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CADERNO DE CONSTITUCIONAL

Aula 1. 24/08/23. Prof: Guilherme Peña.

Ementa: A organização do Estado. Estado unitário. Estado federal. Confederação. Comunidade.


Mercosul. Federação brasileira. Critério e técnica de partilha de competências.

Organização do Estado

Conceito de estado: costuma-se dizer que o Estado é composto por três elementos diferentes, quais
sejam (i) humano (população); (ii) territorial (território); (iii) formal (poder político). Estado é qualquer
situação de poder político constituído sobre um território para atuar em prol de uma população.

Na Itália existe um autor chamado Alexandre Gropalli que sustenta que existe um quarto elemento,
seria um elemento teleológico, isto é, finalidade. A isto chama de tetrapartição. Todavia, esse elemento,
para o ordenamento jurídico brasileiro não é autônomo, ele estaria intrínseco aos demais. Esse autor é
citado apenas para ser refutado.

No Brasil existe um autor chamado Francisco Rezek que sustenta que pode haver ausência de território
ou de poder político e o Estado continuará existindo, desde que a ausência seja transitória, conjuntural,
nunca estrutural. A população nunca poderá estar ausente. Portanto, nem sempre haverá os três
elementos. Exemplo: Palestina é um Estado com população, mas sem território.

(i) humano: vários autores confundem os conceitos população, povo e nação. População é conceito
demográfico, isto é, conjunto de pessoas sobre território. Não se leva em consideração domicílio,
estrangeirismo; Povo é conceito político e significa cidadão que exerce poder político. Pessoas que
votam e podem ser votadas; Nação é conceito sociológico e quer dizer conjunto de pessoas com a
mesma origem, mesma tradição, e mesmos costumes, que se revlam por uma língua comum ou religião
comum.

O Brasil é o paradigma do Estado-nação. Hoje em dia essa ideia está um pouco abandonada, pois nem
sempre um Estado coincide com uma nação. Hora o estado é maior do que a nação, hora a nação é
maior do que o Estado.

População integra o Estado, não é nem povo, nem nação.

(ii) territorial: base física do Estado sobre o qual se constitui o Estado, nem sempre terrestre. O princípio
da territorialidade corresponde ao âmbito de validade da ordem juridica é delimitado pelo território do
seu Estado, isto é, normas do estado se aplicam dentro do estado, normas estrangeiras se aplicam fora.
Há exceção a esse princípio? Sim. No código penal art. 7, por exemplo, é um caso de norma nacional
sendo aplicada externamente. A LINDB (art. 14 e ss) traz a previsão de que normas estrangeiras podem
ser aplicadas no Brasil.

(iii) formal (poder político): o autor Wilson Accioli falava em poder político, enquanto os demais
falavam em soberania ao invés de poder politico, o que é uma atecnia, pois soberania é grau máximo de
poder político. E como nem sempre o grau é esse, é bom evitá-lo. A autonomia é um grau mínimo.
Também usam a palavra governo, mas deve ser evitada também, uma vez que governo é modo
sofisticado por meio do qual se organiza o estado, mas nem sempre a organização será sofiscada assim,
razão pela qual tal expressão também não deve ser utilizada.

Poder é capacidade de imposição de vontades do Estado. Nem sempre esse poder será político, poderá
ser religioso, militar, etc.

Poder político é uno indivisível, quando se falar em divisão do poder político estará se referindo a
divisão do modo pelo qual se exerce o poder político.

A tripartição de poderes atribuída a Montesquieu, na verdade, sequer é dele. Ela é a mais conhecida,
mas não é a única. É uma forma de divisão do poder político.

Existem dois tipos de divisões, quais sejam: territorial (vertical) e funcional (plano horizontal). Quando se
falar em divisão territorial, ou plano vertical, estará se referindo ao exercício do poder político
repartido entre entidades (entes - pj - União, Estados, DF e Municípios). Quando se falar em divisão
funcional, ou plano horizontal, estará se referindo ao exercício do poder político repartido entre
órgãos. Não tem mais a ver com a forma de estado, como ocorre na divisão territorial, mas tem a ver
agora com as funções do estado.

Formas de estado: são duas. Unitário e composto. O critério distintivo é a existência ou não de
descentralização política.

+ Estado unitário: aquele no qual só existe uma entidade política. Não tem competência constitucional,
apenas administrativa. Não houve descentralização política. O poder político é centralizado. Divide-se
em estado unitário centralizado e estado unitário descentralizado. Essa descentralização ou
centralização é administrativa e não territorial. O estado unitário centralizado é aquele em que não
houve descentralização política, nem administrativa. Não existe isso em país nenhum. Há administração
política central. O estado unitário descentralizado é aquele em que não houve descentralização política,
mas administrativa sim, como a administração pública central e a administração pública local, como por
exemplo Portugal, França, Reino Unido, Chile, Equador, Colômbia, etc.

+ Estado composto: aquele no qual existem duas ou mais entidades políticas. Houve descentralização
política. Divide-se em confederação e federação. Na confederação qualquer entidade política é
soberana. É difícil encontrar exemplo hoje em dia. A suíça, por exemplo, embora se chame
confederação, não é uma confederação. Os Emirados Arábes são o único exemplo hoje de
confederação, são nove entidades, todas soberanos. Na federação qualquer entidade política é a
autônoma e a federação é soberana. Alguns autores dirão que a soberania é única, pertence apenas a
federação, e a autonomia é pluríma, pertence a todos. Está correto. Criadas a partir da CRFB, não de um
decreto. Exemplo: Brasil e Estados Unidos. Outros exemplos: Argentina.

Estado regional e estado autonômico estão entre estado unitário e estado composto. A Itália é um
exemplo de estado regional. Não é federação. Tem competência administrativa e legislativa, mas não
constitucional. De cima para baixo, ou seja, do poder central para o local. Poder central possui iniciativa
para autorizar os poderes locais a produzirem suas leis. A Espanha é um exemplo de estado autonômico.
Tem competência constitucional e legislativa. De baixo para cima, ou seja, do poder local para o central.
O poder local produz suas leis, legisla, que depois serão submetidas a aprovação.

Federação: é constituída pela existência de um Estado soberano, integrado por dois ou mais Estados
autônomos, por meio do vínculo federativo. É forma de estado composto. Na federação qualquer
entidade política é autônoma e federação é soberana. Alguns autores dirão que a soberania é única,
pertence apenas a federação, e a autonomia é pluríma, pertence a todos. Está correto. Criadas a partir
da CRFB, não de um decreto. Exemplo: Brasil e Estados Unidos. Outros exemplos: Argentina.

Classificação da federação: centrífuga e centrípeta. Dircêo Torrecillos Ramos buscou na física a


explicação para a federação. A centrípeta inclina-se para dentro (ex: estados unidos). Agregação.
Estados -> União. A centrífuga inclina-se para fora (ex: brasil). Segregação. União -> Estados.

Caracteristicas da federação: segundo Michel Temer, a federação possui três características de


constituição e três de conservação. Sem elas, a federação não nem nasce e se nascer, não sobrevive.

+ As características constitucionais são:

++ união de entidades políticas autônomas simbolizadas pelo vínculo indissolúvel entre entes
federativos dotados de auto organização, autogoverno e autoadministração: autonomia política.
Qualquer entidade possui autonomia, é capacidade de autodeterminação política, isto é, do estado. O
estado se autodetermina dentro da sua vontade. Essa autonomia se divide em auto organização
(capacidade de elaboração de constituição própria ou de instrumento análogo a ela (lei orgânica do DF e
municipios), autogoverno (capacidade de criar órgãos supremos) e autoadministração (capacidade de
prestar serviços públicos por órgãos próprios). A tríplice capacidade é isso.

O que seria indissolúvel? que é perpétuo. A CRFB ora se reporta a união como vínculo, letra minúscula.
Ora como entidade, letra maiúscula. Enquanto entidade, ela seria autônoma. Secessão é quebra de
vínculo federativo.

++ bicameralismo de maneira a possibilidade a participação da vontade regional na formação da


vontade nacional: bicameralismo significa duas casas, câmara e senado. Não se estende ao DF, estados
e municípios, pois prevalece o unicameralismo.

++ repartição constitucional de competências: definição de competência: em processo civil e penal,


competência é limite ou medida da função jurisdicional. Aqui, competência será limite ou medida
imposta ao poder político na federação; direito comparado: quando o estado for federal, no mundo, o
critério para repartir competência será predominância, preponderância ou prevalecência do interesse.
Nunca exclusividade do interesse. Interesse nacional, União. Interesse regional, estado. Interesse local,
Município. Critério universal, nunca haverá exclusividade de interesse. No Brasil, a divisão, segundo
Fernanda Dias Almeida, seria feita em dois planos, quais sejam horizontal e vertical. Plano horizontal:
distribuição de materias distintas entre as entidades federativas, compreendendo as competências
exclusivas e as competências privativas de cada unidade da federação. Qual é a ideia central desse
plano? Ideia de compartimentação. Típica do constitucionalismo americano. Que competência esse
plano reúne? Competência exclusiva e privativa. Delegabilidade é o critério distintivo entre
competência exclusiva e privativa. Exclusiva é indelegável (art. 21, CRFB. Competência da União).
Privativa é delegável (art. 22, p.u, CRFB. Outros entes podendo legislar por lei complementar, que
favoreça estado e que especifique a matéria), mas impõe condições para isso. Há casos de atecnia em
que o artigo fala em privativo, mas não é. Plano vertical: distribuição de maneira idêntica entre as
entidades federativas compreendendo as competências comuns e as competências concorrentes de
todas as unidades da federação. Uma só matéria dada a todos eles ao mesmo tempo, para que todos
eles possam legislar sobre aquela matéria, tributar sobre ela. O valor central a ser protegido nesse plano
é o compartilhamento, isto é, manter o poder intacto. Essa ideia não é americana, é alemã. Houve
menção a competência comum (art. 23, CRFB) e concorrente (art. 24, CRFB, VIDE art. 30, II (POSI ÇÃO
STF)). A ideia é de cumulatividade. Competência comum é cumulativa, ou seja, ideia de adição, não
excluiu a competência do outro. Nasce a parceria. Competência concorrente é não cumulativa, ou seja,
ideia de subtração, se um atuar, o outro está fora. Segundo Alice Gonçales Borges defende que a União
tem competência para norma geral, que temm duas caracteristicas, quais sejam (i) sempre
consubstancia um princípio e (ii) aplicação uniforme no país. A partir disso, somente existem duas
possibilidades, quais sejam (i) União já produziu norma federal, o Estado, DF e Municípios
suplementarão o que a legislação previu, especificarão, aplica o art. 24, p. 2, CRFB e (ii) União ainda não
produziu norma federal, o Estado, DF e Municípios , aplica o art. 24, p. 3 e 4, CRFB. E direito brasileiro:

+ As características de conservação são:

++ limitações ao poder constituinte derivado decorrente, ou seja, estadual

++ órgãos com competência para controle de constitucionalidade (não necessariamente judicial, mas
deve haver órgão competente para controle de constitucionalidade)

++ Federalismo tricotômico, com três manifestações de poder (local, regional, nacional), em vez de
duas, como no federalismo clássico, dual (nacional e regional) norte-americano;

++ Descentralização política, significando que a divisão do Poder Público no espaço territorial, será
realizada através de repartição constitucional de competências. De acordo com os arts. 21 a 24, 25 e 30,
a Constituição delimitou a esfera de poder interno de cada um de seus entes;

++ Inexistência do direito de secessão (de retirada), pois de acordo com o art. 1º da CF, o vínculo que
une os entes da federação é indissolúvel. Ressalte-se que o direito de secessão é permitido nos Estados
Confederados.

Intervenção federal

Previsão constitucional: está prevista nos artigos 34 (causas, parte material) e 36 (rito, parte formal).

Conceito: é o afastamento temporário e excepcional da autonomia política de uma entidade federativa.


Divide-se o conceito em três partes, quais sejam: afastamento temporário e excepcional indicam
características a intervenção federal, temporariedade (dura o intervalo de tempo necessário para
estabelecer a ordem, nem mais nem menos, por isso ela é exceção. Pode ser longa, mas não perpétua) e
excepcionalidade (somente é cabível em casos previstos na CRFB, art. 34. Não é exemplificativo o rol).
Afasta-se a autonomia política. Nem sempre o afastamento será total, podendo ser parcial, DESDE QUE
fique claro de que parte está sendo afastada. Se pode afastar tudo, não tem porque não poder afastar
parte. Hoje a intervenção recai sobre estado e o df, se hoje houver intervenção federal do municipio,
deverá ser feita pelo estado, nf do art. 34 e 35, caput, CRFB, mas deve preencher requisitos tamb ém.
Atualmente não há o preenchimento dos requisitos, pois não há criação de território e divisão desses
territórios em municípios.

Aula 2. 25/08/23. Prof: Marcelo Tavares.

Ementa: Autonomia dos entes estatais. Intervenção. Representação para intervenção normativa e
material. União. Distrito Federal e Territórios Federais. Competências. Relações internacionais.

Autonomia dos entes estatais

Forma de estado: pode ser unitário ou federal. Se preocupa com a centralização e a descentralização de
poder. Nesse contexto, mister se faz diferenciar também a descentralização da desconcentração. A
descentralização é a atribuição de funções a uma pessoa juridica diferente. A desconcentração é um
fenômeno administrativo interno que atribui funções aos órgãos internamente de uma função jurídica.
Em suma, as formas de estado se preocupam em como o chefe de estado adquire e mant ém o poder, se
ele tem autonomia ou não, se ele estratifica a sociedade ou não.

Forma de governo: modo como o governo se organiza, variando de acordo com a forma como os
elementos estatais são organizados.

+ Monarquia: monarca exercendo função de chefe de estado sem limites de poder ou tempo. Não há
eleição, o poder decorre da hereditariedade, apenas integrantes da família real podem chegar ao cargo
de rei.

Atualmente, o tipo de monarquia mais comum é a monarquia constitucional, ou parlamentarista, na


qual o rei exerce a função de chefe de estado, mas a função de chefe de governo é exercida pelo
primeiro-ministro, que é eleito pelo povo e fiscalizado pelo parlamento.

+ República: aquisição do poder pelo chefe de estado eleito por cidadãos, que exerce sua função
durante um tempo limitado, pois trata-se de um poder temporário. Há responsabilidade política
criminal, civil. Não há privilégios de nobreza, pois é contrário a ideia de república. A república aceita
prerrogativas, mas devem atender a determinados requisitos.

Sistema de governo: modo pelo qual os poderes se relacionam, especialmente o executivo e o


legislativo. O sistema de governo varia de acordo com o grau de separação dos poderes.

+ Parlamentarismo: dependência completa do governo junto ao legislativo, onde o chefe de governo e o


chefe de estado não se confundem, caso do sistema de governo do Reino Unido.

+ Presidencialismo: há a separação estrita entre os poderes legislativo e executivo, o chefe de governo


também é o chefe de Estado, caso em que ocorre no Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo.
+ Semipresidencial: aqui o presidente partilha o pdoer executivo com um primeiro-ministro e um
conselho de ministros (gabinete), sendo os dois últimos responsáveis perante o poder legislativo do
estado. Países que adotam esse sistema de governo: Mongólia, Cabo Verde, Polónia, Portugal, etc.

+ Diretorial: ou república diretorial, é um sistema de governo em que várias pessoas exercem, em


conjunto, o cargo de chefe de governo e/ou chefe de Estado. Ese sistema de governo contrasta com o
parlamentarismo e o presidencialismo. Países que adotam esse sistema: Suíça e San Marino.

Os mais importante são os dois primeiros.

Federação: tipo de estado descentralizado em entidades regionais dotadas de personalidade jurídico


política com autonomia.

+ autonomia e soberania: a independência (autonomia) é uma capacidade que países têm perante a
comunidade de nações fundada no direito internacional público, de não se submeter a uma vontade
externa com o qual não concordam. Autonomia é capacidade interna fundada na constituição e
composta por quatro subcapacidades, quais sejam auto-organização, auto-legislação, auto-governo e
auto-administração.

++ Auto-organização: capacidade se auto organizar.

++ Auto-legislação: capacidade de editar normas dotadas de generalização e avstração capazes e coagir


condutas humanas.

++ Auto-governo: capacidade de gerenciamento de decisões políticas.

++ Auto-administração: capacidade gestão do seus interesses.

Intervenção

Conceito: sempre decretada pelo chefe do poder executivo, isto é, o presidente da república ou o
governador. É o afastamento temporário e excepcional da autonomia política de uma entidade
federativa, com a finalidade de preservar outros valores igualmente constitucionais, como o próprio
regime federativo. A intervenção está regulamentada entre os artigos 34 e 36 da Constituição.
Percebam que na própria literalidade desses dispositivos fica muito claro que autonomia é a regra; que a
intervenção é a última ratio e que, portanto, vigora o princípio da não intervenção.

Intervenção, é um dos principais instrumentos de mitigação da autonomia dos entes políticos do Estado
federal. E quero começar esse bloco com uma passagem do professor Ingo Sarlet: “O instituto político e
jurídico constitucional da Intervenção opera, a despeito de o quanto isso possa soar paradoxal, como
garante da integridade e do equilíbrio da Federação e, portanto, da respectiva autonomia que demarca
a condição própria dos seus integrantes, no caso brasileiro, dos Estados-membros, do Distrito Federal e
dos Municípios, isso porque embora a intervenção implique sempre maior ou menor ingerência no ente
federativo que a sofre, ela ocorre para preservar o interesse maior do Estado Federal e, por via de
consequência, dos demais entes federativos. Assim, é possível afirmar que o instituto da intervenção
cumpre função essencial à própria preservação do Estado Federal, assumindo, portanto, a condição de
defesa do interesse nacional e instrumento de garantia mútua de todos os integrantes da Federação.”

A hipótese mais comum é de intervenção federal, que é da União sobre os Estados membros. Isso não
significa que exista hierarquia entre União e Estados membros. Em verdade, quando a União intervém
sobre algum Estado, ela não intervém em nome próprio, mas em nome de todo o Estado federal,
enquanto representante das unidades da federação.

Características: temporariedade (dura o intervalo de tempo necessário para estabelecer a ordem, nem
mais nem menos, por isso ela é exceção. Pode ser longa, mas não perpétua) e excepcionalidade (quando
outros meios convencionais forem capazes de promover o fim que se busca, não há que se falar em
intervenção) e taxatividade (somente é cabível em casos previstos na CRFB. Não é exemplificativo o rol).

Casos: hoje a intervenção recai sobre estado e o df, se hoje houver intervenção federal do municipio,
deverá ser feita pelo estado, nf do art. 34 e 35, caput, CRFB, mas deve preencher requisitos tamb ém.
Atualmente não há o preenchimento dos requisitos, pois não há criação de território e divisão desses
territórios em municípios.

Natureza jurídica: a intervenção tem uma natureza dúplice. Claro que é um ato essencialmente ou
preponderantemente político, mas que encontra fundamento no direito e é por ele limitado de tal
forma que é possível afirmar a natureza dúplice da intervenção: é um ato político, mas também é um
ato jurídico.

Intervenção federal: a intervenção mais conhecida e marcante é a intervenção federal, que é a


intervenção da União nos Estados membros ou no Distrito Federal. Mas a Constituição de 1988 ao
inovar e trazer os municípios enquanto unidades da federação, enquanto entes políticos autônomos,
também previu a possibilidade de intervenção dos Estados membros nos municípios que
respectivamente os integram.

Está prevista nos artigos 34 (causas, parte material) e 36 (rito, parte formal). A federa ção é contraposta
à intervenção federal, ou seja, procedimento político-administrativo de afastamento, temporário e
excepcional, da autonomia política de determinada entidade federativa, com fundamento em hipóteses
de cabimento enumeradas taxativamente na CRFB.

A União não pode intervir nos municípios. Ela pode intervir nos Estados membros ou no DF e os Estados
membros, por sua vez, podem, eventualmente, intervir nos Municípios.

Mas, cuidado! Se extrai da literalidade do art. 35, caput que a União excepcionalmente pode intervir em
Municípios, desde que localizados em territórios. Os territórios não existem hoje, mas podem ser
criados, como existia, por exemplo, Fernando de Noronha. E os territórios podem ser divididos em
municípios. Os territórios são entidades autárquicas, territoriais, integrantes e vinculadas à União, de tal
forma que nos municípios localizados no território, a União poderá intervir.

A Constituição Federal, portanto, não permite como regra, a intervenção per saltum.

Funções da intervenção federal: (i) tornar efetiva a intangibilidade do vínculo da federação; (ii) fazer
respeitar a integridade territorial das unidades federadas; (iii) a promover a unidade do estado federal e
(iv) preservar a incolumidade dos principios fundamentais proclamados pela lei fundamental.

Iniciativa da intervenção federal: A intervenção federal é decretada pelo presidente da República, e


exclusivamente e privativamente por ele. Mas há diversas modalidades de intervenção, quanto à
provocação e o atuar do presidente da República.
Classificação: a intervenção pode ser espontânea, solicitada ou requisitada.

+ Espontânea: pode vir a ser instaurada de oficio pelo Chefe do Executivo (art. 34, I, II, III e V), ou seja,
espontaneamente. Independem de provocação.Trata-se de um ato essencialmente político e
discricionário do Presidente da República, apesar de haver necessidade de oitiva prévia do Conselho da
República e do Conselho de Defesa Nacional - oitiva prévia, mas não vinculante.

+ Solicitada: art. 34, IV, para garantir o livre exercício dos poderes executivo e legislativo, depende de
solicitação, de requerimento, de pedido, do poder executivo ou do poder legislativo, da respectiva
unidade da federação. Apesar de demandar uma solicitação, portanto, o presidente não pode agir de
ofício, trata-se, ainda assim, de ato discricionário. Ainda que haja solicitação, pode entender o
presidente que não é o caso de intervenção federal. Se o poder executivo ou o poder legislativo da
unidade da federação se sentem coactados, ou seja, que a sua independência está sendo, de forma
ilegítima, impactada por outros poderes, o poder executivo e o poder legislativo podem solicitar; temos
modalidade de internação solicitada ao Presidente da República, intervenção com esse fim. E o
presidente da República não estará obrigado a intervir. Agora, se o ataque for sobre poder judiciário do
respectivo Estado membro, temos uma hipótese de requisição, que é realizada pelo STF e, aí, o
Presidente da República não tem qualquer margem de subjetividade. Trata-se de ato vinculado.

Caso que comumente chega do STF é a questão de não pagamento de precatório pelos Estados
membros ou pelo Distrito Federal. Aliás, o atraso no pagamento dos precatórios é a regra e,
infelizmente, não a exceção. O Supremo tem jurisprudência consolidada no sentido de que apenas o
descumprimento voluntário e intencional de decisão judicial permite a intervenção federal. E se o
Estado membro justifica que não paga o precatório por ausência de recursos, ou que aquele
pagamento do precatório implicaria num grave comprometimento na prestação dos serviços públicos
mais básicos, estaria justificado o não pagamento e, portanto, não haveria a possibilidade de
intervenção federal. Essa é a jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal.

+ Requisitada: quando há requisição do poder judiciário, o ato do presidente da República é vinculado.


Se, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal requisita intervenção federal em dado Estado membro
porque o respectivo poder judiciário está coactado, não há margem de liberdade, devendo o Presidente
da República decretar a intervenção federal, sob pena de crime de responsabilidade. Requisição de
qualquer Poder do Estado (art. 34, IV, para garantir o livre exercício do Poder judiciário. Art. 34, VI, 2a
parte (STF, STJ e TSE). Art. 34, VI, 1a parte (STF). Art. 34, VII.

Temos, aqui, duas hipóteses de cabimento. A primeira é para prover a execução de lei federal. Aqui,
cabe até representação interventiva. A ADI interventiva muito estudada no âmbito do controle de
constitucionalidade. E, de toda forma, só cabe intervenção federal para prover a execução de lei federal
quando os meios convencionais, como por exemplo, a jurisdição do poder judiciário local, forem
insuficientes para executar, garantir a aplicação daquela lei federal.

De acordo com o entendimento dominante, quando a decisão ou ordem descumprida envolver matéria
constitucional, cabe ao STF a requisição. Quando a decisão descumprida envolver a aplicação, em última
análise, de legislação infraconstitucional federal, cabe ao STJ a requisição. E, quando a decisão for em
matéria eleitoral, cabe ao TSE a requisição. E, vejam, não há necessidade de trânsito em julgado, mas
basta que essa decisão já seja imperativa e tenha aptidão para produzir os seus efeitos.

Sob o prisma da organização dos poderes, é permitida a decretação de intervenção federal em órgãos
do poder judiciario, ressalvada a atividade jurisdicional desempenhada por juízos e tribunais,
encerrando o presidente da república "a competência para decretar a intervenção, quer no poder
executivo, quer no poder legislativo. Caberia, também, a decretação de intervenção federal no poder
judiciário, devendo, o ato interventivo, restringir-se, quanto ao seu alcance, à atividade administrativa
dos órgãos judiciais.

Sob o prisma da organização do Estado, é proibida a decretação de intervenção federal em órgãos dos
municípios situados em Estados, excluida a municipalidade da "possbilidade constitucional de sofrer
intervenção decretada pela União Federal, pois que , relativamente a esses entes municipais, a única
pessoa política ativamente legitimada a neles intervir é o Estado federado. Por isso mesmo, no sistema
constitucional brasileiro, falece legitimidade ativa à União para intervir em quaisquer Municípios, salvo,
unicamente, os localizados em Território Federal, com esteio nos arts. 34 e 35 da CRFB.

Natureza jurídica: tem natureza de procedimento político-administrativo, deflagrado por ato praticado
no exercício do poder, vinculado ou discricionário, em que se encontra investida a chefia do poder
executivo da entidade interveniente, sob a forma de decreto.. Não se confunde a intervenção federal
com o emprego das forças armadas no território nacional para os objetivos do art. 142 da CRFB, pois
nesta há a atribuição de ação tópica à força federal sobre fatos perturbadores da lei e da ordem.
Naquela, há a assunção do controle político-administrativo do Estado ou do DF pela União.

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob
a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Observação: não é cabível a interposição de recursos excepcionais contra os pronunciamentos


jurisdicionais oriundos da intervenção federal, em razão da natureza político-administrativa do
procedimento. Não cabe RE nem RESP contra os acórdãos prolatados em período de intervenção
federal.

Aspectos procedimentais da intervenção federal: a intervenção federal se manifesta por meio de um


decreto presidencial. Mas, o Presidente da República deve ouvir previamente, obrigatoriamente, o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. Isso está nos arts. 90 e 91, respectivamente.
Essa oitiva deve ser prévia, mas não vinculante. Defendo que ela deve se dar em qualquer hipótese.

O decreto presidencial que decreta a intervenção federal no Estado membro, no Distrito Federal deve
ser motivado. Portanto, a motivação é um dos elementos desse decreto. E deve especificar, nos termos
do art. 36, §1º da Constituição:

1. Prazo: a intervenção federal deve ter, obrigatoriamente, prazo determinado. Claro que há
possibilidade de prorrogação, se os motivos que ensejaram a intervenção federal se mantiverem, desde
que devidamente motivado e, desde que, novamente, por prazo determinado.
2. Amplitude: fixados à luz do caso concreto.

3. Condições de execução: fixados à luz do caso concreto. A intervenção federal do Rio de Janeiro por
exemplo, atingiu apenas a segurança pública e as condições envolviam segurança pública.

4. se for o caso, nomear interventor.

Controle político: a intervenção federal se submete à reforçado controle político. E isso se extrai,
inclusive, do art. 49, IV da Constituição Federal, que traz dentre as competências do Congresso Nacional,
exercer um controle sobre a intervenção federal.

Se extrai dos §§ do art. 36 que o presidente decreta a intervenção federal, ouvindo previamente os
Conselhos – da República e da Defesa Nacional. Decretada a intervenção federal, portanto já valendo a
intervenção, ele deve submeter em até 24 horas ao controle do Congresso Nacional. O Congresso
Nacional exerce controle político sobre o mérito (razões) da intervenção federal e, por meio de um
decreto legislativo, pode ou homologar a intervenção federal ou determinar a sua cessação, rejeitando a
intervenção federal.

Mas a própria constituição traz hipóteses em que esse controle político estará dispensado. No caso da
intervenção federal, para prover execução de lei federal, ordem ou decisão judicial, ou mesmo para
promover princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VI e VII) estará dispensado essa apreciação do
Congresso Nacional se o decreto se limitar a suspender a execução de algum ato impugnado e se essa
suspensão do ato for suficiente para restabelecer a ordem. E, como aqui a intervenção é menos severa,
a própria Constituição dispensa o controle político (§ 3 do art. 36).

Controle jurisdicional: o Supremo Tribunal Federal não pode controlar o mérito da intervenção federal.
O que ele pode controlar é se os pressupostos fáticos estavam minimamente presentes, bem como as
formalidades e os procedimentos previstos na Constituição. Ou seja, em última análise o que fará/faria o
STF é mero controle de juridicidade e não controle de mérito da intervenção federal.

Impossibilidade de restrição de direitos: no âmbito do estado de defesa e do estado de sítio, a própria


Constituição prevê a possiblidade de restrição ou mesmo de supressão de direitos fundamentais. Isso
não é previsto como possível durante a intervenção federal. O que há é uma mitigação da autonomia do
ente político, jamais dos direitos fundamentais da população daquele ente político.

Intervenção nos Municípios: em regra, o Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto em situações específicas. O primeiro aspecto que se
extrai desse dispositivo é que a União, excepcionalmente, pode intervir no Município, desde que
localizados em territórios. Segundo aspecto, por simetria da intervenção dos Estados no Município,
quem decreta é o respectivo governador. Mas também, aqui, uma vez mais, a intervenção dos Estados
nos Municípios é medida excepcional, e só cabe nas hipóteses taxativamente previstos no art. 35 da
CRFB. Por sinal, o STF tem farta jurisprudência no sentido de que as constituições estaduais não podem
ampliar as hipóteses de cabimento de intervenção do Estado no Município para além das possibilidades
normativas e semânticas previstas no art. 35 da Constituição Federal.
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada
(Muito semelhante à hipótese de intervenção federal. Deixar de pagar a dívida deve ser por mais de 2
anos consecutivos e não pode haver motivo de força maior).

Em 2021, na ADI 558, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional um dispositivo da


constituição estadual que previa o seguinte: só seria possível a intervenção do Estado no Município se o
não pagamento da dívida fosse da atual gestão. Se o não pagamento fosse exclusivamente da gestão
anterior, por exemplo, da gestão de outro prefeito, não seria possível intervenção do Estado no
Município. O STF declarou inconstitucional esse dispositivo, dizendo que ao constituinte estadual não se
autoriza a restrição dessa hipótese apenas a caso nos quais o inadimplemento não esteja vinculado à
gestão anterior.

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei (o Supremo Tribunal Federal entende que a
solicitação pelo Tribunal de Contas é inconstitucional. O Tribunal de Constas auxilia o poder legislativo,
eventualmente as câmaras de vereadores. Compete à esta, Câmara de Vereador, e não ao Tribunal de
Contas a solicitação de eventual intervenção do Estado nos Municípios).

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios


indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Estamos, aqui, nessa hipótese diante de uma representação interventiva estadual. Por simetria, a
competência é do respectivo Tribunal de Justiça e o legitimado para propor essa representação
interventiva é o respectivo procurador geral de justiça, o PGJ.

Sobre o assunto, o STF tem uma súmula interessante, que é a súmula 637:

Súmula 637. Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que defere pedido de
intervenção estadual em município.

Qual é o fundamento? Como a intervenção, aqui, tem natureza preponderantemente política, não
caberia ao Supremo Tribunal Federal fazer uma análise de mérito da representação interventiva
estadual. Logo, não cabe recurso extraordinário dessa decisão do TJ.

União

Conceito: é pessoa jurídica de direito público, com autonomia política, isto é, dotada de
autodeterminação prevista na CRFB, com competência para escolher os agentes públicos que irão
desempenhar as funções administrativa, legislativa e jurisdicional (autogoverno) e capacidade para
aplicar o Direito Positivo, assim como prestar os serviços públicos que lhe sejam afetos
(autoadministração), não obstante a incapacidade para elaborar o seu texto constitucional, bem como
instituir os órgãos supremos do Governo federal (auto-organização).
Diferença entre federação e união: a federação corresponde à pessoa jurídica de direito público
externo, regulada pelo Direito Internacional Público, sintetizada como associação da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, titular de soberania. Também mantém relações com Estados estrangeiros,
participa de organizações internacionais, declara a guerra, celebra a paz, assegura a defesa nacional e
permite que forças armadas estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente.

A União consiste em pessoa jurídica de direito público interno, regida pelo Direito Constitucional,
simbolizada pela entidade federativa contida na organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil. Dispõe, ainda, de atuação em nome próprio no âmbito interno, como também de
atuação em nome alheio no âmbito externo.

Histórico: a origem da federação nacional reside na União Federal, o que, de certa forma, explica o
maior volume de bens e competências administrativas, legislativas e tributárias que lhe foram atribuídas
pelo pacto federativo de 1988.

Bens: art. 20, incs. I a XI, da CRFB. I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos,
rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham
a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e
as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de
energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais
subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios.

Considerando a equiparação entre a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e a Fazenda Pública,


para efeitos substanciais e processuais, deixou consignado que os bens afetados ao serviço postal e
correio aéreo nacional são providos de característica do regime jurídico dos bens públicos federais. É
aplicável a prerrogativa da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços.

Competência: as competências administrativas são enumeradas no art. 21 da CRFB, envolvendo as


atividades materiais da União. As competências legislativas são enunciadas no art. 22 da CRFB,
envolvendo as atividades normativas da União. As competências tributárias são exteriorizadas nos arts.
145 a 154, todos da CRFB.

Ademais, a União detém a competência comum para: (i) zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
instituições democráticas e conservar o patrimônio público; (ii) cuidar da saúde e assistência pública, da
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; (iii) proteger os documentos, as obras e
outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
sítios arqueológicos; (iv) impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; (v) proporcionar os meios de acesso à cultura, à
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (vi) proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas; (vii) preservar as florestas, a fauna e a flora; (viii) fomentar a
produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; (ix) promover programas de construção
de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; (x) combater as causas
da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
(xi) registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos
hídricos e minerais em seus territórios, e (xii) estabelecer e implantar política de educação para a
segurança do trânsito, na forma do art. 23 da CRFB.

+ Competência administrativa: manutenção de relações com Estados estrangeiros e participação em


organizações internacionais (arts. 4º, 49, inc. I, e 84, incs. VII e VIII); Declaração de guerra e celebração
da paz (arts. 5º, inc. XLVII, 22, inc. III, 49, inc. II, 84, incs. XIX e XX, 91, § 1º, inc. I, 148, inc. I, 154, inc. II, e
167, § 3º); Asseguração da defesa nacional (arts. 84, inc. XIII, e 142); Permissão de permanência ou
trânsito de forças estrangeiras no território nacional (arts. 49, inc. II, e 84, inc. XXII); Decretação do
estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal (arts. 49, inc. IV, 84, incs. IX e X, 90, inc. I, 91, §
1º, inc. II, 136 a 141); Autorização e fiscalização da produção e comercialização de material bélico (art.
170, parágrafo único); Emissão de moeda (arts. 48, inc. XIV, e 164); Administração das reservas cambiais
e fiscalização das operações de natureza financeira (arts. 48, inc. II, e 74, inc. III), etc.

+ Competência legislativa: Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho, tendo firmado o Supremo Tribunal Federal jurisprudência no
sentido da competência da União para legislar sobre crime de responsabilidade, não obstante a
diferenciação entre a responsabilização cível (ação de improbidade administrativa), criminal (ação por
crime comum) e política-administrativa (ação por crime de responsabilidade) dos agentes públicos (art.
85, parágrafo único); Desapropriação, por necessidade, utilidade pública ou interesse social e
urbanização ou reforma agrária, com prévia e justa indenização em dinheiro ou títulos da dívida pública,
preservado o seu valor real, resgatáveis no prazo de até dez ou vinte anos (arts. 5º, inc. XXIV, 182, § 4º,
inc. III, e 184, caput); Requisições civis e militares, em caso de iminente perigo público e em tempo de
guerra (arts. 5º, inc. XXV, 136, § 1º, inc. II, e 139, inc. VII), etc.

+ Competência tributária: impostos sobre importação de produtos estrangeiros, exportação, para o


exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados, renda e proventos de qualquer natureza, produtos
industrializados, operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários,
propriedade territorial rural e grandes fortunas, bem assim os impostos extraordinários, compreendidos
ou não em sua competência tributária, na iminência ou caso de guerra externa, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação, e os impostos residuais, desde que não
sejam cumulativos e tenham fato gerador ou base de cálculo distintos dos enumerados na Constituição
da República (arts. 145, inc. I, 153 e 154).

Taxas, em decorrência do exercício do poder de polícia ou utilização, efetiva ou potencial, de serviços


públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (art. 145, inc. II).
Contribuições de melhoria, em razão do acréscimo do valor de imóvel localizado em áreas beneficiadas
direta ou indiretamente por obras públicas (art. 145, inc. III).

Contribuições sociais, em virtude da intervenção no domínio econômico, interesse das categorias


profissionais ou econômicas e custeio da seguridade social (arts. 149 e 195).

Empréstimos compulsórios, para atender a despesas extraordinárias, resultantes de calamidade pública,


guerra externa ou sua iminência, ou a investimento público de caráter urgente e relevante interesse
nacional (art. 148), tendo em vista que “os tributos, nas suas diversas espécies, compõem o sistema
constitucional tributário, que a Constituição inscreve nos arts. 145 a 154. As diversas espécies
tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou fato gerador da respectiva obrigação, são as
seguintes: impostos (arts. 145, inc. I, 153 e 154), taxas (art. 145, inc. II), contribuições de melhoria (art.
145, inc. III) e contribuições sociais, que podem ser de intervenção no domínio econômico, seguridade
social ou corporativas (arts. 149 e 195). Constituem, ainda, espécie tributária os empréstimos
compulsórios (art. 148)”.

Estado

Conceito: pessoa jurídica de direito público, com autonomia política, dado que a unidade da federação
detém a autoadministração, exposta pela capacidade de exercício de suas competências
administrativas, legislativas e tributárias (arts. 18, § 4º, 23, 24, 25, §§ 1º a 3º, 145, incs. I a III, 155 e 158,
incs. III e IV), autogoverno, exteriorizado pela capacidade de organização dos seus Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário (arts. 27, 28 e 125), e auto-organização, externada pela capacidade de elaboração
da sua Constituição (art. 25, caput).

O Estado dispõe de poder constituinte derivado decorrente institucionalizador, caracterizado pela


derivação, pois que a Constituição do Estado é submetida ao modo de elaboração prescrito por normas
constitucionais federais.

A Constituição do Estado é sujeita a restrições, desmembradas em princípios constitucionais sensíveis ou


enumerados, estabelecidos ou organizatórios e extensíveis, e condicionamento, uma vez que a
Constituição do Estado pôde ser promulgada pela Assembleia Legislativa respectiva, investida em poder
de instituição estadual, no prazo de um ano, a partir da promulgação da Constituição da República.

Bens: art. 26 da CRFB, é composto pelas águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito, que não resultem de obras da União; as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem
no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; as ilhas fluviais e
lacustres não pertencentes à União e as terras devolutas não compreendidas entre as da União e os
bens que tiver adquirido por qualquer título legítimo.

Terras devolutas: são áreas remanescentes de sesmarias não colonizadas e transferidas ao domínio do
Estado pelo art. 64 da Constituição Federal de 24/02/1891. Também são definidas como terras públicas
sem destinação pelo poder público e que em nenhum momento integraram o patrimônio de um
particular.
Questão que se impõe diz respeito ao serviço público de distribuição de água e tratamento de esgoto,
tendo em conta que os recursos hídricos são captados em bem público estadual. Celso Antônio
Bandeira de Mello declara serem exclusivamente do Município onde devem ser prestados, enquanto
Diogo de Figueiredo Moreira Neto o poder concedente para os serviços de fornecimento de água em
todo seu ciclo será o Estado, sempre que predominar o interesse comum. sempre que predominar o
interesse comum. Por oportuno, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deixa evidente a “competência
do Município, de legislar e de agir, em face dos interesses locais. Interesse público municipal inconteste
quanto à distribuição de água e tratamento de esgoto. Inteligência do art. 30, inc. V, da CRFB”

Competência: as competências administrativas são remanescentes ou reservadas e, anomalamente,


enumeradas ou expressas. Estão previstas no art. 25, § 1º, 2º e 3º.

As competências remanescentes ou reservadas denominam as que não hajam sido conferidas, implícita
ou explicitamente, à União e Municípios, nem conflitem com as proibições à atuação das unidades da
federação (art. 25, § 1º).

As competências enumeradas ou expressas denotam a criação, incorporação, fusão e desmembramento


de Municípios (art. 18, § 4º) e exploração, direta ou indireta, dos serviços locais de gás canalizado (art.
25, § 2º), como também a instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de Municipalidades limítrofes, para integrar a organização,
planejamento e execução de funções públicas de interesse comum (art. 25, § 3º).

As competências legislativas são restringidas aos temas que não tenham sido vedados pela Constituição
da República.

Aos Estados é deferida a competência para legislar sobre a organização administrativa, assim como as
receitas tributárias que lhes são afetas, especialmente a organização dos Poderes Legislativo, Executivo
e Judiciário dos Estados (arts. 27, 28 e 125), bem como a repartição das receitas pertencentes aos
Municípios (art. 158, incs. III e IV).

Demais disso, os Estados são dotados da competência concorrente para legislar sobre: (i) direito
tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (ii) orçamento; (iii) juntas comerciais; (iv)
custas dos serviços forenses; (v) produção e consumo; (vi) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
(vii) proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; (viii) responsabilidade
por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico; (ix) educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
desenvolvimento e inovação; (x) criação, funcionamento e processo dos juizados especiais cíveis e
criminais; (xi) procedimentos em matéria processual; (xii) previdência social, proteção e defesa da
saúde; (xiii) assistência jurídica e Defensoria Pública; (xiv) proteção e integração social das pessoas
portadoras de deficiência; (xv) proteção à infância e à juventude, e (xvi) organização, garantias, direitos
e deveres das polícias civis (art. 24).

As competências tributárias são prescritas nos arts. 145 a 152 e 155, todos da CRFB.
Impostos sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos, operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação, ainda que as operações e prestações se iniciem no exterior, e propriedade de veículos
automotores (arts. 145, inc. I, e 155).

Taxas, recolhidas pelo exercício do poder de polícia ou utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição (art. 145, inc. II).

Contribuições de melhoria, recebidas pelo acréscimo do valor de imóvel localizado em áreas


beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas (art. 145, inc. III).

Municípios

Conceito: pessoa jurídica de direito público, com autonomia política, eis que a unidade da federação
detém a autoadministração, exposta pela capacidade de exercício de suas competências
administrativas, legislativas e tributárias (arts. 23, 24, 30, 144, § 8º, 145, incs. I a III, e 156), autogoverno,
exteriorizado pela capacidade de organização dos seus Poderes Legislativo e Executivo (art. 29, inc. I), e
auto-organização, externada pela capacidade de elaboração da sua Lei Orgânica (art. 29, caput).

A propósito, o Município dispõe de poderes constituídos, e não também de poder constituinte derivado
decorrente institucionalizador, tendo em vista que a Lei Orgânica constitui produto da elaboração
legislativa da Câmara Municipal.

A lei orgânica municipal será aprovada por dois terços dos membros da câmara municipal, após dois
turnos de discussão e votação, podendo ser declarada constitucional ou inconstitucional, em abstrato,
tanto pelo TJ do respectivo estado quanto pelo STF.

Bens: é formado pelos bens públicos de uso comum, tais como os rios, mares, estradas, ruas e praças,
como também os de uso especial, tais como os edifícios e terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da Administração Pública, direta ou indireta, e os dominicais pertencentes ao
Município, tais como as suas terras devolutas, com espeque no art. 3º da Lei nº 640/1852, as terras dos
extintos aldeamentos de índios, em que estejam fundadas vilas ou povoações, com esteio no art. 8º da
Lei nº 2.672/1875, e os bens que tiver adquirido por qualquer título legítimo, de acordo com o art. 12 do
Decreto nº 2.800/1898 c/c art. 99 do CC/02.

O Superior Tribunal de Justiça deixou consignado que “a jurisprudência acolhe entendimento no sentido
de que o Município tem legitimidade para a sucessão de bem jacente, cuja declaração de vacância deu-
se na vigência da lei que alterou dispositivo que, retirando o Estado, substituiu-o na ordem hereditária”.
“Ao ente público não se aplica o princípio da saisine, porquanto a declaração de vacância é o momento
em que o domínio dos bens jacentes se transfere ao patrimônio público. Ocorrida a declaração de
vacância após a vigência da Lei nº 8.049/90, legitimidade cabe ao Município para recolher os bens
jacentes.”

Competência: As competências administrativas são caracterizadas como exclusivas, designando a


obtenção, gestão e aplicação dos tributos municipais, criação, organização e supressão dos distritos,
organização e prestação, direta ou indireta, dos serviços públicos de interesse local, incluído o de
transporte coletivo, e promoção do adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, parcelamento e ocupação do solo urbano (art. 30, incs. III, IV, V e VIII), assim como a
constituição das guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações (art. 144,
§ 8º).

Ademais, os Municípios são favorecidos pela competência comum para: (i) zelar pela guarda da
Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; (ii) cuidar da
saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; (iii) proteger
os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; (iv) impedir a evasão, a destruição e a
descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; (v)
proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
(vi) proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; (vii) preservar as
florestas, a fauna e a flora; (viii) fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento
alimentar; (ix) promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico; (x) combater as causas da pobreza e os fatores de
marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; (xi) registrar, acompanhar e
fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios, e (xii) estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito (art. 23),
bem como (xiii) manter programas de educação pré-escolar e ensino fundamental, além de prestar
serviços de atendimento à saúde da população, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, e (xiv) promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observadas a legislação e a
ação fiscalizadora federal e estadual (art. 30, incs. VI, VII e IX).

As competências legislativas são circunscritas aos assuntos de interesse predominantemente local, sem
prejuízo de a produção normativa municipal suplementar a legislação federal e a estadual no que
couber (art. 30, incs. I e II).

Outrossim, os Municípios são fortalecidos pela competência concorrente para legislar sobre: (i) direito
tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (ii) orçamento; (iii) juntas comerciais; (iv)
custas dos serviços forenses; (v) produção e consumo; (vi) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
(vii) proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; (viii) responsabilidade
por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico; (ix) educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
desenvolvimento e inovação; (x) criação, funcionamento e processo dos juizados especiais cíveis e
criminais; (xi) procedimentos em matéria processual; (xii) previdência social, proteção e defesa da
saúde; (xiii) assistência jurídica e Defensoria Pública; (xiv) proteção e integração social das pessoas
portadoras de deficiência; (xv) proteção à infância e à juventude; e (xvi) organização, garantias, direitos
e deveres das polícias civis (art. 24).

As competências tributárias são previstas nos arts. 145 a 152 e 156, todos da CRFB.
Impostos sobre propriedade predial e territorial urbana, transmissão inter vivos, a qualquer título, por
ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os
de garantia, bem assim cessão de direitos a sua aquisição, e serviços de qualquer natureza, ressalvados
os de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (arts. 145, inc. I, e 156).

Taxas, recolhidas pelo exercício do poder de polícia ou utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (art. 145, inc. II).

Contribuições de melhoria, recebidas pelo acréscimo do valor de imóvel localizado em áreas


beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas (art. 145, inc. III).

Distrito federal

Conceito: pessoa jurídica de direito público, com autonomia política, já que a unidade da federação
detém a autoadministração, exposta pela capacidade de exercício de suas competências
administrativas, legislativas e tributárias (arts. 32, § 1º, e 147), autogoverno, exteriorizado pela
capacidade de organização dos seus Poderes Legislativo e Executivo (art. 32, § 2º), e auto-organização,
externada pela capacidade de elaboração da sua Lei Orgânica (art. 32, caput).

A respeito, o Distrito Federal dispõe de poderes constituídos, e não também de poder constituinte
derivado decorrente institucionalizador, sem embargo do cabimento da ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo distrital em face da sua Lei Orgânica, com fundamento no
art. 8º, inc. I, “n”, da Lei nº 11.697/08.

Bens: é formado pelos bens públicos de uso co- mum, tais como os rios, mares, estradas, ruas e praças,
como também os de uso especial, tais como os edifícios e terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da Administração Pública, direta ou indireta, e os dominicais pertencentes ao Distrito
Federal, tais como os bens que tiver adquirido por qualquer título legítimo, sob a égide do art. 46 da sua
Lei Orgânica.

Competência: como entidade federativa de posição intermediária entre os Estados e Municípios, é


destinatário das competências estaduais e municipais (arts. 32, § 1º, e 147), ressalvada a legislação,
organização e manutenção do Poder Judiciário e Ministério Público, bem assim da Polícia Civil, Polícia
Penal, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (arts. 21, incs. XIII e XIV, 22, inc.
XVII, e 48, inc. IX), malgrado os órgãos de segurança pública estejam subordinados ao Governo distrital
(arts. 32, § 4º, e 144, § 6º).

Aula 3. 28/08/23. Prof: Brandão.

Ementa: Os Estados-membros. Organização e competências. Municípios. Origem. Competências.


Organização.

Organização e competências
Conceito: a organização dos Poderes dos Estados, Municípios e Distrito Federal é informada por
princípios e regras da Constituição da República Federativa do Brasil, que importam limitações à auto-
organização das unidades da federação.

Princípios constitucionais: os Estados, Municípios e Distrito Federal organizam-se e regem-se pelas


Constituições e Leis Orgânicas que adotarem, observados os princípios constitucionais, qualificados
como fundamentais, gerais e setoriais, a teor dos arts. 25, 29 e 32 da CRFB.

Os princípios fundamentais são sínteses das normas constitucionais, que a eles podem ser direta ou
indiretamente reconduzidas, com o objetivo de organizar o Estado, fracionados em democracia,
república e federação.

Os princípios gerais são desdobramentos dos princípios fundamentais, que são irradiados pelo
ordenamento constitucional, com o objeto de limitar o poder do Estado, fragmentados em legalidade,
igualdade, inafastabilidade do controle judiciário e devido processo legal.

Os princípios setoriais informam um complexo de normas constitucionais afetas a um determinado


ramo do Direito Positivo.

Regras de organização: os Poderes dos Estados, Municípios e Distrito Federal estão submetidos a regras
constitucionais de organização destinadas, indistinta ou especificadamente, aos entes federativos.

+ Estados

Nos Estados, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são exercidos pelas Assembleias Legislativas,
Governadores de Estado e Tribunais e Juízos estaduais, com fulcro nos arts. 27, 28 e 125 da CRFB.

As Assembleias Legislativas são integradas por Deputados Estaduais, em número proporcional ao triplo
da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de 36, será acrescido de
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 12, cabendo-lhe as atribuições enumeradas no
art. 99.

Os Governadores de Estado são eleitos pelo sistema de maioria absoluta, para mandato de quatro anos,
sujeito à perda por condenação por crime comum, por decisão irrecorrível do Superior Tribunal de
Justiça, ou crime de responsabilidade, por deliberação majoritária da Assembleia Legislativa Estadual,
como preceituam os arts. 99, inc. XIII, 136, § 3º, 138, § 1º, e 147, caput.

As Justiças Estaduais são compostas pelos Tribunais de Justiça, constituídos por Desembargadores em
número fixado por lei ordinária estadual, e Juízos de Direito, consoante a Lei de Organização e Divisão
Judiciária do Estado, sem embargo da instituição dos Tribunais de Justiça Militar e dos Conselhos de
Justiça Militar, de acordo com os arts. 160, 164 e 166, todos da CERJ.

+ Municípíos

Nos Municípios, os Poderes Legislativo e Executivo são exercitados pelas Câmaras Municipais e Prefeitos
de Município, com fundamentação no art. 29 da CRFB.
As Câmaras Municipais são integradas por Vereadores, em número proporcional à população da
Municipalidade, atendido o limite mínimo de 9, bem assim o limite máximo de 55, nos Municípios de
menos de 15 mil e mais de 8 milhões de habitantes, cabendo-lhe as atribuições enunciadas no art. 45.

Os Prefeitos de Município são escolhidos pelo sistema de maioria simples ou absoluta, caso a população
seja inferior ou superior a 200 mil eleitores – o que representa, somente, 95 do total de 5.570
Municípios do Brasil –, para mandato de quatro anos, suscetível de perda por condenação por crime de
responsabilidade, por decisão irrecorrível do Tribunal de Justiça, ou infração político-administrativa, por
deliberação majoritária da Câmara Municipal, como preconizam os arts. 45, inc. XXVIII, 100, § 3º, 105 e
113, caput, todos da LOMRJ.

+ Distrito Federal

No Distrito Federal, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são externados pela Câmara
Legislativa, Governador do Distrito Federal e Tribunal e Juízos distritais, com fundamento no art. 32, §§
2º e 3º, da CRFB.

A Câmara Legislativa é integrada por Deputados Distritais, em número proporcional ao triplo da


representação do Distrito Federal na Câmara dos Deputados, cabendo-lhe as atribuições especificadas
no art. 60.

O Governador do Distrito Federal é eleito pelo sistema de maioria absoluta, para mandato de quatro
anos, sujeito à perda por condenação por crime comum, por decisão irrecorrível do Superior Tribunal de
Justiça, ou crime de responsabilidade, por deliberação majoritária da Câmara Legislativa Distrital, como
prescrevem os arts. 60, inc. XXIV, 88, § 3º, 90, § 1º, e 103, caput.

A Justiça Distrital é composta pelo Tribunal de Justiça, constituído por Desembargadores em número
fixado por lei ordinária federal, e Juízos de Direito, consoante a Lei de Organização e Divisão Judiciária
do Distrito Federal, sem prejuízo da instituição dos Conselhos de Justiça Militar, de ajuste com os arts.
82, § 4º, e 107, todos da LODF.

Territórios

Previsão: arts. 14 e 15, ADCT.

Conceito: hoje não mais, mas é possível criá-los novamente (art. 18, § 2 e 3º, CF).Não é ente federativo.
Não goza de autonomia. É uma descentralização político administrativa da União (para alguns autores
são considerados Autarquias). Podem ser divididos em Municípios. E esses municípios de território terão
a autonomia que o território não possui (art. 33, CF).

Regras de organização da União extensíveis, de forma simétrica, aos Estados, Municípios e Distrito
Federal: os Poderes dos Estados, Municípios e Distrito Federal estão subordinados a regras de
organização da União extensíveis, de modo simétrico, às entidades federativas, com exemplificações na
jurisprudência desenhada pelo Supremo Tribunal Federal.
Poder Legislativo: no que alude ao Poder Legislativo, são exemplos de regras constitucionais que, por
simetria, são extensíveis aos Estados, Municípios e Distrito Federal, as pertinentes ao processo
legislativo (“as normas básicas sobre processo legislativo, tais como as referentes às hipóteses de
iniciativa reservada, devem ser observadas pelos Estados-membros”), perda de mandato eletivo (“a
Constituição da República deixa claro que as regras por ela fixadas quanto à perda de mandato
parlamentar devem ser obrigatoriamente observadas pelas Constituições dos Estados”), instituição de
Comissão Parlamentar de Inquérito (“a possibilidade de criação de Comissões Parlamentares de
Inquérito é uma norma de absorção compulsória nos Estados-membros, destinada a garantir o potencial
do Poder Legislativo em sua função de fiscal da administração”) e controle externo, com o auxílio do
Tribunal de Contas (“o controle externo das contas é do Tribunal de Contas, como órgão auxiliar da
Assembleia Legislativa, por força do princípio da simetria. Constitui ato atentatório à efetiva atuação das
Cortes de Contas disposição que restrinja de seu controle fiscalizador quaisquer das competências
constitucionais a elas outorgadas como agentes desse munus”), não sendo admissível a previsão de mais
de uma reeleição dos membros da Mesa Diretora da Casa Legislativa para o mesmo cargo (“o art. 57, §
4º, da CRFB não é norma de reprodução obrigatória por parte dos Estados-membros. É inconstitucional
a recondução em número ilimitado, para mandatos consecutivos, dos membros das Mesas Diretoras das
Assembleias Legislativas para os mesmos cargos que ocupam, sendo-lhes permitida uma única reeleição,
limite cuja observância independe de os mandatos consecutivos referirem-se à mesma legislatura”).

Poder Executivo: no que atenta ao Poder Executivo, são exemplos de regras constitucionais que, por
simetria, são extensíveis aos Estados, Municípios e Distrito Federal, as referentes à expedição de
decretos (“por simetria ao modelo federal, compete apenas ao Chefe do Poder Executivo estadual a
expedição de decretos e regulamentos que garantam a fiel execução das leis”), provimento de cargos
públicos (“nomeação de dirigentes de autarquias e fundações públicas pelo Governador do Estado, após
aprovação das indicações pela Assembleia Legislativa. Observância ao modelo federal, que prevê a
participação legislativa na nomeação de dirigentes de entidades da Administração Pública”), autorização
prévia para ausência do País (“afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre
os Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige prévia licença da Assembleia
Legislativa para que o Governador e o Vice-Governador possam ausentar-se do País por qualquer prazo.
Espécie de autorização que, segundo o modelo federal, somente se justifica quando o afastamento
exceder a quinze dias”), não sendo admissível a submissão da persecução criminal a controle legislativo
(“às unidades federativas é vedado instituir normas que condicionem a instauração de ação penal contra
Governador de Estado por crime comum à previa autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior
Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais,
inclusive afastamento do cargo”) nem a prescrição de irresponsabilidade do Chefe do Poder Executivo
por atos estranhos às suas funções (“a imunidade do Chefe de Estado à persecução penal deriva de
cláusula constitucional exorbitante do direito comum e, por traduzir consequência derrogatória do
postulado republicano, só pode ser outorgada pela própria Constituição Federal. Os Estados-membros
não podem reproduzir em suas Constituições o conteúdo normativo dos preceitos inscritos no art. 86,
§§ 3º e 4º, da CRFB, pois as prerrogativas contempladas nesses preceitos da Lei Fundamental, por serem
unicamente compatíveis com a condição institucional de Chefe de Estado, são apenas extensíveis ao
Presidente da República”).
Poder judiciário: no que atine ao Poder Judiciário, são exemplos de regras constitucionais que, por
simetria, são extensíveis aos Estados e Distrito Federal, as relativas à eleição dos órgãos diretivos
(“impossibilidade de o Presidente, Vice-Presidente e Corregedor-Geral do Tribunal de Justiça do Estado
serem eleitos, diretamente, pelos membros vitalícios da magistratura local”), reclamação para a
preservação da competência dos Tribunais (“a reclamação constitui instrumento que, aplicado no
âmbito dos Estados-membros, tem como objetivo preservar a competência dos Tribunais de Justiça
estaduais, diante de eventual usurpação por parte de Juízo ou outro Tribunal local. A adoção desse
instrumento pelos Estados-membros, além de estar em sintonia com o princípio da simetria, está em
consonância com o princípio da efetividade das decisões judiciais”), prerrogativas funcionais e garantias
dos membros da Magistratura (“além de ser esse, na atualidade, o regime das normas constitucionais
federais sobre os servidores públicos em geral, com mais razão, não há como admitir possam os Estados
subtrair garantias inseridas nas regras constitucionais centrais do estatuto da magistratura”), tais como
a inamovibilidade, irredutibilidade de subsídio e vitaliciedade do cargo de juiz (“a Constituição Federal
enumera taxativamente as hipóteses de aposentadoria facultativa e compulsória dos magistrados e
veicula normas de absorção necessária pelos Estados-membros, que não as podem nem restringir nem
ampliar, sob pena de ofensa à vitaliciedade, à efetividade da qual serve o caráter exaustivo dos casos
previstos de aposentadoria compulsória do juiz”), não sendo admissível a previsão de foro especial por
prerrogativa de função em relação a determinados agentes estaduais ou distritais, como os Advogados
Públicos, Delegados de Polícia e Defensores Públicos (“o Supremo Tribunal Federal consagrou tese no
sentido da impossibilidade de estender-se a prerrogativa de foro, ainda que por prescrição da Carta
Estadual, em face da ausência de previsão simétrica no modelo federal, sendo certo que a matéria é de
Direito Processual, sobre a qual somente a União pode legislar, nos termos do art. 22, inc. I, da CRFB”).

Aula 4. 29/08/23. Prof: Luis Felipe Sampaio.

Ementa: Federalismo cooperativo. Direitos humanos e Federação. Direitos sociais e regime federativo.
Administração Pública na Constituição - Aspectos Gerais. Princípios. Servidores Públicos e seu Regime
Previdenciário. Responsabilidade civil. Reforma Administrativa.

Federalismo

[As competências legislativas na crfb de 88: uma releitura de sua interpretação e da solução de seus
conflitos à luz do direito constitucional contemporâneo - Thiago Magalhães Pena + Enunciados PGM 3,
16, 28 e 41]

Previsão constitucional: art. 1. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos.

Federação: forma de estado que corresponde a distribuição do poder dentro do Brasil, sem que haja
atribuição de soberania aos entes (União, Estados, DF e Municípios), mas haja autonomia (art. 18).

Autonomia federativa: auto-organização, autogoverno e autoadministração. Auto organização é a


capacidade do ente federativo e organizar o exerćicio do seu poder, criando uma constituição ou uma lei
orgânica. O autogoverno está ligado a possibilidade do ente eleger seus mandatários. A
autoadministração está ligada a possibilidade do ente de realizar sua própria gestão, sendo necessário,
nesse caso, haver patrimônio e receitas próprias.

Ausência de hierarquia entre os entes na federação.

Tipos de federação:

+ Quanto à origem ou formação:

• Federalismo por agregação: surge quando Estados soberanos cedem uma parcela de sua soberania
para formar um ente único (movimento centrípeto). Ex.: EUA.

• Federalismo por desagregação ou segregação: quando a federação é fruto da descentralização política


de um Estado Unitário (movimento centrífugo), como foi o caso do Brasil.

+ Quanto à concentração do poder:

• Federalismo centrípeto (ou centralizador): caracteriza-se pelo fortalecimento do poder central


decorrente da predominância de atribuições conferidas à União.

• Federalismo descentralizador (ou centrífugo): privilegia os Estados-membros, conferindo-lhes maior


autonomia financeira, administrativa, política e jurídica.

• Federalismo de equilíbrio: prioriza a conciliação entre integração e autonomia, unidade e diversidade.


Busca-se uma relação mais harmoniosa e equânime por meio de uma repartição equilibrada de
competências entre o ente central e os entes periféricos.

+ Quanto às esferas de competência:

• Federalismo típico (clássico), bidimensional, bipartite ou de 2.° grau: caracteriza-se pela existência de
duas esferas de competência: a esfera central (União) e a esfera regional (Estados-membros). É o
modelo adotado nos Estados Unidos e em praticamente todas as federações existentes no mundo.

• Federalismo atípico, tridimensional, tripartite ou de 3.° grau: constata-se a existência de três esferas
ou centros competência: a esfera central (União), a esfera regional (Estados-membros) e a esfera local
(Municípios). Adotado pela Constituição brasileira de 1988.

+ Quanto à repartição de competência:

• Federalismo dualista (ou dual): caracteriza-se pela repartição horizontal de competências


constitucionais entre a União e os Estados, como no federalismo clássico norte-americano dos séculos
XVIII e XIX.
• Federalismo de cooperação ou cooperativo: há a repartição vertical de competências, com o objetivo
de tornar mais eficiente o desempenho das tarefas públicas, por meio da colaboração entre as pessoas
estatais, sob a tutela da União.

• Federalismo de integração: veicula a sujeição dos Estados federados à União. Adota-se uma relação de
subordinação entre os entes federativos, decorrente do fortalecimento do poder central.

+ Quanto à simetria:

• Em relação ao modelo clássico de federação: o federalismo brasileiro/tricotômico será assimétrico,


enquanto o clássico será o simétrico;

• Em relação às diferenças jurídicas ou fáticas entre as entidades federadas: a) o federalismo brasileiro é


juridicamente simétrico, por haver isonomia entre os Estados-membros em sua organização; b) é
faticamente assimétrico, em razão da enorme desigualdade fática entre os entes federados.

Aplicação concreta do tema: Poderia o Município legislar sobre contratos e licitações e nepotismo, ou
ele estaria invadindo a esfera de competência da União? Sim, de maneira suplementar desde que
dentro da esfera do seu interesse local. Súmula vinculante 13 (A nomeação de cônjuge, companheiro ou
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante
ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal).

ADIN 3454 STF análise de requisição de um ente federativo (União) contra bens de outro entes
subnacionais (Estados, DF e Municípios). O STF entendeu pela impossibilidade dessa requisição, salvo
em hipótese de estado de sítio ou de intervenção federal, sendo descabida a requisição em outros
cenários, inclusive o da covid.

Servidores públicos e regime previdenciário

Formas de relação de trabalho na administração pública: empregos públicos, cargos em comissão,


contratações temporárias e cargos de provimento efetivo.

Competência regime: para legislar sobre regime de servidores é competente o próprio ente o qual o
servidor está vinculado.

+ Empregos públicos: art. 37, II, IIIe IV, CRFB. a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Prazo: o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.

Requisitos: i) aprovação em concurso público de proovas ou de provas e títulos; ii) forma prevista em
lei.

+ Cargos em comissão: art. 37, V, CRFB. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições
de direção, chefia e assessoramento.

Requisitos: no RE 1.041.210, o STF fixou cinco requisitos para a criação de cargos em comissao, quais
sejam: i) ser destinado a cargos de chefia, direção ou assessoramento, não se prestando à execução de
cargos burocráticos, técnicos ou operacionais; ii) necessária relação de confiança entre a autoridade
nomeante e o sevidor nomeado; iii) o número de cargos comissionados criados guarde
proporcionalidade com a necessidade que elels visam suprir e com o número de servidores ocupantes
de cargos efetivos no ente federativo que os institui; iv) que as atribuições dos cargos em comissão
estejam descritas de forma clara e objetiva na própria lei que os cria.

As nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

+ Contratações temporárias: são casos excepcionais. Art. 37, IX, CRFB. A lei estabelecerá os casos de
contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público.

Requisitos: i) a lei estabelecerá os casos de contratação (não pode ser em qualquer caso), logo, não há
concurso público; ii) deverá haver previsão de tempo para duração desse contrato; iii) a necessidade
tem que ser temporária; iv) excepcional interesse público; v) indispensabilidade da contratação
(impossibilidade da administração pública resolver o problema através de remanejamento de outros
servidores. Este requisito não está previsto na CRFB, é jurisprudencial).

Tais requisitos visam evitar que tais cargos sejam preenchidos por familiares.

RE 1186735 constitucionalidade de lei do estado do Rio de Janeiro que trata sobre contrata ção
temporária.

RE 1084677

+ Cargos efetivos:

Requisitos:

Aula 5. 30/08/23. Prof: Brandão.


Ementa: Garantias do Poder Judiciário. Garantias e Prerrogativas da Magistratura. Deontologia do
Magistrado. Ética. Impacto econômico e social das decisões judiciárias. Administração Judiciária.
Organização judiciária. Custeio da atividade judicial.

Garantias do Poder Judiciário

O judiciário desempenha uma das funções do Estado.

A questão das garantias da magistratura é de natureza jurídico-administrativa, fazendo parte da relação


do juiz com o Estado. Elas se encontram, no entanto, inseridas num contexto mais amplo,
correspondente à independência do Poder Judiciário e à imparcialidade do magistrado. Com efeito, as
garantias da magistratura se reportam ao princípio da separação de poderes - que nada mais é senão
uma divisão de funções entre órgãos estatais - vem consagrado em nosso texto constitucional vigente:
“Art.2°. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário”. Assim, ao menos no que tange ao aspecto formal e constitucionalmente determinado, o
Poder Judiciário é independente. Inclusive, desfruta de autonomia administrativa e financeira para gerir
seus recursos particulares, além do poder de exercer a jurisdição. Cabe, por oportuno, mencionar o que
o legislador constituinte atribuiu ao Poder Judiciário como instrumento de salvaguarda de sua
independência institucional. Senão vejamos:
“Art.96. Compete privativamente:
I – aos tribunais:

a)eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o

funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;


b)organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo
exercício da atividade correicional respectiva;
c)prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d)propor a criação de novas varas judiciárias;
e)prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art.169,
parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim
definidos em lei;

f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes
forem imediatamente vinculados;
II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
Legislativo respectivo, observado o disposto no art.169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b)a criação e a extinção de cargos e a fixação de vencimentos de seus membros, dos juízes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver, dos serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III – aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os
membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral”.
E ainda:
“Art.99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
administrativa e financeira”.

Diante do exposto, o professor JOSÉ DE ALBUQUERQUE ROCHA estabelece uma distinção entre dois
momentos da independência do Poder Judiciário: um político e outro administrativo. Quanto à
independência de ordem política, diz o eminente professor: A independência política do Judiciário está
ligada ao exercício da função que a Constituição lhe atribui: julgar e executar o julgado, para dizê-lo
sumariamente. Portanto, a independência política do Judiciário destina-se a garantir o exercício da
função jurisidicional exclusivamente por esse Poder. Está prevista de modo expresso pela Constituição
no artigo 5°, XXXV e XXXVII. A natureza política dessa dimensão da independência decorre, primeiro, de
sua relação com o exercício do poder estatal, que é político por excelência (a jurisdição exercida pelo
Judiciário é modalidade de exercício do poder estatal); segundo, por ter finalidade política, qual seja, a
defesa da liberdade contra o arbítrio de toda espécie de poder, sobretudo do poder político; finalmente,
por ser garantia da função de controle exercida pelo Judiciário sobre a constitucionalidade dos atos dos
demais poderes, o que importa o exercício de ponderável parcela do poder político” (grifos nossos).
Já no tocante à independência de natureza administrativa, esclarece o autor: A independência
administrativa, também chamada de autogoverno da magistratura, consiste na aptidão do Judiciário de
gerenciar com autonomia os elementos pessoais e os meios materiais e financeiros imprescindíveis ao
exercí-cio da função jurisdicional” ( grifos nossos ).
Não obstante a declaração formal de independência do Judiciário em face dos demais poderes, a própria
Constituição impõe sérias restrições à sua efetividade, na medida em que os ministros dos Tribunais
Superiores do país, vale dizer, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, bem ainda os
juízes dos Tribunais Regionais Federais são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada
a escolha pelo Senado Federal, nos dois primeiros casos. Ainda, na esfera dos Estadosmembros, os
Desembargadores dos Tribunais de Justiça são nomeados pelo Governador do Estado. Vê-se, então, que
a cúpula da organização judiciária sofre ingerência direta dos chefes do Executivo. Não-raras vezes essa
distorção – porquanto constitui um verdadeiro atentado ao regime democrático e um contra-senso
relativamente ao princípio da separação de poderes – influencia sobremaneira a composição dessas
Cortes. Conseqüentemente, em razão da estrutura rigidamente hierarquizada dos Tribunais, que
subjuga os juízes de primeiro grau às orientações advindas do escalão superior, todo o Poder Judiciário
indiretamente se submete ao Poder Executivo que, além dessa prerrogativa, conta com o poder de
gerenciamento dos recursos financeiros do Estado.

Outro fator redutor da independência do Judiciário pode ser apontado na polícia judiciária e no sistema
penitenciário. Na área criminal, a atividade da polícia chega a ser imprescindível, caso contrário, os
delitos ordinariamente não seriam sujeitos a qualquer repressão por parte do Estado-juiz. Pois bem,
como se sabe, a polícia judiciária é administrativamente vinculada ao Poder Executivo, por meio de suas
Secretarias de Segurança Pública ou Ministério da Justiça, conforme o caso.
Dependendo da política desenvolvida nesse órgão, a atividade jurisdicional na esfera penal será mais ou
menos eficaz. De igual sorte, observando-se que o caos do sistema penitenciário e, numa visão mais
abrangente, de todo o modelo de execução das penas, não satisfaz a prevalência de alguns dos direitos
básicos do ser humano, a atividade do juiz se torna inibida e descompromissada com os reais objetivos
intentados pela lei. É a carência de investimentos do Estado-administração nesses setores, influenciando
negativamente a função jurisdicional.

Ingresso, promoção, garantias e prerrogativas da magistratura

Ingresso: o ingresso na carreira se dá por concurso público (art. 93, I, CRFB), ou por nomeação, em
cargos isolados, o que pode se dar de forma livre ou vinculada. A livre nomeação é para o STF e a
vinculada é para os demais tribunais superiores. O ingresso na carreira pelo concurso público estadual
tem como nível de entrada o cargo de juiz substituto. O juiz substituto ingressa na 1ª instância, mas não
tem entrância (que é a divisão da 1ª instância).

Provimento inicial: a primeira movimentação funcional é o provimento inicial, que é a passagem de juiz
substituto para juiz de direito. Ao se tornar juiz de direito, o magistrado passará a ter a possibilidade de
movimentação profissional por promoção e remoção (art. 93, II e VIII, CRFB).

Promoção e remoção: a remoção é o oferecimento de órgão vago aos juízes de direito, na forma do
edital. Se o órgão fica vago depois do oferecimento na remoção, haverá o provimento inicial para aquele
que acaba de se tornar juiz de direito. A remoção é uma movimentação horizontal, na mesma entrância,
enquanto a promoção é de movimento vertical, na forma da lei de organização judiciária do estado e do
edital de promoção, enquanto a remoção é o trânsito para outro órgão, na forma do edital elaborado
pelo TJ. Nas entrâncias depois da primeira, quando o órgão fica vago, ele é oferecido à remoção para a
2ª entrância e, se continuar vaga, ela é oferecida à promoção, para que o juiz da 1ª entrância vá para a
2ª.

Hoje em dia, no TJRJ, não tem mais mais essas coisas de entrância. Somente tem juiz substituto, juiz de
direito e desembargador. De juiz substituto para juiz de direito ou para desembargador ser á promoção.
Dentro de juiz de direito, tem o titular e o regional, a mudança entre eles será por remoção.

CNJ e o Tribunal podem remover um juiz por meio de procedimento com contraditório e ampla defesa
garantidos, mesmo a inamovibilidade não impede a remoção.

Na capital é o juiz regional que substitui o juiz titular, não o juiz substituto, pois na capital, o juiz
substituto somente pode ser designado para auxiliar dada a complexidade dos casos. O juiz
substituto proferirá sentença, realizará audiência, normalmente, mas não estará sozinho. A função do
juiz regional é substituir.

Acesso: o acesso aos tribunais se dá alternadamente por merecimento e antiguidade (art. 93, III, CRFB).
Nos tribunais estaduais, há uma regra objetiva de antiguidade que baliza o merecimento, qual seja, o
quinto da antiguidade. Os 20% mais antigos da última entrância (ou seja, 1/5) sempre terão precedência
em relação aos demais (ou outros 80%), quando o critério do acesso for merecimento. Essa regra se
renova a cada quinto.

+ Tema 954, STF: o art. 83, LOMAN leciona que a remoção tem precedência em relação ao provimento
inicial e à promoção por merecimento. Por conta disso, o STF passou a interpretar que, a contrario
sensu, a remoção não teria precedência em relação à promoção por antiguidade. No entanto, já foi
proposto o cancelamento desse tema em sede de ADI, pois gerou uma incongruência na progressão de
carreira. Ou seja, primeiro coloca a vaga para a remoção e se ninguém quiser, coloca para promoção por
merecimento.

Garantias: primeiramente, é importante destacar que garantias e prerrogativas são conceitos


diferentes, sendo as segundas, aquelas inerentes ao juiz, enquanto as primeiras estão associadas ao
cargo. Por exemplo, com a aposentadoria, o juiz perde a prerrogativa do porte de arma. As garantias são
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio.

+ Vitaliciedade: no primeiro grau, somente será adquirida após dois anos de exercício. Caso a pessoa
sofra um acidente ou engravide, esse período afastado suspenderá a contagem do tempo do
vitaliciamento. Esse período de dois anos precisa ser exercido. Dependerá a perda do cargo, nesse
período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e nos demais casos, de senten ça
judicial transitada em julgado.

+ Inamovibilidade: significa dizer que o juiz não pode ser movido, transferido para outra comarca, por
exemplo, por simples insatisfação de um prefeito da cidade.

+ Irredutibilidade de subsídio: não pode o seu vencimento ser reduzido.

Vedações: a CRFB prevê algumas vedações a fim de que o magistrado exerça sua função plena.

+ Não podem os juízes exercerem outro cargo ou função, ainda que em disponibilidade, salvo uma de
magistério (couch não se enquadra no magistério). Não quer dizer que só pode dar aula em um lugar,
ter apenas uma cadeira. É interpretado de forma mais ampla.

+ Não podem receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo.

+ Não podem se dedicar a atividade político-partidária.

+ Não podem receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.

+ Não exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (quarentena). Há uma divergência doutrinária
quando se tratar de Ministro do STF, pois, considerando que a jurisdição de um ministro é plena em
todo o território brasileiro, ele não poderia advogar. Outra parte da doutrina entende que somente não
poderia atuar no STF.
Pergunta de prova oral: o magistrado pode dar palestra sobre reforma política? Sim, desde que não
emita opiniões sobre nenhum caso concreto.

LOMAN

Os juízes, enquanto não adquirirem a vitaliciedade, podem praticar qualquer ato reservado à juiz
vitalício. Todavia, deve-se observar a legislação.

a) Vitaliciedade

Art. 26. O magistrado vitalício somente perderá o cargo: inciso I. Não perderá o cargo no caso do inciso
II, pois não foi recepcionado pela CRFB. Mas pode sofrer as sanções como advertência, censura,
aposentadoria compulsória. Todavia, se tratando de juiz não vitalício, o inciso II, poderia ser aplicado.

Parágrafo 1. Pode dar aula em faculdade, mas não pode ser diretor de uma faculdade, exercer nenhuma
função administrativa ou técnica.

Parágrafo 2. Pode dar aula em curso oficial de paraparação para judicatura ou aperfeiçoamento de
magistrados.

Resolução 34 do CNJ, art. 5-A. Trata do coach. Juiz não pode ser couch porque nãoo é magistério.

Pergunta de prova oral: juiz pode ser convidado, numa comarca pequena, a ser sócio de um clube que
tenha atividades de lazer e cultural? Pode, todavia, não pode exercer cargo de administração, técnico.
Mas caso haja politicagem envolvida, não deve aceitar o convite.

Art. 1, resolução 34, CNJ. Parágrafo único. Deve haver compatibilidade entre os horários fixados para o
expediene forense e para a atividade acadêmica, que deverá ser comprovado perante o Tribunal.

Art. 2, resolução 34, CNJ. Parágrafo 1. É vedado desempenho de cargo ou função administrativa ou
técnica em estabelecimento de ensino. Todavia, exercício de cargos ou funções de coordenação
acadêmica, exercendo atividades estritamente ligadas ao planejamento do curso, é permitido.

Art. 26, II, LOMAN. Perda do cargo de magistrado vitalício por procedimento administrativo não pode,
mas aplicação de sanção, pode. E deve ser observado o procedimento legal.

Art. 27 e art. 28. Art. 29 (o prazo previsto é diferente da CRFB).

Observação: magistrados não vitalícios, art. 23 da resolução 135 do CNJ. Após passar o concurso,
começa o curso de formação de 4 meses e, após a posse, começa o prazo de 2 anos de vitaliciamento.
Durante o vitaliciamento, o magistrado não vitalicio pode perder o cargo.

b) Inamovibilidade

Art. 30. O juiz não poderá ser removido ou promovido senão com seu assentimento, manifestado na
forma da lei, ressalvado o disposto no art. 45, item I.
Observação: art. 5, resolução 135 do CNJ. O magistrado de qualquer grau poderá ser removido
compulsoriamente, por interesse público, do órgão em que atue para outro.

c) Irredutibilidade de vencimentos

Art. 32. Não impede os descontos fixados em lei, como impostos e previdência.

Prerrogativas dos magistrados

Está associado ao magistrado, inerente a ele.

Art. 33, LOMAN.

Deveres do magistrado

Art. 35. LOMAN.

IV - "a qualquer momento" deve ser interpretado de acordo com a razoabilidade do caso concreto,
ainda que seja urgente.

V - juiz titular deve residir na sede da comarca, salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver
subordinado. Juiz regional não costuma ser exigido isso, pois ele está a disposição da presidência.

Código de ética

Resolução 60/2008. Exorta todos os juizes brasileiros à sua fiel observância. Exortar é aconselhar.

a) Independência

A independência é um princípio que determina que o magistrado não sofra nenhum tipo de
interferência na sua função institucional interna ou externa.

Art. 4.

Art. 5.

Art. 6.

Art. 7.

A imparcialidade é um princípio que deve nortear a atuação do juiz naquele caso concreto a paridade de
armas para todas as partes envolvidas, sem demonstrar preferência a uma ou outra parte.

Juiz imparcial é o juiz equidistante. Observador.

Art. 370, caput, CPC. Juiz pode determinar a produção de prova de ofício e isso não fere a sua
imparcialidade. Esse entendimento é aplicado no TJRJ.

Não existe juiz neutro, pois todo ser humano é produto do meio em que vive.
Em relação à independência, Nalini (2019) destaca três tipos de independência, quais sejam: a) externa;
b) interna (independência do juiz perante o próprio corpo judicial e dotribunal do qual faz parte); c)
psicológica (libertação do juiz de suas amarras, crenças e idiossincrasias).

Pergunta de prova oral: se a juiza sentenciar a absolvição de um réu por considerar que a prova era
ilicita e a sentença for anulada, ela poderá se escusar de proferir uma sentença condenando o
acusado? caso a juiza continue achando que a prova é ilicita, ela pode se escusar de proferir a sentença
alegando suspeição no despacho.

Pergunta e prova oral: juiz que tenha rede social pode falar mal de algum partido ou candidato? Não,
pois há violação a imparcialidade e/ou independência.

b) Imparcialidade

Como já mencionado, tem a ver com o caso concreto específico.

Art. 8.

Art. 9, parágrafo único, incisos I e II.

c) Transparência

Art. 41, da LOMAN. Salvo os casos de impropriedade ou excesso de linguagem o magistrado não pode
ser punido ou prejudicado pelas opiniões que manifestar ou pelo teor das decisões que proferir.

Art. 143, CPC. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de
suas funções, proceder com dolo ou frude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo,
providência que deva ordenar de ofício... etc.

ADPF 774. Ainda está em andamento. Observar.

d) Transparência e sigilo profissional

Art. 27 e art. 28, LOMAN.

e) Integridade pessoal e profissional

Art. 15, 16, 17, 18 e 19.

Tanto na vida privada quanto na vida pública, de modo a dignificar a função.

f) Dedicação e diligência

Art. 20 e 21.

Pergunta de prova oral: juiz pode ser síndico de condomínio? não, pois seria exercício de uma função
incompativel com a carreira, sendo vedada pela CRFB e pelo código de ética.
g) Prudência

Art. 24, 25 e 26.

Deve estar atento às consequências das suas decisões, como, por exemplo, em uma ação de
reintegração de posse. Ao determinar a desocupação de eventual imóvel ocupado por vulneráveis, deve
agir com prudência, oficiando todas as secretarias que podem se relacionar com o caso, conselho
tutelar, por exemplo, pois pode haver uma criança.

Uma câmara cível ou criminal pode declarar uma lei inconstitucional ou constitucional? A câmara só
pode declarar constitucional. Se for caso de inconstitucionalidade, a câmara tem que encaminhar a
discussão para o tribunal pleno ou órgão especial, havendo nesse sentido (art. 97, CRFB, reserva de
plenário). Nem se for controle incidental, que só juiz poderia declarar a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade (direito difuso), a câmara não.

h) Conhecimento e capacitação

Art. 34 e 35.

i) Dignidade, honra e decoro

Art. 37, 38 e 39, código de ética.

Sanções

Resolução 135 do CNJ.

Art. 3.

a) Advertência e censura

Aplicadas unicamente aos magistrados de primeira instância.

Art. 4, resolução 135 do CNJ. Casos de procedimento incorreto (usou o carro do fórum para outras
coisas).

Art. 42 da LOMAN.

Art. 43 e art. 44.

b) Remoção compulsória

Art. 45 da LOMAN.

Art. 93, VIII, CRFB.

Art. 5, resolução 135. Aplicável a qualquer magistrado.

c) Disponibilidade
Art. 6, resolução 135 CNJ.

d) Aposentadoria compulsória

Art. 7 resolução 135 do CNJ.

Medida administrativa mais gravosa.

Art. 41 e art. 42.

Organização judiciária

As normas de organização judiciária são aquelas que regulam o funcionamento da estrutura do Poder
Judiciário, mediante a atribuição de funções e divisão da competência de seus órgãos, singulares ou
colegiados, e por meio do regramento de seus serviços auxiliares. Não são de organização judiciária as
regras que disciplinam o processo, ou seja, a atividade jurisdicional voltada ao exercício do didireito de
ação, com todos os seus desdobramentos. O que se normatiza pela organização judiciária são a
estrutura do Poder Judiciário e a forma de constituição e de funcionamento de seus órgãos.

As regras aplicáveis à organização judiciária são a Constituição Federal, as Constituições Estaduais, as


Leis de Organização Judiciária de cada Estado, a Lei Orgânica da Magistratura e os Regimentos Internos
dos Tribunais.

Organização judiciária e Constituição Federal: por força do que dispõe o artigo 96, inciso I, letra a, da
CF, é da competência privativa dos tribunais a elaboração de seus regimentos internos, dispondo a
respeito da competência e do funcionamento dos respectivos órgãos judiciários e administrativos. A
regra constitucional expressamente determina que, para o regramento por meio dos regimentos
internos, deverão ser observadas as normas de processo e as “garantias processuais das partes”.

Também compete privativamente aos tribunais, de acordo com a regra da letra b do inciso I do artigo 96
da CF, organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados.

O artigo 96, inciso II, trata da competência privativa do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais
Superiores e dos Tribunais de Justiça, para propor ao respectivo Poder Legislativa (Federal nos dois
primeiros casos e Estadual ou Distrital, no caso dos Tribunais de Justiça) a alteração do número de
membros dos tribunais inferiores (letra a), a criação ou extinção de cargos e a fixação de vencimentos de
seus membros, dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, dos serviços auxiliares e dos juízos a eles
vinculados (letra b). De acordo com a letra c desse dispositivo da CF, é também do STF, dos Tribunais
Superiores e dos Tribunais de Justiça a competência (igualmente privativa) para propor ao Poder
Legislativo respectivo a criação ou extinção dos tribunais inferiores.

É também da competência exclusiva dos tribunais, por força do disposto na letra d do inciso II do artigo
96 da CF, a formulação de proposta ao respectivo Poder Legislativo, para a alteração da organização e da
divisão judiciárias. No caso da justiça estadual, por exemplo, é do Tribunal de Justiça a competência
privativa para propor à Assembléia Legislativa do respectivo Estado a criação de comarcas ou de novas
varas em comarcas já existentes.

Organização judiciária e constituições estaduais: a organização dos serviços judiciários nos Estados e no
Distrito Federal incumbe às respectivas Constituições, às leis de divisão e organização judiciárias e aos
regimentos internos dos respectivos tribunais.

Essa competência é absolutamente residual, no sentido de que não pode deixar de considerar as regras
previstas na CF e em outras regras de disciplina da organização judiciária compatíveis com o texto
constitucional, aplicáveis também às justiças dos Estados e do Distrito Federal, como a Lei Orgânica da
Magistratura e as Leis processuais.

Por força da Emenda Constitucional 45/2004, tanto os Tribunais de Justiça quanto os Tribunais Regionais
Federais e os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar de forma descentralizada (por
exemplo: O TRF 4ª Região, com sede em Porto Alegre, poderá criar Câmaras Regionais no Paraná e Santa
Catarina), assim como adotar modelo itinerante de prestação jurisdicional, realizando audiências, por
exemplo, fora dos tradicionais Edifícios do Fórum, em salas cedidas por órgãos públicos ou entidades
comunitárias (CF, art. 107, §§ 2º e 3º, artigo 115. §§ 1º e 2º, artigos 125, §§ 6º e 7º).

Órgãos do poder judiciário

Para o exercício da função jurisdicional a Constituição Federal dispõe, no artigo 92, a respeito dos órgãos
do Poder Judiciário. Segundo essa regra, “são órgãos do Poder Judiciário: I - O Supremo Tribunal Federal
e o Conselho Nacional de Justiça; II - O Superior Tribunal de Justiça; III - Os Tribunais Regionais Federais e
os juízes Federais; IV - Os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - Os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - Os
Tribunais e Juízes Militares; VII - Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

STF, CNJ e STJ: o STF é o órgão de cúpula do Poder Judiciário no Brasil. Sua função principal é a de
manter a integridade da ordem constitucional. Sua competência está disciplinada no artigo 102 da CF
cujo caput dispõe que “compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição...”. É, por tanto, o órgão a que incumbe a jurisdição constitucional.

O Conselho Nacional de Justiça, criado pela Emenda Constitucional 45/2004, é responsável pelo controle
da atuação financeira e administrativa dos órgãos do Poder Judiciário, assim como pelo cumprimento
dos deveres funcionais dos magistrados. Tem funções de planejamento (art. 103-B, inciso VI – elaborar
relatório anual, propondo providencias que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário) e
disciplinares (incisos III e V), dentre outras.

O STJ foi criado pela CF de 1988, e funciona como órgão destinado a julgar, em última instância, a
matéria relativa ao direito federal infraconstitucional. Diz, portanto, a palavra final sobre todas as
matérias que se refiram ao direito federal. Sua competência está disciplinada no artigo 105 da CF.

Tribunais regionais federais e juízes federais: há órgãos judiciários federais e órgãos judiciários
estaduais (e distrital, em razão do Distrito Federal). A estrutura da justiça federal é composta dos juízes
federais, como órgãos judiciários de primeiro grau, pelos Tribunais Regionais Federais, divididos por
regiões como órgão de segundo grau, e, evidentemente, pelo STJ e STF, respectivamente para a
uniformização da aplicação do direito federal e da CF. Nos termos do que provê o art. 98 da CF, também
são órgãos da justiça federal os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, criados pela Lei
10.259, de 12 de julho de 2001. A competência da justiça federal está prevista nos arts. 108 e 109 da CF
e sua estrutura está disciplinada pela Lei 5.010, de 30 de maio de 1966.

Justiças especiais

Na estrutura do Poder Judiciário, há três organizações distintas, cada qual encarregada da aplicação de
regras de uma área especifica do direito: do trabalho, eleitoral e militar.

+ Justiça do trabalho

A justiça do Trabalho tem sua competência definida no art. 114 da CF, segundo o qual “compete à
Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e
empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e
indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no
cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas”. Os órgãos da Justiça do Trabalho são (art.
111 da CF): o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e as Varas do Trabalho,
estas últimas encarregadas do exercício da função jurisdicional em primeiro grau.

+ Justiça eleitoral

A competência da Justiça Eleitoral foi delegada, pela CF, para Lei Complementar. Atualmente, a norma
reguladora é o Código Eleitoral, que, embora seja anterior à CF de 1988, foi por ela recepcionado. Os
órgãos da Justiça Eleitoral são (art. 118 da CF): o Tribunal Superior Eleitoral, os Tribunais Regionais
Eleitorais, os juízes eleitorais e as juntas eleitorais.

+ Justiça militar

A competência da Justiça Militar não se insere na jurisdição civil, pois, de acordo com o art. 124 da CF, a
ela “compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei”. A CF de 88 (art. 122) previu, como
órgãos da Justiça Militar, o Superior Tribunal Militar e os tribunais e juízes militares que fossem
instituídos por lei. Em 92, foi editada a Lei 8.457, de 4 de setembro, segundo a qual (art. 1º) são órgãos
da Justiça Militar, além do Superior Tribunal Militar, a Auditoria de Correição, os Conselhos de Justiça, os
Juízes auditores e os juízes auditores substitutos. A EC 45/2004, todavia, trouxe novas disposições
relativas à Justiça Militar Estadual, que poderá passar a contar, além dos Conselhos de Justiça, com
Juízes de Direito (primeiro graus de jurisdição) e o próprio Tribunal de Justiça, na hipótese de se tratar
de Estado da Federação que conte com efetivo inferior a vinte mil integrantes (CF, art. 125, § 3º). De
acordo com a regra do § 5º do art. 125 da CF (EC 45/2004), a competência dos Juízes de Direito está
limitada às hipóteses de crimes militares cometidos contra civis e ações judiciais contra atos
disciplinares militares, reservando-se ao Conselho de Justiça, processar e julgar os demais crimes
militares.
+ Tribunais e juízes dos estados

Na organização judiciária dos Estados (e do Distrito Federal) há, como órgãos de primeiro grau, os juízes
de Direito, togados e vitalícios, e, como órgãos de segundo grau, os Tribunais de Justiça. De
conformidade com o art. 98 da CF, são também órgãos da Justiça dos Estados e do Distrito Federal os
Juizados Especiais Cíveis e Criminais (inciso I), “providos por juízes togados, ou togados e leigos” (criados
pela Lei 9.099/95) e os juízes de paz (inciso II). Na esfera da jurisdição penal há também o Tribunal do
Júri, previsto no inciso XXXVIII do artigo 5º da CF.

Aula 6. 31/08/23. Prof: Flavia Bahia.

Ementa: Defesa do Estado e das instituições democráticas. Estado de defesa. Estado de sítio. Ordem
econômica. Princípios. Direitos econômicos. Função social da propriedade. Limitações à propriedade.

Defesa do estado e das instituições democráticas

Estado de legalidade ordinária e extraordinária: estado de legalidade ordinária consiste no estado de


legalidade normal. Estado de legalidade extraordinária, também está previsto na CRFB, é o estado de
legalidade em crise. Importa destacar que para ser considerado estado de legalidade extraordinário, a
crise deve ser mais intensa do um simples problema na área de saúde.

Sistema constitucional das crises: segundo José Afonso da Silva, é formado por um conjunto de normas
que tem por objeto a situação de crise e por finalidade, a reestabelecimento da normalidade
constitucional. Parte da doutrina atribui a nomenclatura de síncopes constitucionais a esses períodos de
anormalidade durante os quais são acionados os siseas constitucionais de crime.

No Brasil, o nosso sistema constitucional de crise está localizado entre os artigos 136 a 141 da CRFB, que
tratam do estado de defesa e estado de sítio. José Afonso é bastante crítico a esse sistema, pois alega
que nunca decretamos uma situação de emergência excepcional, para justamente combater a crise na
história brasileira. O sistema constitucional das crises sempre foi adotado para reforçar o poder de
quem estava sob o comando do país.

Princípios norteadores:

+ Princípio da necessidade: somente ode ser acionado em casos de extrema gravidade, que coloquem
em risco a própria ordem constitucional. Afinal, sempre se deve adotar medidas menos gravosas antes
da decretação. O desrespeito a tal princípio caracteriza o chamado golpe de estado, segundo a
doutrina.1

+ Princípio da temporariedade: princípio que marca toda situação de crise. Não é possível que se
decrete estado de sítio ou estado de defesa por tempo indeterminado, ainda que seja possível fazer
prorrogações. Do contrário, estaremos diante de uma ditadura.

1
BERNARDES, JULIANO TAVEIRA. FERREIRA, OLAVO AUGUSTO VIANNA ALVES. Direito Constitucional. TOMO II - Teoria da
Constituição. Coleção sinopses para concursos, 9a ed. 2020, Vol. 2. Juspodivm.
+ Princípio da proporcionalidade: é um princípio contemporâneo. As restrições devem ser sempre
proporcionais aos fatos, nem a mais, nem a menos. A proporcionalidade deve ser a ratio das medidas
restritivas. Trata-se de mecanismo de controle de eventuais excessos cometidos a pretexto de
normalizar a ordem constitucional. Medidas desproporcionais caracterizam abuso de poder.

+ Princípio da dignidade da pessoa humana: a CRFB somente prevê pena de morte em caso de guerra,
no mais, não é possível, pois para haver aniquilamento de direitos, se faz necessário que haja um
delineamento do procedimento. É necessário realizar um remanejamento.

Estado de defesa e estado de sítio

Conceito estado de defesa: previsto no caput do art. 136 da CRFB. Consiste em um regime de
legalidade extraordinária (natureza jurídica) instaurado por tempo e em local certos e determinados,
com o objetivo de preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grgandes proporções na natureza.

É também chamado de estado de sítio mitigado, de forte inspiração no nomeado estado de emergência,
previsto no art. 158 da constituição anterior.

Pressupostos materiais: necessidade de preservação da ordem pública ou a paz social em razão de: a)
existência de grave e iminente instalibilidade institucional; ou b) manifestação de calamidade de
grandes proporções na natureza.

Pressupostos formais: embora o juízo de conviência sobre a decretação do estado de defesa caiba
apenas ao presidente, a CRFB previu a exigência de oitiva prévia dos conselhos da república e da defesa
nacional, embora não esteja vinculado aos seus pareceres (José Afonso da Silva). Devem ser obedecidas
as seguintes formalidades: a) prévia manifestação dos conselhos; b) expedição de decreto presidencial
(art. 84, IX), observando os termos e limites da lei, especificando: i) o tempo de duração, que não
excederá 30 dias, admitida apenas uma prorrogação, por igual período, havendo necessidade; ii)
informar as áreas atingidas, não podendo atingir todo o território nacional; iii) as medidas coercitivas,
entre aquelas previstas no art. 136, p.1 e 3.

Se for necessária a continuidade do regime excepcional por tempo superior a 30 dias, será caso de
estado de sítio (art. 137, I).

Efeitos e execução: além de acarretar a restrição momentânea de direitos fundamentais, a simples


decretação do estao de defesa paralisa o processo de reforma constitucional (art. 60, p. 1).

As medidas coercitivas são: a) restrições aos direitos de reunião, AINDA QUE EXERCIDA NO SEIO DAS
ASSOCIAÇÕES; sigilo de comunicação telegráfica, telefônica e sigilo de correspondência (art. 136, p. 1, I,
"a", "b" e "c"); b) ocupação e uso temporário de bens e serviços púlicos: somente em caso de
calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos daí decorrentes (art. 136, p. 1, II); c)
prisão provisória especial por crime contra o estado, observadas as condições adiante (art. 136, p. 3): I -
comunicação imediata ao juiz competente, que a relaxará se for ilegal, facultado ao preso requerer
exame de corpo de delito; II - comunicação acompanhada pela autoridade do estadofísico e mental do
detido no momento de sua autuação; III - prisão ou detenção não pode ser superior a dez dias, salvo se
o poder judiciário autorizar; IV - o preso não será mantido incomunicável.

Controles:

+ controle político: político introdutório: No estado de defesa, o presidente decretará e depois, dentro
de 24h, submeterá ao CN para apreciar o decreto, decidindo por maioria absoluta em 10 dias contados
do seu recebimento. Caso o CN esteja em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de
cinco dias (art. 136, p. 4, 5 e 6). O Presidente deve ouvir os Conselhos da República e de Defesa
Nacional antes de decretar o estado de defesa, embora não esteja vinculado aos seuus pareceres (art.
136, caput).

Se aprovado o decreto, segue-se com a medida de execução. Se rejetado, cessará imediatamente o


estado de defesa (art. 136, p. 7), sem prejuízo da eventual caracterização de crime de
responsabilidade por parte do presidente da república.

+ controle político concomitante: a CRFB prevê controle político concomitante à exceção do decreto do
estado de defesa. Nesse sentido, a Mesa do Congresso Nacional deve designar comissão parlamentar
para acompanhamento e fiscalização das medidas (art. 140), sem prejuízo de o CN vir a suspender a
medida, a qualquer tempo, mesmo após ter sido aprovado o decreto respectivo (inciso IV, art. 49).

+ controle político posterior: transcorrida a vigência ou cassada a decretação do estado de defesa, o CN


examinará relatório do presidente da república a respeito das medidas adotadas, bem como as
respectivas justificativas e a identificação nominal das pessoas atingidas (art. 141, p.u). Caso o
parlamento conclua pela ocorrência de excessos, as autodades que os praticaram deverão ser
responsabilizadas. Segundo José Afonso da Silva, verificado excesso da parte do presidente da república
já estará caracterizado o crime de responsabilidade.

+ controle judicial: atua especialmente na fiscalização da legalidade das prisões provisórias especiais
(art. 136, p. 3). É possível controlar a proporcinlidade das medidas adotadas. Controle judicial dos
pressupostos formais.

Conceito estado de sítio: regime de legalidade extraordinária instaurado, por determinado tempo e em
certas áreas (que poderão até abranger o território nacional inteiro), com o objetivo de preservar ou de
restaurar a normalidade constitucional que tenha sido perturbada por motivo de (a) comoção grave de
repercussão nacional ou em virtude da ineficácia das medidas tomadas durante o estado de defesa (art.
137, I, CRFB) ou (b) situação de guerra ou necessidade de repelir agressão armada estrangeira (art. 137,
II, CRFB).

Pressupostos materiais: a) art. 137, I, CRFB: 1) comoção grave de repercussão nacional, tais como
rebeliões ou tentativas de revolução; e 2) constatação da ineficácia das medidas tomadas durante o
estado de defesa; b) art. 137, II, CRFB: 1) situação de guerra (art. 49, II e 84, XIX); 2) necessidade de
repelir agressão armada estrangeira (art. 137, II, CRFB).
Pressupostos formais: embora o juízo de conveniência sobre a decretação do estado de defesa caiba
apenas ao presidente, a CRFB previu a exigência de pedido de autorização do CN, ao contrário do que
ocorre no estado de defesa, bem como de oitiva prévia dos conselhos da república e da defesa nacional,
embora não esteja vinculado aos seus pareceres (José Afonso da Silva).

Portanto, configura a decretação do estado de sítio um ato complexo, pois envolve a participação do
presidente (titular da iniciativa), quanto dos conselhos consultivos e do CN (órgão autorizador).

A medida passará a vigorar, então, a partir do decreto presidencial, editado após a autorização dada
pelo CN (art. 138, caput, primeira parte). Mas não é tudo. Além desse primeiro decreto presidencial
(decreto primário), a segunda parte do art. 139 exige, ainda, um outro decreto (decreto secund ário ou
executivo).

As formalidades a serem observadas estão previstas no art. 137, caput, e art. 137, p.u, cc inciso IV, art.
49.

Efeitos, limites e execução: o estado de sítio tem como efeito a restrição de direitos e garantias
constitucionais.

No caso dos limites, sendo o art. 137, I, aplica-se o art. 139. Sendo o art. 137, II, n ão há previsão quanto
as espécies de medidas cabíveis e que constam no decreto respectivo. Por isso se afirma que, nessa
parte, a CRFB adota a sistema flexível para lidar com crises constitucionais.

A execução ficará a cargo de agentes delegados indicados no decreto presidencial (geralmente


militares).

Prazo: no caso do art. 137, I, o prazo é de até 30 dias, embora se permitam prorrogações por iguais
períodos, ainda que sucessivas enquanto houver necessidade. No caso do art. 137, II, durante todo o
tempo em que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.

Controles:

+ controle político prévio: art. 137, p.u, + IV, art. 49.

+ controle político concomitante: art. 140 + inciso IV, art. 49.

+ controle político posterior: art. 141. Após a cessação do estado de sítio.

+ controle judicial: a CRFB não delimitou as medidas a serem tomadas no caso do inciso II do art. 137,
CRFB. Por sua vez, é pacífica a possibilidade de responsabilização posterior dos executores da medida
(art. 141, caput).

Check and balance e os sistemas de crise: é necessário que ocorra o check and balance (freios e
contrapesos) antes da decretação do estado de sítio e depois da decretação no estado de defesa. Isto é,
submeter a decretação ao Congresso Nacional. Vale ressaltar que o sistema de freios e contrapesos
consiste no controle do poder pelo próprio poder, sendo que cada poder teria autonomia para exercer
sua função, mas seria controlado pelos outros proderes. Isso serviria para evitar que houvesse abusos
no exercício do poder por qualquer dos poderes (executivo, legislativo e judiciário). Dessa forma,
embora cada poder seja independente e autônomo, deve trabalhar em harmonia com os demais
poderes.

No estado de sítio, por sua vez, art. 137, p.u, o presidente, ao solicitar autorização para decretar o
estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo O CN decidir
por maioria absoluta. Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso
parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o CN para e
reunir dentro de 5 dias, a fim de apreciar o ato (art. 138, p. 2). Prev ê o art. 137, p. 3, que o CN
permanecerá funcionando até o término das medidas coercitivas.

Pergunta: Em que medida o estado de defesa e o estado de sítio se afastam da intervenção federal? O
ponto em comum é a presença dos elementos de estabilização constitucional. As três medidas são
medidas de proteção, de legalidade extraordinária. O ES e o ED são mecanismos de defesa do estado
brasileiro, não da nossa forma de estado, mas do estado em um sentido mais amplo, ou seja, é a defesa
do povo, da soberania. Há um compromisso maior. E a intervenção serve para combater a crise
federativa, menos ampla. Durante o estado de defesa e o estado de sítio há a possibilidade de restrição
dos direitos fundamentais, estando previsto constitucionalmente, enquanto na intervenção federal, isso
não é possível.

Conselho de defesa nacional e Conselho da república: são órgãos conselheiros do Presidente, ou seja,
devem ser consultados sobre o planejamento de decretar o estado de defesa e o estado de s ítio, mas o
presidente não é obrigado a seguir a opinião dos conselhos. A oitiva desses conselhos, embora não
sejam vinculantes, servem para que as decisões do Presidente sejam mais democratas possíveis.

No estado de defesa e estado de sítio, e intervenção federal, os conselhos da república e conselho de


defesa nacional devem ser ouvidos com base nos artigos 91, p. 1, II, CRFB, e art. 90, I, CRFB.

Poderes de crise: art. 84, IX, CRFB (art. 21, V). A tarefa de decretar o estado de defesa e estado de sitio
são delegáveis? Somente as atribuições do parágrafo único. Logo, o ES e o ED não podem ser objeto de
delegação.

Limitação constitucional: art. 60, p. 1, CRFB. Durante a crise, não pode haver a fase constitutiva da
aprovação de uma emenda ou votação para atribuir status de emenda a tratado de direitos humanos.
Não pode ocorrer no ED, no ES e na intervenção. Todavia, promulgá-los é possível, pois não fere o
previsto no art. 60, p. 1, CRFB.

Fundamentos: art. 137, II, CRFB, não vincula a decretação do estado de sítio a anterior decretação do
estado defesa. Todavia, no inciso I do art. 137, há a previsão de que o estado de sitio deve ser decretado
após a insuficiência do estado de defesa, mas em verdade não há vinculação. Como dito, pode ser o
estado de sítio decretado sem que antes tenha sido o estado de defesa.

ESTADO DE DEFESA ESTADO DE SÍTIO


Fundamentos art. 136 art. 137, I, II

Abrangência locais restritos e determinados nacional

Autorização do CN a posteriori, portanto, não tem art. 137, caput, p.u e art. 49, IV
que haver autorização do
congresso para decretar o art. 85, se o presidente decretar
o estado de sitio sem a
estado de defesa. Também
precisa aprovar a prorrogação. aprovação do congresso, estará
cometendo crime de
Art. 136, p. 4 a 7 e art. 49, IV.
responsabilidade. O mesmo
ocorrerá se mantiver a
prorrogação que não foi
autorizada.

Restrição a direitos taxativo. art. 136, p. 1, cc p. 3, V art. 139

Prazo 30 dias, admitida uma art. 138, p. 1: o prazo será de 30


prorrogação por igual prazo dias com inúmeras prorrogações,
desde que nenhuma delas
ultrapasse o prazo de 30 dias, se
com base no art. 137, I; se for
com base no art. 137, II, como se
trata de guerra ou agressão
armada, o estado de sítio
perdurará enquanto ela durar.

O judiciário não pode ser afastado em decretação de estado de sitio e estado de defesa.

Ordem econômica

Introdução: com o advento do Estado Social, tornou-se papel da Constituição tratar da matéria
econômica, prevendo a medida da intervenção estatal em aspectos econômicos e sociais. Ainda que
haja consenso da adoção do sistema capitalista pela Constituição de 1988, o constituinte originário
traçou uma ordem econômica compromissória, atenta não só ao desenvolvimento econômico e
financeiro do país, mas às questões sociais a ele relacionadas, sobretudo considerando que os direito
econômicos estão incluídos, ao lado dos direitos sociais, na 2ª geração de direitos fundamentais. Por
conta disso, o STF consagrou, na ADI 1950, o chamado tripé da ordem econômica, composto pelo art.
1º, IV, CRFB (valores sociais do trabalho e da livre iniciativa como fundamentos da República), pelo art.
3º, II e III, CRFB (desenvolvimento social, erradicação da pobreza e marginalização e redução das
desigualdades sociais e regionais como objetivos da República) e pelo art. 170, CRFB (que funda a ordem
econômica).
Fundamentos e finalidades da ordem econômica: dispõe o art. 170, CRFB que a ordem econômica,
fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social. A livre iniciativa, como fundamento da ordem
econômica, consagra um direito do indivíduo em face do Estado, desdobrado na liberdade de empresa
prevista no art. 170, P. único, dispensando, salvo nos casos previstos em lei, autorização de órgãos
públicos para o exercício de qualquer atividade econômica, na liberdade de contratar, na livre
exploração da propriedade e na livre concorrência.
Lei de Liberdade Econômica: a Lei 13.874/19 estabelece a declaração de direitos da liberdade
econômica com a proteção à livre iniciativa e ao exercício da atividade econômica, elencando princípios
da ordem econômica compromissória, direitos da empresa e do empresário, bem como deveres da
Administração Pública. Dentre as inovações trazidas, a lei dispõe que atividades econômicas de baixo
risco não serão submetidas a atos públicos de liberação prévia, e que está vedado o controle de preços
em mercados não regulados, que serão regidos de acordo com as alterações da oferta e da procura.
Além disso, foi criada a análise de impacto regulatório, instrumento prévio de debates sobre possíveis
impactos da normatização na área econômica em defesa da intervenção mínima e, ao mesmo tempo, da
proteção aos postulados sociais (art. 5º, Lei 13.874/19).
Princípios da ordem econômica: o art. 170, CRFB traz princípios que ora prestigiam o capital, ora
prestigiam a justiça social. São eles a soberania nacional, a propriedade privada, a função social da
propriedade, a livre concorrência, a defesa do consumidor, a defesa do meio ambiente, a redução das
desigualdades regionais e sociais, a busca do pleno emprego e o tratamento favorecido para as
empresas de pequeno porte constituídas sob a lei brasileira e que tenham sua sede e administração no
país.
+ Soberania nacional: a soberania nacional é um dos fundamentos da República (art. 1º, I, CRFB) e um
dos princípios informadores das relações internacionais (art. 4º, I, CRFB), mas também é um princípio
informador da ordem econômica brasileira, no sentido de que as medidas econômicas adotadas devem
ser apropriadas para garantir a independência do país perante aos demais Estados. É por conta disso,
por exemplo, que existem distinções e limitações no tratamento do capital estrangeiro no Brasil, de
modo a tutelar a soberania nacional no mercado. Nesse sentido, a lei disciplinará, com base no interesse
nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa
de lucros (art. 172, CRFB).

+ Propriedade privada e sua função social: a propriedade privada é um direito fundamental (art. 5º,
XXII, CRFB), mas também o é a sua função social (art. 5º, XXIII, CRFB). Nesse sentido, a propriedade
privada deixa de ser um direito absoluto, ou um fim em si mesmo, e passa a ser vista como um meio
para alocação de riquezas na economia, devendo ser exercido, também, em função dos interesses de
toda a coletividade. Um exemplo do impacto da função social no exercício do direito fundamental à
propriedade privada é a política urbana, agrícola e fundiária prevista na Constituição, com mecanismos
como a desapropriação-sanção, a usucapião e a expropriação de bens.
+ Livre concorrência: a livre concorrência como princípio da ordem econômica estabelece que, em
regra, não deve haver intervenção estatal na regulação do mercado. Não cabe ao Estado limitar a
atuação dos agentes econômicos sem que haja outro fundamento constitucional justificante. Nesse
sentido, dispõe a Súmula Vinculante 49, STF que “ofende o princípio da livre concorrência lei municipal
que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área”. Por
outro lado, o Estado está autorizado a intervir no domínio econômico para promover princípios e
direitos constitucionais.
+ Intervenção indireta do Estado na economia: a intervenção indireta do Estado no domínio econômico
se dá a partir de seu papel como agente normativo e regulador da economia, exercendo as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, que é determinante para o setor público e indicativo para o setor
privado (art. 174, CRFB). Há, ainda, a atuação do Estado regulador por meio do direito antitruste, na
forma da Lei 12.529/11, a fim de reprimir o abuso do poder econômico que vise à dominação dos
mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (art. 173, §4º, CRFB).
+ Intervenção direta do Estado na economia: a intervenção direta do Estado na economia se dará
excepcionalmente, mediante exercício de atividade, nos casos de imperativos de segurança nacional ou
de relevante interesse público (art. 173, CRFB), bem como na prestação de serviços públicos (art. 175,
CRFB).
+ Monopólios estatais: monopólios estatais consistem em atividades econômicas que somente podem
ser exploradas pelo Estado. Na Constituição, todos os monopólios pertencem à União, e são eles o
monopólio da pesquisa e lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais de energia
hidráulica (art. 176, CRFB), a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos, a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro, bem como a importação e
exportação dos produtos e derivados básicos resultantes dessas atividades, o transporte marítimo do
petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o
transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem, e
a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e
minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos, nos termos do art. 21, XXIII, “b” e
“c”, CRFB (art. 177, CRFB).

+ Defesa do consumidor: a defesa ao consumidor é um dos princípios sociais que informam a ordem
econômica, posto que a tutela ao sujeito hipossuficiente na relação de consumo foi alçada ao status de
direito fundamental (art. 5º, XXXII, CRFB). Assim sendo, o exercício da atividade econômica deve se dar,
também, em observâncias aos direitos dos consumidores.
+ Defesa do meio ambiente: é princípio da ordem econômica a defesa do meio ambiente, inclusive
mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus
processos de elaboração e prestação. Segundo Novelino, considerada a frequente tensão entre a livre-
iniciativa e o meio ambiente, as medidas que afetem o âmbito da proteção desses princípios devem ser
sempre analisadas à luz do postulado da proporcionalidade.
+ Redução das desigualdades regionais e sociais e busca do pleno emprego: a redução das
desigualdades sociais e regionais é objetivo fundamental da República (art. 3º, III, CRFB) e, por isso,
medidas estatais são necessárias também na economia com a finalidade de estimular o mercado em
regiões menos aquecidas, o que, consequentemente, promove a redução das desigualdades e o
aumento do oferecimento de emprego.
+ Tratamento favorecido para empresas de pequeno porte: em termos qualitativos, a concentração da
atividade econômica se encontra no domínio de poucas empresas. Por outro lado, o dia a dia do
exercício da atividade econômica é desempenhado pelo pequeno empresário. Por conta disso, visando à
proteção da livre concorrência e o estímulo à livre iniciativa, o tratamento favorecido para empresas de
pequeno porte foi alçado à princípio constitucional da ordem econômica. O art. 179, CRFB, que prevê o
tratamento diferenciado para as pequenas empresas, foi regulamentado pela LC 123/06, conferindo
facilidades tributárias, trabalhistas e empresariais às microempresas e empresas de pequeno porte.
Decisões importantes do STF sobre o tema:
+ Info 1099, STF: lei estadual pode obrigar as empresas do setor têxtil a colocarem etiquetas em braile
ou outro meio acessível nas peças de vestuário para atender as pessoas com deficiência visual. Na ADI
6989, o STF entendeu que uma lei proibindo cobrança de valores a mais para identificação de peças de
roupa com etiquetas em braile é constitucional, tendo em vista o Estatuto da Pessoa Com Deficiência e
as convenções internacionais incorporadas com status de norma constitucional, tais como o Decreto
6.949/09 e o Decreto 19.522/18.
+ Info 939, STF: são inconstitucionais leis municipais que proíbam o serviço de transporte de passageiros
mediante aplicativo. Segundo o STF, na ADPF 449, a proibição de aplicativos individuais de transporte
por leis municipais viola a iniciativa privada, a livre concorrência, a liberdade profissional, além de que a
referida atividade não está sujeita à nenhum tipo de monopólio estatal relacionado ao taxistas. No
mesmo sentido, RE 1.054.110.

+ Info 921, STF: são inconstitucionais leis estaduais ou municipais que obriguem o supermercado a
manter empacotador para as compras. No RE 839.950, o STF proibiu a adoção de medidas que
destinem-se à manutenção artificial de postos de trabalho, como a obrigatoriedade de embaladores e
de caixas de supermercado.
+ ADI 5452: o STF entendeu que quota de veículos adaptados à pessoas com deficiência em locadoras é
constitucional.

+ Tema 704 de Repercussão geral: são constitucionais a cota de tela, consistente na obrigatoriedade de
exibição de filmes nacionais nos cinemas brasileiros, e as sanções administrativas decorrente de sua
inobservância.

Aula 7. 01/09/23. Prof: Ricardo.

Ementa: Princípios orçamentários. Lei de responsabilidade fiscal. As diversas modalidades de


orçamento.

Princípios orçamentários

Orçamento: ideia de planejamento financeiro, deve estar previsto em lei. O or çamento é regido por
três leis, quais sejam (i) lei do plano plurianual (dura até o primeiro ano do governo posterior. Consiste,
basicamente, em executar as promessas de governo. É um planejamento para 4 anos); (ii) lei de
diretrizes orçamentárias (deve ser apresentada no primeiro semestre, ela balizará a lei orçamentária
anual. Há o estabelecimento do que será realizado no ano seguinte ou ao menos que se buscará
realizar) ; e a (iii) lei orçamentária anual (deve ser aprovada até o fim do ano e deve ser compatível com
a lei de diretrizes orçamentárias e com a lei do plano plurianual. Se não for aprovada até o fim do ano, a
lei de diretrizes orçamentárias será estendida. É aqui que nasce o orçamento secreto).
Cada ente federativo possui o seu próprio orçamento. Cada ente tem que aprovar as suas três leis
orçamentárias. Cada poder também faz o seu próprio orçamento.

A princípio, o orçamento enquanto lei, é autorizativo.

Emendas parlamentares: as emendas parlamentares sempre poderão ocorrer nas leis orçamentárias.
Algumas emendas são impositivas e nesse caso devem ser cumpridas.

Emendas do relator: servem para suprir distorções nos orçamentos.

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