também a
organização e estrutura do estado, que se divide em: Formas de Governo, Sistemas de Governo
e Formas de Estado. No Brasil, a Forma de Governo é a República, o Sistema de Governo é o
Presidencialismo e a Forma de Estado é a Federação.
Aprendemos no tópico que o Estado pode se organizar sob a forma unitária ou por sociedade
de Estados. Na forma unitária não há divisão territorial de poder político, ou seja, há um único
poder central. Já na Sociedade de Estados, temos um Estado soberano, formado por uma
pluralidade de estados-membros, no qual o poder do Estado emana dos estados-membros,
ligados em uma unidade estatal. A Sociedade de Estados pode ser de dois tipos:
Por fim, vimos no tópico que a competência legislativa está relacionada ao poder para
normatizar, destacamos a competências privativa e concorrente. Na Competência Legislativa
privativa a União pode, por meio de Lei Complementar, autorizar os Estados e DF a legislarem
sobre questões específicas de sua competência privativa.
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Referências
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18ª edição. Editora Saraiva. 2014
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